Um jovem de cerca de 20 anos vagava pelo Museu Hofburg, em Viena, como de costume.
estava deprimido como nunca. O dia fora muito frio, pois o vento trouxera o primeiro anúncio
do outono que se aproximava. Ele temia novo ataque de bronquite que se aproximava. Ele
temia novo ataque no seu miserável quartinho numa pensão barata. Estava pálido, magro e de
aparência doentia. Sem dúvida alguma, era um fracasso. Fora recusado pela Escola de Belas –
Artes e pela Arquitetura. As perspectivas eram as piores possíveis.
Caminhando pelo museu, entrou na sala que guardava as jóias da coroa dos Hapsburg, gente
de uma raça que não considerava de boa linhagem germânica.
Mergulhado em pensamentos pessimistas, nem sequer notou que um grupo de turistas,
orientado por um guia, passou por ele e parou diante de um pequeno objeto ali em exibição.
-”Aqueles estrangeiros – escreveria o jovem mais tarde – pararam quase em frente ao lugar
onde eu me encontrava, enquanto seu guia apontava para uma antiga ponta de lança. A
princípio, nem me dei ao trabalho de ouvir o que dizia o perito; limitava-se a encarar a presença
daquela gente como intromissão na intimidade de meus desesperados pensamentos. E, então,
ouvi as palavras que mudariam o rumo da minha vida: “Há uma lenda ligada a esta lança que
diz que quem a possuir e decifrar os seus segredos terá o destino do mundo em suas mãos,
para o bem ou para o mal.”
Como se tivesse recebido um choque de alertamento, ele agora bebia as palavras do erudito
guia do museu, que posseguia explicando que aquela fora a lança que o centurião romano
introduzira ao lado do tórax de Jesus (João 19:34) para ver se o crucificado já estava “morto”.
Tinha uma longa e fascinante história aquele rústico pedaço de ferro. O jovem mergulharia nela
a fundo nos próximos anos. Chamava-se ele Adolf Hitler.
Voltou muitas vezes mais ao Museu Hofburg e pesquisou todos os livros e documentos que
conseguiu encontrar sobre o assunto. Envolveu-se em mistérios profundos e aterradores, teve
revelações que o atordoaram, incendiaram sua imaginação e desataram seus sonhos mais
fantásticos.
Sabemos hoje, em face da prática e da literatura espírita, que os Espíritos, encarnados e
desencarnados, vivem em grupos, dedicados a causas nobres ou sórdidas, segundo seus
interesses pessoais. A inteligência e o conhecimento, como todas as aptidões humanas,
são neutros em si mesmos, ou seja, tanto podem ser utilizados na prática do bem como na
disseminação do mal. Dessa maneira, tanto os bons espíritos, como aqueles que ainda se
demoram pelas trevas, elaboram objetivos de longo alcance visando aos interesses finais do
bem ou do mal. Em tais condições, encarnados e desencarnados se revezam, neste plano e
no outro, e se apoiam mutuamente, mantendo constantes entendimentos especialmente pela
calada da noite, quando uma parte considerável da humanidade encarnada, desprendida pelo
sono, procura seus companheiros espirituais para debater planos, traçar estratégias, realizar
tarefas, ajustar situações.
O médium do AntiCristo Especial
Texto, na íntegra, de Hermínio C. Miranda
publicado no Reformador de Março de 1976
Há, pois, toda uma logística de apoio aos Espíritos que se reencarnam com tarefas específicas,
segundo os planos traçados.
Estudando, hoje, a história secreta do nazismo, não nos resta dúvida de que Adolf Hitler e
vários dos seus principais companheiros desempenharam importante papel na estratégia
geral de implantação do reino das trevas na Terra, num trabalho gigantesco que, obviamente,
tem a marca inconfundível do Anticristo. Para isso, eclodem fenômeno mediúnicos, surgem
revelações, encontram-se as pessoas que deveriam encontrar-se, acontecem “acasos”
e “coincidências” estranhas, juntam-se, enfim, todos os ingredientes necessários ao
desdobramento do trabalho.
August Kubizek descreve uma cena dramática em que Hitler, com apenas 15 anos de idade,
apresenta-se claramente incorporado ou inspirado por alguma entidade desencarnada. De
pé diante de seu jovem amigo, agarrou-lhe as mãos emocionado, de olhos esbugalhados
e fulminantes, enquanto de sua boca fluía desordenadamente uma enxurrada de palavras
excitadas. Kubizek, artudido, escreve, em seu livro:
- Era como se outro ser falasse de seu corpo e o comovia tanto quanto a mim. Não era, de
forma alguma, o caso de uma pessoa que fala entusiasmada pelo que diz. Ao contrário, eu
sentia que ele próprio como que ouvia atônito e emocionado o que jorrava com uma força
primitiva... Como enxurrada rompendo diques, suas palavras irrompiam dele. Ele invocava,
em grandiosos e inspirados quadros, o seu próprio futuro e o de seu povo. Falava sobre um
Mandato que, um dia, receberia do povo para liderá-lo da servidão aos píncaros da liberdademissão especial que em futuro seria confiada a ele.
Ao que parece, foi o primeiro sinal documentado da missão de Hitler e o primeiro indício
veemente de que ele seria o médium de poderosa equipe espiritual trevosa empenhada em
implantar na Terra uma nova ordem. Garantia-se a Hitler o poder que ambicionava, em troca da
fiel utilização da sua instrumentação mediúnica. O pacto com as trevas fora selado nas trevas.
