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Estudo de O Livro dos Médiuns- parte -1


ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO V
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS
Ruídos, barulhos e perturbações – Lançamento de objetos - O Fenômeno de transporte. (Itens de 82 a 99).
89. Essas manifestações frequentemente assumem o caráter de verdadeira perseguição. Conhecemos seis irmãs que moravam juntas e que, durante muitos anos, encontravam de manhã suas roupas esparramadas, ás vezes escondidas no teto, rasgadas e cortadas em pedaços, apesar das precauções que tomavam, guardando-as à chave. Tem acontecido muitas vezes que pessoas deitadas, mas perfeitamente acordadas, viam sacudir as cortinas, arrancarem-lhes violentamente as cobertas e os travesseiros, foram erguidos no ar e às vezes até mesmo atirados fora do leito. Esses fatos são mais frequentes do que se pensa, mas a maioria das vítimas não os conta por medo do ridículo. Soubemos que tentaram curar algumas pessoas, por entenderem que se tratava de alucinações, submetendo-as ao tratamento dos alienados, o que as deixou realmente loucas. A Medicina não pode compreender esses fatos, por que só admite causas materiais, do que resultaram negligências funestas. A História relatará um dia certos tratamentos do século XIX como hoje se relatam certos processos da Idade Média. Admitimos perfeitamente que alguns casos são obra da malícia ou da malvadez, mas quando se averiguou suficientemente que não são produzidos por ninguém, temos de convir que são, para uns, obra do Diabo, e para nós dos Espíritos. Mas de que Espíritos?
Quem já visitou um sanatório para pessoas com doenças mentais, teve a oportunidade de perceber que ali, grande quantidade de internos que não possuíam lesão cerebral nenhuma, estavam internadas como loucas, por causa desse processo de perturbação espiritual, que é rotulado como doença mental, segundo os padrões científicos. Os casos de obsessão, de possessão e de simples perturbações por Espíritos, quando tratados como loucura, geralmente se agravam. A rede de Hospitais Espíritas hoje existentes no Brasil constitui a mais evidente prova disso. Nesses hospitais têm sido curados numerosos casos dados por incuráveis no tratamento comum. 
ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO V
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS
Ruídos, barulhos e perturbações – Lançamento de objetos - O Fenômeno de transporte. (Itens de 82 a 99).
88. Essas manifestações não são raras nem novas. São poucas as crônicas locais que não incluem alguma estória desse gênero. O medo, sem dúvida, frequentemente exagerou esses fatos, dando-lhes, proporções enormemente ridículas em sua transmissão oral. Com a ajuda das superstições, as casas em que se verificam foram consideradas como assombradas pelo Diabo. Daí todos os contos maravilhosos ou terríveis de fantasmas. A trapaça, por sua vez, não perdeu a ocasião de explorar a credulidade, quase sempre em proveito pessoal. Compreende-se ainda a impressão que fatos dessa espécie, mesmo reduzidos á realidade, podem produzir em caracteres fracos e predispostos pela educação às ideias supersticiosas. O meio mais seguro de prevenir os inconvenientes que possam acarretar, pois não se pode impedi-los, é dar a conhecer a verdade. As coisas mais simples tornam-se assustadoras quando ignoramos as causas. Havendo familiaridade com os Espíritos, e os que recebem suas comunicações não mais acreditando que se trata de demônios, o medo desaparecerá.
Muitos fatos autênticos desse gênero podem ser lidos na Revista Espírita. Entre outros, o do Espírito batedor de Bergzabem, cujas estripulias duraram mais de oito anos (Nº de maio, junho e julho de 1858); o de Dibbelsdorf (agosto de 1858); o do Padeiro das Grandes Vendas, próximo a Dieppe (março de 1860); o da Rua de Noyers, em Paris (agosto de 1860); o do Espírito de Casstelnaudary, sob o título de História de Um Danado o da fabricante de São Petersburgo (abril de 1860), e assim por diante.
Essas manifestações são uma verdade. Quantos casos desse tipo nós já ouvimos. Pela nossa ignorância sobre o assunto, a primeira coisa que dizemos é que essas casas são assombradas pelo demônio, ou seja, o diabo tomou conta daquela casa. Daí, surgirem todos os contos fantasmagóricos, como, por exemplo, filmes de terror, passando por esse processo. Lógico, diante desses fatos os aproveitadores não perdem tempo, e os charlatães se utilizam disso, até hoje. Quem não tem conhecimento desse processo; por que ele acontece e como acontece, a primeira coisa vai dizer é o que Kardec diz aqui. São casas assombradas pelo diabo, e começam a ter ideias supersticiosas. Nós sabemos que surgem muitas invenções a respeito desses fatos. Que o diabo está ali por causa disso, por causa daquilo. Por isso, é muito importante o estudo. Quando conhecemos o fato e sabemos como ele se processa, deixamos de ter medo.
Esta afirmação de Kardec é plenamente sancionada pela Psicologia atual. Bastaria o caso do tabu sexual, cujos inconvenientes só podemos evitar pela educação nesse sentido, para provar a verdade dessa asserção. O desconhecimento do problema mediúnico, a negação sistemática da ação dos Espíritos, a ignorância do assunto, enfim, são os responsáveis pelo tabu espírita, criador de neuroses e perturbações mentais. Ao lado das superstições, que agravam as conseqüências das manifestações inevitáveis, temos ainda o preconceito cultural, o falso saber de pessoas que se julgam orgulhosamente detentoras, como diz Kardec, de todas as leis naturais. A divulgação teórica e prática do Espiritismo é a única maneira possível de evitar todos esses inconvenientes, familiarizando as criaturas com esse aspecto inegável da realidade. Inútil e prejudicial toda tentativa de negar os fatos ou escamoteá-los através de explicações imaginadas. (N. do T.)
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CAPÍTULO V
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS
Ruídos, barulhos e perturbações – Lançamento de objetos - O Fenômeno de transporte. (Itens de 82 a 99).
