BEM VINDO

BEM VINDO
BIBLIA

visitas online


O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS

 INTRODUÇÃO O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS Autoria Desde os primeiros séculos a Igreja Cristã atribui a autoria do segundo evangelho do Novo Testamento a João Marcos, filho de Maria, uma mulher de posses e muito prestígio em Jerusalém (At 12.12). Marcos era primo de Barnabé, amigo e companheiro de ministério dos apóstolos Paulo e Pedro. A igreja primitiva também nos informa que Pedro teve participação decisiva na evangelização e no discipulado de João Marcos, e que ambos desenvolveram laços de profunda amizade e respeito mútuo. Pedro se referia a Marcos como meu filho Marcos (1Pe 5.13). É de aceitação geral que Marcos recebeu de Pedro grande parte das informações contidas no Evangelho que leva seu nome. Com a autoridade apostólica de Pedro subjazendo este livro sagrado, ele jamais sofreu qualquer contestação à sua inclusão no cânon das Escrituras. Isso em muito cooperou para o rápido reconhecimento deste livro sagrado, bem como sua extraordinária disseminação por toda a Itália e regiões do império romano. Segundo Papias (por volta do ano 140 d.c.), citando uma fonte ainda mais antiga, Marcos foi grande cooperador de Pedro e seu amigo íntimo, de quem ouviu sobre os ensinos e realizações de Jesus Cristo. O comitê de tradução da Bíblia King James acredita que o Evangelho Segundo Marcos consiste, basicamente, na pregação e no ensino do apóstolo Pedro, ordenada e interpretada por João Marcos (At 10.37). Ainda muito jovem João Marcos teve o privilégio de acompanhar Paulo e Barnabé em sua primeira viagem missionária. Depois viajou com Barnabé para Chipre, pregando a Palavra do Senhor (At ). Cerca de doze anos mais tarde, é convidado por Paulo para acompanhá-lo (Cl 4.10; Fm 24). Pouco antes de ser executado pelo império romano, Paulo manda chamar João Marcos (2Tm 4.11) para seguir anunciando o Evangelho a todos os povos. Propósitos Enquanto Mateus teve como principal propósito levar o Evangelho aos judeus, Marcos escreveu objetivando evangelizar e discipular os gentios, particularmente, ensinar os cristãos da Igreja de Roma. Por isso Marcos se preocupa em explicar alguns dos costumes judaicos (Mc 7.2-4; 15.42), traduz palavras aramaicas, idioma falado na Palestina na época de Jesus e muito diferente do hebraico antigo (Mc 3.17; 5.41; ; 15.22) e profetiza quanto à perseguição e ao martírio dos crentes, particularmente a ocorrida por volta dos anos 64 e 67 d.c. O grande incêndio de Roma, foi um plano diabólico do próprio imperador romano Nero, para acentuar a adoração do seu povo à sua pessoa, lançando a culpa sobre os cristãos e justificando uma perseguição que condenou sumariamente milhares de pessoas ao martírio e à morte. Nero suicidou-se depois que sua farsa foi descoberta em 68 d.c. Marcos, antevendo essa chacina, procurou preparar os cristãos de forma explícita e velada durante todo o seu texto do Evangelho (Mc 1.12,13; 3.22,30; ; 10.30,33-45; ). Data da primeira publicação Os primeiros estudiosos das Sagradas Escrituras acreditavam que o Evangelho Segundo Mateus tinha sido escrito e publicado antes da obra de Marcos. Entretanto, atualmente, muitos teólogos e biblistas são unânimes em afirmar que o Evangelho Segundo Marcos foi o primeiro dos Evangelhos a chegar ao grande público leitor. Isso por volta do final da década de 50 d.c. Devido ao fato de Marcos ter sido o intérprete do apóstolo Pedro, havendo preparado sua obra sobre o Evangelho em estreita sintonia com os ensinos e orientações do seu querido mestre, tanto Mateus quanto Lucas utilizaram os textos de Marcos como principal fonte documentária na produção dos seus relatos sobre a vida e a obra de Jesus Cristo em seus Evangelhos. De acordo com alguns pais da Igreja, como Irineu e Clemente de Alexandria, o Evangelho Segundo Marcos foi escrito nas regiões da Itália, mais precisamente, em Roma. Pesquisas históricas indicam que Pedro e Marcos estavam em Roma, pouco antes do martírio de Pedro que se deu na mesma cidade e no qual o apóstolo teria solicitado que sua crucificação se desse de cabeça para baixo, MC_B.indd 1 16/8/2007, 00:17

2 pois acreditava não ser digno do mesmo tipo de martírio e morte que foram impostos ao Senhor Jesus. No final de sua primeira carta, Pedro indica claramente que está com Marcos, em Roma, criptografando (codificando) a palavra Roma por Babilônia (1Pe 5.13) a fim de proteger a Igreja que se reunia naquela cidade das perseguições do Império. Esboço Geral de Marcos 1. O ministério do Servo ( ) A. A preparação para o ministério de Jesus (1.1-13) B. Por meio da vida e obra de João Batista (1.1-8) C. Por meio do seu próprio batismo (1.9-11) D. Por meio da vitória sobre a tentação (1.12, 13) 2. Seu ensino e poder ( ) A. Sobre uma espécie de demônio ( ) B. Sobre a doença ( ) C. Sobre a impureza e a lepra ( ) D. Sobre toda a paralisia (2.1-12) E. Sobre a corrupção ( ) F. Sobre doutrinas equivocadas (2.21, 22) G. Sobre o uso do sábado ( ) H. Sobre as deformidades (3.1-6) I. Sobre todos os demônios (3.7-12) 3. Ministério posterior na Galiléia ( ) A. Escolha e convocação dos Doze ( ) B. Condenação dos rejeitadores ( ) C. A família espiritual de Jesus ( ) 4. As parábolas de Jesus (4.1-34) A. O semeador (4.1-34) B. A candeia ( ) C. O desenvolvimento do grão ( ) D. A semente de mostarda ( ) 5. As virtudes do Senhor Jesus ( ) A. Sobre as tempestades ( ) B. Sobre os demônios (5.1-20) C. Sobre a doença e a morte ( ) D. Ao comissionar os apóstolos (6.7-13) E. Afetando o assassino Herodes ( ) F. Ao alimentar homens ( ) G. Ao caminhar sobre as águas ( ) H. Sobre as enfermidades ( ) I. Sobre as tradições religiosas (7.1-23) J. Para com uma mulher gentia ( ) K. Para com um homem surdo ( ) L. Ao alimentar mais homens (8.1-9) M. Ao condenar os fariseus ( ) N. Em seu ensino sobre o fermento ( ) O. Sobre a falta de visão ( ) P. Sobre a vida do apóstolo Pedro ( ) Q. Sobre todos os discípulos ( ) 6. Suas profecias (9.2-50) A. Quanto à Sua glória (9.2-29) B. Quanto à Sua morte ( ) C. Quanto às recompensas ( ) D. Quanto ao inferno ( ) 7. Seus ensinos na região da Peréia ( ) A. Sobre o divórcio ( ) B. Sobre os pequeninos ( ) C. Sobre a vida eterna ( ) MC_B.indd 2 16/8/2007, 00:17

