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Espiritismo: Fácil Refutar. Espírita: Difícil Convencer

Espiritismo: fácil refutar

Espírita: difícil convencer

Paulo da Silva Neto Sobrinho

“O Espiritismo é como o aço, e todas as serpentes possíveis usarão seus dentes para mordê-lo”. (Erasto, espírito).

“Se há os que crêem estar em erro, são livres para olhar luz, que brilha para todo mundo; aqueles que crêem estar na verdade são livres para afastar os olhos”. (KARDEC)

“A luz clareia aqueles que abrem seus olhos, mas as trevas se espessam para aqueles que querem fechá-lo” (SIMÉON, espírito).

“Só os que preferem a obscuridade à luz, têm interesse em combatê-lo; mas, a verdade é como o Sol que dissipa os mais densos nevoeiros”. (KARDEC).

“É próprio de todas as grandes verdades receber o batismo da perseguição; as animosidades que o Espiritismo suscita são a prova de sua importância, porque, se fosse julgado sem importância, não se preocupariam com ele”. (KARDEC).

“Discutir idéias; expor argumentos às acusações infundadas que contra nós são atiradas; contestar as opiniões errôneas que contra nós são apresentadas; rebater as calúnias; apontar as mentiras; desmascarar a hipocrisia; tal deve ser o afã de todo Espírito sincero, cônscio dos deveres que lhes são confiados”.(Cairbar Schutel).

Introdução

Apesar do esforço que empreendemos, é-nos difícil entender por que determinadas pessoas, que por petulância se dizem cristãs, ficam por aí combatendo as que não “rezam pela sua Bíblia”. Não sabemos de onde tiraram isso, pois Jesus, além de recomendar que não deveríamos fazer aos outros aquilo que não queremos que os outros nos façam, deu-nos o exemplo de tolerância: ao tomar refeição na casa de um detestável publicano, ao atender horripilantes leprosos, ao conversar com uma discriminada samaritana, ao tratar com consideração as desprezadas prostitutas, ao não julgar a mulher adúltera, contrariando a lei mosaica que mandava apedrejá-la até à morte, enfim, tudo quanto fez foi tratar a todos de igual para igual, sem condenações, sem preconceito e sem humilhar os que encontrava em seu caminho. A única coisa que não suportava era a hipocrisia dos líderes religiosos de sua época, já que eles não viviam o que pregavam, aos quais chamou de sepulcros caiados: bonito só por fora, podre por dentro.

Então por que esses “supostos cristãos” fazem o que não foi recomendado pelo Mestre? Serão eles maiores do que Jesus? Será que nunca irão entender que todos nós temos o direito sagrado de seguir a Jesus da maneira que acharmos melhor? Jesus obrigou alguém a segui-lo? Impôs a ferro e fogo sua doutrina? Mandou dizimar os hereges? Alguma coisa enfim, teria ele dito para que se possa justificar a atitude desses fariseus modernos? Nada. Absolutamente nada. Pois, na verdade, eles não pregam a doutrina do Cristo, pregam suas próprias doutrinas, são os falsos profetas de que alertava Jesus.

Encontramos no site www.montfort.org.br/perguntas/espiritismo10.html um texto em que o autor novamente procura de forma aberta e ostensiva ridicularizar tanto o Espiritismo quanto seu codificador. Do qual faremos a devida análise a seguir:

Análise do texto

Título: Espiritismo: fácil refutar. Espírita: difícil convencerPergunta
De: Luis Gustavo
Enviada em: Sábado, 11 de Janeiro de 2003.
Caro Fabiano,A poucos dias re-encontrei uma amiga e me tornei muito amigo de sua família, passados alguns dias tive uma decepção, fiquei sabendo que a família dela por parte de mãe era toda espírita, inclusive sua mãe é médium. Penso agora, que a qualquer momento serei envolto por uma enchurrada de perguntas e questionamento a este respeito já que eles sabem que tenho grande aversão a esta seita, o problema que não tenho grandes conhecimentos a respeito e pretendo procurar conhecer melhor esta desgraça que acaba com tantas almas.
Gostaria de receber os estudos que você tem sobre este assunto inclusive os erros cômicos encontrados nos livros de Kardec.
Desde já agradeço sua ajuda.
Fique com Deus.
Luis Gustavo

Pode ser até que estejamos enganados, se for esse o caso nos desculpem, pois essa pergunta está nos cheirando a armação; parece-nos produto do próprio autor do texto que, por falta de um bom motivo para dar início ao que queria realmente falar, inventa, com isso, um subterfúgio para dar vazão às suas críticas ferinas e descaridosas.

Achamos que se traiu, quando disse: “Gostaria de receber os estudos que você tem sobre este assunto, inclusive os erros cômicos encontrados nos livros de Kardec”, pois, ao que tudo indica, esse tal de “Luis Gustavo” já estava sabendo demais a respeito da obra do Fabiano. É mesmo de desconfiar!

Mas pouco nos importa de onde partiu, já que isso é mesmo irrelevante. Entretanto, desde o início, nos mostra o preconceito, que alguns fazem questão de nutrir sobre o que é o Espiritismo. Deve-se primeiro conhecer para julgar, mas informamos que esse conhecimento não pode ser adquirido com os detratores, por não serem uma fonte segura, já que fatalmente irão falar mal e desvirtuar as coisas. Assim sendo, se alguém quiser comentários isentos, terá que buscar fontes mais confiáveis.

Se tivéssemos mesmo que nos afastar de médiuns, a única solução seria ficarmos completamente isolados, já que em todos os lugares onde houver seres humanos, terá sempre médiuns, pois é uma faculdade humana, não é propriedade da Doutrina Espírita, nem temos o registro de sua patente em órgão público especializado. Na própria Bíblia nós a encontramos na qualificação de profetas. Vejamos:“Antigamente, em Israel, quando alguém ia consultar a Deus, dizia: ‘Vamos ao vidente’, porque, em vez de ‘profeta’, como hoje se diz, dizia-se ‘vidente’” (1Sm 9,9). A ignorância sobre essa faculdade, que o Espiritismo vem desmistificar, colocava esses profetas como se fossem pessoas “especiais”, quando na verdade todos nós a possuímos, variando apenas quanto a seu grau.

Na introdução aos Profetas, a Bíblia de Jerusalém traz a seguinte informação:

“Esta variedade na recepção e expressão da mensagem depende, em grande parte, do temperamento pessoal e dos dons naturais de cada profeta, mas ela encobre uma identidade fundamental:todo verdadeiro profeta tem viva consciência de não ser mais que instrumento, de que as palavras que profere são ao mesmo tempo suas e não suas. Tem a convicção inabalável de que recebeu uma palavra de Deus e de que deve comunicá-la. Esta convicção se funda na experiência misteriosa, digamos mística, de um contato imediato com Deus. Pode acontecer, como dissemos, que este influxo divino provoque exteriormente manifestações ‘anormais’, mas se trata apenas de algo acidental, como acontece também com os místicos, deve-se afirmar que esta intervenção de Deus na alma do profeta coloca-o num estado psicológico ‘supranormal’. Negá-lo seria rebaixar o espírito profético ao nível da inspiração do poeta, ou das ilusões dos pseudo-inspirados” (pág. 1231). (grifo nosso).

Mudemos nesse texto as palavras profeta e Deus, respectivamente, por médium e Espírito, que iremos encontrar exatamente a faculdade mediúnica, estudada pelo Espiritismo. Julgamos muita pretensão de alguns teólogos, em dizer que o próprio Deus, o Criador do Universo, venha pessoalmente inspirar uma pessoa. Esse comportamento talvez seja fruto da cultura do povo hebreu, que julgava como sendo deus tudo quanto saía da dimensão física. Fato que pode, muito bem, ser comprovado na passagem 1Sm 28,13, quando Saul se dirige à pitonisa de Endor para manter contato com o Espírito Samuel. Ela, ao vê-lo, diz: “Vejo um deus que sobe da terra”.

Talvez não saiba o crítico que em Sobradinho/DF, na Paróquia de Santa Filomena, o pároco local, Pe. Miguel Fernandes Martins, admite ser médium, e corajosamente vai mais além, pois dentro mesmo da própria Igreja evoca o Espírito Fabiano de Cristo, e influenciado por ele, atende aos fiéis, que lotam a sua Igreja atrás dos conselhos desse missionário do plano espiritual. (Revista Visão Espírita, nº 22, SEDA, BA, reportagem: O Padre Médium).

Outro ponto em que o crítico se encontra completamente equivocado é que nenhum Espírita faria “uma enchurrada de perguntas”, uma vez que não nos preocupamos em converter a quem quer que seja, pois respeitamos o direito inalienável que todos temos de escolher o que melhor nos convêm.

Só vemos motivo para refutar alguma coisa, quando a mesma se dirige diretamente a nós. Que fique bem claro que não estamos aqui para combater nenhuma das religiões organizadas. Kardec nos orienta que o Espiritismo veio para aqueles que não crêem ou não têm religião; aos que têm sua religião e se são felizes nela, que continuem assim. Só refutamos quando atacam o Espiritismo, já que presumimos ser de nosso pleno direito defender o que acreditamos. Nunca atacamos ninguém, apenas exercemos, quando necessário, esse direito de defesa deixando o ataque para os que ainda não compreenderam a essência dos ensinamentos de Jesus; não podemos nos igualar a esses de forma alguma.

E não seria inoportuno lembrar a essas pessoas que: “Se alguém diz: ‘Amo a Deus’ e detesta seu irmão, está mentindo. Porque quem não ama seu irmão, a quem vê, não é possível que ame a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20).

O teólogo Rohden foi muito feliz quando disse:

“O homem religioso, identificado com esse espírito de Jesus, não defende uma Igreja ou religião – mas vive Deus em toda a sua realidade. Quem defende uma Igreja ou determinada religião pode ser um bom teólogo, rabino ou sacerdote, mas não é religioso, pois ser religioso quer dizer descobrir Deus dentro de si, como Jesus, e viver em permanente conformidade com essa gloriosa descoberta, que é o amor incondicional e universal” (Lampejos Evangélicos, pág. 89).

É tão fulminante essa fala de Rohden, que, por sua clareza, dispensa maiores comentários, então calemo-nos diante do sábio.

RespostaPrezado Luís,Salve Maria.

Primeiramente, peço-lhe desculpas pelo atraso na resposta. Como você disse em sua carta não possuir grandes conhecimentos a cerca do espiritismo, estou começando do zero. Eu estou também aproveitando esse e-mail para tentar sintetizar meus muito desagradáveis estudos sobre o Kardec – ele não merece ser estudado e nem lido – em uma espécie de “resposta geral”, de forma que possa servir também para outros.

É aí que reside todo o problema dos críticos; não estudam em profundidade o Espiritismo, mas mesmo assim se julgam conhecedores do assunto, acham que sabem mais dele que os Espíritas. Os ataques são sempre disfarçados pela “piedosa” intenção deles em nos livrar do fogo do inferno ou das malhas de Satanás. Citar livros Espíritas não faz ninguém especialista neste assunto. Se muitos Espíritas, após se dedicarem a longos anos de estudo, mesmo o fazendo como uma coisa agradável, ainda assim não se dizem conhecedores do assunto, como pode alguém que acha desagradável estudar Espiritismo ter conhecimento maior e mais correto do que o nosso?

E realçamos: começou mal, mostrando ser mau aluno, pois demonstrou má vontade em estudar Kardec. Por isso não estranhamos que nada tenha entendido, afinal, qualquer assunto que se estude com má vontade é muito pouco assimilado e o pouco que se assimila vai-se embora, no decorrer de poucas horas.