É engano pensar que essas falanges espirituais ignoravam as leis divinas. Conhecem-nas
muito bem e sabem da responsabilidade que arrostam e, talvez, até por isso mesmo, articulam
seus planos tenebrosos e audaciosos, porque, se ganhassem, teriam a impunidade com que
sonham milenarmente para acobertar crimes espantosos. Eles conhecem, como poucos, os
mecanismos da Lei e sabem manipular com perícia aterradora os recursos espirituais de que
dispõem.
Vejamos outro exemplo: o relato da Segunda visita de Hitler à lança, narrada pelo próprio.
Novamente a sensação estranha de perplexidade. Sente ele que algo poderoso emana
daquela peça, mas não consegue identificar o de que se trata. De pé, diante da lança, ali ficou
por longo tempo a contemplá-la:
Estudava minuciosamente cada pormenor físico da forma, da cor e da substância, tentando,
porém permanecer aberto à sua mensagem. Pouco a pouco me tornei consciente de uma
poderosa presença em torno dela – a mesma presença assombrosa que experimentara
intimamente naquelas raras ocasiões de minha vida em que senti que um grande destino
esperava por mim.
Começava agora a compreender o significado da lança – escreve Ravenscroft – e a origem
de sua lenda, pois sentia, intuitivamente, que ela era o veículo de uma revelação - “uma ponte
entre o mundo dos sentidos e o mundo do espírito”.
As palavras entre aspas são dos próprio Hitler, que prossegue:
Uma janela sobre o futuro abriu-se diante de mim, e através dela vi, num único “flash”, um
acontecimento futuro que me permitiu saber, sem sombra de dúvida, que o sangue que corria
em minhas veias seria, um dia, o veículo do espírito de meu povo.
Ravenscroft especula sobre a revelação. Teria sido, talvez, a antevisão da cena espetaculosa
do próprio Hitler a falar, anos mais tarde, ali mesmo em frente ao Hofburg, à massa nazista
aglomerada, após a trágica invasão da Áustria, em 1938, quando ele disse em discurso:
A Providência me incumbiu da missão de reunir os povos germânicos...com a missão de
devolver minha pátria 1 ao Reich alemão. Acreditei nessa missão. Vivi por ela e creio que
cumpri.
Tudo começara com o impacto da visão da lança no museu. Já naquele mesmo dia, em que o
guia dos turistas chamou sua atenção para a antiqüíssima peça, ele experimentou estranhas
sensações diante dela. Que fascínio poderia ter sobre seu Espírito - espetacular ele próprio
– aquele símbolo cristão ? Qual a razão daquele impacto? Quanto mais a contemplava, mais
forte e, ao mesmo tempo, mais fugidia e fantástica se tornava a sua impressão.
Senti como se eu próprio a tivesse detido em minhas mãos anteriormente, em algum remoto
século da História – como se eu a tivesse possuído, como meu talismã de poder e mantido o
destino do mundo em minhas mãos. No entanto, como poderia isto ser possível? Que espécie
de loucura era aquele tumulto no meu íntimo?
Qual é, porém, a história conhecida da lança?
É o que tentaremos resumir em seguida.
Hitler dedicou-se daí em diante ao estudo de tudo quanto pudesse estar relacionado com o seu
fascinante problema. Cedo foi dar em núcleos do saber oculto. Um dos seus biógrafos, Alan
Bullock (Hitler: A Study in Tiranny), sem ter alcançado as motivações do futuro líder nazista,
diz que ele foi um inconseqüente, o que se poderia provar pelas suas leituras habituais, pois
seus assuntos prediletos eram a história de Roma antiga, as religiões orientais, ioga, ocultismo,
hipnotismo, astrologia... Parece legítimo admitir que tenha lido também obras de pesquisa
espíritas, porque os autores não especializados insistem em grupar espiritismo, magia,
mediunismo e adivinhação, e muito mais sob o rótulo comum de ocultismo.
Sim, Hitler estudou tudo isso profundamente e não se limitou à teoria; passou à prática.
Convencido da sua missão transcendental, quis logo informar-se sobre os instrumentos
e recursos que lhe seriam facultados para levá-lo a cabo. O primeiro impacto da idéia da
reencarnação em seu espírito o deixou algo atônito, como vimos, na sua primeira crise
espiritual diante da lança, no museu de Hofburg; logo, no entanto, se tornou convicto dessa
realidade e tratou a sério de identificar algumas de suas vidas anteriores. Esses estudos
levaram-no ao cuidadoso exame da famosa legenda do Santo Graal, de que Richard Wagner,
um dos seus grandes ídolos, se serviu para o enredo da ópera Parsifal.
Hitler foi encontrar nos escritos de um poeta do século XIII, por nome Wolfram von
Eschenbach, a fascinante narrativa da lenda, cheia de conotações místicas e simbolismos
curiosos, que captaram a sua imaginação, porque ali a história e a profecia estavam como que
mal disfarçadas atrás do véu diáfano da fantasia.
Mas, Hitler tinha pressa, e, para chegar logo ao conhecimento dos mistérios que o seduziam,
não hesitou em experimentar com o peiote, substância alucinógena extraída do cogumelo
mexicano, hoje conhecida como mescalina. Sob a direção de um estranho indivíduo, por nome
Ernst Pretzsche, o jovem Adolf mergulhou em visões fantásticas que, mais tarde, identificaria
como sendo cenas de uma existência anterior que teria vivido como Landulf de Cápua, que
serviu de modelo ao Klingsor na ópera de Wagner.
Esse Landulf foi um príncipe medieval (século nono) que Revenscroft declara ter sido “the
most evil figure of the century” – a figura mais infame do século. Sua influência tornou-se
considerável na política de sua época e, segundo Ravenscroft, “ele foi a figura central em todo
o mal que se praticou então”.
