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A morte é uma passagem. Visão da Igreja Católica


S
empre tive uma certa curiosidade sobre alguns assuntos sobrenaturais, metafísicos e de além-morte. Como sou católico, procurei pesquisar os pontos principais da doutrina para entender, de maneira prática, o que acontece conosco após a morte. Abaixo segue o meu resumo e entendimento sobre o assunto.

P
ara a Igreja Católica todos os seres humanos recebem uma alma imortal. Esta alma permanece viva após a morte do corpo físico. E, no momento da morte, passamos por um juízo individual: somos julgados pelas nossas atitudes em semelhança às atitudes de Cristo. Neste julgamento são vistas as nossas obras de Deus e de fé. E não apenas se cremos ou não. A fé é parte importante, mas precisa ser uma fé ativa, calcada em atitudes com base na palavra de Deus e nas atitudes de Jesus.

“Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé se ela não vier acompanhada de ações? Será que essa fé pode salvá-lo? Por exemplo, pode haver irmãos ou irmãs que precisam de roupa e que não têm nada para comer. Se vocês não lhes dão o que eles precisam para viver, não adianta nada dizer: ‘Que Deus os abençoe! Vistam agasalhos e comam bem’. Portanto, a fé é assim: se não vier acompanhada de ações, é coisa morta.
Mas alguém poderá dizer: ‘Você tem fé, e eu tenho ações.’ E eu respondo: ‘Então me mostre como é possível ter fé sem que ela seja acompanhada de ações. Eu vou lhe mostrar a minha fé por meio das minhas ações.’ Você crê que há somente um Deus? Ótimo! Os demônios também creem e tremem de medo. Seu tolo! Vou provar-lhe que a fé sem ações não vale nada. Como é que o nosso antepassado Abraão foi aceito por Deus? Foi pelo o que fez quando ofereceu o seu filho Isaque sobre o altar. Veja como a sua fé as suas ações agiram juntas. Por meio das suas ações, a sua fé se tornou completa. Assim aconteceu o que as Escrituras Sagradas dizem: ‘Abraão creu em Deus, e por isso Deus o aceitou.’ E Abraão foi chamado de ‘amigo de Deus’. Assim, vocês veem que a pessoa é aceito por Deus por meio da suas ações e não somente pela fé.
Foi o que aconteceu com a prostituta Raabe, quando hospedou os espiões israelitas e os ajudou a sair da cidade por outro caminho. Deus a aceitou pelo o que ela fez. Portanto, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem ações está morta.” Tiago 2, 14:26
Passado o juízo individual, existem três destinos: céu, inferno e purgatório. A Igreja não os define como lugares palpáveis, mas sim, estados sobrenaturais onde viveremos, cada qual, com ou sem a presença de Deus.

Céu

“man sitting on mountain cliff facing white clouds rising one hand at golden hour” by Ian Stauffer on Unsplash
É a contemplação de Deus face a face: “O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus.” (1Cor 13, 12).
No céu estão aqueles que buscaram a santidade em vida, onde estarão “admitidos na sociedade dos santos anjos”. No céu, os eleitos vivem uma felicidade eterna e encontram sua verdadeira identidade. E, por ser um mistério, é representado por imagens como luz, paz, paraíso, etc. (CIC 1023:1028).
Ou seja, aqueles que viveram uma vida santa terrestre, após a morte, irão viver eternamente ao lado de Deus, junto com os anjos e santos em comunhão eterna: “E reinarão para todo o sempre.” (Ap 22, 5).
Importante mencionar aqui que a Igreja não diz claramente quem está e quem não está no céu. A certeza vem da fé de que, aqueles considerados santos pela própria Igreja após a morte e aqueles que testemunhamos uma vida beata, estão vivendo no Reino de Deus.

Purgatório

Para aqueles eleitos que não viveram uma vida santa na terra, o purgatório é o momento de purificação final, pois só entram na comunhão do céu aqueles que são santos. E é interessante notar que aqueles que vivem o purgatório possuem a salvação garantida. A única ressalva é não blasfemar contra o Espírito Santo.
“Se alguém disser alguma coisa contra o Filho do Homem, será perdoado; mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem agora nem no futuro.” (Mt 12, 32).
É
o local para os amigos de Deus, mas que ainda não estão prontos o suficiente para o céu. (CIC 1030:1032)

Interessante expor que a Bíblia não fala diretamente sobre o purgatório e isso é um ponto de dúvidas entre algumas doutrinas. Contudo, conforme interpretação da passagem abaixo, percebe-se que Jesus fala sobre “pagar a multa toda”, o que significa purificar por inteiro antes de entrar no Reino de Deus.
“ — Se alguém fizer uma acusação contra você e levá-la ao tribunal, entre em acordo com essa pessoa enquanto ainda é tempo, antes de chegarem lá. Porque, depois de chegarem ao tribunal, você será entregue ao juiz, o juiz o entregará ao carcereiro, e você será jogado na cadeia. Eu afirmo a você que isto é verdade: você não sairá dali enquanto não pagar a multa toda.” (Mt 5, 26:27)

Inferno

Este é o destino daqueles que atenderem duas condições:
1. Morrer em pecado mortal;
2. Recusaram a conversão em vida, ou seja, recusaram o amor de Deus por livre vontade.
“O Filho do Homem mandará os seus anjos, e eles ajuntarão e tirarão do seu Reino todos os que fazem com que os outros pequem e todos os que praticam o mal. Depois os anjos jogarão essas pessoas na fornalha de fogo, onde vão chorar e ranger os dentes de desespero.” (Mt 13, 41:42)
O
Inferno também tem uma responsabilidade social para a Igreja: mostrar que devemos ter uma boa relação com o nosso livre arbítrio, manter vida de oração e boas práticas de fé. Como não sabemos quando Jesus retornará, precisamos nos manter constantes em oração e em comunhão com o Sacramento da Confissão. Assim, a consequência lógica é que a condenação é opção de cada um. Deus não nos condena. Nós mesmos nos condenamos quando escolhemos este caminho, por nosso livre arbítrio.