 D. Sobre Sua morte e ressurreição ( ) E. Sobre a ambição humana ( ) F. Quando da cura do cego Bartimeu ( ) 8. A Paixão de Cristo ( ) A. Domingo: A entrada triunfal ( ) B. Segunda-feira: Purificação ( ) C. Terça-feira: Ensinos ( ) D. Sobre a fé ( ) E. Sobre Israel ( ) F. Sobre os deveres cívicos ( ) G. Sobre a ressurreição ( ) H. Sobre o maior dos mandamentos ( ) I. Sobre a divindade de Jesus ( ) J. Sobre a questão da arrogância ( ) K. Sobre as ofertas e ajudas ( ) L. Sobre o futuro ( ) M. Quarta-feira: A unção e a traição ( ) N. Quinta-feira: A ceia e a traição ( ) O. Preparativos para a ceia ( ) P. A última Páscoa com Jesus ( ) Q. Rumo ao Getsêmani ( ) R. Oração e pranto no Getsêmani ( ) S. Traição e prisão no Getsêmani ( ) T. Sexta-feira: Juízo e execução ( ) U. Cristo julgado por Caifás ( ) V. Pedro nega a Jesus ( ) W. Cristo julgado por Pilatos ( ) X. O martírio de Cristo ( ) 9. Crucificação, morte e ressurreição ( ) A. A crucificação do Senhor Jesus ( ) B. A morte de Jesus Cristo ( ) C. O sepultamento e o Sábado ( ) D. Domingo: A ressurreição de Jesus! (16.1-8) E. Jesus prova que está vivo ( ) F. Jesus ascende ao Céu de onde voltará (16.19, 20) Observação O Evangelho Segundo Marcos também pode ser sumarizado a partir dos deslocamentos geográficos feitos por Jesus Cristo durante sua peregrinação na terra: 1. Os preparativos para a vinda de Deus encarnado (1.1-13) 2. A pregação do Filho de Deus na Galiléia ( ) 3. A pregação de Jesus, o Cristo na Peréia ( ) 4. A Paixão do Filho do homem em Jerusalém ( ). MC_B.indd 3 16/8/2007, 00:17

4 O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS João Batista revela o caminho (Mt ; Lc , Jo ) Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus Conforme está escrito no livro do profeta Isaías: Eis que Eu envio o meu mensageiro diante de ti, a fim de preparar o teu caminho; voz do que clama no deserto: 3 Preparai o caminho do Senhor, tornai retas as suas veredas. 2 4 E foi assim que chegou João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para perdão dos pecados. 3 5 Vinham encontrar-se com ele pessoas de toda a região da Judéia e todo o povo de Jerusalém, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando seus pecados. 6 João vestia roupas tecidas com pêlos de camelo, usava ao redor da cintura um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. 4 A mensagem de João (Mt ; Lc ; Jo ) 7 E esta era a pregação de João: Depois de mim vem Aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno sequer de curvar-me para desamarrar as correias das suas sandálias. 8 Eu vos batizei com água; Ele, entretanto, vos batizará com o Espírito Santo. 5 Jesus é batizado (Mt ; Lc ; Jo ) 9 Aconteceu, naqueles dias, que chegou Jesus, vindo de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no rio Jordão. 1 A expressão Evangelho no grego mais antigo significa um prêmio conferido a quem levava boas notícias. Com o tempo, essa palavra passou a significar boas novas. Cristo é em si a boa notícia para a humanidade e, ao mesmo tempo, é portador das boas novas de Salvação (cada indivíduo precisa ser salvo, liberto, do poder do pecado original, do sistema mundial dirigido por Satanás e do inferno eterno). A palavra princípio indica a introdução do Evangelho. O livro de Marcos teria sido o primeiro a ser escrito, servindo como base para Mateus e Lucas, sendo os três, conhecidos como os Sinóticos (termo de origem grega que significa: análise dos fatos a partir de um determinado ponto de vista ou estudo comparativo ). A palavra Cristo é um adjetivo de origem grega que significa Ungido (em hebraico, Messias). No AT, reis, sacerdotes e profetas foram ungidos, o que confirmava sua escolha divina. Filho de Deus tem um sentido amplo no NT, mas quando aplicado a Jesus salienta sua Deidade (Sl 2.7; Jo 10.38; 14.10; Hb 1.2) e sua Missão (10.45). 2 Está escrito, frase muito usada para lembrar ou citar passagens do AT. Marcos faz alusão às profecias de Is 40.3; Ml 3.1. Conforme a tradição entre os mestres judaicos, citava-se apenas o nome do profeta maior ou mais antigo. Fica claro, no contexto, que o Senhor (Jeová ou Javé) do AT é plenamente identificado com Jesus Cristo no NT (Rm ). 3 João é a forma simplificada do nome hebraico Johanen, que significa dom de Jeová. Era parente de Jesus, porquanto suas mães eram primas (Lc 1.36). Seu ministério público teve início por volta do ano 27 a.c., proclamando a vinda iminente do Messias e Seu Reino. João insistia na urgência do arrependimento (em grego, metanoia, quer dizer: mudança radical de pensamento e volta ao juízo ) devido à aproximação da vinda do Senhor. A mesma necessidade impreterível dos nossos dias. O ato simbólico de João mergulhar (palavra derivada da expressão grega baptizô) as pessoas nas águas, após confissão pública e oral dos pecados, entrou para a história da Igreja. 4 As roupas e o tipo de alimentação de João revelam sua austeridade e desprendimento dos interesses materiais deste mundo. Seu jeito de vestir-se era típico dos profetas e lembrava Elias (2 Rs 1.8; Zc 13.4), a quem João muito se assemelha (9.13). Alimentar-se de gafanhotos era uma prática comum entre as comunidades pobres (Lv 11.22), especialmente as que viviam a oeste do mar Morto, entre cujos habitantes (a seita dos essênios) estão os que escreveram e preservaram os Rolos do mar Morto (a mais importante descoberta arqueológica do século XX e que muito ajudou nesta tradução da Bíblia King James). Alguns grupos de beduínos ainda hoje comem gafanhotos tostados ou salgados. 5 João batiza apenas com água, simbolizando a purificação dos pecados reconhecidos e renunciados. Entretanto, Jesus Cristo oferecerá o dom do Espírito e com Ele a filiação adotiva e perene de Deus (em hebraico Yahweh), nosso Pai (em aramaico, Abba, que significa: pai querido), conforme Jo O batismo cristão é muito mais importante que o batismo judaico de prosélitos, dos essênios (que batizavam os judeus que entravam para sua seita) e o praticado por João. Isso porque somente no batismo cristão está implícito o ato simbólico de identificação do pecador restaurado com a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. MC_B.indd 4 16/8/2007, 00:17