Ademais, mentes preconcebidas nunca entenderão o Espiritismo, pois para isso é preciso uma coisa fundamental, que é possuir boa vontade, e acima de tudo, sensibilidade, uma vez que:

“A verdade transcende o domínio das palavras; é impossível conhecê-la em sua essência, se não aprendemos a senti-la”. (BACCELLI, 2003).

Diz-nos Rohden:

“O povo ignorante e crédulo, proibido de ler livros que não tenham a chancela do clero, é geralmente incapaz de distinguir entre a genuína revelação de Deus e essa arbitrária teologia clerical originada no correr dos séculos; identifica a catolicidade cristã com o catolicismo romano; […]”. (Lampejos Evangélicos, págs. 165-166).

É o que sempre encontramos pela frente. Todo crente fanático só sabe o que lhe impuseram e isso se torna a sua verdade pela qual lutará de unhas e dentes; inclusive pessoas que pensam de igual modo, dariam ou tirariam até a vida por ela.

O sábio diz: “O erro não se torna verdade por multiplicar-se na crença de muitos, nem a verdade se torna erro por ninguém a ver…” (GANDHI).

Refutar o espiritismo é muito fácil. O difícil é convencer um espírita de que ele esteja errado. E quanto mais a pessoa esteja metida no espiritismo, mais difícil será a tarefa. Se a mãe dessa sua amiga diz que é médium, eu não sei quais são as suas chances de fazê-la compreender que está em erro. Recomendo que você reze muito por eles.

Mas se refutar é “tão fácil” o lógico de se esperar seria o convencimento, mas por que será que nenhum Espírita se convence? Quer saber qual é o motivo? Porque quem convence é o Consolador e nós Espíritas, já estamos convencidos por ele. E não é com alternativa ridículas como “penas eternas”, “inferno”, “trindade” e mais alguns sofismas lançados a granel, que se convenceria um homem judicioso, um homem crítico, pois é justamente a estes que o Espiritismo se dirige. Coisas tão simplórias como estas não atendem mais às indagações do homem atual, do livre pensador, do homem de mente inquiridora. Já se passou a Idade Média e a Inquisição, em que dogmas absurdos eram enfiados “goela abaixo” aos pensadores e à pobre massa ignóbil, sob pena de retaliamento. Se a Igreja demorou a se tocar, então ocorreu o que se diria popularmente: a “ficha demorou a cair”, pois se levou quatrocentos anos para reconhecer alguns erros crassos de seus “infalíveis” pontífices, nada impede que não leve outras centenas de anos para se retratarem de outros. A Igreja Católica Apostólica Romana, nos dias de hoje, não oferece certeza aos que abrigam um espírito empreendedor e investigador em seu imo e fazem da dúvida racional e do questionamento incessante o trampolim necessário para a construção de suas próprias opiniões e filosofias de vida. Quem sabe só consegue algum resultado das classes mais ignorantes, supersticiosas, de pouca cultura, predispostas ao maravilhoso, ao sobrenatural? Não é o caso dos Espíritas, por isso não se convencem, mesmo porque estão convencidos, conforme já o dissemos, pelo Consolador, aquele prometido por Jesus, que nos faria lembrar de “todas as coisas”, porque toda a mensagem do cristianismo de Cristo seria esquecida ou mal compreendida.

Em janeiro de 1861, Kardec já dizia:

“O Espiritismo não pode considerar como crítico sério senão aquele que tiver visto tudo, estudado tudo, aprofundado tudo, com paciência e a perseverança de um observador consciencioso; que soubesse sobre o assunto quanto o adepto mais esclarecido; que tivesse, por conseqüente, haurido seus conhecimentos em outro lugar do que nos romances de ciência; a quem não se pudesse opor nenhum fato do qual não tivesse conhecimento, nenhum argumento que nato tivesse meditado; que refutasse, não por negação, mas por outros argumentos mais peremptórios; que pudesse, enfim, assinalar uma causa mais lógica para os fatos averiguados. Esse crítico está ainda por encontrar”. (Livro dos Médiuns, pág. 25).

Apesar da época, essa fala de Kardec continua mais atual do que nunca. O Espiritismo, próximo de completar um século e meio de existência, tem sofrido desde o seu nascedouro, combate sistemático, entretanto, ainda não apareceu ninguém com competência para derrubá-lo. Eminentes sábios e pesquisadores o tentaram, mas não tiveram alternativa senão abjurarem-se e aceitá-lo. Mais ao final iremos listar alguns deles. Quem sabe se o nosso crítico de agora se julga mais capaz do que todos os que tentaram provar sua falsidade e não conseguiram?

A respeito desse combate, vejamos a opinião de Kardec, que também servirá para reforçarmos porque não é fácil convencer um Espírita:

“De resto, todos vós que combateis o Espiritismo, o compreendeis? Vós o estudastes, escrustaste-o em seus detalhes, pesando maduramente todas as suas conseqüências: Não, mil vezes não. Falais de uma coisa que não conheceis; todas as vossas críticas, não falo das tolas, deselegantes e grosseiras diatribes, desprovidas de todo raciocínio e que não têm nenhum valor, falo daquelas que têm pelo menos a aparência do sério; todas as vossas críticas, digo eu, acusam a mais completa ignorância da coisa”.

“Para criticar é necessário opor um raciocínio a um raciocínio, uma prova a uma prova; isso é possível sem conhecimento profundo do assunto do qual se trata? Que pensaríeis daquele que pretendesse criticar um quadro sem possuir, ao menos em teoria, as regras do desenho e da pintura; discutir o mérito de uma ópera sem saber a música? Sabeis qual é a conseqüência de uma crítica ignorante? É ser ridículo e acusar uma falta de julgamento. Quanto mais a posição crítica é elevada, mais estiver em evidência, tanto mais seu interesse lhe manda circunspecção, para não se expor a receber desmentidos, sempre fáceis a dar a quem fale daquilo que não conheça. É por isso que os ataques contra o Espiritismo têm tão pouca importância, e favorecem seu desenvolvimento em lugar de detê-lo. Esses ataques são da propaganda; provocam o exame, e o exame não pode senão nos ser favorável, porque nos dirigimos à razão. […]”

“Vós todos que o atacais, quereis, pois, um meio de combatê-lo com sucesso? Vou vo-lo indicar. Substituí-o por uma coisa melhor; encontrai uma solução MAIS LÓGICA para todas as questões que ele resolve; dai ao homem uma OUTRA CERTEZA que o torne mais feliz, e compreendei bem a importância dessa palavra certeza, porque o homem não aceita como certo o que não lhe pareça lógico; não vos contenteis em não dizer que isso não é, o que é muito fácil; provai, não por uma negação, mas por fatos, que isso não é, jamais foi e NÃO PODE SER; provai, enfim, que as conseqüências do Espiritismo não são as de tornar os homens melhores pela prática da mais pura moral evangélica, moral que se louva muito, mas que se pratica tão pouco. Quando tiverdes feito isso, serei o primeiro a me inclinar diante de vós. Até lá, permiti-me considerar vossas doutrinas, que são a negação de todo futuro, como a fonte do egoísmo, verme roedor da sociedade, e, por conseqüência, como um verdadeiro flagelo. Sim, o Espiritismo é forte, mais forte que vós, porque se apóia sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras baseadas no bem e no mal que se fez, vós vos apoiais sobre a incredulidade; ele convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeira fraternidade; vós, vos lhes ofereceis o NADA por perspectiva e o EGOÍSMO por consolação; ele explica tudo, vós não explicais nada; ele prova pelos fatos, e vós não provais nada; como quereis que se oscile entre as duas doutrinas?”. (Revista Espírita, 1860 pág. 3-5) (grifos do original).

E já que gosta de rezar, aproveite e peça a Deus para lhe dar a compreensão necessária para que possa ter mais respeito pela crença alheia.

Um amigo meu me contou que, certa vez, fazendo apostolado com um espírita que também se dizia médium, este espírita, após ver que havia perdido nos argumentos, respondeu ao meu amigo: “você pode me dizer o que você quiser que não vai me convencer; enquanto você me dá seus argumentos, tem um espírito sentado ao seu lado me dizendo que você está errado” (!!). Eu lhe pergunto: como é que se pode ter uma discussão racional com pessoas assim?

Discussão racional, partindo de um católico e estribado em meras estórias? Nós também poderíamos citar um monte de “evidências anedotas”, mas pensamos não ser esse o caminho adequado. Vejamos, no prosseguir dos comentários, se de fato assim procede.

É uma pena que esse “amigo” é seu e não nosso, pois se fosse, diríamos a ele: Você nunca foi espírita. E lhe informamos que o fato de ver espírito não torna ninguém um Espírita e nem mesmo o faz um diplomado em Espiritismo. O que ele disse, só mesmo um ignorante em matéria de Espiritismo diria a outro tão ignorante quanto ele, pois, fatalmente, acreditaria sem questionar. Isso é que nós chamaríamos de irracional, ou seja, atribuir ao Espiritismo coisa que não prega, não advoga, não recomenda a seus adeptos, antes ao contrário, reprovamos, veementemente, comportamentos como esse. Temos absoluta certeza que não partiu de um, vamos dizer, Espírita verdadeiro. Infelizmente a ignorância ora atribui ser médium como necessariamente ser espírita, ora diz dos locais onde ocorrem manifestações de espíritos como Espiritismo. Aos que nunca estudaram enganam, mas a nós absolutamente não. O Espírita verdadeiro responderia com argumentos próprios, já que os temos de sobra, e não com uma sandice dessas. Faça-nos o favor de pensar no que fala, pois quem se torna ridículo e revela a mais supina ignorância é o autor desses impropérios.

O problema de se fazer apostolado com espíritas é que eles são muito orgulhosos, e consideram todos os não-espíritas como “espíritos menos evoluídos”. Argumentos de católicos, para eles, valem tanto quanto argumentos de crianças. A única coisa que importa para eles são as “revelações dos espíritos superiores”, não importando se estas vão ou não contra a lógica, a razão, o bom senso ou até contra a moral e os bons costumes. Mas mesmo essas “revelações” são por vezes rejeitadas. Pois o próprio Kardec diz: “não se deve aceitar cegamente tudo o que venha deles (dos espíritos), da mesma forma que não se deve adotar às cegas tudo o que proceda dos homens” (LE, q.222, p.130). Ora, se não existe para eles fonte de verdade absoluta, no que eles confiam, senão em suas próprias “experiências”? Eis no que os espíritas acreditam: em si mesmos e nos espíritos que os possuem. Por isso são tão soberbos.No entanto, o apostolado consiste em ensinar verdades para quem não as conhece ou não as compreende, confiando na ajuda de Deus. E o ensinamento requer humildade. Ora, se os espíritas são pretensiosos e orgulhosos com relação à sua doutrina é de se esperar que fazer apostolado com eles não seja uma fácil tarefa. Mas temos que ter fé em Nosso Senhor, que é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6) e esperar que a graça de Deus faça-os perceber e querer abandonar os seus erros.

Essa questão de fazer apostolado é crônica nos fanáticos, pois querem, a todo custo, convencer os outros a seus próprios pensamentos, na doce ilusão de que, por se julgarem certos, todos devem pensar conforme a verdade em que acreditam. Quando não conseguem encabrestar os outros com suas idéias, ficam indignados. Essa turma quer ser “mais realista que o rei”, como se diz popularmente. Tudo isso nada mais é que a expressão de orgulho, que não assumindo para si próprios, acabam transferindo para os outros. Particularmente sentimos orgulho daquilo que escolhemos para expressar a nossa religiosidade. Quem não sente orgulho daquilo que faz, não deveria fazer. Mais ainda; não outorgamos a ninguém o direito de escolher por nós aquilo que devemos seguir.