O Imperador Luiz II conferiu-lhe posto que o situava como a terceira pessoa no seu reino, e
concedeu-lhe honrarias e poderes de toda a sorte. Landulf teria passado muitos anos no Egito,
onde estudou magia negra e astrologia. Aliou-se secretamente aos árabes que, apesar de
dominarem a Sicília, respeitaram seu castelo, em Carlata Belota, na Calábria.
Nesse local sinistro, onde se situara no passado um templo dedicado aos mistérios, Landulf
exercia livremente suas práticas horríveis e perversas que, segundo Ravenscroft, deramlhe a merecida fama de ser o mais temido feiticeiro do mundo. Finalmente, o homem que o
Imperador Luiz II queria fazer Arcebispo de Cápua, depois de elevá-la à condição de cidade
metropolitana, foi excomungado em 875, quando sua aliança com o Islam foi descoberta.
Ravenscroft informa logo a seguir que, a seu ver, ninguém conseguiu exceder Wagner em
inspiração, quando este coloca, na sua ópera, a figura de Klingsor ( ou seja, Landulf) como um
mago a serviço do Anticristo.
Aliás, muitas são as referências ao Anticristo no livro do autor inglês, em conexão com a trágica
figura de Adolf Hitler. Ainda veremos isto.
Guiado pela sua intuição, Wagner tranpôs para o terreno da arte, na sua genial ópera, o
objetivo de Klingsor e seus adeptos, que era “cegar as almas por meio da perversão sexual
e privá-las da visão espiritual, a fim de que não pudessem ser guiadas pelas hierarquias
celestiais”. Essa atividade maligna Landulf desenvolveu em seu tempo e suas horríveis práticas
teriam exercido “devastadora influência nos líderes seculares da Europa cristã”, conforme
Ravenscroft.
Mas Hitler acreditava-se também uma reencarnação de Tibério, um dos mais sinistros dos
Césares. É fato sabido hoje que ele tentou adquirir ao Dr. Axel Munthe, autor de O Livro de
San Michele, a ilha deste nome, que, em tempos idos fora o último reduto de Tibério, que lá
morreu assassinado. O Dr. Munthe se recusou a vender a ilha porque ele próprio acreditava ter
sido Tibério, o que não parece muito congruente com a sua personalidade.
Aliás, as especulações ocultistas (usemos a palavra) dos líderes nazistas estão cheias de
fenômenos psíquicos e de buscas no passado. Goering dizia, com orgulho, que sempre se
encarnou ao lado do Führer. Ao tempo de Landulf, ele teria sido o Conde Boese, amigo e
confidente do príncipe feiticeiro, e no século XIII fora Conrad de Marburg, amigo íntimo do
bispo Klingsor, de Wartburg. Goebbels, o ministro da Propaganda nazista, acreditava-se Ter
sido Eckbert de Meran, bispo de Bamberg, no século XIII, que teria apresentado Klingsor ao rei
André da Hungria.2.
Se essas encarnações estão certas ou não, não cabe aqui discutir, mas tais especulações
evidenciam o interesse daqueles homens pelos mistérios e segredos das leis divinas, que
precisavam conhecer para melhor desrespeitar e burlar. Por outro lado, contêm alguma lógica,
quando nos lembramos de certos aspectos que a muitos passam despercebidos. Muitos
espíritos reencarnaram-se com o objetivo de infiltrarem-se nas hostes daqueles que pretendem
combater, seja para destruir, seja para se apossarem da organização, sempre que esta
detenha alguma parcela substancial de poder. Não seria de admirar-se, pois que um grupo de
servidores das trevas, com apoio das trevas, aqui e além, fosse alçado a postos de elevada
influência entre a hierarquia cristã da época, quando a Igreja desfrutava de incontestável
poder. O papado não esteve imune – longe disso - e por várias vezes caiu em mãos de mal
disfarçados emissários de Anticristo.
Lembremos outro pequeno e quase imperceptível pormenor. Recorda-se o leitor daquela
observação veiculada por um benfeitor espiritual que relatou haver sido traçada, no mundo
das trevas, a estratégia do sexo desvairado, a fim de desviar os humanos dos caminhos retos
da evolução? Sexo transviado e magia negra são aliados constantes, ingredientes do mesmo
caldo escuro, onde se cultivam as paixões mais torpes. Quantos não se perderam por ai...
1 Hitler era austríaco. Nasceu em 20 de abril de 1889, na encantadora vila de Braunau-amInn, onde também nasceram os famosos médiuns Willy e Rudi Scheider.
2 Segundo apurou Ravenscroft, esse Bispo Klingsor seria o CVonde de Acerra, também
de Cápua, um tipo sinistro, profundamente envolvido em magia negra e que, como
Landulf, séculos antes, reuniu em torno de si um círculo de adeptos que incluia eminentes
personalidades eclesiásticas da época. Afirma, ainda, o autor que foi nesse grupo que se
concebeu o medonho monstro da Inquisição.
O Médium do Anticristo II
Alfred Rosemberg, o futuro teórico do nazismo, era então o profeta do Anticristo e se incumbia
de questionar os Espíritos manifestantes. Ravenscroft afirma que teria sido Rosemberg quem
pediu a presença da própria Besta do apocalipse, que na sua opinião(de Rovenscroft), sem
dúvida dominava o corpo e a alma de Adolf Hitler, através das óbvias faculdades mediúnicas
deste.