5 10 E, imediatamente após deixar a água, viu os céus rasgando-se e o Espírito descendo até Ele na forma de uma pomba. 11 Então houve uma voz vinda dos céus: Tu és o meu Filho amado; em ti muito me agrado. 6 Jesus é tentado (Mt ; Lc ) 12 Logo em seguida, o Espírito o dirigiu para o deserto. 13 Ali esteve Ele por quarenta dias sendo tentado por Satanás; viveu entre as feras selvagens, e os anjos o serviram. 7 Jesus convoca seus discípulos (Mt ; Lc 4.14,15; ; Jo ) 14 E depois que João foi levado à prisão, Jesus partiu para a Galiléia, pregando a todos as boas novas de Deus: 8 15 Cumpriu-se o tempo e está chegando o Reino de Deus; arrependei-vos e crede no Evangelho. 9 5 MARCOS 1 16 Caminhando pela praia do mar da Galiléia, viu Jesus a Simão e seu irmão André lançando suas redes ao mar, pois eram pescadores. 17 Então, dirigiu-se a eles Jesus dizendo: Vinde em minha companhia, e Eu vos tornarei pescadores de pessoas. 18 Naquele mesmo momento, eles abandonaram as suas redes e seguiram Jesus. 19 Andando um pouco mais adiante, Jesus avistou Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Eles estavam num barco consertando as redes. 20 Sem demora os chamou. E eles, deixando o pai, Zebedeu, com os empregados no barco, partiram seguindo a Jesus. 10 Jesus ensina na sinagoga (Lc ) 21 Dirigiram-se para Carfanaum e, assim que chegou o sábado, tendo entrado na sinagoga, Jesus passou a ensinar Jesus insistiu em ser batizado para endossar a autoridade de João; identificar-se com os pecadores que sinceramente buscavam o perdão de Deus (2 Co 5.21); anunciar e confirmar publicamente seu ministério; permitir que João o apresentasse ao mundo como o Messias prometido (Jo 1.53) e que ele (Jesus) recebesse a plena unção do Espírito de Deus (Lc 3.22). A forma de pomba era real e visível e não apenas uma analogia espiritualizada para descrever romanticamente o fenômeno, pois Lucas ainda é mais preciso, usando a expressão em forma corpórea (Lc 3.22). Esse mesmo fenômeno ocorreu também por ocasião da Criação (Gn 1.2). O próprio Deus fala sobre o amor e a alegria que sente por Jesus, Seu Filho (Jo 12.28), e Suas palavras relembram Gn 22.2; Sl 2.7 e Is Temos aqui uma visão clara da Trindade, doutrina cristã que só pode ser bem aceita após o verdadeiro encontro com a pessoa de Cristo, o Filho de Deus. 7 Sem dúvida foi o próprio Jesus quem relatou aos seus discípulos os detalhes desta batalha histórica (Mt ; Lc ). Todos os sinóticos dão ênfase à relação existente entre o batismo e a tentação de Cristo. Jesus, dirigido (ou impelido) pelo Espírito, foi ativo no Seu batismo e passivo na tentação. Por meio do batismo Ele cumpriu toda a justiça, e pela tentação Sua justiça foi provada. Antes de iniciar seu ministério de destruir o poder de Satanás nas vidas dos seres humanos, foi necessário que Ele vencesse o Inimigo no campo de batalha da sua própria vida na terra (Hb 2.18; 4.15). A magnitude de toda essa batalha se observa no fato de que anjos vieram servi-lo (Mt 4.11, Lc 22.43). Em menor grau, cada discípulo que é chamado a uma missão desafiadora no Reino e impactante no mundo deve estar preparado para semelhante conflito e vitória. 8 Entre a tentação de Jesus e a execução de João Batista ocorreram os eventos registrados em Jo Os fatos que levaram à prisão estão narrados em Mc A palavra grega metanoia (que significa mudar de mentalidade e voltar ao juízo correto) reflete a expressão hebraica shub que freqüentemente (cerca de 120 vezes) ocorre no AT com a conotação espiritual de retornar a Deus. No contexto da conversão cristã, aponta para uma mudança radical de vida, em conseqüência da fé depositada na pessoa e obra de Jesus Cristo (At 3.19; 26.20; 1Ts 1.9). 10 Marcos emprega (cerca de 50 vezes) em seus escritos, como parte do seu estilo, uma palavra grega traduzida de várias maneiras: sem demora, logo, então, assim, em seguida, rapidamente e outras semelhantes, que revelam seu senso de urgência em comunicar o Evangelho ao mundo (especialmente aos gentios). Jesus ensina que a vocação do discípulo missionário implica: no discipulado ( vinde em minha companhia ou após mim ); em ser capacitado por Cristo ( Eu vos tornarei ); num esforço pessoal para explicar as boas novas às pessoas ( pescadores ) e na disposição de colocar as ambições e os interesses seculares em segundo plano ( abandonaram as suas redes ). 11 A sinagoga sempre teve uma importância vital para as comunidades judaicas em todo o mundo desde sua fundação, na época do exílio, até nossos dias. Uma sinagoga podia ser estabelecida em qualquer cidade ou povoado onde houvesse ao menos dez homens judeus casados, e seu propósito maior era ensinar as Escrituras e adorar a Deus. Era costume entre os líderes das sinagogas, convidar os mestres visitantes a participarem da adoração e ministrarem a Palavra na reunião do sábado (em hebraico MC_B.indd 5 16/8/2007, 00:17