Não discriminamos a ninguém e nem consideramos “espíritos menos evoluídos” os que não pensam como nós; é insensatez dizer uma coisa dessas. Se nós acreditamos na reencarnação, no progresso dos espíritos, então sabemos que todos nós somos diferentes por estarmos em estágios evolutivos diferentes, essa é a lei, não há como discriminar ninguém por isso, deu para entender?

Quanto aos argumentos católicos, eles estão deturpando os ensinamentos de Cristo, realmente e, falando por nós, os achamos muito pueris. Vocês ainda acreditam em Adão e Eva, numa serpente que fala, no dilúvio universal, na divisão, por Moisés, do mar Vermelho em duas muralhas, na tomada de Jericó, cidade onde não havia habitantes, inferno, satanás e muitas outras coisas mais, não é um fato? Estamos com Paulo, quando diz: “Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança, desde que me tornei homem, eliminei as coisas de crianças” (1Cor 13,11). Em geral, falta o amadurecimento espiritual à maioria de seus seguidores.

Até os dias de hoje, ninguém conseguiu provar qualquer falta de lógica, de razão e de bom senso entre os princípios Espíritas, e acreditamos, não será o debochado articulista que o conseguirá. Quanto à acusação de sermos contra a moral e bons costumes, respondemos fazendo um desafio para que nos provem, onde agimos dessa forma, senão ficará na condição de reles caluniador. Quem sabe se apenas consideram contra a moral e bons costumes o fato das pessoas não aceitarem as imposições teológicas de sua Igreja? Agora dá para imaginarmos o que Jesus sofreu com a perseguição dos de sua época, pois atualmente acontece o mesmo conosco, uma vez que só queremos lhe seguir os passos. Mas se perseguiram ao Mestre, coitados de nós!

Podemos colocar mais uma citação de Kardec:

“A verdade não se prova pelas perseguições, mas pelo raciocínio; as perseguições, em todos os tempos, foram a arma das más causas, e daqueles que tomam o triunfo da força bruta pelo da razão. A perseguição é um meio mau de persuasão; pode momentaneamente abater o mais fraco, convencê-lo, jamais; porque, mesmo na aflição em que o tiver mergulhado, exclamará como Galileu em sua prisão: e pur si mouve! Recorrer à perseguição é provar que se conta pouco com o poder de sua lógica. Não useis, pois, de represálias: à violência oponde a doçura e uma inalterável tranqüilidade; restitui aos vossos inimigos o bem pelo mal; por aí dareis um desmentido às suas calúnias, e força-lo-eis a reconhecer que vossas crenças são melhores do que eles dizem”.

“A calúnia! direis; pode-se ver com sangue frio nossa Doutrina indignamente deturpada por mentiras? acusada de dizer o que não disse, de ensinar o contrário do que ela ensina, de produzir o mal ao passo que não produz senão o bem? A própria autoridade daqueles que têm uma tal linguagem não pode dobrar a opinião, retardar o progresso do Espiritismo?”

“Incontestavelmente está aí seu o objetivo; atingi-lo-ão? é uma outra questão, e não hesitamos em dizer que chegam a um resultado todo contrário: o de se desacreditarem e à sua causa. A calúnia, sem contradita, é uma arma perigosa e pérfida, mas tem dois gumes e fere sempre aquele que dela se serve. Recorrer à mentira para se defender é a mais forte prova de que não se têm boas razões para dar, porque, tendo-as, não se deixaria de fazê-las valer. Dizeis que uma coisa é má, se tal é vossa opinião; gritai-o sobre os telhados, se bom vos parece, cabe ao público julgar se estais no erro ou na verdade; mas deturpá-la para apoiar vosso sentimento, desnaturá-la, é indigno de todo homem que se respeita. Nos relatórios das obras dramáticas e literárias, vêem-se freqüentemente apreciações muito opostas; um crítico louva exageradamente o que outro achincalha: é seu direito; mas o que se pensaria daquele que, para sustentar a sua censura faria o autor dizer o que não disse, lhe emprestaria maus versos para provar que sua poesia é detestável?”

“Ocorre assim com os detratores do Espiritismo: pelas suas calúnias mostram a fraqueza de sua própria causa e a desacreditam fazendo ver a que lamentáveis extremismos são obrigados a recorrer para sustentá-la. De que peso pode ser uma opinião fundada sobre erros manifestos? De duas coisas uma, ou esses erros são voluntários, e então se vê a má-fé; ou são involuntários, e o autor prova sua inconseqüência falando do que não sabe; num e noutro caso perde todo direito à confiança”.

“O Espiritismo não é uma Doutrina que caminha na sombra; ele é conhecido, seus princípios são formulados de maneira clara, precisa, e sem ambigüidade. A calúnia, pois, não poderia atingi-lo; basta, para convencê-la da impostura, dizer: lede e vede. Sem dúvida, é útil desmascará-la; mas é preciso fazê-lo com calma, sem aspereza nem recriminação, limitando-se a opor, sem discursos supérfluos, o que é do que não é; deixai aos vossos adversários a cólera e as injúrias, guardai para vós o papel da força verdadeira: o da dignidade e da moderação”.

“De resto, não é preciso exagerar as conseqüências dessas calúnias, que levam consigo o antídoto de seu veneno, e são em definitivo mais vantajosas do que nocivas. Forçosamente, elas provocam o exame de homens sérios que querem julgar as coisas por si mesmos, e nisso são excitados em razão da importância que se lhe dá; ora, o Espiritismo, longe de temer o exame, provoca-o, e não se lamenta senão de uma coisa, é que tantas pessoas dele falam como os cegos das cores; mas graças aos cuidados que nossos adversários tomam em fazê-lo conhecer, esse inconveniente logo não existirá mais, e é tudo o que pedimos. A calúnia que ressalta desse exame engrandece-o em lugar de rebaixá-lo”.

“Espíritas, não lamenteis, pois, essas deturpações; não tirarão nenhuma das qualidades do Espiritismo; ao contrário, as farão ressaltar como mais estrondo pelo contraste, e se voltarão para a confusão dos caluniadores: essas mentiras, certamente, podem ter por efeito imediato enganar algumas pessoas, e mesmo desviá-las; mas o que é isso? O que são alguns indivíduos perto das massas? Sabeis, vós mesmos, quanto o seu número é pouco considerável. Que influência isso pode ter sobre o futuro? Esse futuro vos está assegurado: os fatos realizados vos respondem por ele a cada dia vos traz a prova da inutilidade dos ataques de nossos adversários. A doutrina do Cristo não foi caluniada, qualificada de subversiva e de ímpia? Ele mesmo não foi tratado como velhaco e como impostor? Perturbou-se com isso? Não, porque sabia que seus inimigos passariam e que a sua doutrina ficaria. Assim o será com o Espiritismo. Singular coincidência! Não é outro senão o chamado à pura lei do Cristo, e é uma necessidade à qual ninguém pode se subtrair. […]”. (Revista Espírita, 1863, pág. 71-73).

Numa orientação a Kardec, o espírito que assina como sendo Erasto, recomenda: “vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só mentira, uma só falsa teoria” (O Livro dos Médiuns, pág. 265, grifo nosso), por esse motivo ele questionava absolutamente tudo, não aceitava nada que não viesse da concordância dos ensinamentos transmitidos por vários espíritos e vindos de vários lugares. Aprendeu, com a prática, distinguir os bons dos maus espíritos, enfim, tinha critérios suficientes para não se deixar enganar como pode parecer aos néscios, principalmente àqueles que acham que consideramos todos os espíritos como sendo superiores. Não agiu como qualquer inconseqüente faria em achar que só pelo fato de ser espírito, o manifestante já tenha diploma de sábio, pois Kardec soube distinguir muito bem que os que estão do lado de lá não são senão os que estavam do lado de cá e para lá foram, tal qual eram aqui. Por exemplo, se um católico desencarnado apresentar-se “para sabermos dele a verdade”, conforme você julga ser as nossas reuniões, diria que não existe reencarnação, pois era no que acreditava, quando entre os vivos no corpo. É sobre isso que Kardec estava falando, não como se quer distorcer.

Em O Livro dos Médiuns, Kardec tece comentários a respeito desse assunto, de forma a orientar os que fossem manter relações com os Espíritos. Dá-nos elementos para caminhar sem correr o risco de sermos ludibriados por espíritos enganadores, pois “Somente lobos caem em armadilhas para lobos”. (Evangelho Segundo Espiritismo, Erasto, pág. 327).

Mas vejamos em que contexto se encontra a frase colocada pelo crítico. Kardec, ao fazer suas considerações sobre a pluralidade das existências, ou seja, da reencarnação, traz-nos, a certa altura, o seguinte:

“Viesse ela [a reencarnação] de um simples mortal e a teríamos adotado da mesma forma e não hesitaríamos mais tempo em renunciar às nossas próprias idéias. No momento que um erro está demonstrado, o amor próprio tem mais a perder, que a ganhar, se se obstina em uma idéia falsa. Do mesmo modo nós a teríamos repelido, embora vinda dos Espíritos, se nos parecesse contrária à razão, como repelimos tantas outras, porque sabemos por experiência que não é preciso aceitar cegamente tudo o que vem deles, como aquilo que vem da parte dos homens. Seu primeiro título, para nós, antes de tudo, é de ser lógico, mas existe outro que é de ser confirmado pelos fatos: fatos positivos, e, por assim dizer, materiais, que um estudo atento e racional pode revelar a qualquer um que se dê ao trabalho de observar com paciência e perseverança, na presença daqueles que não permitem mais a dúvida”. […] (O Livro dos Espíritos, pág. 130).

Grifamos a frase utilizada pelo crítico para que possamos ver como tenta, deliberadamente, desvirtuar as palavras de Kardec, coisa muito comum aos que não possuem argumentos suficientes para derrubar alguma tese.

Engana-se, pois existe uma fonte de verdade absoluta: Deus! Somente Ele é que possui a verdade absoluta, ninguém mais, nem mesmo o papa, ao qual os católicos julgam infalível.

Há casos em que a experiência conta muito: vejamos, por exemplo, um estudante de medicina, cuja prática é fundamental. Alguém teria coragem de se submeter a uma operação com um médico que nunca tenha entrado num CTI? Se afirmar que sim, recomendamos: não esqueça de rezar antes. O Espiritismo é a única doutrina que entende de manifestações de espíritos; a experiência nos dá capacidade para sabermos distinguir os Espíritos verdadeiramente superiores dos pseudo-sábios, coisa que também não é tão difícil de distinguir aqui entre os homens, não é mesmo?

E parece que nosso “amigo” crítico julga os outros pelo que ele é, mas não somos soberbos, pretensiosos e orgulhosos; somos racionais, não aceitamos o que se encontra fora da lógica, da razão e do bom senso, mas como ele acha que esse é um privilégio seu, então… não há como argumentar. Aceitamos a verdade de Cristo, que é incontestável, mas a de sua Igreja não nos serve, serve apenas para os que a seguem, com o que não podemos discordar, já que é direito de cada um, que devemos respeitar. Entretanto, a verdade de Cristo não é a pregada pelos teólogos dogmáticos das igrejas tradicionais, já que a base que utilizaram, a Bíblia, possui tantas adulterações, modificações, adições e subtrações, que não é absolutamente mais a original, apesar de jurarem de pés juntos que sim. E, de mais a mais, seguimos mesmo a Jesus, por isso o que vale para nós são seus ensinamentos contidos no Evangelho, principalmente, nos capítulos 5, 6 e 7 de Mateus, onde os podemos encontrar, ao que parece, incólume de adulterações o Sermão da Montanha.

