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DONA ZEFA -ARAÇUAÍ MG


Dona Zefa - Araçuaí - Vale do Jequitinhonha - MG


Josefa Alves dos Reis, nascida em 7 de agosto de 1925, mais conhecida como Dona Zefa, rezadeira, contadora de histórias e escultora aposentada, é uma das figuras mais amáveis e interessantes de Araçuaí. Há muito alguém não me cativava tanto quanto esta senhora com mente fértil. Nasceu Sergipana do polígono das secas e foi para Serra dos Aimorés com toda sua família. Contou que seus avós eram fazendeiros ricos e que seu pai teve que vender as terras da família por causa de uma seca prolongada por mais de três anos. Nascida em uma família grande: eram oito moças (incluindo ela), dois rapazes, o pai e a mãe. A família também viveu nas localidades de Lençóis e Bananeira. Entretanto, ela, depois de muitos anos por esse Brasil afora, resolveu instalar-se em Araçuaí.

Começou a talhar a madeira por necessidade, fazendo uma cama! Foi marceneira em Teófilo Otoni, morando na Vila Magnólia, um dos muitos lugares por onde se instalou. Alugou ai três cômodos de um casarão. Esta primeira cama foi vendida para um soldado de Diamantina. Um vizinho, que era de Araçuaí, a convenceu a ir para lá. Pensou que iria ficar rica fazendo camas e cadeiras, mas isso não aconteceu. Como ela era “uma doida braba do Nordeste”, em suas próprias palavras e de um dentista que conhecia, decidiu mudar-se para o vale. Desde tempos em que mochila era chamada de “cacaio”, ela fez de tudo nos quarenta e nove anos que mora em Araçuaí: mascateou, comprou e vendeu móveis antigos em nome de pessoas que não queriam se identificar, e terminou fazendo artesanato. Ela disse-me: “o artesanato me ajudou demais!”. Seu talento em trabalhar com a madeira a fez uma artista popular conhecida, apesar de sua pobre morada atual, que comprou com o dinheiro ganho do artesanato.
Contou-me que havia visto gente do bando de Lampião, como Azulão, Zé Baiano e Zé Sereno, entre outros. Diz ser uma “contadora de histórias” antes de ser artista, e que aprendeu o ofício de rezadeira aos dez anos de idade. Falou que Dom Serafim (Serafim Fernandes de Araújo), cardeal de Belo Horizonte, foi quem ajudou as feiras de artesanato a progredirem; que viu o Zepelim aos doze anos de idade e que o povo se apavorou com o objeto voador. Também mencionou a importância do Projeto Rondon (1967-1989) para a valorização do artesanato e dos artesãos do vale. Porém, pelo grande número de jovens escultores populares de madeira em Araçuaí, pode-se notar que Dona Zefa teve influência importante no oficio de difundir esta forma de arte neste município.

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