 MARCOS 1 22 E todos ficavam maravilhados com o seu ensino, pois lhes ministrava como alguém que possui autoridade e não como os mestres da lei Mas, naquele exato momento, levantou-se na sinagoga um homem possuído de um espírito imundo, que vociferava: 24 O que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nossa destruição? Conheço a ti, sei quem tu és: o Santo de Deus!. 25 Mas Jesus o repreendeu severamente: Fica quieto e sai dele! Então, o espírito imundo, sacudindo aquele homem violentamente e gritando com poderosa voz, saiu dele. 27 Todos ficaram atônitos e assustados perguntavam uns aos outros: O que é isto? Novo ensinamento, e vejam quanta autoridade! Aos espíritos imundos Ele dá ordens, e eles prontamente lhe obedecem!. 28 Assim, rapidamente as notícias sobre a sua pessoa se espalharam em várias direções e por toda a região da Galiléia. O poder de Jesus sobre doenças e demônios (Mt ; Lc ) 29 E assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se para a casa de Simão e André, juntamente com Tiago e João A sogra de Simão estava deitada, com 6 muita febre, e logo falaram com Jesus a respeito dela. 31 Então, aproximando-se, Ele a tomou pela mão e a levantou. A febre imediatamente a deixou e ela se pôs a servi-los. 32 Ao final da tarde, logo após o pôr-dosol, o povo levou até Jesus todos os que estavam passando mal e os dominados por demônios. 33 E, assim, a cidade inteira se aglomerou à porta da casa. 34 Jesus curou a muitos de várias enfermidades, bem como expulsou diversos demônios. Entretanto, não permitia que os demônios falassem, pois eles sabiam quem era Ele. 15 Jesus retira-se para orar (Lc ) 35 De madrugada, em meio a escuridão, Jesus levantou-se, saiu da casa e retirouse para um lugar deserto, onde ficou orando Simão e seus amigos saíram para procurá-lo. 37 Então, quando o acharam, informaram: Todos estão te procurando!. 38 E Jesus os instruiu: Vamos seguir para outros lugares, às aldeias vizinhas, a fim de que Eu pregue ali também. Pois foi para isso que vim. shabbãth que significa: o dia do descanso). Jesus, assim como Paulo mais tarde (At 13.15; 14.1; 17.2; 18.4), aproveitou essa oportunidade cultural para anunciar as novas e boas notícias do Reino de Deus (o Evangelho). Jesus escolheu Carfanaum, importante centro de comércio e distribuição de peixes, como sede do seu ministério após a rejeição que sofreu em sua terra natal, Nazaré (Lc ). Os romanos mantinham um centurião na cidade (8.5) e uma coletoria de impostos (Mt 9.9). 12 Marcos dedica boa parte dos seus escritos a salientar o quanto os ensinos e as atitudes de Jesus tocavam os corações das pessoas e as deixavam impressionadas (2.12; 5.20,42; 6.2,51; 7.37; 10.26; 11.26; 11.18; 15.5). Sua autoridade provinha direta e absolutamente de Deus e por isso não citava os grandes mestres da Lei como era costume dos rabinos. 13 Com exceção do texto correspondente de Lc 4.34, o título O Santo de Deus foi usado apenas em Jo 6.69 e se refere à origem divina de Jesus, mais do que ao seu messianato (Lc 1.35). Esse título foi usado pelos demônios com base na crença do ocultismo de que o uso exato do nome de uma pessoa permitia certo controle sobre ela. O homem estava possesso de mais de um demônio, mas apenas o líder deles gritou e falou. Entretanto, Jesus, em plena autoridade divina, ordena que o demônio fique impedido de expressar-se, literalmente em grego que significa seja amordaçado! ou fique imobilizado e com a boca amarrada. 14 Jesus e seus discípulos certamente foram almoçar com a família de Pedro (1Co 9.5), pois a refeição principal do sábado era tradicionalmente servida logo após o encerramento do culto matinal das sinagogas. 15 O povo aguarda o final do pôr-do-sol e, conseqüentemente, o encerramento do sábado, para carregar seus enfermos e possessos (Jr 17.21,22) e os levar à presença de Cristo a fim de serem curados e libertos. Marcos retrata com clareza a perfeita humanidade e divindade de Jesus. Ele sentiu compaixão pelo povo (6.34) e os curou, mas sabia da Sua prioridade: anunciar o Reino e a Salvação (1.15). Soube evitar a publicidade e não permitiu que pessoas nem o Inimigo o enganassem com falsa adoração ou lisonja (1.24,34; 3.11; 5.7). 16 A expressão grega transliterada proi indica a última vigília da noite, das três às seis horas da manhã. Jesus reage ao crescente aumento de sua popularidade e se retira para um lugar tranqüilo e isolado onde possa conversar a sós com o Pai. MC_B.indd 6 16/8/2007, 00:17

7 7 MARCOS 1, 2 39 E aconteceu que Ele percorreu toda a Galiléia, pregando nas sinagogas e expelindo os demônios. A cura do leproso que creu (Mt 8.1-4; Lc ) 40 Certo leproso aproxima-se de Jesus e suplica-lhe de joelhos: Se for da tua vontade, tens o poder de purificar-me! 41 Movido de grande compaixão, Jesus estendeu a mão e, tocando nele, exclamou: Eu quero. Sê purificado! 42 No mesmo instante toda a doença desapareceu da pele daquele homem, e ele foi purificado Em seguida Jesus se despede dele com forte recomendação: 44 Atenta, não digas nada a ninguém; contudo vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação os sacrifícios que Moisés prescreveu, para que sirvam de testemunho Contudo, assim que o homem saiu, começou a proclamar o que acontecera e a divulgar ainda muitas outras coisas, de modo que Jesus não mais conseguia entrar publicamente numa cidade, mas via-se obrigado a ficar fora, em lugares desabitados. Mesmo assim, pessoas de todas as partes iam ter com Ele. 19 Jesus perdoa e cura (Mt 9.1-8; Lc ) 2 Chegando de novo em Cafarnaum, depois de alguns dias, o povo ficou sabendo que ele estava em casa. 1 2 E foram tantos os que se aglomeraram ali, que já não havia lugar nem à porta; e Ele lhes pregava a Palavra. 2 3 Vieram trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. 4 Não conseguindo levá-lo até Jesus, por causa da multidão, removeram parte da cobertura sobre o lugar onde estava Jesus e, por essa abertura no teto, baixaram a maca na qual se achava deitado o paralítico. 3 5 Observando a fé que eles demonstravam, declarou Jesus ao paralítico: Filho! Estão perdoados de ti os pecados. 6 Entretanto, alguns dos mestres da lei que por ali estavam sentados, julgaram em seu íntimo: 7 Como pode esse homem falar desse modo? Está blasfemando! Quem afinal pode perdoar pecados, a não ser exclusivamente Deus?. 4 8 Jesus imediatamente percebeu em seu espírito que era isso o que eles estavam urdindo e lhes questionou: Por que cogitais desta maneira em vossos corações? 17 O termo grego usado no original não se refere apenas e especificamente à lepra ou hanseníase (como se conhece hoje), mas a vários tipos de doenças e cânceres de pele. Todavia, como implicou em imundícia, segundo o AT (Lv 13 e 14), era natural que se tornasse um símbolo do pecado: ambos são repugnantes; espalham-se pelo corpo e são contagiosos; são incuráveis, a não ser pela misericórdia de Deus; só Cristo pode oferecer plena solução, e isso por causa do seu compadecimento, do seu poder que vem de Deus (Jo 3.2) e porque foi para cumprir essa missão que Ele veio ao mundo (10.45). 18 Os sacrifícios serviam de comprovação diante dos sacerdotes e para o povo de que a cura era genuína (e que Jesus respeitava a Lei). A cura era um testemunho concreto e visível do poder divino de Jesus, pois os judeus acreditavam que somente Deus podia curar uma doença de pele como a lepra (2Rs 5.1-4). 19 A inevitável popularidade de Jesus Cristo (1.28; 3.7,8; Lc 7.17) e a inveja e oposição cada vez mais intensa dos líderes religiosos (2.6,7,16,23,24; 3.2,6,22) forçaram Jesus a se retirar da sua amada Galiléia e peregrinar pelos territórios circunvizinhos. No entanto, o povo, sedento, viajava de todas as partes para receber a bênção da Sua Palavra e Poder. Capítulo 2 1 Pedro e sua família (1Co 9.5) faziam questão de hospedar Jesus sempre que ele estava em Cafarnaum, e Jesus se sentia em casa (1.21,29). 2 A Palavra é o Evangelho: Cristo e as boas novas da Salvação eterna (1.15). As multidões estavam à espera do Senhor e o receberam com o mesmo entusiasmo de antes (1.32,33,37). 3 Uma casa típica da Palestina daqueles tempos tinha o telhado plano, onde se podia chegar por uma escada externa. O telhado era geralmente coberto com uma camada de barro apoiada por esteiras feitas de ramos de palmeiras e sustentadas por vigas de madeira. 4 Na teologia judaica, nem mesmo o Messias teria poder para perdoar pecados, somente e exclusivamente o Altíssimo (Deus, em hebraico Yahweh). Jesus, de forma simples e natural, age como perfeito ser humano (compassivo e solidário em relação ao próximo), e perfeitamente como Deus (oferecendo solução à mais profunda e dramática necessidade humana: o perdão). Essa demonstração prática, pública e visual da deidade de Jesus foi considerada pelos teólogos locais (escribas ou mestres da lei) como uma grave e escandalosa blasfêmia. MC_B.indd 7 16/8/2007, 00:17