Passemos então aos argumentos.Doutrinariamente, o espiritismo está baseado em dois pilares: a reencarnação e a necromancia (ou comunicação com os mortos). Racionalmente falando, tudo o que você precisa fazer para convencer um espírita de que ele está numa “barca furada”, é provar que esses dois princípios vão contra a razão e contra o que Cristo ensinou (se estivermos tratando de kardecistas). Mas note que eu falei “racionalmente”, por que na prática isso somente não adianta. Por isso é bom também criticar o kardecismo e mostrar como Kardec é incoerente, contraditório e ridículo. Então, vou dividir a minha resposta em três partes: reencarnação, necromancia e “gagueiras”, que tratarei separadamente.
Nas citações dos livros do Kardec, vou usar seguintes siglas para referir aos seus livros:
LE = Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, 79a. edição, 1993.
LM = Livro dos Médiuns, Instituto de Difusão Espírita, 20a. edição, 1987.
GEN = O Gênesis, Ed. Lake, tradução da 1a edição comemorativa dos 30o. aniversário dessa obra, 1966.
ESE = Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. EME, 1a. Reedição, 1996.

Tantos outros tentaram e não conseguiram; o pretensioso, o orgulhoso, o soberbo de agora conseguirá?

Muito interessante suas colocações: “é bom criticar o kardecismo” e “mostrar como Kardec é incoerente, contraditório e ridículo”. Ficamos a pensar, será que esse pessoal que nos combate é cego e irracional? Veja bem, já falamos por várias vezes, as pesquisas estão aí para confirmar isso, que no meio Espírita é onde se encontra o maior número relativo de pessoas com maior tempo de estudo. Também o possui em relação a pessoas portadoras de nível superior de ensino. Apesar disso é aqui que somos os mais enganados, as pessoas mais ridículas, os mais incoerentes, os que se encontram numa “barca furada”:?! Só fanático mesmo para não raciocinar sobre isso.

E, a título de informação, os princípios da Doutrina Espírita são em número de quinze.

Poderíamos colocar aqui novamente o currículo de Kardec, mas como já o fizemos em nosso texto “A Ciência desmente o Espiritismo?”, colocá-lo aqui seria alongar, em demasia, o texto atual. Mais a frente informaremos um link para se acessar este texto. Aproveitamos para insistir com nosso crítico para que desta vez ele mande o seu próprio currículo para os compararmos.

Deixaremos algumas palavras de Kardec a respeito da utilidade das idéias espíritas:

“O Espiritismo, sendo a prova palpável, evidente da existência, da individualidade e da imortalidade da alma, é a destruição do Materialismo. Essa negação de toda religião, essa praga de toda sociedade. O número dos materialistas que foram conduzidos a idéias mais sadias é considerável e aumenta todos os dias: só isso seria um benefício social. Ele não prova somente a existência da alma e sua imortalidade; mostra o estado feliz e infeliz delas segundo os méritos desta vida. As penas e as recompensas futuras não são mais uma teoria, são um fato patente que se tem sob os olhos. Ora, como não há religião possível sem a crença em Deus, na imortalidade da alma, nas penas e nas recompensas futuras, se o Espiritismo conduz a essas crenças aqueles em que estavam apagadas, disso resulta que é o mais poderoso auxiliar das idéias religiosas: dá a religião àqueles que não a têm; fortifica-a naqueles em que ela é vacilante; consola pela certeza do futuro, faz aceitar com paciência e resignação as tribulações desta vida, e afasta com paciência e resignação as tribulações desta vida, e afasta o pensamento do suicídio, pensamento que se repele naturalmente quando se vê as conseqüências: eis porque aqueles que penetraram esses mistérios estão felizes com isso; é para eles uma luz que dissipa as trevas e as angústias da dúvida”.

“Se considerarmos agora a moral ensinada pelos Espíritos superiores, ela é toda evangélica, é dizer tudo: prega a caridade cristã em toda a sua sublimidade; faz mais, mostra a necessidade para a felicidade presente e futura, porque as conseqüências do bem e do mal que fizermos estão ali diante de nossos olhos. Conduzindo os homens aos sentimentos de seus deveres recíprocos, o Espiritismo neutraliza o efeito das doutrinas subversivas da ordem social”. (Revista Espírita, 1859, pág. 5).

E sobre os adversários do Espiritismo, coloca o codificador:

“Nenhuma doutrina filosófica dos tempos modernos jamais causou tanta emoção quanto o Espiritismo, jamais alguma foi atacada com tanta obstinação; está aí a prova evidente de que se lhe reconhece mais vitalidade e raízes mais profundas do que às outras, porque não se toma a picareta para arrancar um talo de erva. Os Espíritas, longe de se amedrontarem com isso, devem se rejubilar, uma vez que isso prova a importância e a verdade da Doutrina. Se esta não fosse senão uma idéia efêmera e sem consistência, uma mosca que voa não se lhe atiraria uma bala de canhão vermelha; se ela fosse falsa, seria atacada vivamente com argumentos sólidos que não lhe teriam deixado triunfar; mas, uma vez que nenhum daqueles que se lhe opõe, puderam detê-la, é que ninguém encontrou o defeito da couraça; no entanto, não foi nem o talento nem a boa vontade que faltaram aos seus antagonistas”.

“Nesse vasto torneio de idéias, onde o passado entra em luta com o futuro, e que tem por campo fechado o mundo inteiro, o grande júri é a opinião pública; ela escuta o pró e o contra; ela julga o valor dos meios de ataque e de defesa, e se pronuncia por aquele que dás as melhores razões. Se um dos dois combatentes emprega armas desleais, é logo condenado; ora, já de mais desleais do que a mentira, a calúnia e a traição? Recorrer a semelhantes meios, é se confessar vencido pela lógica; a causa que fica reduzida a tais expedientes é uma causa perdida; não é um homem, nem alguns homens que pronunciam a sua sentença, é a Humanidade que a força das coisas e a consciência do bem arrastam para o que é mais justo e mais racional”.

“Vede, na história do mundo, se uma única idéia grande e verdadeira não triunfou sempre, alguma coisa que se haja feito para entravá-la. O Espiritismo nos apresenta, sob esse aspecto um fato inaudito, é o de uma rapidez de propagação sem exemplo. Esta rapidez é tal que seus próprios adversários estão aturdidos; também atacam-no com o furor cego de combatentes que perdem seu sangue frio, e se espetam em suas próprias armas”.

“No entanto, a luta está longe de terminar: é preciso, ao contrário, esperar vê-la tomar maiores proporções e um outro caráter. Seria por muito prodigioso e contrário ao estado atual da Humanidade, que uma doutrina que leva em si o germe de toda uma renovação, se estabeleça pacificamente em alguns anos. Ainda uma vez, não nos lamentemos disto; quanto mais a luta for rude, mais o triunfo será brilhante. Ninguém duvida que o Espiritismo cresceu pela oposição que se lhe fez; deixemos, pois, esta oposição esgotar seus recursos: ela não o engrandecerá senão mais quando tiver revelado sua própria fraqueza a todos os homens. O campo de combate do Cristianismo nascente era circunscrito; o do Espiritismo se estende sobre toda a superfície da Terra. O Cristianismo não pôde ser abafado sob as ondas de sangue; ele cresceu por seus mártires, como a liberdade dos povos, porque era uma verdade. O Espiritismo, que é o Cristianismo apropriado ao desenvolvimento da inteligência e livre dos abusos, crescerá mesmo sob a perseguição porque ele também é uma verdade”.

“A força aberta é reconhecida impotente contra a idéia espírita, mesmo nos países onde ela se exerce com toda a liberdade; a experiência aí está para atestá-lo. Comprimindo a idéia sobre um ponto se a faz jorrar de todos os lados; uma compressão geral fa-lo-ia explodir. No entanto, nossos adversários não renunciaram a isso; à espera, recorreram a uma outra tática: a das manobras surdas”.

“Muitas vezes já tentaram, e o farão ainda, comprometer a Doutrina empurrando-a para um caminho perigoso ou ridículo para desacreditá-la. […]”.

“O Espiritismo caminha através de adversários numerosos que, não tendo podido prendê-lo pela força, tentam prendê-lo pela astúcia; insinuam-se por toda a parte, sob todas as máscaras, e até nas reuniões íntimas, na esperança de ali surpreender um fato ou uma palavra que, freqüentemente, terão provocado, e que esperam explorar em seu proveito. Comprometer o Espiritismo é torná-lo ridículo, tal é a tática com a ajuda da qual esperam primeiro desacreditá-lo, para terem mais tarde um pretexto de fazer-lhe interditar, se isso se pode, o exercício público. É a armadilha contra a qual é preciso estar em guarda, porque está estendida por toda a parte, e à qual, sem o querer, dão a mão aqueles que se deixam levar pelas sugestões dos Espíritos enganadores e mistificadores”. (Revista Espírita, 1865, pág.187-191).

1) ReencarnaçãoDiz Kardec no Livro dos Espíritos: “adotamos a opinião da pluralidade das existências, não só porque ela nos veio dos Espíritos, mas porque nos pareceu a mais lógica” (LE, q.222, p. 129). Além disso, ele afirma que “a reencarnação fazia parte dos dogmas judeus, sob o nome de ressurreição” (ESE, cap. IV, no.4, p.69), e que “ela foi confirmada por Jesus e pelos profetas, de maneira formal. Donde se segue que negar a reencarnação é renegar as palavras de Cristo” (ESE, cap. IV, no. 16, p. 74). Portanto, para Kardec, a reencarnação é verdadeira por três motivos:
a) Ela foi revelada pelos “espíritos superiores”;
b) Ela é racional e lógica;
c) Ela é ensinada na Sagrada Escritura “de maneira formal”.
Quanto à validade da “revelação” dos “espíritos superiores” eu vou tratar dela quando falar da necromancia.

Uma coisa importante que nosso crítico não mencionou nesses motivos foi uma quarta razão, na qual Kardec afirma que “a reencarnação fazia parte dos dogmas judeus, sob o nome de ressurreição”, mas não deixaremos por menos. Transcrevemos abaixo algumas provas desta “quarta razão”. As demais comentaremos mais adiante, na medida do necessário.

Para isso nada melhor do que citarmos alguns trechos do intelectual e historiador judeu contemporâneo de Jesus, Flavio Josefo:

“Ensinam os fariseus que as almas são imortais e que as almas dos justos passam, depois desta vida, a outros corpos” (De Bello Judaico, 2,5,11).

Vejam a advertência que ele faz aos soldados judeus que preferiam desertar, suicidando-se:

“Não vos recordais de que todos os espíritos puros que se encontram em conformidade com a vontade divina vivem no mais humildes dos lugares celestiais, e que no decorrer do tempo eles serão novamente enviados de volta para habitar corpos inocentes? Mas que as almas daqueles que cometeram suicídio serão atiradas às regiões trevosas do mundo inferior” (De Bello Judaico, 1910).