Juízo Final

Além dos três destinos imediatos do pós-morte, a Igreja também coloca outro aspecto de longo prazo, por assim dizer.
Jesus deixou a promessa de que retornaria e, neste dia, todos ressuscitarão dos mortos e serão separados entre justos e injustos. O dia e a hora deste dia são desconhecidos por nós e conhecidos apenas pelo Pai (primeira pessoa da Santíssima Trindade).
E
ste dia é denominado como o dia do Juízo Final (ou Juízo Universal), onde será revelada toda a verdade sobre a criação do universo e dos homens. Após a separação entre justos e injustos, os eleitos serão glorificados em corpo e alma e viverão eternamente com o Cristo. A terra será renovada e Jesus será o único chefe. Nesta nova terra, Deus habitará entre os homens, libertando-os do pecado e da corrupção do mesmo. Neste cenário, o Espírito Santo derramará sobre todos os justos os seus dons celestes e os homens viverão a dignidade humana, a liberdade e a humildade fraterna novamente. (CIC 1038:1050)

Ou seja, aqueles que já vivem no céu, continuarão ao lado de Jesus após o Juízo Final. Aqueles que se encontram no purgatório finalmente viverão ao lado de Jesus e de Deus na terra renovada, caso consigam a purificação necessária. E aqueles que não forem purificados ou já se encontram no inferno, serão separados. Neste último caso, não é afirmado exatamente o que acontecerá. Acredito que serão dizimados pela eternidade, visto que o pecado não existirá e reinará apenas o amor de Deus.

E para aqueles que são católicos como eu e acreditam no poder da oração, existem algumas práticas que fornecem indulgência a almas que se encontram no purgatório. Para a semana do dia 01 ao dia 08 de novembro podemos realizar algumas ações que vão a esse favor, lembrando que o dia 02/11 é reservado àoração falecidos.

Indulgência

É definida no Catecismo como:
A indulgência, assim, está diretamente relacionada com o pecado. Este é dividido em dois tipos: graves e veniais, também chamados de eternos e temporários. Como vimos acima, morrer em pecado mortal nos leva diretamente ao estado do Inferno e, morrer em pecado venial, nos leva ao estado de purificação final, o Purgatório.
Para aqueles entes queridos que já se foram e que, em nosso coração, acreditamos estar no Purgatório, podemos utilizar o que o Catecismo no disse acima. Podemos, assim, obter a remissão dos pecados veniais desta alma e ajudá-la a ir ao encontro do Reino de Deus de maneira caridosa.
Porém, vale destacar que a indulgência também é dividida em parcial e total (plenária), conforme nos fala o professor Felipe Aquino, da Canção Nova:

Conclusão

Neste momento do texto você pode estar se perguntando em como obter a indulgência, não é mesmo?! Então, segue abaixo algumas atitudes diárias diárias que podemos fazer para tal.
Para responder a isso, trago mais um trecho do texto do profº Felipe Aquino que está de ótima compreensão.
“P
odemos ganhar uma indulgência plenária a cada dia para nossa alma ou para a alma de algum falecido. Vale a pena destacar aqui a indulgência plenária que se pode ganhar uma vez por dia, para si mesmo ou para as almas; realizando uma das seguintes obras:

1. adoração ao Santíssimo Sacramento pelo menos por meia hora (concessão n. 3);
2. leitura espiritual da Sagrada Escritura ao menos por meia hora (concessão n. 50);
3. piedoso exercício da Via Sacra (concessão n. 63);
4. recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório ou na família ou na comunidade religiosa ou em piedosa associação (concessão n. 63)”
Além disso é sempre necessário que o fiel faça a Confissão individual rejeitando todos os pecados (basta uma Confissão para várias indulgências), participe da santa Missa e da Comunhão, e reze pelo Papa ao menos um Pai-nosso e uma Ave-Maria.
Repetidas vezes os Papas têm autorizado indulgências plenárias especiais tendo em vista algumas comemorações. O Papa Francisco concedeu indulgência plenária para o Ano Santo da Misericórdia. Esta condição substituiu uma das quatro acima citadas.
Na semana dos mortos, de 1 a 8 de novembro, uma das quatro opções acima citadas pode ser substituída pela visita ao cemitério onde a pessoa está sepultada e rezar alguma oração por sua alma.”

Lembro a todos que lerem este material que não sou nada mais do que uma pessoa curiosa e não possuo nenhum tipo de curso da Igreja Católica, porém, com a humildade e força de vontade, pedi ajuda a amigos católicos e escrevi este texto, como forma de aprendizado pessoal, principalmente, mas também para ajudar outras pessoas com um assunto de suma importância em nossa vida. Neste mês de novembro irei começar a Crisma e, assim, espero poder aprofundar meu conhecimento sobre este assunto.
Quem sabe, durante esse ano de crismando, eu possa trazer mais assuntos e me aprofundar mais neste tema tão rico, que é a vida e a morte?!

Agradecimento especial ao Pe. Vitor José, da Paróquia Nossa Senhora Mãe da Divina Providência, que revisou este texto — até a parte do Juízo Final, pois o resto escrevi após a sua revisão — e me encorajou a continuar a pesquisa.

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