 MARCOS 2 9 O que é mais fácil dizer ao paralítico: Estão perdoados de ti os pecados, ou falar: Levanta-te, toma a tua maca e sai andando? 5 10 Todavia, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados... dirigiu-se ao paralítico 11 Eu te ordeno: Levanta-te, toma tua maca e vai para tua casa. 12 Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando sua maca saiu andando à frente de todos, que, estupefatos, glorificaram a Deus, exclamando: Nunca vimos nada semelhante a isto!. 6 Jesus convoca Mateus (Mt ; Lc ) 13 Uma vez mais, saiu Jesus e foi caminhar na praia, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e Ele os ensinava. 14 Enquanto andava, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado à mesa da coletoria, e o chamou: Segue-me!. Ao que ele se levantou e o seguiu. 7 8 Jesus à mesa com pecadores (Mt ; Lc ) 15 Aconteceu que, em casa de Levi, publicanos e pessoas de má fama, que eram numerosas e seguiam Jesus, estavam à mesa com Ele e seus discípulos Quando os mestres da lei que eram fariseus o viram comendo com os publicanos e outras pessoas mal afamadas, perguntaram aos discípulos de Jesus: Por que Ele se alimenta na companhia de publicanos e pecadores?. 17 Ao ouvir tal juízo, Jesus lhes ponderou: Não são os que têm saúde que necessitam de médico, mas, sim, os enfermos. Eu não vim para convocar justos, mas sim pecadores. 9 Jesus explica o jejum (Mt ; Lc ) 18 Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Algumas pessoas vieram ter com Jesus e inquiriram: Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, mas os teus discípulos não jejuam? 10 5 Para Jesus seria mais fácil apenas curar o paralítico e chamar a atenção do público para sua pessoa. Mas perdoar tinha a ver com a glória de Deus e lhe custaria uma vida de sacrifício e seu próprio holocausto na cruz (10.45). E para os mestres? O que seria mais fácil? Curar ou perdoar? A expressão de Jesus: Estão perdoados de ti os pecados, é a tradução literal dos melhores originais, em grego. 6 Jesus intitulou a si mesmo de Filho do homem por cerca de 80 vezes nos evangelhos. Segundo o profeta Daniel (Dn 7.13,14), o filho de um ser humano é retratado como personagem celestial a quem, no final dos tempos, Deus confiou plena autoridade, glória máxima e poder soberano. Fica claro que um dos propósitos dos muitos milagres, sinais e prodígios realizados por Jesus era apresentar provas indiscutíveis da sua divindade (Jo 2.11; 20.30,31). Com certeza o paralítico e a multidão presente compreenderam claramente quem era Jesus e sua atitude, pois glorificaram a Deus. 7 Levi era o nome de infância de Mateus, nome apostólico que significa dádiva do Senhor (Mt 9.9; 10.3). Levi era publicano e cobrador de impostos (Lc 5.27), sujeito às ordens de Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia. A coletoria era quase sempre uma espécie de bilheteria onde eram cobrados pedágios para aqueles que transitassem pela estrada internacional que ligava Damasco ao litoral do Mediterrâneo e ao Egito, passando por Cafarnaum. A maioria dos publicanos cobrava impostos além da lei e prestava falsos relatórios ao governo de Roma. Eram odiados pelo povo; para os fariseus eram iguais aos pecadores (literalmente: gente de má fama) que desprezavam a Lei. Em vista de viverem na companhia dos gentios eram excluídos da sinagoga. 8 Na cultura oriental e especialmente na judaica, fazer uma refeição na casa de alguém era um grande sinal de amizade entre os participantes. O termo pecadores era em geral uma maneira de se referir aos cobradores de impostos, mentirosos, enganadores, adúlteros, assaltantes, criminosos, e pessoas de má reputação. Jesus e seus discípulos eram os convidados de honra de um grupo com essas qualificações gerais. Jesus compartilha as bênçãos de sua mesa com os pecadores remidos (Ap 3.20). 9 Os fariseus eram um grupo de religiosos e sucessores dos hassidins, judeus piedosos que juntaram suas forças às dos macabeus durante a guerra pela liberdade de Israel da Síria (166 a 142 a.c). Os fariseus surgiram no reinado de João Hircano, entre 135 e 105 a.c. Embora alguns realmente fossem homens de Deus, a maioria dos que conflitaram com Jesus eram hipócritas, invejosos, formalistas e envenenados por sórdidos interesses políticos. Segundo o farisaísmo, a graça de Deus era oferecida somente para aqueles que cumprissem a Lei. 10 Os discípulos de João jejuaram porque seu mestre estava preso, por estarem em oração pela redenção proclamada por João e por causa da doutrina (ascetismo) de purificação e arrependimento pregada por João como preparação para a vinda de Cristo. Entretanto, a Lei de Moisés prescrevia apenas um jejum obrigatório: no Dia da Expiação (Lv 16.29,31; ; Nm 29.7). Após o Exílio na Babilônia, quatro outros jejuns anuais eram observados (Zc 7.5; 8.9). Na época de Jesus os fariseus tinham o costume de jejuar duas vezes por semana (Lc 18.12). MC_B.indd 8 16/8/2007, 00:18