Essa manifestação do Anticristo em Hitler foi assegurada por mais de uma pessoa, além do
lúcido e tranqüilo Dr. Walter Johannes Stein. Um desses foi outro estranho caráter, por nome
Houston Stewart Chamberlain, um inglês que se apaixonou pela Alemanha e pela causa
nazista. Ravenscroft classifica-o como genro de Wagner e profeta do mundo pangermânico.
Também escrevia suas teses anti-racistas em transe, segundo atestou nada menos que
o eminente General Von Moltke, de quem ainda diremos algo importante daqui a pouco
Chamberlain era considerado um digno sucessor do gênio de Friederich Nietzsche e, segundo
o próprio Hitler, em “Mein Kampf”, “um dos mais admiráveis talentos na história do pensamento
alemão, uma verdadeira mina de informações e de idéias”. Foi quem expandiu as idéias de
Wagner, desvirtuando-as perigosamente, ao pregar a superioridade da raça ariana. Segundo
testemunho de Von Moltke, Chamberlain evocou inúmeros vultos desencarnados da história
mundial e confabulou com eles. Que era uma inteligência invulgar, não resta dúvida. Os
poderes das trevas escolheram bem seus emissários. Enganam-se, também, redondamente,
aqueles que consideram Hitler um doido inconseqüente que tentou, na sua loucura, botar
fogo no mundo. A julgar por todas essas revelações que ora nos chegam ao conhecimento,
ele sabia muito bem o seu papel em todo esse drama. Recebeu uma fatia de poder a troco de
certa missão muito específica.
No domínio do mundo, se o tivesse conseguido, ele continuaria a desfrutar de posição
“invejável”, como prêmio a um trabalho “bem feito”. Ainda bem que falhou, pois a amostra foi
terrível.
Como se explicaria, sem esse apoio maciço de espíritos encarnados e desencarnados, que
um jovem pintor sem êxito, pobre, abandonado à sua sorte, rejeitado pela sociedade, tenha
conseguido montar o mais tenebrosos instrumento de opressão que o mundo já conheceu?
Como se explicaria que seu partido tenha emergido de um pequeno grupo político, falido e
obscuro, senão que os Espíritos seus amigos o indicaram como sendo o primeiro degrau de
escada que o levaria ao poder?
Hitler ainda se aprofundaria muito mais nos mistérios da sua missão tenebrosa. Precisava
receber instruções mais específicas, e , como sabemos, tudo se arranja para que assim seja.
A hora chegaria, no momento exato, com a pessoa já programada para ajudá-la. Um desses
homens chamou-se Dietrich Eckhart.
Sua história á algo fantástico, mas vale a pena passar ligeiramente sobre ela, a fim de
entendermos seu papel junto a Hitler, que, antes de encontrar-se com Eckhart, fizera apenas
preparativos para o vestibular da magia e do ocultismo.
Dietrich Eckhart era um oficial do exército, de aparência afável e jovial e, ao mesmo tempo, no
dizer de Ravenscroft, “dedicado satanista, o supremo adepto das artes e dos rituais da magia
negra e a figura central de um poderoso e amplo círculo de ocultistas – O Grupo Thule”.
Foi um dos setes fundadores do partido nazista, e, ao morrer, intoxicado por gás de mostarda,
em Munich, em dezembro de 1923, disse, exultante:
Sigam Hitler! Ele dançará, mas a música é minha. Iniciei-o na “Doutrina Secreta”, abri seus
centros de visão e dei-lhe os recursos para se comunicar com os Poderes. Não chorem por
mim: terei influenciado a História mais do que qualquer outro alemão.
Suas palavras não são mero delírio de paranóico. Há muito, nas suas desvairadas práticas
mediúnicas, havia recebido “uma espécie de anunciação satânica de que estava destinado a
preparar o instrumento do Anticristo, o homem inspirado por Lúcifer para conquistar o mundo e
liderar a raça ariana à glória”.
Quando Adolf Hitler lhe foi apresentado, ele reconheceu imediatamente o seu homem, e disse
para seus perplexos ouvintes:
- Aqui está aquele de quem eu fui apenas o profeta e o precursor.
Coisas espantosas se passaram no círculo mais íntimo e secreto do Grupo Thule, numa série
de sessões mediúnicas (Ravenscroft chama-as, indevidamente, de sessões espíritas...), das
quais participavam dois sinistros generais russos e outras figuras tenebrosas.
A médium, descoberta por certo Dr. Nemirocitch-Dantchenko, era uma pobre ignorante
camponesa, dotada de variadas faculdades. Expelia pelo órgão genital enormes quantidades
de ectoplasma, do qual se formavam cabeças de entidades materializadas que, juntamente
com outras, incorporadas na médium, transmitiam instruções ao círculo de “eleitos”.
Certa manhã de setembro de 1912, Walter Stein e seu jovem amigo Adolf Hitler subiram juntos
as escadarias do museu Hofburg. Em poucos minutos encontravam-se diante da Lança de
Longinus, posta, como sempre, no seu estojo de desbotado veludo vermelho. Estavam ambos
profundamente emocionados, por motivos diversos, é claro, mas, seja como for, o disparador
daquelas emoções era a misteriosa lança. Dentro em pouco, Hitler parecia Ter passado a
um estado de transe, “um homem – segundo Ravenscroft – sobre o qual algum espantoso
encantamento mágico havia sido atirado” . Tinha as faces vermelhas e seus olhos brilhavam
estranhamente. Seu corpo oscilava, enquanto ele parecia tomado de inexplicável euforia.
Toda a sua fisionomia e postura – escreve Rovenscroft, que ouviu a narrativa do próprio
Stein – pareciam transformadas, como se algum poderoso Espírito habitasse agora a sua
alma, criando dentro dele e à sua volta uma espécie de transfiguração maligna de sua própria
natureza e poder.