Passemos às demais. Falando sobre a reencarnação, Kardec coloca:

“Assim foi a lógica, a força do raciocínio, que os conduziu a essa doutrina, e porque nela encontraram a única chave que podia resolver os problemas até então insolúveis. No entanto, nosso honroso correspondente se engana sobre um fato importante, nos atribuindo a iniciativa desta doutrina, que chama a filha de nosso pensamento. É uma honra que não nos ocorre: a reencarnação foi ensinada pelos Espíritos a outros senão a nós, antes da publicação de O Livro dos Espíritos; além disso, o princípio foi claramente colocado em várias obras anteriores, não somente as nossas, mas ao aparecimento das mesas girantes, entre outras, em Céu e Terra, de Jean Raynaud, e num encantador livrinho de Louis Jourdan, intitulado Preces de Ludowic, publicado em 1849, sem contar que esse dogma era professado pelos Druidas, aos quais, certamente, não ensinamos. Quando nos foi revelado, ficamos surpresos, e o acolhemos com hesitação, com desconfiança: nós o combatemos durante algum tempo, até que a evidência nos foi demonstrada. Assim, esse dogma, nós o ACEITAMOS e não INVENTAMOS, o que é muito diferente”. (Revista Espírita, 1862, pág 51). (grifo do original).

Seria interessante colocarmos tudo que Kardec aborda em O Livro dos Espíritos, mas o assunto é longo. Entretanto, se nos permite a sua paciência, somente colocaremos:

“Muitos repelem a idéia da reencarnação pelo só motivo de ela não lhes convir. Dizem que uma existência já lhes chega de sobra e que, portanto, não desejariam recomeçar outra semelhante. De alguns sabemos que saltam em fúria só com o pensarem que tenham de voltar à Terra. Perguntar-lhes-emos apenas se imaginam que Deus lhes pediu o parecer, ou consultou os gostos, para regular o Universo. Uma de duas: ou a reencarnação existe, ou não existe; se existe, nada importa que os contrarie; terão que a sofrer, sem que para isso lhes peça Deus permissão. Afiguram-se-nos os que assim falam um doente a dizer: Sofri hoje bastante, não quero sofrer mais amanhã. Qualquer que seja o seu mau-humor, não terá por isso que sofrer menos no dia seguinte, nem nos que se sucederem, até que se ache curado. Conseguintemente, se os que de tal maneira se externam tiverem que viver de novo, corporalmente, tornarão a viver, reencarnarão. Nada lhes adiantará rebelarem-se, quais crianças que não querem ir para o colégio, ou condenados, para a prisão. Passarão pelo que têm de passar. São demasiado pueris semelhantes objeções, para merecerem mais seriamente examinadas. Diremos, todavia, aos que as formulam que se tranqüilizem, que a Doutrina Espírita, no tocante à reencarnação, não é tão terrível como a julgam; que, se a houvessem estudado a fundo, não se mostrariam tão aterrorizados; saberiam que deles dependem as condições da nova existência, que será feliz ou desgraçada, conforme ao que tiverem feito neste mundo;que desde agora poderão elevar-se tão alto que a recaída no lodaçal não lhes seja mais de temer”.

“Suponhamos dirigir-nos a pessoas que acreditam num futuro depois da morte e não aos que criam para si a perspectiva do nada, ou pretendem que suas almas se vão afogar num todo universal, onde perdem a individualidade, como os pingos da chuva no oceano, o que vem a dar quase no mesmo. Ora, pois: se credes num futuro qualquer, certo não admitis que ele seja idêntico para todos, porquanto de outro modo, qual a utilidade do bem? Por que haveria o homem de constranger-se? Por que deixaria de satisfazer a todas as suas paixões, a todos os seus desejos, embora a custa de outrem, uma vez que por isso não ficaria sendo melhor, nem pior?”.

“Credes, ao contrário, que esse futuro será mais ou menos ditoso ou inditoso, conforme ao que houverdes feito durante a vida e então desejais que seja tão afortunado quanto possível, visto que há de durar pela eternidade, não? Mas, porventura, eríeis a pretensão de ser dos homens mais perfeitos que hajam existido na Terra e, pois, com direito a alcançardes de um salto a suprema felicidade dos eleitos? Não. Admitis então que há homens de valor maior do que o vosso e com direito a um lugar melhor, sem daí resultar que vos conteis entre os réprobos. Pois bem! Colocai-vos mentalmente, por um instante, nessa situação intermédia, que será a vossa, como acabastes de reconhecer, e imaginai que alguém vos venha dizer: Sofreis; não sois tão felizes quanto poderíeis ser, ao passo que diante de vós estão seres que gozam de completa ventura. Quereis mudar na deles a vossa posição? – Certamente, respondereis; que devemos fazer? – Quase nada: recomeçar o trabalho mal executado e executá-lo melhor. – Hesitaríeis em aceitar, ainda que a poder de muitas existências de provações? Façamos outra comparação mais prosaica. Figuremos que a um homem que, sem ter deixado a miséria extrema, sofre, no entanto, privações, por escassez de recursos, viessem dizer: Aqui está uma riqueza imensa de que podes gozar; para isto só é necessário que trabalhes arduamente durante um minuto. Fosse ele o mais preguiçoso da Terra, que sem hesitar diria: Trabalhemos um minuto, dois minutos, uma hora, um dia, se for preciso. Que importa isso, desde que me leve a acabar os meus dias na fartura? Ora, que é a duração da vida corpórea, em confronto com a eternidade? Menos que um minuto, menos que um segundo”.

“Temos visto algumas pessoas raciocinarem deste modo: não é possível que Deus, soberanamente bom como é, imponha ao homem a obrigação de recomeçar uma série de misérias e tribulações. Acharão, porventura, essas pessoas que há mais bondade em condenar Deus o homem a sofrer perpetuamente, por motivo de alguns momentos de erro, do que em lhe facultar meios de reparar suas faltas? ‘Dois industriais contrataram dois operários, cada um dos quais podia aspirar a se tornar sócio do respectivo patrão. Aconteceu que esses dois operários certa vez empregaram muito mal o seu dia, merecendo ambos ser despedidos. Um dos industriais, não obstante as súplicas do seu, o mandou embora e o pobre operário, não tendo achado mais trabalho, acabou por morrer na miséria. O outro disse ao seu: Perdeste um dia; deves-me por isso uma compensação. Executaste mal o teu trabalho; ficaste a me dever uma reparação. Consinto que o recomeces. Trata de executá-lo bem, que te conservarei ao meu serviço e poderás continuar aspirando à posição superior que te prometi’. Será preciso perguntemos qual dos industriais foi mais humano? Dar-se-á que Deus, que é a clemência mesma, seja mais inexorável do que um homem? Alguma coisa de pungente há na idéia de que a nossa sorte fique para sempre decidida, por efeito de alguns anos de provações, ainda quando de nós não tenha dependido o atingirmos a perfeição, ao passo que eminentemente consoladora é a idéia oposta, que nos permite a esperança. Assim, sem nos pronunciarmos pró ou contra a pluralidade das existências, sem preferirmos uma hipótese a outra, declaramos que, se aos homens fosse dado escolher, ninguém quereria o julgamento sem apelação. Disse um filósofo que, se Deus não existisse, fora mister inventá-lo, para felicidade do gênero humano. Outro tanto se poderia dizer sobre a pluralidade das existências. Mas, conforme atrás ponderamos, Deus não nos pede permissão, nem consulta os nossos gostos. Ou isto é, ou não é. Vejamos de que lado estão as probabilidades e encaremos de outro ponto de vista o assunto, unicamente como estudo filosófico, sempre abstraindo do ensino dos Espíritos”.

“Se não há reencarnação, só há, evidentemente, uma existência corporal. Se a nossa atual existência corpórea é única, a alma de cada homem foi criada por ocasião do seu nascimento, a menos que se admita a anterioridade da alma, caso em que se caberia perguntar o que era ela antes do nascimento e se o estado em que se achava não constituía uma existência sob forma qualquer. Não há meio termo: ou a alma existia, ou não existia antes do corpo. Se existia, qual a sua situação? Tinha, ou não, consciência de si mesma? Se não tinha, é quase como se não existisse. Se tinha individualidade, era progressiva, ou estacionária? Num e noutro caso, a que grau chegara ao tomar o corpo? Admitindo, de acordo com a crença vulgar, que a alma nasce com o corpo, ou, o que vem a ser o mesmo, que, antes de encarnar, só dispõe de faculdades negativas, perguntamos:

1º Por que mostra a alma aptidões tão diversas e independentes das idéias que a educação lhe fez adquirir?

2º Donde vem a aptidão extranormal que muitas crianças em tenra idade revelam, para esta ou aquela arte, para esta ou aquela ciência, enquanto outras se conservam inferiores ou medíocres durante a vida toda?

3º Donde, em uns, as idéias inatas ou intuitivas, que noutros não existem?

4º Donde, em certas crianças, o instituto precoce que revelam para os vícios ou para as virtudes, os sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza, contrastando com o meio em que elas nasceram?

5º Por que, abstraindo-se da educação, uns homens são mais adiantados do que outros?

6º Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomardes de um menino hotentote recém-nascido e o educardes nos nossos melhores liceus, fareis dele algum dia um Laplace ou um Newton?”

“Qual a filosofia ou a teosofia capaz de resolver estes problemas? É fora de dúvida que, ou as almas são iguais ao nascerem, ou são desiguais. Se são iguais, por que, entre elas, tão grande diversidade de aptidões? Dir-se-á que isso depende do organismo. Mas, então, achamo-nos em presença da mais monstruosa e imoral das doutrinas. O homem seria simples máquina, joguete da matéria; deixaria de ter a responsabilidade de seus atos, pois que poderia atribuir tudo às suas imperfeições físicas. Se almas são desiguais, é que Deus as criou assim. Nesse caso, porém, por que a inata superioridade concedida a algumas? Corresponderá essa parcialidade à justiça de Deus e ao amor que Ele consagra igualmente a todas suas criaturas?”.

“Admitamos, ao contrário, uma série de progressivas existências anteriores para cada alma e tudo se explica. Ao nascerem, trazem os homens a intuição do que aprenderam antes: São mais ou menos adiantados, conforme o número de existências que contem, conforme já estejam mais ou menos afastados do ponto de partida. Dá-se aí exatamente o que se observa numa reunião de indivíduos de todas as idades, onde cada um terá desenvolvimento proporcionado ao número de anos que tenha vivido. As existências sucessivas serão, para a vida da alma, o que os anos são para a do corpo. Reuni, em certo dia, um milheiro de indivíduos de um a oitenta anos; suponde que um véu encubra todos os dias precedentes ao em que os reunistes e que, em conseqüência, acreditais que todos nasceram na mesma ocasião. Perguntareis naturalmente como é que uns são grandes e outros pequenos, uns velhos e jovens outros, instruídos uns, outros ainda ignorantes. Se, porém, dissipando-se a nuvem que lhes oculta o passado, vierdes a saber que todos hão vivido mais ou menos tempo, tudo se vos tornará explicado. Deus, em Sua justiça, não pode ter criado almas desigualmente perfeitas. Com a pluralidade das existências, a desigualdade que notamos nada mais apresenta em oposição à mais rigorosa eqüidade: é que apenas vemos o presente e não o passado. A este raciocínio serve de base algum sistema, alguma suposição gratuita? Não. Partimos de um fato patente, incontestável: a desigualdade das aptidões e do desenvolvimento intelectual e moral e verificamos que nenhuma das teorias correntes o explica, ao passo que uma outra teoria lhe dá explicação simples, natural e lógica. Será racional preferir-se as que não explicam àquela que explica?”.

“À vista da sexta interrogação acima, dirão naturalmente que o hotentote é de raça inferior. Perguntaremos, então, se o hotentote é ou não um homem. Se é, por que a ele e à sua raça privou Deus dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é, por que tentar fazê-lo cristão? A Doutrina Espírita tem mais amplitude do que tudo isto. Segundo ela, não há muitas espécies de homens, há tão-somente cujos espíritos estão mais ou menos atrasados, porém, todos suscetíveis de progredir. Não é este princípio mais conforme à justiça de Deus?”.