9 9 MARCOS 2, 3 19 Explicou-lhes Jesus: Como podem os convidados do noivo jejuar enquanto o têm consigo? Contudo, virão dias quando o noivo lhes será arrancado; e então, nessa ocasião, jejuarão. 21 Ninguém costura remendo de pano novo em roupa velha, porquanto o remendo novo forçará o tecido velho e o rasgará ainda mais, aumentando a ruptura. 22 Assim como não há pessoa que deposite vinho novo em recipiente de couro velho; caso o faça, o vinho arrebentará o recipiente, e dessa forma, tanto o vinho novo quanto o recipiente se estragarão. Ao contrário, põe-se o vinho novo em um recipiente de couro novo. 12 Jesus é Senhor do Sábado (Mt ; Lc ) 23 E aconteceu que, passava Jesus num dia de sábado pelas plantações de cereal. Os seus discípulos, enquanto caminhavam, começaram a colher algumas espigas. 24 Então os fariseus advertiram-no: Vê! Por que teus discípulos fazem o que não é permitido aos sábados? Mas Ele esclareceu: Nunca lestes como agiu Davi e seus companheiros, quando sofreram necessidade e tiveram fome? 26 Na época do sumo sacerdote Abiatar, Davi entrou na casa de Deus e se alimentou dos pães dedicados à oferta da Presença, que somente aos sacerdotes era permitido comer, e os ofereceu também aos seus companheiros E então concluiu: O sábado foi criado por causa do ser humano, e não o ser humano por causa do sábado. 28 Assim sendo, o Filho do homem é Senhor inclusive do sábado. 15 Jesus cura as deformidades (Mt ; Lc ) Em outra ocasião, Jesus entrou na sinagoga e encontrou ali um homem que tinha atrofiada uma das mãos. 2 Alguns dos fariseus estavam procurando uma razão para acusar Jesus; por isso o observavam com toda a atenção, a fim de constatar se Ele iria curá-lo em pleno sábado. 3 Então convidou Jesus ao homem da mão atrofiada: Levanta-te e vem aqui para o meio. 11 A expressão noivo refere-se a Cristo (Ef ). No AT, o noivo é Deus (Os ; Is 54.5; 62.45; Jr 2.2). Os casamentos judaicos eram uma ocasião para alegria geral e a sua celebração chegava a durar uma semana. Não fazia o menor sentido pensar em jejum durante essas festividades. O jejum sempre esteve relacionado a momentos de dificuldade, grandes desafios e tristeza. Enquanto o noivo estava na festa era tempo de regozijo, o tempo triste e amargo chegaria, quando Jesus seria tirado com violência (literalmente em grego aparthe), e naqueles dias, sim, os discípulos jejuariam. Certamente que a analogia de Jesus foi bem compreendida pelos inquiridores. 12 Estas duas parábolas (Mt 9.16,17; Lc 5.36) ensinam claramente sobre a impossibilidade de se misturar o velho ritualismo da Lei (o Judaísmo em todas as suas formas e ramificações) com a Nova Aliança da graça e da liberdade em Cristo: o Evangelho (Gl 5.1,13). 13 A lei mosaica permitia a todo viajante colher espigas de trigo ao longo das estradas com o objetivo específico de comêlas, na hora, para matar a fome (Dt 23.25). Os fariseus não estão criticando essa prática, mas, sim, o fazer isso no sábado. É impressionante a calma e a segurança de Jesus diante das sucessivas investidas dos seus inquiridores, pois segundo o Talmude judaico, a ofensa de trabalhar (colher) no sábado incorria em pena de morte por apedrejamento, desde que o acusado fosse advertido e sua falta ficasse comprovada pelo testemunho de duas ou três autoridades religiosas, por isso o Vê! dos fariseus, tem o sentido de: Atenção! Foste pego em flagrante delito. 14 Jesus busca em sua defesa um episódio ocorrido com o venerado (pelos judeus fariseus especialmente) rei Davi (1Sm ). A relação entre os acontecimentos está no fato de homens de Deus terem feito algo proibido pela Lei. Como no direito judaico é sempre permitido praticar o bem e salvar vidas (ainda que seja no sábado), tanto Davi quanto os discípulos estavam dentro do chamado espírito da lei (Is 58.6,7; Lc ; ; ). Havia, portanto, uma jurisprudência formada e os fariseus tiveram de aceitar a argumentação pública de Jesus. De acordo com 1 Sm , Aimeleque, pai de Abiatar, que era sumo sacerdote na ocasião (2Sm 8.17; Mt 12.4). 15 A tradição judaica havia criado tantas restrições e normas sobre a guarda do dia do sábado, que a maioria das pessoas sentia-se culpada por não conseguir cumprir rigorosamente todas as ordenanças estabelecidas. Jesus enfatiza o propósito que Deus tem para o sábado: um dia para descanso; restauração espiritual, mental e física. Jesus conclui sua alusão à história judaica, mostrando que se a lei do sábado não tinha aplicação no caso do servo do templo, muito menos teria qualquer restrição sobre Cristo, o Senhor do Templo. Somente no evangelho de Marcos encontramos a importante definição O Filho do homem é Senhor inclusive do sábado, um dia especial consagrado a Deus. MC_B.indd 9 16/8/2007, 00:18

10 MARCOS 3 4 Em seguida Jesus indaga deles: O que nos é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal? Salvar vidas ou matar as pessoas?. No entanto, eles ficaram calados. 1 5 Indignado, olhou para os que estavam ao seu redor e, profundamente entristecido com a dureza do coração deles, ordenou ao homem: Estende a tua mão. Ele a estendeu, e eis que sua mão fora restaurada. 6 Diante disso, retiraram-se os fariseus e iniciaram, em acordo com os herodianos, uma conspiração contra Jesus, e tramavam um meio de condená-lo à morte. 2 Jesus cura multidões na praia 7 Jesus retirou-se com seus discípulos e foi na direção do mar, e uma numerosa multidão vinda da Galiléia o seguia. 8 E assim que ouviram a respeito de tudo o que Ele estava realizando, grande quantidade de pessoas provenientes da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, das regiões do outro lado do Jordão e das cercanias das cidades de Tiro e Sidom, veio ter com Jesus. 3 9 Então, por causa das multidões, Ele pede aos discípulos que passem a manter um pequeno barco à sua disposição, para 10 evitar que a massa de pessoas o apertasse, tirando-lhe os movimentos. 10 Pois Ele havia curado grande multidão, de modo que todos os que padeciam de alguma enfermidade se acotovelavam na tentativa de vê-lo e tocá-lo. 11 E acontecia que todas as vezes que as pessoas com espíritos imundos o viam, atiravam-se aos seus pés e berravam: Tu és o Filho de Deus!. 12 Todavia, Jesus repreendia tais espíritos severamente, ordenando que não revelassem quem era Ele. Jesus convoca os Doze (Mt ; Lc ) 13 Jesus subiu a um monte e convocou para si aqueles a quem Ele queria. E eles foram para junto dele. 14 E escolheu doze, qualificando-os como apóstolos, para que convivessem com Ele e os pudesse enviar a proclamar. 15 E tivessem autoridade para expulsar demônios Ele constituiu, pois, os Doze: Simão, a quem atribuiu o nome de Pedro. 17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer, filhos do trovão. 18 E depois, André; Filipe; Bartolomeu; 1 O argumento de Jesus é claro: ser capaz de fazer o bem e preferir fazer o mal é pecado (em aramaico o sentido geral da palavra pecar é errar ), pois há pouca diferença entre fazer o mal e deixar de fazer o bem (Tg 4.17). Os mestres judaicos pregavam que o sábado era um dia dedicado ao descanso, amor e misericórdia, por isso, o socorro a quem estivesse em perigo era permitido. Entretanto, Jesus os confronta com suas próprias e cruéis intenções, uma vez que estavam usando o sábado para tramar o seu assassinato. 2 A partir desta controvérsia, os mestres e as autoridades eclesiásticas judaicas foram tomados por terrível ódio contra Jesus, a ponto de se juntarem com os herodianos, um partido político nacionalista muito influente que apoiava Herodes e sua dinastia contra Roma (Mt 22.16). Os fariseus (que significa os separados ) formavam um partido do povo, com pessoas de classe baixa, e se opunham aos herodianos e aos saduceus, ricos e aristocratas ( ). Entretanto, para matar Jesus todo conchavo foi aceito entre eles. 3 A popularidade de Jesus crescia assustadoramente. Essa rápida lista de Marcos mostra que as multidões vinham não apenas das áreas adjacentes a Cafarnaum, mas também de longas distâncias. As regiões mencionadas incluem praticamente a totalidade das principais regiões de Israel e países vizinhos. Iduméia (forma grega da palavra hebraica Edom) aqui se refere a uma grande área da Palestina ocidental ao sul da Judéia, e não ao antigo território edomita de Edom. 4 O próprio Jesus discipulou os Doze por meio do ensino constante e de estreita convivência, por isso foram designados apóstolos (em grego appostelle forma verbal de apóstolo, ou seja comissionado, designado para uma missão ). Além dos discípulos esse termo se aplica à pessoa de Jesus (Hb 3.1), a Barnabé (At 14.14), a Paulo e a Matias (At ), a Tiago, irmão do Senhor (Gl 1.19), e a alguns outros discípulos (Rm 16.7). No NT essa palavra é usada muitas vezes com um sentido mais genérico (Jo 13.16), sendo traduzida por mensageiro. O apostolado foi o dom principal concedido pelo Espírito Santo para estabelecer a Igreja de Cristo. Era necessário que o apóstolo fosse testemunha ocular da ressurreição ou comissionado por Jesus (1Co 1.1). Nem as Escrituras (AT e NT), nem a tradição da Igreja, desde os primórdios, apóiam a hierarquia eclesiástica com a instituição de um papa soberano e infalível no comando de apóstolos, bispos e ministros paroquianos. MC_B.indd 10 16/8/2007, 00:18

