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HISTÓRIA DE ARAÇUAÍ

HISTÓRIA DE ARAÇUAÍ

Fotógrafos da região realizam oficina, exposição e gravação de documentário no município.

A cidade dAraçuaí, no Vale do Jequitinhonha, tem muita beleza e história para contar. Os fotógrafos e jornalistas Ana Clara Silva e Nilmar Lage pretendem resgatar a história por meio de fotografia no projeto “Circuito de Imagens”. Ana Clara Silva nasceu naquela cidade e o fotógrafo Nilmar Lage é de Ipatinga.

O Circuito de Imagens é a tentativa de voltar o olhar da população para o lugar em que vive - Ana Clara Silva

Os dois viajam hoje para  Araçuaí para colocar em prática a proposta que prevê realização de oficina, exposição e produção de um documentário. O trabalho procura resgatar, por meio da fotografia, a valorização dos patrimônios histórico-culturais (materiais e imateriais) presentes na cidade de  Araçuaí.

Ideia 

O projeto surgiu da vontade que Ana Clara sempre teve de voltar ao município onde viveu por 17 anos. “Tinha certeza de que um dia eu voltaria para fazer alguma coisa pela cidade. Sempre deixei muito claro para todo mundo minhas origens. Desde a época da faculdade me interessei pela fotografia. Sempre falava com o Nilmar sobre minha cidade, suas particularidades e o meu desejo de realizar alguma coisa por lá. Esse meu falatório foi tomando forma e consistência até que o projeto ganhou corpo”, contou Ana Clara.

Desde os tempos de faculdade, onde Ana Clara conheceu Nilmar, a ideia começou a ganhar mais força. “Mais que uma realização pessoal, o projeto passou a ser uma necessidade. Os moradores de  Araçuaí precisam passar a olhar aquela cidade de outra forma”, comentou Ana Clara.

Valores

A fotógrafa conta que o município possui valores culturais muito ricos. “Tenho orgulho da minha história e da cidade em que nasci, por isso vejo que é preciso, além do discurso sobre patrimônio histórico, o desenvolvimento de ações para que a preservação desse lugar aconteça. O Circuito de Imagens é a tentativa de voltar o olhar da população para o lugar em que vive”, explicou.

Documentário

O cotidiano da cidade é registrado com o 
consentimento das pessoas fotografadas
Por Nilmar Lage





















Araçuaí possui uma história peculiar, pois foi fundada no século XIX por uma mulher que era dona de uma casa de prostituição: Luciana Teixeira. O surgimento da cidade ocorreu a partir da região que hoje é conhecida como “Rua de Baixo”. O documentário pretende contar essa e outras histórias da cidade tendo como fio condutor Maria Cheirosa, figura conhecida de  Araçuaí por ter sido proprietária do bordel “Para Todos”, que funcionou na Rua de Baixo até a década de 1990. A produção do documentário será realizada de forma coletiva por Ana Clara Silva, Leila Cunha e Nilmar Lage, além da participação do jornalista Thiago Moreira.

Apresentação

A exposição, que receberá o nome de "Rua de Baixo: novos olhares” terá fotos dos artistas e dos oficineiros do curso de fotografia. A mostra será em forma de circuito, a ser realizado à pé por toda a extensão da Rua de Baixo. Leila Cunha, produtora do projeto, explica que o início da caminhada será no Cinema dos Meninos de  Araçuaí, com a exibição do documentário. Depois será promovida a visita guiada pelas ruas em que as fotografias estarão expostas, e o ponto final do passeio será novamente o cinema.
  
Olhar além da miséria

Nilmar Lage frisa a preocupação em respeitar as pessoas do lugar, pois o caminho é muito delicado e o lugar é carregado de significados. “Eu sempre procuro tomar cuidado para não expor demais aquelas pessoas, que talvez já tenham uma série de outras questões a resolver e eu sou só o cara com a máquina, tentando ‘mostrar uma realidade com outro olhar, da forma que ninguém fez’. Eu procuro ter respeito e cumplicidade com as imagens que estou buscando. Eu pergunto se posso fotografar. Eu converso com a mãe da criança e peço autorização”, ressaltou o jornalista.

Ainda de acordo com Nilmar, a proposta é mostrar aquelas pessoas, suas belezas e seus arquétipos. “Mas também quero instigar: que lugar é esse? Não gostaria que uma leitura futura das minhas fotos passassem apenas pelo lugar do ‘coitadinho’ ou ‘olha que sujeira’. São coisas que estão lá, mas não é a totalidade do lugar, não o representam por inteiro. Aí é que mora o grande desafio. Sair desse lugar comum do qual eu considero ‘fácil’ fotografar esses temas, que estão lá, prontos e bonitos. A forma de mostrar essa beleza é uma grande questão”, analisou Nilmar Lage.

A fotógrafa Ana Clara destaca a importância de tirar a carga negativa que o município carrega. “A minha maior preocupação é não dar aval aos que deram ao Vale do Jequitinhonha o nome de Vale da Miséria. Não tenho a pretensão de desmistificar a miséria, pois mesmo não sendo uma total inverdade, não é o ponto que merece mais atenção. Pretendemos representar  Araçuaí por meio de fotografias que imprimam o nosso olhar e, por meio da exposição, tentar chamar a atenção da população para sua gente e para o seu patrimônio histórico que está indo embora aos poucos”, concluiu a fotógrafa.

O “Circuito de Imagens” recebe patrocínio da EMFER Estruturas Metálicas Fernandes e Thermon Indústria Mecânica por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Em  Araçuaí o projeto recebe apoio do Restaurante Panela de Barro e Pousada das Araras.



 

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