“Vimos de apreciar a alma com relação ao seu passado e ao seu presente. Se a considerarmos, tendo em vista o seu futuro, esbarraremos nas mesmas dificuldades”:

1ª Se a nossa existência atual é que, só ela, decidirá da nossa sorte vindoura, quais, na vida futura, as posições respectivas do selvagem e do homem civilizado? Estarão no mesmo nível, ou se acharão distanciados um do outro, no tocante à soma de felicidade eterna que lhes caiba?

2ª O homem que trabalhou toda a sua vida por melhorar-se, virá a ocupar a mesma categoria de outro que se conservou em grau inferior de adiantamento, não por culpa sua, mas porque não teve tempo, nem possibilidade de se tornar melhor?

3ª O que praticou o mal, por não ter podido instruir-se, será culpado de um estado de coisas cuja existência em nada dependeu dele?

4ª Trabalha-se continuamente por esclarecer, moralizar, civilizar os homens. Mas, em contraposição a um que fica esclarecido, milhões de outros morrem todos os dias antes que a luz lhes tenha chegado. Qual a sorte destes últimos? Serão tratados como réprobos? No caso contrário, que fizeram para ocupar categoria idêntica à dos outros?

5ª Que sorte aguarda os que morrem na infância, quando ainda não puderam fazer nem o bem, nem o mal? Se vão para o meio dos eleitos, por que esse favor, sem que coisa alguma hajam feito para merecê-lo? Em virtude de que privilégio eles se vêem isentos das tribulações da vida?

“Haverá alguma doutrina capaz de resolver esses problemas? Admitam-se as existências consecutivas e tudo se explicará conformemente à justiça de Deus. O que se não pôde fazer numa existência faz-se em outra. Assim é que ninguém escapa à lei do progresso, que cada um será recompensado segundo o seu merecimento real e que ninguém fica excluído da felicidade suprema, a que todos podem aspirar, quaisquer que sejam os obstáculos com que topem no caminho”.

“Essas questões facilmente se multiplicariam ao infinito, porquanto inúmeros são os problemas psicológicos e morais que só na pluralidade das existências encontram solução. Limitamo-nos a formular as de ordem mais geral. Como quer que seja, alegar-se-á talvez que a Igreja não admite a doutrina da reencarnação; que ela subverteria a religião”.

“Não temos o intuito de tratar dessa questão neste momento. Basta-nos o havermos demonstrado que aquela doutrina é eminentemente moral e racional. Ora, o que é moral e racional não pode estar em oposição a uma religião que proclama ser Deus a bondade e a razão por excelência. Que teria sido da religião, se, contra a opinião universal e o testemunho da ciência, se houvesse obstinadamente recusado a render-se à evidência e expulsado de seu seio todos os que não acreditassem no movimento do Sol ou nos seis dias da criação? Que crédito houvera merecido e que autoridade teria tido, entre povos cultos, uma religião fundada em erros manifestos e que os impusesse como artigos de fé? Logo que a evidência se patenteou, a Igreja, criteriosamente, se colocou do lado da evidência. Uma vez provado que certas coisas existentes seriam impossíveis sem a reencarnação, que, a não ser por esse meio, não se consegue explicar alguns pontos do dogma, cumpre admiti-lo e reconhecer meramente aparente o antagonismo entre esta doutrina e a dogmática.[…]” (O Livro dos Espíritos, FEB, pág. 144-151).

Agora, com relação à afirmação de que a doutrina da reencarnação fora ensinada por Cristo, esta é totalmente falsa. As passagens que Kardec cita para provar essa sua afirmação são por ele totalmente distorcidas.

Bom, no desenrolar dessa nossa contestação, provaremos quem realmente distorce e que a reencarnação faz parte dos ensinos de Jesus, entretanto só para os “quem tem ouvidos de ouvir, que ouça” (Mt 11,15).

Para começar, é um absurdo dizer que o termo “ressurreição” dos judeus quisesse dizer a mesma coisa que a “reencarnação” dos espíritas. As ressurreições relatadas na Sagrada Escritura são todas dadas no mesmo corpo. E a pessoa ressuscitada fica de novo viva exatamente como era ao morrer, e não nasce de novo como um bebê. Quando Cristo ressuscitou a Lázaro e à filha de Jairo, ambos retornaram a vida nos seus próprios corpos, e não numa nova existência. Quando Cristo dizia que ressuscitaria ao terceiro dia, os judeus compreendiam perfeitamente o que Ele queria dizer, e por isso puseram guardas para vigiar seu túmulo, pois entendiam por ressurreição o retorno à vida no mesmo corpo. Há também no Antigo Testamento a passagem em que Sto. Elias ressuscita o filho da viúva de Sarepta (1Rs 17, 22), que também ocorre em seu próprio corpo, e não numa nova “encarnação”. Portanto, ressuscitar é totalmente diferente da Reencarnação dos espíritas.

Temos dito, em várias oportunidades, que se os médicos de hoje vivessem naquele tempo seriam considerados “profetas”, pois com certeza, com os atuais conhecimentos de medicina, iriam ressuscitar inúmeras pessoas. A grande questão é saber se Lázaro, a filha de Jairo e o filho da viúva de Naim estavam realmente mortos ou se passaram por uma EQM – Experiência de Quase Morte, fenômeno que tem despertado o interesse de alguns pesquisadores do nosso tempo.

Observar que no caso da filha de Jairo Jesus disse: “a menina não morreu, está dormindo” (Mt 9,24; Mc 5,39 e Lc 8,52). Em relação a Lázaro (Jo 11,1-44) a coisa é mais complicada, pois apesar de Jesus ter afirmado que “esta doença não é para a morte” e “nosso amigo Lázaro dorme”, o texto bíblico apresenta uma contradição a partir do versículo 13 a 16, dizendo que se trata de morte mesmo. Supomos ser um acréscimo ao texto original, que a nosso ver, aconteceu para que pudessem justificar a tese da ressurreição corporal. Tanto é que se os retirarmos da passagem não fará a narrativa perder a solução de continuidade.

Pensamos que se Jesus tivesse realmente feito um morto, como se diz, bem morrido, voltar à vida, teríamos notícias de uma fila de mães atrás dele para pedir pelos seus filhos, mas não vemos isso nos Evangelhos. Poderemos então dizer que são ressurreições clínicas, se assim podemos nos expressar. Quantas coisas antigamente eram tidas como “milagres”, que, nos dias de hoje, são conhecidas como fenômenos naturais. Para se ter uma idéia está dito que Moisés falava com Deus e esse respondia com o trovão (Ex 19,19), dá para acreditar? Ficamos até imaginando qual seria o comportamento daquele povo diante dos fenômenos naturais como os raios, trovões, tempestades de chuva, deveriam pensar que tudo isso era a ira divina, numa vingança implacável, não é mesmo?

É fato que essas “ressurreições” e outras semelhantes, relatadas na Bíblia, não é realmente o que entendemos por reencarnação. O que Kardec muito bem coloca, é que por essa palavra também compreendiam o que entendemos por reencarnação. Como? Vejamos:

a) Em Lucas (9,7-9): “O tetrarca Herodes, porém, ouviu tudo o que se passava, e ficou muito perplexo por alguns dizerem: ‘É João que foi ressuscitado dos mortos’; e outros: ‘É Elias que reapareceu’; e outros ainda: ‘É um dos antigos profetas que ressuscitou”. Herodes, porém, disse: ‘A João eu mandei decapitar. Quem é esse, portanto, de quem ouço tais coisas?’ E queria vê-lo”. (ver Mt 14,1-2 e Mc 6,14-

Em Lucas (9,18-19): “Um dia Jesus rezava num lugar retirado e seus discípulos estavam com ele. Ele lhes fez a seguinte pergunta; ‘Quem sou eu no dizer das turbas?’ Eles responderam: ‘Para uns, João Batista, para outros, Elias ou algum dos antigos profetas ressuscitado’”. (ver também Mt 16,13-19; Mc 8,27-28).

Por essas passagens podemos perfeitamente saber que, na verdade, o povo acreditava que alguém que já havia morrido poderia voltar como outra pessoa, senão não teria sentido o que o povo pensava a respeito de Jesus. E se isso não fosse possível, com certeza, Jesus teria dito dessa impossibilidade. Assim, fica claro que o conceito de ressuscitar aqui nessas passagens pode muito bem ser entendido por reencarnar.

b) Em Mt 14,1-2: “Naquele tempo, Herodes, o tetrarca, veio a conhecer a fama de Jesus e disse aos seus oficiais: ‘Certamente se trata de João Batista: ele foi ressuscitado dos mortos e é por isso que os poderes operam através dele!’”.

Essa passagem nós a estamos colocando para explicar a questão de João Batista. Ora, se acreditavam que Jesus estava fazendo prodígios porque “os poderes de João Batista operam através dele”, isso, num português bem claro, seria a possibilidade de um morto exercer algum tipo de influência sobre um vivo. Confirmando, pelo menos em tese, que aceitavam a interferência dos mortos sobre os vivos, também entendido como ressurreição, e isso nada mais é que a comunicação entre os dois planos da vida.

Assim, também, podemos dizer que ressurreição, neste caso, seria a volta de um morto à sua condição de espírito.

Informa-nos o Aurélio que ressuscitar significa: V. t. d. 1. Fazer voltar à vida; reviver, ressurgir. 2. Restaurar, renovar, reproduzir: V. int. 3. Voltar à vida; tornar a viver; reviver, ressurgir. 4. Tornar a surgir; reaparecer, ressurgir: 5. Escapar de grande perigo. Se depois de morrermos ressurgimos em espírito, por que também isso não seria uma ressurreição? Será que Jesus pregou a ressurreição da carne ou a do Espírito?

Para responder essa questão é necessário lermos a resposta que Jesus deu aos saduceus, negadores da ressurreição, sobre uma possível situação em que uma mulher, para cumprir a lei mosaica, teve que casar com os sete irmãos. A dúvida deles era: na ressurreição ela seria mulher de qual deles. A isso responde Jesus: “As pessoas deste mundo se casam. Contudo, as que são julgadas dignas de ter parte naquele mundo e na ressurreição dos mortos, lá não se casam. E já não podem morrer outra vez, porque são iguais aos anjos e filhos de Deus, sendo participantes da ressurreição”. (Lc 20, 34-36). São iguais aos anjos, isso significa que todos serão seres espirituais, daí não se justificar mais o casamento, que é coisa para os que possuem corpos materiais.

Seguindo a leitura de Lucas, temos: “E que os mortos ressuscitem, é Moisés quem dá a conhecer através do episódio da Sarça Ardente, quando chama ao Senhor: o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos; para ele, então, todos são vivos”. (Lc 20, 37-38). Considerando que Abraão, Isaac e Jacó “todos são vivos” e como ainda não aconteceu o juízo final, para a esperada ressurreição dos corpos, eles estão vivos em Espírito. E concluindo, pela comparação de Jesus, eles já ressuscitaram, ou seja, estão vivendo a vida do Espírito, por isso não morrem mais.

Assim, categoricamente, provamos que Jesus ensinou a ressurreição do Espírito, não a do corpo físico, dogma de sua Igreja. O que se quiser também poderá confirmar em Paulo, quando disse: “a carne e o sangue não poderão herdar o reino de Deus” (1Cor 15,50).

Provamos também que, com o nome de ressurreição, os judeus acreditavam na reencarnação. E a isso podemos acrescentar que Jesus foi judeu, viveu como judeu, assim fatalmente deveria acreditar na reencarnação, já que fazia parte dos princípios judaicos.