87. As manifestações espontâneas nem sempre se limitam a ruídos e batidas. Degeneram às vezes em verdadeira barulheira e em perturbações. Móveis e objetos são revirados, projéteis diversos são atirados de fora, portas e janelas são abertas e fechadas por mãos invisíveis, vidraças se quebram e tudo isso não pode ser levado à conta de ilusão.
Toda essa desordem é muitas vezes real, mas algumas vezes é apenas aparente. Ouve-se gritaria num cômodo ao lado, barulho de louça que cai e se despedaça, de achas de lenha rolando no assoalho. Corre-se para ver e encontra-se tudo tranquilo em ordem. Mas a gente se retira, porém, e o tumulto recomeça.
De repente, numa casa ou família, começam a acontecer fatos estranhos como pancadas, batidas, barulhos insólitos, movimentação de objetos, combustão espontânea, etc., que não parece haverem sido conscientemente provocados ou favorecidos.
Geralmente, essas manifestações físicas espontâneas que os espíritos provocam são:
Pelo desejo de se comunicar e pedir alguma coisa; para perseguir e perturbar alguém; conto brincadeira para assustar os encarnados.
Para ilustração, vamos relatar casos extraídos de arquivos da Revista Espírita.
“Conhecemos duas irmãs que moravam juntas e que, durante muitos anos, encontravam de manhã suas roupas esparramadas, às vezes escondidas no teto, rasgadas e cortadas em pedaços, apesar das precauções que tomavam, guardando-as à chave. Tem acontecido muitas vezes que, pessoas deitadas, mas perfeitamente acordadas, viram sacudir as cortinas, arrancarem-lhe violentamente os travesseiros e as cobertas foram erguidas no ar e às vezes até mesmo atiradas fora do leito”.
“Ontem pela manhã, o Sr. Goubert, um dos padeiros da nossa vila; seu pai, que lhe serve de operário; e um jovem aprendiz, de dezesseis a dezessete anos, iam começar o trabalho rotineiro, quando perceberam que vários objetos deixavam espontaneamente seus devidos lugares para se lançarem na masseira. Assim, tiveram que retirar da farinha que trabalhavam, vários pedaços de carvão, dois pesos de tamanhos diversos, um cachimbo e uma vela. Malgrado sua extrema surpresa, continuaram a tarefa e tinham chegado a amassar o pão, quando, de repente, uma porção de massa de dois quilos, escapando das mãos do jovem ajudante, foi lançada a alguns metros de distância. Isto foi o prelúdio e como que o sinal da mais estranha desordem. Eram cerca de nove horas e, até meio-dia, foi positivamente impossível ficar ao forno e no compartimento vizinho. Tudo foi virado, derrubado, quebrado. Os pães, atirados à sala com as pranchas em que estavam, em meio a restos de toda sorte, ficaram completamente perdidos. Mais de trinta garrafas de vinho foram quebradas e, enquanto a manivela do poço rodava sozinha com extrema velocidade, as brasas, as pás, os cavaletes e os pesos saltavam no ar e executavam as mais diabólicas evoluções. Ao meio-dia o tumulto cessou pouco a pouco e algumas horas depois, quando tudo entrou em ordem e os utensílios foram repostos em seus lugares, o chefe da casa pôde retomar os trabalhos habituais. Este acontecimento estranho causou ao Sr. Goubert uma perda de pelo menos cem francos.”
Quem não tem conhecimento desse processo, por que ele acontece, a primeira coisa que vai dizer que o mesmo é coisa de assombração, de casa assombrada.
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CAPÍTULO V
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS
Ruídos, barulhos e perturbações – Lançamento de objetos - O Fenômeno de transporte. (Itens de 82 a 99).
84. Admitindo, porém, depois de minuciosa constatação, que os ruídos ou qualquer outro efeito são manifestações reais, seria racional que nos amedrontássemos? Seguramente não. Porque em caso algum oferecerão o menor perigo. Só podem ser afetadas de maneira prejudicial as pessoas que acreditam tratar-se do Diabo, como as crianças que temem o lobisomem ou o bicho-papão. Essas manifestações, em certas circunstâncias, aumentam e adquirem persistência desagradável. É necessária uma explicação a respeito, pois é natural que então se queira afastá-las.
Aqui, Kardec diz para não termos medo. Nós, espíritas, sabemos que essas manifestações espíritas, ruídos, pancadas, são os Espíritos querendo chamar a nossa atenção, para alguma coisa, e convencer-nos da presença de um poder superior ao do homem. Agora, aqueles que não têm esse conhecimento espírita acham que é coisa do diabo, e, por isso, têm medo.
85. Já dissemos que as manifestações físicas têm por fim chamara nossa atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de um poder superior ao homem. Dissemos também que os Espíritos elevados não se ocupam dessas manifestações, servindo-se dos inferiores para produzi-las, como nos servimos de criados para serviços grosseiros, e por isso com a finalidade que acima indicamos. Atingida essa finalidade, cessa a manifestação, que não é necessária. Um ou dois exemplos tornarão a questão mais compreensível.
O que Kardec diz aqui é que, o objetivo dessas manifestações, como já foi dito anteriormente, é chamar a atenção para algo que precisa ser averiguado como, por exemplo, o caso das mesas girantes que começaram nos salões de festas parisienses, para chamar a atenção dos magnetizadores da época, até chegar a Kardec. A partir daí, as manifestações das mesas girantes cessaram. Então, existe sempre uma razão para acontecerem essas manifestações. Disse também que os Espíritos elevados não se ocupam com esta ordem de manifestações; que se servem dos Espíritos mais imperfeitos para produzi-las.