Walter Stein pensou com seus botões: Estaria ele presenciando uma incorporação do
Anticristo?
É difícil responder, mas é certo que terrífica presença espiritual ali estava mais do que evidente.
Inúmeras outras vezes, em todo o decorrer de sua agitada existência, testemunhas insuspeitas
e desprevenidas haveriam de notar fenômenos semelhantes de incorporação, especialmente
quando Hitler pronunciava discursos importantes ou tomava decisões mais relevantes.
Ao narrar o fenômeno a Ravenscroft, 35 anos depois, o Dr. Stein diria que:
-...Naquele instante em que pela primeira vez nos postamos juntos, de pé, ante a Lança de
Longinus, pareceu-me que Hitler estava em transe tão profundo que passava por uma privação
quase completa de seus sentidos e um total eclipse de sua consciência.
Hitler sabia muito bem da sua condição de instrumento de poderes invisíveis. Numa entrevista
à imprensa, documentou claramente esse pensamento, ao dizer:
Movimento-me como um sonâmbulo, tal como me ordena a Providência.
Havia nele súbitas e tempestuosas mudanças de atitude. De uma placidez fria e meditativa,
explodia, de repente, em cólera, pronunciando, alucinadamente, uma torrente de palavras,
com emoção e impacto, especialmente quando a conversa enveredava pelos temas políticos e
raciais. Stein presenciou cenas assim no velho café em que costumava encontrar-se com seu
amigo, em Viena, ali por volta de 1912/1913. Passada a explosão, Hitler recolhia-se novamente
ao seu canto, como se nada tivesse ocorrido.
Naqueles estados de exaltação, transformava-se o seu modo de falar e sua palavra alcançava
as culminâncias da eloqüência e da convicção. Era como se um poder magnético a elas
se acrescentasse, de tal forma que ele facilmente dominava seus ouvintes. Seus próprios
companheiros notariam isso mais tarde, em várias oportunidades.
Ao se ouvir Hitler – escreveu Gregor Strasser, um ex-nazista – tem-se a visão de alguém capaz
de liderar a humanidade à glória. Uma luz aparece numa janela escura. Um homem com um
bigode cômico transforma-se em arcanjo. De repente, o arcanjo se desprende e lá está Hitler
sentado, banhado em suor, com os olhos vidrados.
Tudo fora muito cuidadosamente planejado e executado, inclusive com os sinais
identificadores, para que ninguém tivesse dúvidas. Nas trágicas sessões mediúnicas do Grupo
Thule, fora anunciado que o Anticristo se manifestaria depois que seu instrumento passasse
por uma ligeira crise de cegueira. Isto se daria ali por volta de 1921, e seu médium teria, então,
33 anos.
Aos 33 anos de idade, em 1921, depois de recuperado de uma cegueira temporária, Hitler
assumiu a incontestável liderança do Partido Nacional Socialista, que o levaria ao poder
supremo na Alemanha, e, quase, no mundo.
De tanto investigar os mistérios e segredos da história universal, em conexão com os poderes
invisíveis, Hitler se convenceu de realidades que escapam à maioria dos seres humanos.
A história é realmente o reflexo de uma disputa entre a sombra e a luz, representadas,
respectivamente, pelos Espíritos que desejam o poder a qualquer preço e por aqueles que
querem implantar na Terra o reino de Deus, que anunciou o Cristo.
Hitler sabia, por exemplo, que os Espíritos trabalham em grupos, segundo o seus interesses
e por isso se reencarnam também em grupos, enquanto seus companheiros permanecem no
mundo espiritual – na sombra ou na luz, conforme seus propósitos – apoiando-se mutuamente.
Não é à toa que Göering e Goebbels, como vimos, reconheciam-se como velhos companheiros
de Hitler. Este, por sua vez, estava convencido de que um grupo enorme de Espíritos, que se
encarnara no século IX, voltara a encarna-se no século XX. O notável episódio ocorrido com o
eminente General Von Moltke parece confirmar essa idéia.
Vamos recordá-lo, segundo o relato de Ravenscroft.
Foi ainda na Primeira Guerra Mundial. No imenso e trágico tabuleiro de xadrez em que se
transformara a Europa, havia um plano militar secreto, sob o nome de Plano Schlieffen, que
previa a invasão da França através da Bélgica, antes que a Russia estivesse em condições de
entrar em ação.
Helmuth Von Moltke era Chefe do Estado-Maior do Exército Alemão, sob o Kaiser. Coube-lhe
a responsabilidade de introduzir alguns aperfeiçoamentos no plano e aguardar o momento de
pô-lo em ação, se e quando necessário. O momento chegou em junho de 1914. Jogava-se
a sorte da Europa. Von Moltke passou a noite em claro, na sede do Alto Comando, tomando
as providências de última hora para que o plano entrasse em ação imediatamente. Estudava
mapas, expedia ordens, conferenciava com seus oficiais. O destino de sua pátria estava em
suas mãos e ele sabia disso. No auge da atividade, o eminente General perdeu os sentidos
sobre a mesa de trabalho. Parecia Ter tido um enfarte. Chamaram um médico, enquanto seus
camaradas, muito apreensivos depositavam o seu corpo no sofá.
Nenhuma doença foi diagnosticada. Na verdade, Von Moltke estava em transe. Sua metódica e
brilhante inteligência não previra a interferência da mão do destino, como diz Ravenscroft. Ou
seria a mão de Deus?