Vejamos o depoimento de um rabino citado pelo Dr. Severino Celestino:

“Sobre a Reencarnação, apresentamos, aqui, para ilustrar, o depoimento do Rabino Shamai Ende, colaborador da Revista Judaica ‘Chabad News’, publicação de Dez. a Fev 1998. Vejamos o texto na íntegra: ‘O conceito de Guilgul (Reencarnação) é originado no judaísmo, sendo que uma alma deve voltar várias vezes até cumprir todas as leis da TORÁ. Na verdade, cada alma tem dois tipos de missões neste mundo. A primeira é a missão geral de cumprir todas as mitsvot da Tora. Além disso, cada alma tem uma missão específica. Caso não a tenha cumprido a sua, a alma deve retornar a este mundo para preencher tal lacuna. Somente pessoas especiais sabem exatamente qual é sua missão de vida’.

‘Existem também Reencarnações punitivas para reparar alguma falha cometida numa vida anterior. Neste caso, a alma pode reencarnar até mesmo no corpo de um não-judeu, de animal ou planta’.

‘Atualmente é um pouco diferente, por estarmos vivendo na última geração do exílio e na primeira da gueulá, conforme já anunciado pelo Rebe. Maimônides escreve Leis de Techuvá onde a Tora prometeu, no final do exílio, que o povo fará techuvá e imediatamente será redimido. Assim, as almas desta geração, que vivenciarão a futura redenção, não mais passarão por Reencarnações, devendo retificar o quanto antes tudo que deve ser feito para aproximar a vinda de Maschiach’”. (Analisando as Traduções Bíblicas, pág. 161). (grifo do original).

Mas, não bastasse isso, ainda poderemos dizer que no cristianismo primitivo, a reencarnação era aceita, mas posteriormente, ela foi indiretamente escamoteada dos ensinos religiosos, vejamos:

“Até agora, quase todos os historiadores da Igreja acreditaram que a doutrina da reencarnação foi declarada herética durante o Concílio de Constantinopla em 553. No entanto, a condenação da doutrina se deve a uma ferrenha oposição pessoal do imperador Justiniano, que nunca esteve ligado aos protocolos do Concílio. Segundo Procópio, a ambiciosa esposa de Justiniano, que, na realidade, era quem manejava o poder, era filha de um guardador de ursos do anfiteatro de Bizâncio. Ela iniciou sua rápida ascensão ao poder como cortesã. Para se libertar de um passado que a envergonhava, ordenou, mais tarde, a morte de quinhentas antigas ‘colegas’ e, para não sofrer as conseqüências dessa ordem cruel em uma outra vida como preconizava a lei do Carma, empenhou-se em abolir toda a magnífica doutrina da reencarnação. Estava confiante no sucesso dessa anulação, decretada por ‘ordem divina’”.

“Em 543 d.C. o imperador Justiniano, sem levar em conta o ponto de vista papal, declarou guerra frontal aos ensinamentos de Orígenes, condenando-os através de um sínodo especial. Em suas Obras De Principiis e Contra Celsum, Orígenes (185-235 d.C), o grande Padre da Igreja, tinha reconhecido, abertamente, a existência da alma antes do nascimento e sua dependência de ações passadas. Ele pensava que certas passagens do Novo Testamento poderiam ser explicadas somente à luz da reencarnação”.

“Do Concílio convocado pelo imperador Justiniano só participaram bispos do Oriente (ortodoxos). Nenhum de Roma. E o próprio Papa, que estava em Constantinopla naquela ocasião, deixou isso bem claro”.

“O Concílio de Constantinopla, o quinto dos Concílios, não passou de um encontro, mais ou menos em caráter privado, organizado por Justiniano, que, mancomunado com alguns vassalos, excomungou e maldisse a doutrina da pré-existência da alma, apesar dos protestos do Papa Virgílio, com a publicação de seus Anathemata.

“A conclusão oficial a que o Concílio chegou após uma discussão de quatro semanas teve que ser submetida ao Papa para ratificação. Na verdade, os documentos que lhe foram apresentados (os assim-chamados ‘Três Capítulos’) versavam apenas sobre a disputa a respeito dos três eruditos que Justiniano, há quatro anos, havia por um edito declarado heréticos. Nada continham sobre Orígenes. Os Papas seguintes, Pelágio I (556-561), Pelágio II (579-590) e Gregório (590-604), quando se referiram ao quinto Concílio, nunca tocaram no nome de Orígenes”.

“A Igreja aceitou o edito de Justiniano – ‘Todo aquele que ensinar esta fantástica pré-existência da alma e sua monstruosa renovação será condenado’ – como parte das conclusões do Concílio. Portanto, a proibição da doutrina da reencarnação não passa de um erro histórico, sem qualquer validade eclesiástica”. (Jesus viveu na Índia, KERSTEN, 1986, pág. 240-241).

Vários outros autores também falam disso. Assim, a reencarnação foi abolida por decreto. É por isso que a Igreja, a quem falta humildade para reconhecer esse erro, diz ferrenhamente que ela não é possível, que Jesus não ensinou, etc.

Kardec se apóia em duas passagens dos Evangelhos para dizer que Cristo foi partidário das vidas sucessivas:A primeira é a de que Nosso Senhor teria afirmado que S. João Batista seria uma reencarnação de Sto. Elias (Mt 11, 14: “e se vós o quereis compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir”). Ora, esta é uma interpretação totalmente equivocada das palavras de Cristo, que estava comparando a missão de S. João Batista (de preparar os caminhos para a primeira vinda de Cristo) com a missão de Sto. Elias, que há de vir no tempo do Anticristo, para preparar o mundo para a segunda vinda de Nosso Senhor, como juiz no juízo final. Sem que isto signifique que o fim do mundo venha a se dar imediatamente após a vinda do Anticristo. Ninguém sabe quando virá o Anticristo, nem quando será o fim do mundo.Já o anjo que veio anunciar a Zacarias o nascimento de S. João explicou: “e irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias” (Lc 1, 17), isto é, com o seu zelo e força. Os espíritas entendem essa passagem ao pé da letra, isto é, que o “espírito de Elias” significa a sua alma. Referindo-se a esse texto, Santo Agostinho escreveu que só a “perversidade herética” pode ver aí uma afirmação da reencarnação (In Heptateuchum IV 18).

Contra esse argumento dos espíritas, vemos nas próprias palavras de Cristo que S. João é o Elias que “há de vir” (no futuro), e que portanto ainda não veio. E o próprio S. João Batista respondeu que não era Sto. Elias quando interrogado (Jo 1, 21). E para terminar com a história, de acordo com a tradição judaica, Sto. Elias não morreu, mas foi levado aos céus por uma carruagem de fogo, em corpo e alma (4Rs 2, 11-12). Se não “desencarnou”, não poderia então “reencarnar”.

A questão de João Batista ser Elias tem provocado verdadeiro malabarismo verbal aos que querem insistir que não há reencarnação. Mas vejamos.

Essa história se inicia quando o profeta Malaquias faz a seguinte previsão:

“Vejam! Estou mandando o meu mensageiro para preparar o caminho à minha frente. De repente, vai chegar ao seu Templo o Senhor que vocês procuram, o mensageiro da Aliança que vocês desejam. Olhem! Ele vem! – diz Javé dos exércitos”. (3,1).

“Eis que vos enviarei Elias, o profeta, antes que chegue o Dia de Iahweh, grande e terrível. Ele fará voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais, para que eu não venha ferir a terra com anátema” (3,23-24).

Agora vejamos a passagem citada relativa ao anúncio do nascimento de João Batista:

“Ele caminhará à sua frente, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à prudência dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto”. (Lc 1, 17).

Jesus faz a seguinte declaração: “É de João que a Escritura diz: ‘Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’” (Mt 11, 10). Ao relacionar João Batista com a profecia de Malaquias, que em 3,1 diz de um mensageiro, identificado em 3,23-24 como sendo Elias; Jesus, em interpretação isenta de dogmatismo, está dizendo que João Batista é o mensageiro Elias.

A frase citada na profecia “fará voltar o coração dos pais para os filhos” fecha com a citada por Lucas “a fim de converter os corações dos pais aos filhos”, o que quer dizer: o menino que iria nascer, João Batista, seria mesmo Elias, ou seja, João Batista foi Elias em nova encarnação.

Com base nessas passagens, analisemos quando no Monte Tabor, aparecem Moisés e Elias conversando com Jesus, aí os discípulos ficaram em dúvida. Pensaram: ora, as escrituras dizem que Elias “há de vir”, entretanto estamos vendo Elias aqui, será que então ele não veio? Pela narrativa: “Os discípulos lhe perguntaram: ‘Por que dizem os escribas que Elias deve vir antes?’ Respondeu-lhes: ‘Elias há de vir para restabelecer todas as coisas’”. (Mt 17,11).

Mas prestem atenção nestes versículos, que são a seqüência do anterior:

“Mas eu vos digo que Elias já veio e não o reconheceram, mas fizeram com ele o que quiseram. … Então, os discípulos compreenderam que Jesus lhes tinha falado a respeito de João Batista”. (Mt 17,12-13).

Recapitulemos: a profecia de Malaquias diz que Elias deveria vir, ao anúncio do nascimento de João Batista se diz que ele viria “com o espírito e o poder de Elias” para converter os corações dos pais aos filhos, conforme anunciado. Jesus afirma categoricamente que Elias já veio e não o reconheceram, ao que os discípulos entenderam que estava falando de João Batista, precisa ser mais claro do que isso? Alguém poderá alegar: Jesus não disse que João Batista era Elias, foram os discípulos que entenderam. Mesmo considerando que em outras ocasiões Jesus demonstrou conhecer o pensamento das pessoas, não utilizaremos isso como prova, preferimos as próprias palavras de Jesus: “E, se quiserdes compreendê-los, João é o Elias que estava para vir”. Como sabia que muitos não iriam acreditar, com certeza, muitos católicos estão entre eles, acrescentou: “Quem tiver ouvidos, que escute bem” (Mt 11,14-15).

Observe agora, caro leitor, como é o comportamento desse crítico que tenta convencer as pessoas a pensar pelo lado que ele quer, pois só falou da expressão “há de vir”, que está no futuro porque Jesus aludia à profecia, e não ao fato presente. Propositadamente não citou a afirmativa complementar de Jesus: “Elias já veio e não o reconheceram” (Mt 17,12), daí podemos ver com que tipo de pessoa nós estamos lidando; repetimos suas palavras: “vemos nas próprias palavras de Cristo que S. João é o Elias que ‘há de vir’ (no futuro) é que, portanto, ainda não veio”.

Sobre as palavras de Santo Agostinho, em que pese o respeitarmos como pessoa humana, a nós o que disse não representa nada como base de prova de alguma coisa e, com certeza, se ele vivesse no tempo de Jesus, chamaria ao Mestre de herético, como são todos os que não “rezam pela Bíblia Católica”.

Kardec faz uma abordagem em O Livro dos Espíritos, perguntas 392 a 399, sobre o esquecimento do passado, que, se o nosso crítico tivesse estudado, teria encontrado a explicação do porquê João Batista disse não ser Elias. Sério problema dos críticos é não estudar; na pressa em dar combate, não entendem os assuntos abordados, passam a falar coisas sem sentido algum para quem tem conhecimento do assunto. Mas, como é desagradável ler, imagine então estudar? Todo crítico de valor fala do que estudou; os mal informados combatem sem nem mesmo saber o que estão fazendo, não é mesmo?