86. Há muitos anos, quando iniciava meus estudos de Espiritismo, trabalhando uma noite nesse assunto, ouvi golpes que soaram ao meu redor durante quatro horas seguidas. Era a primeira vez que isso me acontecia. Verifiquei que não tinham nenhuma causa acidental, mas no momento não pude saber nada mais. Nessa época eu me encontrava sempre com um excelente médium escrevente. Logo no dia seguinte perguntei ao Espírito que se comunicava por ele qual era a casa dos golpes. Respondeu-me: Era o teu Espírito Familiar que queria falar-te. – E o que queria dizer-me? – Resposta: Podes perguntar a ele mesmo, que está aqui. Interroguei-o e ele se deu a conhecer por um nome alegórico. (Soube, depois, por outros Espíritos, que ele pertence a uma ordem muito elevada e que desempenhou na Terra um papel importante), indicou erros no meu trabalho, apontando as linhas em que eu os encontraria, deu-me útil e sábio conselho e acrescentou que estaria sempre comigo e me atenderia quando eu quisesse interrogá-lo. Desde então, realmente, esse Espírito jamais me deixou.
Deu-me numerosas provas de grande superioridade e sua intervenção benévola e eficaz socorreu-me tanto nos problemas da vida material quanto nos metafísicos. Mas desde essa primeira conversa os golpes cessaram. O que desejava ele, com efeito? Estabelecer comunicação regular comigo, e para isso precisava me avisar. Dado o aviso, explica a sua razão e estabelecidas as relações regulares, os golpes não eram mais necessários. Não se toca mais o tambor para acordar os soldados, quando eles já se levantaram.
Caso quase semelhante ocorreu com um de nossos amigos. Há tempos que no seu quarto ressoavam barulhos diversos, que já se tornavam cansativos. Tendo a oportunidade de interrogar o Espírito de seu pai por um médium escrevente, soube o que dele queriam, atendeu o pedido e não ouviu mais os barulhos. Assinalemos que as pessoas que dispõem de meio regular e fácil de comunicação com os Espíritos, como se compreende, estão muito menos sujeita a manifestações desse gênero.
Kardec relata um caso acontecido com ele mesmo. Aqui, temos uma situação em que houve uma manifestação física espontânea, ou seja, sem a participação, sem a vontade do Codificador, para chamar a sua atenção para algo que ele estava escrevendo e que não estava correto.
Tratava-se do espírito de Verdade, como se vê pelo relato mais extenso deste fato que  podemos encontrar em Obras Póstumas, segunda parte, comunicação de 25 de março de 1856, sob o título de Meu Guia Espiritual. Importante assinalar a afirmação de Kardec de que esse Espírito jamais o abandonou, o que põe por terra a teoria errônea que se lançou no meio espírita, segundo a qual esse Espírito deixou a Terra depois de escrito O Livro dos Espíritos. Pelo contrário toda a Codificação e todos os trabalhos de Kardec foram por ele orientados. (N. do T.)
ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO V
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS
Ruídos, barulhos e perturbações – Lançamento de objetos - O Fenômeno de transporte. (Itens de 82 a 99).
Aqui, Kardec explica que esses fenômenos acontecem independentemente da vontade do médium. Às vezes, a pessoa nem sabe que é um agente desses fenômenos.
82. O fenômeno de que tratamos são provocados. Mas acontece às vezes que ocorrem de maneira espontânea. Não intervém então a vontade dos participantes, e longe disso, pois se tornam quase sempre muito importunos. O que exclui, além disso, a suposição de serem efeitos de uma imaginação superexcitada pelas ideias espíritas é que ocorrem entre pessoas que nunca ouviram falar a respeito e quando menos elas podiam esperar. Esses fenômenos, cuja manifestação se poderia considerar como de prática espírita natural, são muito importantes porque excluem as suspeitas de conivência. Recomendamos, por isso, às pessoas que se ocupam de fenômenos espíritas, coletarem todos os fatos desse gênero de que tiverem conhecimento, mas sobretudo constatarem cuidadosamente a sua realidade através de minucioso estudo das circunstâncias, para se assegurarem de não se tratar de simples ilusão ou mistificação.
Os fenômenos tratados nesse capítulo são provocados. Sucede, porém, às vezes, produzirem-se espontaneamente, sem intervenção da vontade do médium, até mesmo contra a sua vontade, pois que frequentemente se tornam muito importunos. Além disso, para excluir a suposição de que possam ser efeito de imaginação superexcitada pelas ideias espíritas é que se produzem entre pessoas que nunca ouviram falar disso e quando menos elas podiam esperar. Allan Kardec explica que tais fenômenos, cuja manifestação se poderia considerar como de prática espírita natural, são muito importantes, porque excluem as suspeitas de conivência. Por isso mesmo, recomenda, às pessoas que se ocupam com os fatos Espíritas, que registrem todos os desse gênero, que lhes cheguem ao conhecimento, mas, sobretudo, que lhes verifiquem cuidadosamente a realidade, através de minucioso estudo das circunstâncias, a fim de adquirirem a certeza de que não são joguetes de uma ilusão, ou de uma mistificação. Agora, é preciso muito cuidado para não acharmos que todo barulho é uma manifestação física.
Nota de Herculano Pires:
(Pergunta feita a São Luís) Terias a bondade de nos dizer se os fatos que dizem ter ocorrido na rua Dês Noyers são reais? Quanto à sua possibilidade não temos dúvidas.
- Sim, esses fatos são verdadeiros, mas a imaginação do povo os exagerou, seja por medo ou por ironia. Entretanto, repito, são verdadeiros. Foram manifestações de um Espírito que se diverte um pouco com os moradores.
83. De todas as manifestações espíritas, as mais simples e frequentes são os ruídos e as pancadas. Mas é sobretudo nesses casos que devemos temer a ilusão, pois há muitas causas naturais que podem produzi-las: o vento que assobia ou sacode um objeto, algo que a gente mesmo está movendo sem perceber, um efeito acústico, um animal oculto, um inseto e assim por diante, e até mesmo brincadeiras de mau gosto. Os ruídos espíritas têm, aliás, características inconfundíveis, com intensidade e timbre muito variados. São facilmente reconhecíveis e não podem ser confundidos com os estalidos da madeira, o crepitar do fogo ou o tique-taque de um relógio. São golpes secos, às vezes surdos, fracos e leves, de outras vezes claros, distintos, até mesmo barulhentos, que mudam de lugar e se repetem sem nenhuma regularidade mecânica. De todos os meios de controle, o mais eficaz e que não deixa nenhuma dúvida quanto à origem é submetê-los à nossa vontade. Se eles se fizeram ouvir do lado que indicarmos, se responderem ao nosso pensamento dando o número que pedimos, aumentando ou diminuindo sua intensidade, não podemos negar a presença de uma causa inteligente. Mas a falta de resposta nem sempre prova o contrário.