Julgou-se, a princípio, que o poderoso General estivesse morrendo. Mal se percebia
sua respiração e o coração apenas batia o necessário para manter a vida; olhos abertos
vagavam, apagados, de um lado para outro. O eminente General Helmuth Von Moltke estava
experimentando uma crise espontânea de regressão de memória, durante a qual em vívidas
imagens que se desdobravam diante de seus olhos espirituais, ele se viu como um dos Papas
do século IX, Nicolau I, o Grande, que a Igreja canonizou. Há estranhas “coincidências” aqui.
Segundo os historiadores, Nicolau ascendeu ao trono papal mais por influência do Imperador
Luis II do que pela vontade do clero. Lembra-se o leitor de que Luiz II foi o mesmo que
protegeu o incrível Landulf, príncipe de Cápua? E que Landuf, um milênio depois, seria Adolf
Hitler?
Nicolau foi um papa enérgico e brilhante. Governou somente nove anos incompletos, de 858
a 867, mas teve de tomar decisões momentosas e que exerceram profunda influência na
História. Foi no seu tempo que se definiu mais nitidamente a tendência separatista entre as
igrejas do ocidente e a do oriente. Foi ele quem elevou a novas culminâncias a doutrina da
plenitude do poder papal. Segundo seu pensamento, o imperador era apenas um delegado,
incumbido do poder civil.
Enquanto essas vivências desfilavam diante de seus olhos, Von Moltke, ainda estendido no
sofá, vivia a curiosa experiência de estar situado entre duas vidas; separadas por mil anos.
Em torno dele, entre as ansiosas figuras de seus generais, ele identificava alguns de seus
antigos cardeais e bispos. Uma das personalidades que ele também identificou naquele
desdobramento foi a de seu tio, o ilustre Marechal- de- Campo, também chamado Helmuth Von
Moltke, o maior estrategista de sua época e que lutou na guerra de 1870. Fora também uma
das poderosas figuras medievais, o Papa Leão IV, o chamado pontífice-soldado, que organizou
a defesa de Roma e comandou seus próprios exércitos.
Outra figura identificada foi o General Von Schlieffen, autor do famoso plano Schlieffen, que
também experimentara as culminâncias do poder papal, sob o nome de Bento II.
Ao despertar de sua singular experiência com o tempo, o General Von Moltke estava abalado
até às raízes de seu ser. Caberia a ele, um ex-Papa, deslanchar todo aquele plano de
destruição e matança? Se não o fizesse, o que aconteceria à sua então pátria?
Diz Ravenscroft que, após se reformas, Von Moltke escreveu minucioso relato daquela
experiência notável. Também ele se deixou envolver pelo misterioso fascínio da Lança de
Longinus, que certa vez visitou em companhia de outro General, seu amigo; e, segundo o
escritor inglês, conseguiu apreender o verdadeiro sentido e importância daquela peça, “como
um poderoso símbolo apocalíptico”.
Acreditava ele que se deveram à sua própria atitude negativa, como Nicolau I, em relação ao
intercâmbio com o mundo espiritual, os trágicos desenganos que se sucederam na História
subseqüente, a começar pela separação da cristandade em duas e o progressivo abandono
da realidade espiritual em favor das doutrinas materialistas, que “virtualmente aprisionaram a
criatura no mundo fenomênico da medida, do número, do peso, tornando a própria existência
da alma humana objeto de dúvida e debate” (Ravenscroft).
Por isso tudo, ao se erguer do sofá, Von Moltke era outra criatura. Como explicar tudo
aquilo aos seus companheiros? Que decisões tomar agora, na perspectiva do tempo e dos
lamentáveis enganos que havia cometido no passado, em prejuízo do curso da História?
Parece, no entanto, que não dispunha de alternativa. Como Longinus, tinha de praticar um
ato de aparente violência, para contornar uma crueldade maior. Tudo continuou como fora
planejado, mas o Chefe do Estado-Maior não continuou como fora. Aliás, ao ser elevado àquela
posição pela sua inesgotável e indiscutível capacidade profissional, houve dúvidas, em virtude
do seu temperamento meditativo e tranqüilo. Seria realmente um bom General no momento de
crise que exigisse decisões drásticas? Era o que se perguntavam seus adversários, mesmo
reconhecendo sua enorme autoridade técnica. Ao se retirar do comando, diz Ravenscroft que
ele era um homem arrasado, porque mais do que nunca estava consciente da tragédia de viver
num mundo em que a violência e a matança pareciam ser os únicos instrumentos capazes de
“despertar a humanidade para as realidades espirituais”.
Após a sua desencarnação, em 1916, com 68 anos de idade, Von Moltke passou a transmitir
uma série de comunicações através da mediunidade de sua esposa Eliza Von Moltke. Ah! que
documento notável deve ser esse! Foi numa dessas mensagens que o Espírito do antigo Chefe
do Estado-Maior informou que o Führer do Terceiro Reich seria Adolf Hitler, àquela época
um obscuro e agitado político, aparentemente sem futuro. Foi também ele que, em Espírito,
confirmou a antiga encarnação de Hitler como Landulf de Cápua, o terrível mágico medieval
que vinha agora repetir, nos círculos mais fechados do Partido, os rituais de magia negra, cujo
conhecimento trazia nos escaninhos da memória integral.
Faltavam ainda algumas peças importantes para consolidar as conquistas do jovem Hitler, mas
todas elas apareceriam no seu devido tempo e executariam as tarefas para as quais haviam
sido rigorosamente programadas nos tenebrosos domínios do mundo espiritual inferior. O
General Eric Ludendorff seria uma delas. Von Moltke identificou-o com outro papa medieval,
que governou sob o nome de João VIII, que Ravenscroft classifica como “o pontífice de mais
negra memória que se conhece em toda a história da Igreja Romana, que, como amigo de
Landulf de Cápua, ajudou-o nas suas conspirações no século IX”. Novamente, sob as vestes
de Eric Ludendorff, o antigo Papa daria a mão para alçar Landulf (agora Adolf) ao poder.
