INICIO DE CARREIRA
Carl August Wickland, insigne psiquiatra e pesquisador dos fenômenos psíquicos, de nacionalidade sueca-americana, nasceu em 14 de fevereiro de 1861 na cidade de Liden, Suécia, e desencarnou em 13 de novembro de 1945. Era um dos nove filhos de Anders Wiklund e Ingrid Brita Nilsdotter. Seu nome de infância era Carl August Wicklund.
Como foi relatado por Wickland, ele emigrou da Suécia para os Estados Unidos e foi morar em Chicago. Graduou-se em Medicina pela Durham Medical College em 1900. Em sua autobiografia, relata que se registrou como Clínico Geral com ênfase em Psiquiatria. Era membro da sociedade Médica de Chicago, bem como da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência. Era psiquiatra chefe do Instituto Estadual de Psiquiatria de Chicago, especializado em casos de esquizofrenia, paranoia, depressão, vícios, maníaco-depressão, comportamentos criminosos e outras fobias. Era casado com Anna Wickland, que o ajudou eficientemente em suas pesquisas.
Em 1918, mudou-se para Los Angeles onde fundou, juntamente com sua esposa Anna, que era uma médium espontânea, o Instituto Psicológico Nacional de Los Angeles.
ENCONTRO COM A ESPIRITUALIDADE
Relata Wickland que a primeira vez em que teve contato com uma entidade espiritual foi através de sua esposa, que desenvolveu a mediunidade espontaneamente e em pouco tempo. Diz ele que certo dia, após trabalhar quase o dia inteiro em um cadáver, para efeito de estudos, ao regressar para casa, encontrou sua esposa com um aspecto diferente. Ela lhe perguntou algo brusca:
– Quem lhe dá o direito de cortar outra pessoa?
O Dr. Wickland achou graça e lhe respondeu:
– Mas Anna, faz parte do meu trabalho, você sabe muito bem! Ademais é um corpo de um indigente, que foi recolhido morto de uma sarjeta.
Sua esposa, com um aspecto sombrio, bradou:
– Morto coisa nenhuma, estou bem vivo aqui, pedindo-lhe satisfações.
Sobressaltado, o médico disse:
– Como? O que está acontecendo? Pare de brincar, mulher!
– Mulher?! – Redarguiu sua esposa – Eu sou um homem... O Senhor não tem o direito de cortar ninguém... – insistiu irritado.
Sua esposa declinou um nome masculino, que dizia ser o seu, e uma idade diferente, falou coisas que nada tinham a ver com sua vida, comportando-se como se não fosse ela mesma.
O Dr. Wickland demorou a entender o que estava acontecendo. Percebeu que de uma forma inexplicável para ele, o Espírito a quem pertencera o corpo em que estivera trabalhando ao longo de todo o dia estava ali, na sua frente, conversando com ele através de sua esposa.
Um tanto confuso e assustado ante o episódio, para ele surpreendente, passou a dialogar com o Espírito, que não tinha consciência de que estava “morto”, acabando por esclarecê-lo acerca da nova realidade em que se encontrava, realidade esta que nem ele mesmo até então suspeitava. O Espírito, assim, após longo e cansativo diálogo, afastou-se do corpo de Anna que, ao tornar a si, não se lembrava do que havia se passado.
SUA ROTINA DE TRABALHO
Centenas de Espíritos passaram a se manifestar através de Anna Wickland e seu esposo os ouvia pacientemente, os interrogava, conversava horas e horas com eles, observava tudo com muita meticulosidade, analisava... Foram mais de trinta anos conversando de forma desataviada e regular com os impropriamente chamados “mortos”.
Entre 1918 e 1924 passou a estenografar as comunicações que eram sempre psicofônicas, isto é, faladas, reunindo farto e extenso conjunto de materiais que constitui um verdadeiro monumento que evidencia o prosseguimento da vida após a morte. Todo esse material foi coligido e examinado com minúcia, dentro do método científico. Este trabalho resultou em uma obra impressionante, intitulada Trinta anos entre os mortos, contendo o relato das experiências com os Espíritos, a transcrição de inúmeros diálogos, a exposição e análise dos fatos, observações e comentário pessoais etc.
Incansáveis, o Dr. Wickland e sua esposa prestaram um concurso inestimável, socorrendo e consolando centenas de Espíritos desequilibrados que vinham procurá-los ou eram conduzidos até eles, estendendo um auxílio que se desdobrava entre as duas dimensões da vida, a espiritual e a material, na exata medida em que os “mortos”, uma vez esclarecidos, deixavam de perseguir e prejudicar os “vivos”.
O Dr. Wickland e sua esposa jamais ouviram falar de Espiritismo. No entanto, mediante os eventos e as vivências que protagonizaram, chegaram, por conta própria, às mesmas conclusões, no primeiro quartel do século XX, a que Allan Kardec chegara no início da segunda metade do século XIX. Isto prova que a mediunidade é uma faculdade natural, que todos a possuem, podendo manifestar-se de forma mais patente em qualquer pessoa, independente de suas crenças e convicções e prova, também, que a comunicação com os Espíritos é universal, porque decorre do próprio fato de os Espíritos existirem e poderem atuar de forma perceptível ou não sobre qualquer um de nós.
CONVICÇÕES A QUE CHEGOU
Mesmo sem querer, o Dr. Wickland depreendeu de suas experiências mediúnicas uma série de princípios que estão em perfeita sintonia com a Doutrina Espírita. Lembrando que todas elas contrariavam as suas convicções de cientista cético. Fora, todavia, convencido pela veracidade e lógica dos fatos, a ponto de não restar em si mais nenhuma dúvida quanto:
1 - A existência da alma;
2 - A sobrevivência depois da morte;
3 - A possibilidade de se comunicar com os “mortos”;
4 - O mundo espiritual e suas múltiplas dimensões;
5 - A realidade específica de cada ser ao despertar do outro lado da vida;
6 - A perturbação que alguns Espíritos experimentam depois da morte e que está relacionada à sua ignorância espiritual e, principalmente, à sua conduta na Terra;
7 - A interferência negativa que os Espíritos podem exercer, causando até neuroses, psicoses, loucura...
8 - O diálogo fraterno que se pode manter com os Espíritos, objetivando o seu esclarecimento...
Trinta anos entre os mortos é uma obra que mostra como é possível uma mente livre de preconceitos penetrar nos mais obscuros enigmas da existência. O livro documenta um grande número de casos de personagens anônimos bem como de pessoas que eram bastante conhecidas, como Helena Blavatsky, cofundadora da Teosofia e de Mary Baker-Eddy, fundadora da Ciência Cristã.
Enquanto muitos cientistas do seu tempo e, também, do nosso, limitavam-se a negar a própria ocorrência do fenômeno, o Dr. Wickland, ao defrontá-lo, examinou-o sem ideias preconcebidas, convencendo-se da sua realidade. Estava também convencido de que grupos de espíritos aos quais chamou de “caridosos” ajudavam no atendimento aos pacientes e encaminhavam os espíritos necessitados no mundo espiritual.
Hoje, as evidências em prol da imortalidade e da comunicabilidade dos Espíritos multiplicam-se progressivamente, não sendo mais possível sustentar posições sistemáticas e dogmáticas que lhes sejam contrárias.
Carl August Wickland, insigne psiquiatra e pesquisador dos fenômenos psíquicos, é mais um exemplo de que Ciência e Espiritualidade podem caminhar juntas.
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