Essas manifestações estiveram relacionadas ao surgimento da Doutrina Espírita. Elas sempre existiram nas mais diversas culturas e receberam as mais diversas interpretações. A persistência de alguns Espíritos em darem mostras ostensivas de sua presença em certas localidades, constituem a fonte de origem da crença na existência de lugares mal-assombrados. Na verdade, os Espíritos ainda muito presos a coisas materiais permanecem em determinados locais por tempo variável, produzindo fenômenos de efeitos físicos, que causam medo.
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SEGUNDA PARTE
DA TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES
Movimentos e suspensões. Ruídos. Aumento e diminuição de peso dos corpos. (Itens de 72 a 81)
Encerrando esse estudo, vamos observar os Itens de 78 a 81.
78. Os incrédulos objetam, apesar de tudo, que o levantamento das mesas sem apoio é impossível, por contratar a lei da gravitação. Responderemos, primeiro, que a negação não é uma prova; depois, que existindo o fato, estranhamente contrário a todas as leis conhecidas, isso apenas provaria que ele se apoia em alguma lei desconhecida, pois os negadores não podem ter a pretensão de conhecer todas as leis da Natureza. Explicamos essa lei, mas isso não basta para que eles a aceitem, pois a explicação é dada por Espíritos que deixaram as vestes terrenas, em lugar daqueles que ainda as têm e envergam o fardão da Academia. Dessa maneira, se o Espírito de Arago, em vida, lhes tivesse dado essa lei, eles a aceitariam de olhos fechados, mas dada pelo mesmo Espírito, depois da morte, é apenas uma utopia. E isso por que? Porque a morte de Arago é para eles absoluta. Não temos a pretensão de dissuadi-los disso, mas com esta objeção poderia embaraçar algumas pessoas, tentaremos respondê-las do seu mesmo ponto de vista, ou seja, fazendo abstração, por um instante, da teoria da animação factícia.
79. Quando se faz o vácuo na campânula da máquina pneumática é impossível erguê-la, tal a força de adesão que lhe dá a pressão do ar sobre ela. Deixando-se entrar o ar, a campânula se eleva com a maior facilidade, porque o ar debaixo contrabalança o de cima. Entretanto, abandonada a si mesma, permanecerá no prato em virtude da lei da gravitação. Comprima-se, porém, o ar interior, dando-lhe uma densidade maior que o de cima, e a campânula se levantará apesar da gravitação. Se a corrente de ar for rápida e violenta, ela poderá manter-se no espaço sem nenhum apoio visível, como os bonecos que giram sobre os jatos de um repuxo. Por que, pois, o fluido universal, que é o elemento básico de toda a matéria, acumulando-se em torno da mesa, não teria a propriedade de aumentar ou diminuir o seu peso específico relativo, como faz o ar com a campânula, o hidrogênio com os balões, sem que fique derrogada a lei da gravitação? Conheceis todas as propriedades e toda a força desse fluido? Não. E então? Como negar um fato que não podeis explicar?
80. Voltemos à teoria do movimento da mesa. Se um Espírito pode erguer uma mesa pelo meio indicado, pode erguer qualquer outra coisa: uma poltrona, por exemplo. E se pode erguer esta poderá também erguê-la com uma pessoa sentada, havendo força suficiente. Eis, pois, a explicação desse fenômeno, cem vezes produzido pelo sr. Home, consigo mesmo e com outras pessoas. Ele o repetiu durante uma viagem recente a Londres, e para provar que os assistentes não eram vítimas de uma ilusão de óptica, fez no teto um sinal a lápis e deixou que passassem por baixo dele. Sabe-se que o sr. Home é um potente médium de efeitos físicos. Nesse caso, ele era a causa eficiente e o objeto.
81. Tratamos há pouco do possível aumento de peso. É um fenômeno que às vezes se produz e não tem nada de mais anormal do que a prodigiosa resistência da campânula sob a pressão da coluna atmosférica. Sob a influência de certos médiuns, objetos muito leves oferecido à mesma resistência, cedendo de repente ao menor esforço.
Na experiência da campânula, ela realmente não pesa mais nem menos que o seu peso normal, mas parece mais pesada por efeito da causa exterior que a pressiona. O mesmo provavelmente, acontece com a mesa. Ela tem sempre o seu peso natural, pois a sua massa não foi aumentada, mas uma força exterior se opõe ao seu movimento, e essa causa pode estar nos fluidos ambientes que a penetram, como a da campânula está na pressão atmosférica. Faça-se a experiência da campânula diante de um homem ignorante: não compreendendo que o agente é o ar, que ele não vê, será fácil persuadi-lo que se trata do Diabo.
Talvez se diga que o fluido, sendo imponderável, sua acumulação não poderá aumentar o peso de um objeto. De acordo. Mas é preciso notar que só nos servimos da palavra acumulação com finalidade  comparativa e não para identificação do fluido com o ar. Ele é imponderável, seja; mas a verdade é que nada o prova, sua natureza íntima nos é desconhecida e estamos longe de conhecer todas as suas propriedades. Antes de conhecer o peso do ar, ninguém podia suspeitar dos efeitos desse peso. A eletricidade é também classificada entre os fluidos imponderáveis. No entanto, um corpo pode ser fixado por uma corrente elétrica e resistir fortemente a quem pretender erguê-lo. Aparentemente, portanto, torna-se mais pesado. Do fato de não se ver o suporte, seria ilógico concluir que ele não existe. O Espírito pode, pois, ter alavancas que desconhecemos. A Natureza nos prova diariamente que o seu poder não se limita ao testemunho dos nossos sentidos.