Outro elemento importante, nessa longa e profunda reiniciação de Hitler, foi Karl Haushofer,
que, no dizer de Ravenscroft, “não apenas sentiu o hálito da Besta Apocalíptica 3 no controle
do ex-cabo demente, mas também buscou, conscientemente e com maligna intenção, ensinar
a Hitler como desatrelar seus poderes contra a humanidade, na tentativa de conquistar o
mundo”.
É um tipo estranho e mefistofélico esse Haushofer, mas, se fôssemos aqui estudar todo o
elenco de extravagantes personalidades que cercaram Hitler, seria preciso escrever outro livro.
Diz, porém, Ravenscroft que foi Haushofer quem despertou em Hitler a consciência para o fato
de que operavam nele as motivações da “ Principalidade Luciferina”, a fim de que “ele pudesse
torna-se veículo consciente da intenção maligna no século vinte”. (destaque do autor)
Vejamos mais um episódio.
Em 1920, era tão patente, através da Alemanha, essa expectativa messiânica, que foi lançado
na Universidade de Munich um concurso de ensaios sobre o tema seguinte: “Como deve ser
o homem que liderará a Alemanha de volta às culminâncias de sua glória?” O vultoso prêmio
em dinheiro foi oferecido por um milionário alemão residente no Brasil (não identificado por
Ravenscroft) e quem o ganhou foi um jovem chamado Rudolf Hess que, em tempos futuros,
seria o segundo homem da hierarquia nazista! Sua concepção desse messias político guarda
notáveis similitudes com a figura do Anticristo descrita nos famosos (e falsos) “Protocolos do
Sião”, segundo Ravenscroft.
Consta que Hitler considerava Rudolf Steiner, o místico, vidente e pensador austríaco como
seu arquiinimigo. Segundo informa Ravenscroft, Steiner, em desdobramento espiritual,
penetrava, conscientemente, os mais secretos e desvairados encontros, onde se praticavam
rituais atrozes para conjurar os poderes que sustentavam a negra falange empenhada no
domínio do mundo.
Que andaram muito
perto dessa meta, não resta dúvida. Conheciam muito bem a técnica do assalto ao poder sobre
o homem, através do próprio homem. Hugh Trevor-Roper, no seu livro “The Last Days of Adolf
Hitler”, transcreve uma frase do Führer, que diz o seguinte:
Não vim ao mundo para tornar melhor o homem, mas para utilizar-me de suas fraquezas.
Estava determinado a cumprir sua missão a qualquer preço.
- Jamais capitularemos – disse, certa vez, repetindo o mesmo pensamento de sempre. – Não.
Nunca. Poderemos ser destruídos, mas, se o formos, arrastaremos o mundo conosco – um
mundo em chamas.
Muito bem. É tempo de concluir. Por exemplo, o que aconteceu com a Lança de Longinus?
Continua no Museu de Hofburg, em Viena, para onde foi reconduzida após novas aventuras.
Primeiro, Hitler tomou posse dela, ao invadir a Austria, em 1938 e lançou-a para a Alemanha,
cercada de tremendas medidas de segurança. Lá ficou ela em exposição, guardada dia e
noite, pelos mais fiéis nazistas. Quando a situação da guerra começou a degenerar para o lado
alemão, construiu-se secretíssima e inviolável fortaleza subterrânea para guardá-la. Apenas
meia dúzia de elevadas autoridades do governo sabiam do plano. Uma porta falsa de garagem
disfarçava a entrada desse vasto e sofisticado cofre-forte, em Nüremberg, que o Führer
ordenou fosse defendido até à última gota de sangue.
Quando se tornou evidente que o Terceiro Reich se desmoronava de fato, ante o avanço
implacável das tropas aliadas, Himmler achou que a Lança de Longinus precisava de um
abrigo alternativo. Uma série de providências foi propaganda, com uma remoção fictícia,
para um ponto não identificado da Alemanha; e outra, verdadeira, sob o véu do mais fechado
segredo, para um novo esconderijo, onde o talismã do poder ficaria a salvo dos inimigos do
nazismo.
Por uma dessas misteriosas razões, no entanto, um dos cinco ou seis oficiais nazistas que
sabiam do segredo, ao fazer a lista das peças que deveriam ser removidas, mencionou a
Lança de Mauritius, aliás, o nome oficial da peça. Acontece que, entre as peças históricas do
Reich, havia uma relíquia de nome parecido, ou seja, “A Espada de Mauritius”, e esta foi a
peça transportada, e não a Lança de Longinus. Na Confusão que se seguiu, ninguém mais
deu pelo engano, e o oficial que o cometeu, um certo Willi Liebel, suicidou-se pouco antes
do colapso total do Reich. A essa altura, Nüremberg não era mais que um monte de ruínas
e, por outro estranho jogo de “coincidências”, um soldado americano. Perambulando pelas
ruínas, descobriu um túnel que ia dar em duas portas enormes de aço com um mecanismo de
segredo tão imponente como o das casas-fortes dos grandes bancos mundiais. Alguma coisa
importante deveria encontrar-se atrás daquelas portas. E assim, às 14h10m do dia 30 de abril
de 1947, a legítima Lança de Longinus passou às mãos do exército americano.
Naquele mesmo dia, como se em cumprimento de misterioso desígnio, Hitler suicidou-se nos
subterrâneos da Chancelaria, em Berlim.