11 11 MARCOS 3, 4 Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote; 19 e Judas Iscariotes, que o traiu. O pecado sem perdão (Mt ; Lc ) 20 Foi então Jesus para casa. E uma vez mais grande multidão se apinhou, de tal maneira que Ele e os seus discípulos não conseguiam nem ao menos comer pão. 21 Quando os familiares de Jesus tomaram conhecimento do que estava acontecendo, partiram para forçá-lo a voltar, pois comentavam: Ele perdeu o juízo! Mas os mestres da lei, que haviam descido de Jerusalém exclamavam: Ele está possuído por Belzebu!, e mais: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios. 23 Foi então que Jesus os chamou mais para perto e lhes admoestou por parábolas: Como é possível Satanás expulsar Satanás? 24 Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir. 25 Se uma casa se dividir contra si mesma, igualmente não conseguirá manterse firme. 26 Portanto, se Satanás se atira contra si próprio e se divide, não poderá subsistir, mas se destruirá. 27 De fato, ninguém pode entrar na casa do homem forte e furtar dali os seus bens, sem que primeiro o amarre. Só depois conseguirá saquear a casa dele. 28 Com toda a certeza Eu vos asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados. 29 Todavia, quem blasfemar contra o Espírito Santo jamais receberá perdão. Pelo contrário, é culpado de pecado eterno. 30 Jesus explicou isso porque eles estavam exclamando: Ele está possesso de um espírito imundo. 6 Jesus, sua mãe e seus irmãos (Mt ; Lc ) 31 Foi quando chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. E ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo. 32 E havia grande número de pessoas sentadas em torno dele; e lhe avisaram: Olha! Tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e buscam por ti. 33 Então, Ele lhes respondeu com uma questão: Quem é minha mãe, ou meus irmãos?. 34 E, repassando com o olhar a todos que estavam sentados ao seu redor declarou: Aqui estão minha mãe e meus irmãos! 35 Pois qualquer pessoa que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe. 7 A parábola do semeador (Mt ; Lc 8.4-8) Retornou Jesus à beira-mar para ensinar. E a multidão que se juntou ao 4 seu redor era tão numerosa que o forçou a entrar num barco, onde assentou-se. O 5 Um grupo de parentes e amigos de Jesus parte de Nazaré (terra natal de Jesus e sua parentela) e viaja cerca de 48 km para tentar levá-lo à força de volta para a casa de seus pais e irmãos (José já havia morrido nessa época), pois se preocupavam muito com a maneira como ele se entregava ao ministério de servir às multidões (Mt 1.25; Mt ; Lc 2.7; Lc 8.19). Em hebraico, a maneira como Jesus responde não é agressiva, mas enaltece os laços espirituais que devem unir a família de Deus para que sejam ainda mais seguros, leais e duradouros, pois devem ter como princípio a obediência à Palavra. Esse foi o conceito-base que originou a Igreja. 6 Belzebu é uma antiga expressão hebraica (Baal-zebude significa senhor das moscas, 2Rs 1.2,16) ligada ao líder máximo dos demônios. A declaração de Jesus sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo é das mais solenes. Entretanto, o pecado imperdoável não é um pensamento, ato ou palavra isolada, mas sim a persistente atitude de arrogância, oposição intencional e rejeição explícita a Jesus Cristo e Sua Palavra. Essa é a maneira de ser de todos aqueles que amam mais as trevas do que a Luz (Jo 3.19). Jesus não declarou que os mestres e líderes religiosos haviam efetivamente cometido esse pecado, mas que estavam em iminente perigo. 7 Os parentes de Jesus ainda não acreditavam na Sua pessoa como Filho de Deus e Senhor dos Senhores (Jo 7.5). Não há razão para concluir que os irmãos e irmãs de Jesus pudessem ser primos, filhos de José antes de seu casamento com Maria. Assim como não há base bíblica e histórica para se aceitar a doutrina da virgindade perpétua de Maria, mãe de Jesus, dogma católico instituído pelo Papa Pio IX em MC_B.indd 11 16/8/2007, 00:18