Não se pode explicar senão por uma causa semelhante o estranho fenômeno, de que há tantos exemplos, de um jovem débil e delicado erguer com dois dedos, sem esforço e como uma pena, um homem forte e robusto com a cadeira em que se assenta. E as intermitências da faculdade provam que a sua causa é estranha à pessoa que a possui.
Ressalta Allan Kardec que os incrédulos ainda objetam que o fenômeno da suspensão das mesas, sem ponto de apoio, é impossível, por contrariar a lei de gravitação. Responde o Codificador que, em primeiro lugar, a negação não constitui uma prova; em segundo lugar, que, sendo real o fato, pouco importa contrarie ele todas as leis conhecidas, circunstância que só provaria uma coisa: que ele decorre de uma lei desconhecida e os negadores não podem alimentar a pretensão de conhecerem todas as leis da Natureza.
Encerrando o estudo do capítulo IV, relembramos que o fluido universal, que encerra o princípio da vida, é o agente principal das manifestações e que esse agente que recebe seu impulso do Espírito, quer seja encarnado ou errante. O fluido condensado constitui o perispírito ou invólucro semimaterial do Espírito. Na encarnação, o perispírito se acha unido à matéria do corpo; na erraticidade está livre. Quando o Espírito está encarnado, a substância do perispírito se acha mais ou menos fundida com a matéria corpórea, mais ou menos colada a ela, se assim podemos dizer. Em algumas pessoas se verifica, por efeito de suas organizações, uma espécie de emanação desse fluido e é isso, propriamente falando, o que constitui o médium de efeitos físicos. A emissão do fluido animalizado pode ser mais ou menos abundante, como mais ou menos fácil a sua combinação, daí os médiuns mais ou menos possantes. Essa emissão, porém, não é permanente, o que explica a intermitência do poder mediúnico. Para compreender esses processos Allan Kardec propõe uma comparação. Quando queremos atingir alguma coisa à distância de nós, é pelo pensamento que o tentamos, mas o pensamento sozinho não poderia realizar o nosso intento. Precisamos de um instrumento que o pensamento dirigirá: um bastão, um projétil, um sopro, etc. Note-se ainda que o pensamento não age diretamente sobre o bastão, que precisamos pegar. A inteligência, que é o próprio Espírito encarnado, está unida ao corpo pelo perispírito e não pode agir sobre o bastão sem o corpo. Assim: ela (a inteligência) age sobre o perispírito que é a substância com que tem mais afinidade, o perispírito age sobre os músculos, estes fazem a mão pegar o bastão e o bastão atinge o alvo. Quando o Espírito está desencarnado necessita de um instrumento que não pertence ao seu organismo esse instrumento é o fluido com ao auxílio do qual torna o objeto apropriado a realizar o impulso da sua vontade.              Quando, pois, um objeto é movido, erguido ou atirado no ar, o Espírito não o pegou, não o ergueu nem o atirou como nós fazemos com as mãos. Ele o saturou, por assim dizer, com o seu fluido, combinado com o do médium, e o objeto, assim, momentaneamente vivificado, age como um ser vivo, com a diferença de não ter vontade própria e obedecer ao impulso da vontade do Espírito. Assim, o fluido vital, dirigido pelo Espírito, dá vida artificial e momentânea aos corpos inertes. Sendo o perispírito formado por esse fluido, segue-se que o Espírito encarnado, por meio do seu perispírito, é quem dá vida ao corpo, conservando-se unido a ele enquanto o organismo o permite. Quando se retira, o corpo morre. Agora, se em vez de uma mesa, fizéssemos uma estátua de madeira, teríamos sob a ação mediúnica, uma estátua que se moveria e daria pancadas, respondendo às nossas perguntas. Teríamos, em suma, uma estátua animada momentaneamente de uma vida artificial. Em lugar de mesas falantes, também se poderia dizer estátuas falantes. Quanta luz lança esta teoria sobre uma imensidade de fenômenos até agora inexplicáveis! Quantas alegorias e efeitos misteriosos vem explicar! Ressalta Allan Kardec que os incrédulos ainda objetam que o fenômeno da suspensão das mesas, sem ponto de apoio, é impossível, por contrariar a lei de gravitação. Responde o Codificador que, em primeiro lugar, a negação não constitui uma prova; em segundo lugar, que, sendo real o fato, pouco importa contrarie ele todas as leis conhecidas, circunstância que só provaria uma coisa: que ele decorre de uma lei desconhecida e os negadores não podem alimentar a pretensão de conhecerem todas as leis da Natureza.
RESUMO
O que são as  manifestações físicas?
As manifestações físicas ou os chamados "fenômenos de efeito físico" são a possibilidade dos Espíritos de agirem sobre a matéria, movimentando corpos sólidos, emitindo sons, etc.
Como é possível para um espírito agir sobre a matéria?
Animando-a, através da combinação do fluído universal e do fluído animal (ou fluído vital, extraído do médium), pela ação de sua vontade, com a colaboração do médium ou à sua revelia, através do perispírito, à distância, pelo pensamento.
O que é o "Fluído Universal"?
É o princípio elementar de todas as coisas. É a fonte da vida, pois que anima a matéria, mas não é a fonte da inteligência. O fluído universal não é uma emanação da Divindade; é uma criação de Deus. Para encontrá-lo na sua simplicidade absoluta, é necessário remontar aos Espíritos puros. Ele se modifica, entretanto, seguindo a natureza dos mundos, ou seja, sua condensação é maior ou menor, para formar a matéria compacta. São propriedades do fluído universal o fluído elétrico; o fluído magnético animal; o perispírito (= fluído condensado formado pelo fluído universal).