Mas ao se concentrar na resposta, se esquece que a pergunta é que é o ponto fundamental. Se não acreditassem que uma pessoa pudesse voltar, qual seria o sentido do questionamento: “És tu Elias?”. Essa pergunta só poderia ser feita por quem acreditava que os mortos pudessem voltar. E essa história de que Elias foi arrebatado, só fanático acredita. A Bíblia de Jerusalém, portanto, uma Bíblia católica, em nota de rodapé, falando sobre essa passagem coloca: “O texto não diz que Elias não morreu, mas facilmente se pôde chegar a essa conclusão” (pág. 508-509). Jesus disse: “O espírito é que dá vida; a carne de nada serve” (Jo 6,63) e Paulo completa “a carne e o sangue não podem herdar o reino dos céus” (1Cor 15,50). Assim, não há sentido algum dizer que Elias foi arrebatado. Mas de qualquer forma se o leitor quiser, poderá ver nossos argumentos no texto: “O arrebatamento de Elias”, disponível em:

http://geocities.yahoo.com.br/apologia_gae/assuntos_biblicos/o_arrebatamento_de_elias.htm

Apela o crítico para a tradição para justificar o arrebatamento, entretanto Jesus combateu a tradição dos de Sua época: “… Assim vocês esvaziaram a palavra de Deus com a tradição de vocês”. (Mt 15,6). E Paulo não deixou por menos: “Cuidado para que ninguém escravize vocês através de filosofias enganosas e vãs, de acordo com tradições humanas, que se baseiam nos elementos do mundo, e não em Cristo” (Col 2,8).

Se Elias realmente foi “arrebatado”, gostaríamos que nos explicasse como ele está vivendo no “céu” sem oxigênio, pois, a determinada altura, esse elemento, essencial à vida humana, não existe mais. E o “tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3,19), como fica? E se o próprio Jesus passou pela experiência da morte, e dolorosa por final, por que esse privilégio de Elias? Alguém poderia nos explicar isso?

E comenta também Frei Boaventura Kloppenburg no livro “Espiritismo: Orientação para Católicos” que Elias apareceu ao lado de Moisés e de Nosso Senhor no monte da transfiguração. Ora, se S. João Batista fosse reencarnação de Elias, era ele que devia aparecer, e não Elias, pois, segundo os espíritas, quando um espírito se “materializa”, ele sempre se apresenta na forma de sua última encarnação.

A respeito da aparência do Espírito é necessário ver o que Kardec coloca no livro A Gênese, FEB, pág 281-282:

“Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual”.

“Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera”.

“É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores – enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. – que tinha então. Um decapitado se apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conservado essas aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que, retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais defeitos, seu perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e à que se transporte o seu pensamento”. (grifo nosso)

Assim, podemos ver que a base para sustentar que o espírito se materializa sempre na forma da sua última encarnação não é verdadeira. Infelizmente, sempre vemos é que quase todos os críticos não têm um conhecimento profundo daquilo que se propõem a combater. Fato lamentável, pois é o mínimo que deveriam fazer.

O Espírito pelo seu pensamento molda, vamos assim dizer, o seu perispírito com a forma que desejar. Quanto maior evolução, maior capacidade de fazer isso, o que dá a possibilidade do Espírito Elias se manifestar ou como Elias mesmo ou como João Batista, ou com qualquer aparência de uma de suas inúmeras encarnações anteriores. Se tivessem estudado, evitariam essa afirmação ridícula.

A outra passagem que Kardec diz ser a favor da reencarnação seria Jo 3, 3: “Se alguém não nascer de novo, não pode entrar no reino de Deus”. Ora, a Igreja sempre ensinou que esta passagem se refere ao batismo, pois quando Nicodemos indagou de Cristo a verdade sobre essas palavras, Ele disse: “Em verdade, em verdade te digo que quem não renascer por meio da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3, 5).

É aí que está todo o problema: a Igreja se julga toda poderosa para definir e interpretar a Bíblia segundo o que acha verdadeiro, entretanto, a prática demonstra que são doutrinas de homens, fugindo, portanto, daquilo que Jesus ensinou.

Se o batismo fosse algo tão importante assim, por que ele não consta entre os Dez Mandamentos? Por que será que Jesus não batizou ninguém? Por que ao invés de dizer “vá e não peques mais” ou “a tua fé de salvou” não disse: “vá e batize” ou “teu batismo de salvou”? Não encontramos Jesus, em nenhum momento, dizendo coisas assim; aliás, Ele não era mesmo adepto a nenhum tipo de ritual.

Quanto à questão de Nicodemos, ele como fariseu e membro do Sinédrio, não poderia ignorar o batismo, entretanto, a pergunta que faz a Jesus não é a esse respeito, mas disse: “Como é que pode o homem nascer, quando já é velho? Porventura poderá entrar de novo no seio de sua mãe e nascer?” O que demonstra que Nicodemos entendeu perfeitamente que era mesmo nascer de novo, a dúvida dele era como isso poderia ocorrer. Jesus, por sua vez, não contradiz o pensamento de Nicodemos, dizendo: Não é o que está pensando, estou falando do batismo. Outro fator que justificam as perguntas de Nicodemos da forma que foram feitas é que os fariseus acreditavam na ressurreição dos mortos (At 23,6-8), que conforme já demonstramos, quando falamos de João Batista ser Elias, poderia ser também entendido dentro do conceito de reencarnação.

Quando, ao final, do diálogo com Nicodemos, Jesus acrescentou: “O vento sopra para onde quer e ouves sua voz, mas não sabes donde vem, nem para aonde vai. Assim, é quem nasceu do Espírito”, a comparação nada tem a ver com batismo, já que isso não era costume do povo judeu, que adotava como ritual a circuncisão. Daí podemos afirmar que ela está mais ligada à questão da reencarnação mesmo, já que não sabemos de onde viemos nem para onde iremos após a morte.

Era de interesse da Igreja forçar a interpretação da passagem para ter como justificar o ritual do batismo, que apesar de Jesus ter dito “daí de graça o que de graça recebestes”, cobram por este sacramento. Vemos também que padres se tornam mais exigentes que o Mestre, ao impedirem as mães solteiras de batizarem seus filhos. Se o batismo é necessário para irmos para ao “céu”, esses pobres coitados serão lançados fora pelo “poder” dos padres da Igreja.

Diz também Frei Kloppenburg (op.cit) que no Evangelho grego o termo empregado é ánoothen que não seria “nascer de novo”, mas “nascer do alto”, o que, se for verdade, destrói o argumento espírita.

Vejamos agora a questão da palavra grega “anoothen”. Como não sabemos nada de grego e nem aramaico (e muitas outras línguas), preferimos buscar informações de quem tem conhecimento desse assunto, para não dar uma idéia de que “estamos querendo arrotar camarão depois de ter comido sardinha”.

O Livro Analisando as Traduções Bíblicas do Dr. Severino Celestino da Silva, no capítulo XVII – A Reencarnação no Novo Testamento, págs. 238-242, referindo-se à passagem de João 3, 1-12, trata essa questão da seguinte forma:

“Este é o texto que tem dado mais trabalho aos exegetas que querem negar a Reencarnação. No entanto, é o mais claro e contundente de todos, por isso, existe um verdadeiro malabarismo por parte destes, no sentido de obscurecer o verdadeiro e claro sentido desta passagem. Iniciamos pelo vocábulo ‘anóten’ que em grego pode significar ‘de novo’ ‘do alto’”.

“Nesta passagem, esse vocábulo significa realmente ‘de novo’, porém a maioria dos exegetas emprega o termo ‘do alto’ para justificar a sua descrença na Reencarnação. Este malabarismo envolve também a questão gramatical na tradução do texto, como veremos mais adiante. Colocaremos, aqui, muitas observações e conceitos empregados, sobre este texto, feitos por Torres Pastorino na sua obra ‘Sabedoria do Evangelho’, com relação ao texto grego. Concordamos plenamente com todos os seus conceitos, razão por que o usaremos para reforçar nossa exegese. A análise do texto hebraico é de autoria e responsabilidade nossa”.

“Muitos começam com a afirmação de que Jesus teria dito: ‘AQUELE QUE NÃO NASCER ‘DO ALTO’. Observe, no entanto, que a pergunta feita por Nicodemos, em seguida, denota que ele entendeu que Jesus falava realmente em nascer ‘de novo’ e não ‘do alto’: Como pode ‘o homem, depois de velho, entrar pela segunda vez (duteron) no ventre materno?’”.

“Esta ambigüidade de entendimento só acontece na língua grega, porque no hebraico, que foi realmente a língua em que Jesus dialogou com Nicodemos, este problema não existe. O texto é bem claro e jamais pode significar ‘do alto’. Diz o seguinte: (‘im lô iauled ish mimkôr ‘al lô-iukal lirôt et-malkut haelohim’) im=se, =não, iualed=incompleto do grau qal[1] do verbo ‘nolad’=nascer, ish=um homem, mimikôr=palavra composta, formada por mi=de + makôr=fonte de água viva, origem. Existe a expressão hebraica ‘Mekôr chaim’ que quer dizer ‘fonte da vida’. Observe que não existe nada referente ‘ao alto’, no texto grego, como muitos querem se fazer entender. Assim, o Cristo fala que aquele que não nascer em origem, no sentido de se voltar à fonte original da vida, ou seja, nascer novamente, ‘não poderá’ (lô-iuchal=incompleto do verbo iachôl=poder) ver o reino de Deus (lirôt et-malkut haelohim)’”.

“Assim, no diálogo, a palavra grega ‘anóten’ tem o sentido e significado de ‘de novo’, portanto, Jesus falava de retorno, ou seja, de Reencarnação mesmo, como foi visto no texto hebraico”.

“Lembramos, ainda, que Nicodemos já era um cidadão de idade avançada e o Cristo lhe fala da Reencarnação (Nascer de Novo), como uma esperança e reconforto para ele, mostrando-lhe que a vida não termina com a morte, nem os velhos devem temer a morte, pois podem renascer e começar tudo novamente”.

“Na seqüência, Cristo confirma que era isso mesmo que Ele queria dizer: ‘Quem não nascer de água (materialmente, com o corpo denso, dado que o nascimento físico é feito através da bolsa d’água do líquido aminiótico), veja o cap. VII deste livro, Salmo 23 e de espírito (pneumatos), ou seja, que adquira nova personalidade no mundo terreno, em cada nova existência, a fim de progredir). Se Nicodemos entendeu ao pé da letra as palavras de Jesus, o Mestre as confirma ao pé da letra e reforça o seu ensino. Com efeito, o espírito, ao reentrar na vida física, pode ser considerado o mesmo espírito que reinicia suas experiências, esquecido de todo passado’”.

“A questão gramatical: no texto em grego não há artigo diante das palavras ‘água’ (ek ydatos=de água) ‘e espírito’ (kai pneumatos), portanto, o texto fala em nascer ‘de água e de espírito’. Não é portanto, nascer da água do batismo, nem do espírito, mas de água (por meio da água) e de espírito (pela Reencarnação do espírito)”.

“O primeiro versículo do Gênesis (1:1) fala que no princípio criou Deus os Céus e a terra. A palavra ‘céus’ em hebraico ‘Shamaim’ ([2])- significa: ‘Carrega água’‘Ali existe água’‘fogo e água’ que misturados um ao outro, formaram o Céus”.

“Como podemos observar, tudo começou com as águas. Água é vida e essa era a crença geral naquela época. É lógico que o Cristo não falava de batismo e sim de retorno através da água. Lembramos ainda que 99% da constituição das células reprodutoras são água”.

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