12 MARCOS 4 barco estava no mar e todo o povo agrupava-se na praia. 1 2 E, assim, Ele lhes transmitia muitos ensinamentos por parábolas, e enfatizava ao ministrar: 2 3 Escutai! Eis que o semeador saiu a semear. 4 Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e chegaram as aves e a devoraram. 5 Outra parte caiu em solo pedregoso e, não havendo terra suficiente, nasceu rapidamente, pois a terra não era profunda. 6 Contudo, ao raiar do sol, as plantas se queimaram; e porque não tinham raiz, secaram. 7 Outra parte ainda caiu entre os espinhos; estes espinhos cresceram e sufocaram as plantas, e por isso não pôde dar frutos. 8 Finalmente, outras partes caíram em terra boa, germinaram, cresceram e ofereceram grande colheita, a trinta, sessenta e até cem por um. 3 9 E alertou: Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!. 12 Jesus explica a parábola (Mt ; Lc ) 10 Quando se afastaram das multidões, os Doze e alguns outros que o seguiam lhe pediram para elucidar as parábolas. 11 Então, lhes revelou: A vós foi concedido o mistério do Reino de Deus; aos de fora, entretanto, tudo é pregado por parábolas, 4 12 com o propósito de que: mesmo que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não compreendam, e isso para que não se convertam e sejam perdoados Então Jesus os questionou: Se não compreendeis essa parábola, como podereis entender todas as outras? 14 O semeador semeia a Palavra. 15 Algumas pessoas são como a semente à beira do caminho, onde a Palavra foi semeada. Mas assim que a ouvem, Satanás vem e toma a Palavra nelas semeada. 16 Assim também ocorre com a que foi semeada em solo pedregoso: são as pessoas que, ao ouvirem a Palavra, logo a recebem com alegria. 17 Entretanto, visto que não têm raízes em si mesmas, são de pouca perseve- 1 Jesus posicionou-se de forma a facilitar a transmissão do ensino para um grande número de pessoas de uma só vez. Precisava evitar também o assédio das massas que literalmente o sufocavam na busca exclusiva da cura física. Jesus deseja ensinar seu povo a viver em plena comunhão com Deus, e esse era um desafio maior do que curar as enfermidades do corpo. Sentar-se para ensinar era a postura tradicional dos mestres judeus da época (Mt 5.1; Lc 5.3; Jo 8.2). 2 As parábolas eram histórias tiradas da vida diária e usadas para ilustrar verdades espirituais e morais (Mt 13.3). Muitas vezes na forma de comparações, analogias ou ditos proverbiais. Essas histórias eram um valioso recurso didático usado pelos grandes mestres (2Sm e Talmude). Conquistavam a atenção, prendiam o interesse, tornavam concretas idéias abstratas, levavam o ouvinte a uma decisão correta, e, no caso de Jesus, guardavam em sigilo o mistério do Reino para os desprovidos de interesse em adorar sinceramente a Deus e desenvolver uma sociedade justa (Mt ; Lc 4.23, 15.3). 3 As sementes eram lançadas com o auxílio das mãos naquela época, e isso para que caíssem exatamente nas covas preparadas para o plantio. Entretanto, algumas caíam em terreno improdutivo. Todavia, Jesus anuncia uma colheita excepcional (Gn 26.12), chegando a render 100 plantas produtivas por semente plantada. A colheita sempre foi uma figura (símbolo) da consumação dos tempos e do Reino de Deus (Jl 3.13; Ap ). 4 Em grego, a expressão mistério tem o sentido de oculto, insondável, secreto. No NT refere-se ao conhecimento do verdadeiro Deus. Verdade essa, outrora oculta, mas agora revelada na pessoa e obra de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Porém, esse mistério não é acessível exclusivamente à razão humana; mas, sim, ao mais profundo dos sentimentos humanos (simbolizado no ocidente pelo coração, por ser um órgão vital, além do cérebro). A vontade de buscar a Deus e submeter-se à Sua Palavra, ilumina o coração do crente. O principal mistério é a revelação de Deus e Seus propósitos na pessoa de Cristo (Mt 16.17). Por isso, todos nós que fomos contemplados com essa revelação, devemos sentir grande júbilo e comemorar a Salvação todos os dias, agindo para com Deus e na sociedade como cidadãos do Reino: com amor e reverência, graça e justiça. Compreendese o Reino em dois momentos: o presente reino reconhecido pelos cristãos sinceros e que reside nos mesmos, os quais se submetem à vontade de seu Rei, Jesus Cristo, e o chamado Reino Milenar, que será inaugurado por ocasião da segunda (e iminente) volta de Cristo (Ap 20.2). 5 O estilo de pregação e ensino de Jesus se assemelha ao ministério de Isaías, o qual conquistou muitos discípulos (Is 8.16), mas igualmente desmascarou a falsidade e a dureza de muitos corações incrédulos face aos inúmeros apelos de Deus. MC_B.indd 12 16/8/2007, 00:18

13 13 MARCOS 4 rança. Ao surgir alguma tribulação ou perseguição por causa da Palavra, rapidamente sucumbem. 18 Outras ainda, como a semente lançada entre os espinhos, escutam a Palavra, 19 porém, quando chegam as preocupações da vida diária, a sedução da riqueza e todas as demais ambições, agridem e sufocam a Palavra, tornando-a infrutífera Todavia, outras pessoas são como as que foram semeadas em terra boa: estas ouvem a Palavra, acolhem-na e oferecem farta colheita: a trinta, sessenta e até cem por um. A parábola da luz encoberta (Lc ) 21 E lhes propôs: Quem, porventura, traz uma candeia para colocá-la sob uma vasilha ou debaixo de uma cama? Ao invés, não a traz para ser depositada no candelabro? 22 Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia. 23 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!. 24 E seguiu ensinando: Ponderai atentamente o que tendes ouvido! Pois com a medida com que tiverdes medido vos medirão igualmente a vós; e ainda mais vos será acrescentado! 25 Porquanto, ao que tem mais se lhe dará; de quem não tem, até o que tem lhe será retirado. 7 A parábola do Reino (Mt ; Lc ) 26 Então contou-lhes que: O Reino de Deus é semelhante a um homem que lançou a semente sobre a terra. 27 Enquanto ele dorme e acorda, durante noites e dias, a semente germina e cresce, embora ele desconheça como isso acontece. 28 A terra por si mesma produz o fruto: primeiro surge a planta, depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga. 29 Assim que as espigas amadurecem, o homem imediatamente lhes passa a foice, pois é chegado o tempo da colheita. 8 A parábola do grão de mostarda (Mt ; Lc ) 30 E contou-lhes mais: Com o que compararemos o Reino de Deus? Que parábola buscaremos para representá-lo? 31 É como um grão de mostarda, que é a menor das sementes que se planta na terra. 32 Porém, uma vez semeada, cresce e se transforma na maior das hortaliças, com ramos tão grandes, a ponto de as aves do céu poderem abrigar-se sob a sua sombra. 9 O ensino parabólico de Jesus (Mt ) 33 Assim, por meio de muitas parábolas semelhantes Jesus lhes comunicava a Palavra, conforme a medida das possibili- 6 A prosperidade, a cultura e a boa formação acadêmica podem oferecer uma falsa e temporária sensação de auto-suficiência e segurança ( ; Dt 8.17,18; 32.15; Ec ; Tg 5.1-6). Por outro lado, a pobreza, as perdas e os sofrimentos, podem produzir rancor e mágoas injustas contra Deus (Ec 7.29; Rm 8.28). 7 Aqui temos uma exortação para não ficarmos reclamando do que nos falta, mas juntarmos tudo o que temos no sentido de condições humanas e recursos vários e investirmos em nosso crescimento espiritual e humano no Reino de Deus. Deus conhece bem todas as nossas limitações e não espera que venhamos a ser perfeitos, ou consigamos isso ou aquilo, para vivermos plenamente (Jo 10.10). Quanto mais nos apropriamos da Verdade (a Palavra) agora, tanto mais receberemos no futuro. Se não valorizarmos e correspondermos ao pouco de revelação que temos recebido, aqui e agora, nem isso nos adiantará no futuro. 8 Esta parábola foi registrada apenas no livro de Marcos. Enquanto a história do semeador revela a importância de um solo fértil para receber a boa semente (a Palavra); aqui se evidencia o poder misterioso da própria semente: com o passar do tempo, vai realizando seu trabalho de fazer germinar, crescer e dar frutos (1Pe ). Devemos, portanto, semear sempre e em todos os corações humanos sobre a face da terra. 9 Embora possua uma das menores sementes dentre as hortaliças, a mostarda palestina pode crescer até uma altura de 4 metros. A parábola ilustra a expansão poderosa e impressionante do Cristianismo em todo o mundo, apesar do seu humilde início: um pobre mestre vindo de uma inexpressiva família e cidade da Galiléia que, seguido por um pequeno grupo de homens quase todos incultos pregou durante alguns anos sobre a chegada do Reino, afirmando ser Deus encarnado. MC_B.indd 13 16/8/2007, 00:18

Sem comentários:

Enviar um comentário