SOBRE O PERISPÍRITO:
Segundo São Luís, “o perispírito oferece a chave de todos os fenômenos espíritas materiais”. Sendo o liame que une o Espírito à matéria, nos Espíritos desencarnados ele está livre, ao passo que nos encarnados ele permanece mais ou menos “colado” à matéria corpórea. Ele é o intermediário entre o Espírito e a matéria; sua densidade está ligada à natureza dos diversos mundos, bem como à elevação moral dos Espíritos; nos mais adiantados, ele é menos denso, portanto menos sujeito às impressões da matéria. Nos menos adiantados, ele aproxima-se da matéria determinando assim a persistência das sensações da vida terrena nos Espíritos de ordem inferior, fazendo-os pensar e agir como se ainda estivessem de posse do corpo físico. É justamente essa densidade do perispírito, maior ou menor, que determina maior afinidade com a matéria, sendo os Espíritos mais materializados (os inferiores) mais afetos às manifestações físicas.
Sobre os Espíritos que produzem os efeitos físicos
Ainda segundo São Luís, os Espíritos que produzem esses efeitos são sempre inferiores, ainda não suficientemente livres das influências materiais. Se necessitam ajuda, servem-se quase sempre de seus iguais, que acodem espontaneamente. Os Espíritos superiores servem-se deles para produzir esses efeitos, valendo-se de sua ascendência moral sobre os mesmos. Muito embora a ação da vontade do Espírito seja fator determinante para a produção do fenômeno, alguns Espíritos são de tal maneira atrasados e apegados à vida física, que agem instintivamente, sem dar-se conta da verdadeira causa dos efeitos que produzem; conservando fortemente as ilusões da vida terrena, pensam agir como quando no corpo.
Sobre o mecanismo do fenômeno
O fluido universal é o agente principal das manifestações; esse agente recebe seus impulsos do Espírito, quer seja encarnado ou desencarnado. Sendo esse fluído o que anima a matéria e o que forma o perispírito, segue-se que o Espírito encarnado á vida ao corpo através do perispírito; quando este se retira, o corpo morre. Portanto, o espírito propriamente dito não pode agir sobre a matéria sem um intermediário, qual seja, o perispírito. Para mover corpos sólidos, os Espíritos retiram o fluido universal que anima a matéria, combinando com seu próprio fluído animal ou fluído vital extraído do médium apropriado para tais efeitos, valendo-se da colaboração voluntária ou consciente do médium ou não. A matéria não é obstáculo para os Espíritos, que tudo penetram. Para mover corpos sólidos, os Espíritos dispõem dos fluídos combinados que eles põem em ação, pela sua vontade. O fluído do perispírito penetra na matéria e se identifica com ela, dando-lhe vida fictícia. A força que move os objetos não é, portanto, a força muscular. Lembra-nos São Luís que “os processos dos Espíritos devem estar sempre em relação com sua organização”. Não dispondo do corpo físico, eles utilizam-se dos fluídos, como nos explica Kardec nos itens 76 e 77.
 ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
SEGUNDA PARTE
DA TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES
Movimentos e suspensões. Ruídos. Aumento e diminuição de peso dos corpos. (Itens de 72 a 81)
Dando continuidade ao estudo, vamos observar os Itens 76 e 77.
76. Façamos uma comparação. Quando queremos atingir alguma coisa situada à distância de nós, é pelo pensamento que o tentamos, mas o pensamento sozinho não poderia realizar o nosso intento. Precisamos de um instrumento que o pensamento dirigirá: um bastão, um projétil, um assopro, etc. Note-se ainda que o pensamento não age diretamente sobre o bastão, que precisamos pegar. A inteligência, que é o próprio Espírito encarnado em nosso corpo, está unida ao corpo pelo perispírito e não pode agir sobre o corpo sem perispírito, da mesma maneira que não pode agir sobre o bastão sem o corpo. Assim, ela age sobre o perispírito, que é a substância com que tem mais afinidade, o perispírito age sobre os músculos, estes fazem a mão pegar o bastão e o bastão atinge o alvo. Quando o Espírito não está encarnado necessita de um instrumento que não pertence ao seu organismo: esse instrumento é o fluido, com o auxílio do qual torna o objeto apropriado a realizar o impulso da sua vontade.
77. Quando, pois, um objeto é movido, erguido ou atirado no ar, o Espírito não o pegou, não o ergueu nem o atirou como nós o fazemos com as mãos. Ele o saturou, por assim dizer, como o seu fluido, combinado com o do médium. O objeto, assim momentaneamente vivificado, age como um ser vivo, com a diferença de não ter vontade própria e obedecer ao impulso da vontade do Espírito.
Assim, o fluido vital, dirigido pelo Espírito, dá uma vida artificial e momentânea aos corpos inertes. Sendo o perispírito formado por esse fluido, segue-se que o Espírito encarnado, por meio do seu perispírito, é quem dá vida ao corpo, mantendo-se unido a ele enquanto o organismo o permite. Quando ele se retira, o corpo morre. Então, se em lugar de uma mesa fizéssemos uma estátua de madeira, teríamos, sob a ação mediúnica, uma estátua que se moveria e daria pancadas, respondendo às nossas perguntas. Numa palavra: teríamos uma estátua animada por uma vida artificial. E como se diz mesas falantes, também se poderiam dizer estátuas falantes. Quanta luz lança esta teoria sobre uma infinidade de fenômenos até agora inexplicáveis! Quantas alegorias e efeitos misteriosos vêm explicar!