Como ficou dito atrás, a Lança de Longinus encontra-se novamente no Museu Hofburg, em
Viena. Estará à espera de alguém que venha novamente disputar a sua posse para dominar o
mundo?
Vejamos, para encerrar, algumas considerações de ordem doutrinária.
Haverá mesmo algum poder mágico ligado aos chamados talismãs?
Questionados por Allan Kardec ( perguntas 551 a 557), os Espíritos trataram sumariamente
da questão, ensinando, porém, que “Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal
cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são
atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais”.
Continuando, porém, a linha do seu pensamento, Kardec insistiu, com a pergunta 554,
formulada da seguinte maneira:
Não pode aquele que, com ou sem razão, confia no que chama a virtude de um talismã, atrair
um Espírito, por efeito mesmo dessa confiança, visto que, então, o que atua é o pensamento,
não passando o talismã de um sinal que apenas lhe auxilia a concentração?
É verdade - respondem os Espíritos – mas da pureza da intenção e da elevação dos
sentimentos depende a natureza do espírito que é atraído.
Os destaques são meus e a resposta à pergunta 554 prossegue, abordando outros aspectos
que não vêm ao caso tratar aqui. Nota-se, porém, que os espíritos confirmaram que os
chamados talismãs servem de condensadores de energia e vontade, e podem, portanto, servir
de suporte ao pensamento daquele que deseja atrair companheiros desencarnados para ajudálo na realização de seus interesses pessoais. Disseram mais: que os Espíritos atraídos estarão
em sintonia moral com aqueles que os buscam, ou seja, se as intenções e os sentimentos
forem bons, poderão acudir Espíritos bondosos; se, ao contrário, as intenções forem malignas,
virão os Espíritos inferiores.
Por toda parte, no livro de Trevor Ravenscroft, há referências repetidas de que duas ordens de
Espíritos estão ligadas à mística da Lança de Longinus: os da luz e os das trevas, segundo as
intenções de quem os evoca.
Além disso, é preciso lembrar que os objetos materiais guardam, por milênio a fora, certas
propriedades magnéticas, que preservam a sua história. Essas propriedades estão hoje
cientificamente estudadas e classificadas como fenômenos de psicometria, tão bem
observados, entre outros, por Ernesto Bozzano. Médiuns psicômetras, em contato com objetos,
conseguem rever, às vezes com notável nitidez, cenas que se desenrolaram em torno da peça
de ferro deve estar altamente magnetizada pelos acontecimentos de que foi testemunha, desde
que foi forjada alhures nos tempos bíblicos, passando pelo momento do Calvário, diante do
Manso Rabi agonizante, até que Hitler a perdeu em abril de 1945.
Seja como for, a peça reúne em torno de si uma longa e trágica história, tão fascinante que
tem incendiado, através dos séculos, a imaginação de muitos homens poderosos e desatado
muitas paixões nefandas. E, como explicaria os Espíritos a Kardec, não é a Lança por si
mesma que move os acontecimentos, é o pensamento dos homens que se concentram nela e
querem a todo preço fazer valer o poder que se lhe atribui. Nisso, ela é realmente um talismã.
Ainda uma palavra antes de encerrar.
É certo que Hitler foi médium dedicado e desassombrado de tremendos poderes das trevas.
Esses irmãos desarvorados, que se demoram, por milênios sem conta, em caliginosas regiões
do mundo espiritual, por certo não desistiram da aspiração de conquistar o mundo e expulsar
a luz para sempre, se possível. Tudo farão para obter esse galardão com o qual sempre
sonharam, muito embora a nós outros não nos assista o direito de duvidar de que lado ficará a
vitória final.
Nesse ínterim, porém valer-se-ão de todos os meios, de todos os processos, para alcançarem
seus fins.
É claro, também, que não se empenham apenas no setor político-militar, por exemplo como
Hitler, mas, também procuram conquistar organizações sociais e religiosas que representem
núcleos de poder. É evidente a obra maligna e hábil que se realizou com a Igreja, infiltrando-a
em várias oportunidades e em vários pontos geográficos, mas sempre nos altos escalões
hierárquicos, de onde melhor podem influenciar os acontecimentos e a própria teologia.
O movimento espírita precisa estar atento a essas investidas, pois é muito apurada a técnica
da infiltração. O lobo adere ao rebanho sob a pele do manso cordeiro; ele não pode dizer
que vem destruir, nem pode apresentar-se como inimigo; tem de aparecer com um sorriso
sedutor, de amizade e modéstia, uma atitude de desinteresse e dedicação, um desejo de servir
fraternalmente, sem condições e, inicialmente, sem disputar posições. Muitas vezes, esses
emissários das sombras nem sabem, conscientemente, que estão servindo de instrumentos
aos amigos da retaguarda. A sugestão pós-hipnótica foi muito bem aplicada por Espíritos
altamente treinados na técnica da manipulação da mente alheia. É a utilização da fraqueza
humana de que falava Hitler.
A estratégia é brilhantíssima e extremamente sutil, como, por exemplo, a da “atualização”
e da “revisão” das obras básicas da Codificação, a da criação de movimentos paralelos, o
envolvimento de figuras mais destacadas no movimento em ardilosos processos de aparência
inocente ou inócua. Estejamos atentos, porque os tempos são chegados e virão, fatalmente,
vigorosas investidas, antes que chegue a hora final, numa tentativa última, desesperada, para
a qual valerá tudo. Muita atenção. Quem suspeitaria de Adolf Hitler, quando ele compareceu,
pela primeira vez, a uma reunião de meia dúzia de modestos dirigentes do Partido dos
Trabalhadores?
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