Quando nós temos vontade de atuar sobre um ponto que está muito distante, como, por exemplo, fazer uma prece, utilizamos o nosso pensamento, e ele atingirá o nosso objetivo. Agora, para mover uma caneta, digitar algo, o comando da ação ao corpo é dado pelo perispírito, diretamente ao membro que vai efetuar a tarefa, no caso, à sua mão. Aqui, estamos falando do Espírito encarnado. Quando ele não está encarnado, para fazer qualquer objeto se mover, é necessário a presença de um médium, do qual o Espírito retira o fluido animalizado e, junto com o fluido universal dele, injeta, vamos dizer assim, no objeto escolhido. Quando, pois, um objeto é movido, erguido ou atirado no ar, o Espírito não o pegou, não o ergueu nem o atirou como nós fazemos com as mãos. Ele o saturou, por assim dizer, com o seu fluido, combinado com o do médium, e o objeto, assim, momentaneamente vivificado, age como um ser vivo, com a diferença de não ter vontade própria e obedecer ao impulso da vontade do Espírito. Agora, se em vez de uma mesa, fizéssemos uma estátua de madeira, teríamos sob a ação mediúnica, uma estátua que se moveria e daria pancadas, respondendo às nossas perguntas. Teríamos, em suma, uma estátua animada momentaneamente de uma vida artificial. Em lugar de mesas falantes, também se poderia dizer estátuas falantes. Quanta luz lança esta teoria sobre uma imensidade de fenômenos até agora inexplicáveis! Quantas alegorias e efeitos misteriosos vem explicar! Ressalta Allan Kardec que os incrédulos ainda objetam que o fenômeno da suspensão das mesas, sem ponto de apoio, é impossível, por contrariar a lei de gravitação. Responde o Codificador que, em primeiro lugar, a negação não constitui uma prova; em segundo lugar, que, sendo real o fato, pouco importa contrarie ele todas as leis conhecidas, circunstância que só provaria uma coisa: que ele decorre de uma lei desconhecida e os negadores não podem alimentar a pretensão de conhecerem todas as leis da Natureza.
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SEGUNDA PARTE
DA TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES
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Dando continuidade ao estudo, vamos observar o Item 75.
75. Essas explicações são claras, categorias, sem ambiguidades. Delas ressalta o ponto capital de que os fluidos universais, que encerra o princípio da vida, é o agente principal das manifestações e que esse agente recebe seu impulso do Espírito, quer seja encarnado ou errante. O fluido condensado constitui o perispírito ou invólucro semi-material do Espírito. Na encarnação, o perispírito está ligado à matéria do corpo; na erraticidade está livre. Quando o Espírito está encarnado, a substância do perispírito está mais ou menos fundida com a matéria corpórea, mais ou menos colada a ela, se assim podemos dizer. Em algumas pessoas há uma espécie de emanação desse fluido, em consequência de condições especiais de sua organização, e é disso, propriamente falando, que resultam os médiuns de efeitos físicos. A emissão do fluido animalizado pode ser mais ou menos abundante e sua combinação mais ou menos fácil, e daí os médiuns mais ou menos possantes. Mas essa emissão não é permanente, o que explica a intermitência da força.
O que está sendo dito aqui é que existem criaturas que nascem com essa faculdade, ou seja, que emanam esse fluido com maior facilidade e que se une aos fluidos dos desencarnados para que haja a manipulação de objetos.
Esta teoria da emanação e da emissão do fluido animalizado ou fluido perispirítico do médium, e de sua combinação mais ou menos fácil com o fluido universal do Espírito, para a produção dos fenômenos de efeitos físicos e consequentemente de materializações, exige atenção para bem compreender o desenvolvimento dos fenômenos. A última frase é de grande importância para explicar as intermitências das funções mediúnicas, cuja causa é muitas vezes orgânica e se costuma atribuir a motivos morais.
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Dando continuidade ao estudo do Item 74, vamos continuar apreciando as perguntas que Kardec fez ao Espírito São Luís.
20. As pessoas ditas elétricas podem ser consideradas médiuns?
“Essas pessoas tiram de si mesmas o fluido necessário à produção dos fenômenos e podem agir sem auxilio dos Espíritos. Não são propriamente médiuns, no sentido exato da palavra. Mas pode ser também que um Espírito as assista e aproveite as suas disposições naturais”.
É um caso típico de animismo, ou seja, a pessoa, médium ou não, manipula o seu próprio fluido. Mas, como São Luís está dizendo, pode haver um Espírito assistindo a esse trabalho. Agora, o tipo de Espírito que vai estar ali assistindo aos trabalhos vai depender da sintonia da pessoa. Vai depender do objetivo da criatura que está produzindo o fenômeno. Ela pode atrair Espíritos bons ou Espíritos inferiores, brincalhões.
Nota de Kardec: Essas pessoas seriam como os sonâmbulos, que podem agir com ou sem o auxilio dos Espíritos. (ver no capítulo XIV, Os Médiuns, a parte relativa aos sonâmbulos).
21. Ao mover os corpos sólidos, os Espíritos penetram na substância dos mesmos ou permanecem fora dela?
“Fazem uma coisa e outra. Já dissemos que a matéria não é obstáculo para os Espíritos, que tudo penetram. Uma porção do seu perispírito se identifica, por assim dizer, com o objeto em que penetra?”
Vamos relembrar o caso das mesas girantes. Será que o Espírito estava dentro da mesa, ou seja, entranhado na mesa? São Luís responde que pode acontecer isso. Pode agir também como se estivasse ao lado da mesa.
22. Como o Espírito bate? Com um objeto material?
“Não, como não usa os braços para erguer a mesa. Sabes que ele não dispõe de martelos. Seu martelo é o fluido combinado que ele põe em ação, pela sua vontade, para mover ou bater. Quando move, a luz vos transmite a visão do movimento; quando bate, o ar vos transmite o som”.
Tudo depende da maneira como o objeto é manipulado. O deslocamento dele ou a emissão de ruído.
23. Concebemos isso quando se trata de um corpo duro. Mas, como pode nos fazer ouvir ruídos ou sons através do ar?
“Desde que age sobre a matéria, pode agir tanto sobre o ar como sobre a mesa. Quanto aos sons articulados, pode imitá-los como a todos os demais ruídos”.
24. Dizes que o espírito não usa as mãos para mover a mesa, mas em certas manifestações apareceram mãos a dedilharem teclados, movimentando as teclas e produzindo sons. Não pareceria, nesse caso, que as teclas eram movimentadas pelos dedos? E a pressão dos dedos não é também direta e real, quando a sentimos em nós mesmos, quando essas mãos deixam marcas na pele?
“Não poderias compreender a natureza dos Espíritos e sua maneira de agir por meio dessas comparações, que dão apenas uma ideia incompleta. É um erro querer sempre assemelhar às vossas, as maneiras deles procederem. Os processos dos Espíritos devem estar em relação com a sua organização. Já não dissemos que o fluido do perispírito penetra na matéria e se identifica com ela, dando-lhe uma vida factícia? Pois bem, quando o Espírito movimenta as teclas com os dedos ele o faz realmente. Mas não é pela força muscular que faz a pressão. Ele anima a tecla, como faz com a mesa, e a tecla obedece e vibra a corda. Neste caso também ocorre um fato de difícil compreensão para vós. É que certos Espíritos são ainda tão atrasados e de tal forma materiais, em comparação com os Espíritos elevados, que conservam as ilusões da vida terrena e julgam agir como quando estavam no corpo. Não percebem a verdadeira causa dos efeitos que produzem, como um pobre homem não compreende a teoria dos dons que pronuncia. Se perguntares como tocam o piano, dirão que com os dedos, pois assim creem fazer. Produzem o efeito de maneira instintiva, sem o saberem, e não obstante pela sua vontade. Quando falam e se fazem ouvir, é a mesma coisa”.
São Luís está dizendo que a maneira dos Espíritos procederem é diferente da nossa. Nós manipulamos matéria e os Espíritos manipulam fluidos, o que é bem diferente. Então, fica difícil para os Espíritos explicarem devido ao nosso entendimento. Nós trabalhamos com coisas visíveis, eles não. Eles trabalham com o abstrato.
Nota de Kardec: Compreende-se, assim, que os Espíritos podem fazer tudo quanto fazemos, mas pelos meios correspondentes ao seu organismo. Algumas forças que lhes são próprias substituem os nossos músculos, da mesma maneira que a mímica substitui, nos mudos, a palavra que lhes falta.
25. Entre os fenômenos citados como provas da ação de uma potência oculta, há os que são evidentemente contrários a todas as leis conhecidas da Natureza. A dúvida, então, não parece justa?
“Acontece que o homem está longe de conhecer todas as leis da Natureza: se as conhecesse, seria Espírito superior. Cada dia, entretanto, oferece um desmentido aos que tudo pensam saber pretendendo impor limites à Natureza, e nem por isso eles se mostram menos orgulhosos. Desvendando incessantemente novos mistérios, Deus adverte ao homem que deve desconfiar das suas próprias luzes, pois chegará um dia em que a ciência do mais sábio será confundida. Não vê todos os dias os exemplos de corpos dotados de movimento capazes de superar a força de gravitação? À bala de um canhão não supera momentaneamente essa força?” “Pobres homens que vos considerais tão sábios, cuja tola vaidade é a todo instante confundida, sabei que sois ainda muito pequeninos”!
É fundamental nós entendermos isso que São Luís está dizendo aqui. Nós ainda não temos capacidade nem condição de conhecer todas as leis da Natureza, porque algumas não nos seriam úteis agora e poderiam complicar o nosso entendimento como um todo. As coisas são passadas para nós de acordo com a nossa necessidade. Porém, isso não significa que um dia não tenhamos essa condição.
Concluindo esse estudo, entendemos pelas respostas apresentadas a Allan Kardec pelo Espírito São Luís, que os Espíritos podem fazer tudo o que fazemos, mas pelos meios correspondentes ao seu organismo.
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Dando continuidade ao estudo do Item 74, vamos continuar apreciando as perguntas que Kardec fez ao Espírito São Luís.
17.  Qual a causa preponderante na produção deste fenômeno: o Espírito ou o fluido?
“O Espírito é a causa e o fluido é o seu instrumento: ambos são necessários”.
18. Qual o papel da vontade do médium?
“Chamar os Espíritos e ajudá-los a impulsionar os fluidos”.
18 a É indispensável à vontade do médium?
“Ela aumenta a potência, mas nem sempre é necessária, desde que pode haver o movimento, malgrado ou contra a vontade do médium, o que é uma prova da existência de uma causa independente”.
Nós já estudamos que a presença do médium é importante. Porém, os fenômenos acontecem independentemente da sua vontade. Citamos como exemplo, o caso das chamadas casas mal-assombradas, quando uma pessoa doa o fluido, sem saber que tem essa faculdade.
Observação – Nem sempre é necessário o contato das mãos para mover um objeto. Ele basta, quase sempre, para dar o primeiro impulso. Iniciado o movimento, o objeto pode obedecer à vontade sem contato material. Isto depende da potencia mediúnica ou da natureza dos Espíritos. Aliás, o primeiro contato nem sempre é necessário: temos a prova disso nos movimentos e deslocamentos espontâneos, que ninguém pensou em provocar.
19. Por que motivos não podem todos produzir o mesmo efeito e todos os médiuns não tem a mesma potencia?
“Isso depende do organismo e da maior ou menor facilidade na combinação dos fluidos, e ainda da maior ou menor simpatia do médium com os Espíritos que nele encontram a  potencia fluídica necessária. Esta potência, como a dos magnetizadores, é maior ou menor. Encontramos, nesse caso, pessoas inteiramente refratárias, outras em que a combinação só se verifica pelo esforço da sua própria vontade, e outras, enfim, em que ela se dá tão natural e facilmente que nem a percebem, servindo de instrumentos sem o saberem, como já dissemos”. (ver a seguir, o capítulo sobre as manifestações espontâneas)
Todos nós possuímos fluido animalizado, porque é um fluido da matéria, para atender as necessidades da caminhada evolutiva. Porém, com fluido específico para cada coisa.
Nota de Kardec: O magnetismo é, não há dúvida, o princípio desses fenômenos, mas não como geralmente se pensa. Temos a prova disso na existência de poderosos magnetizadores que não movimentam uma mesinha de centro, e de pessoas que não sabem magnetizar, até mesmo crianças, que bastam pousar os dedos numa mesa pesada para que ela se agite. Logo, se a potencia mediúnica não depende da magnética, é que tem outra causa.
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(Itens de 72 a 81)
Dando continuidade ao estudo do Item 74, vamos continuar apreciando as perguntas que Kardec fez ao Espírito São Luís.
14.  Qual o papel do médium nesse fenômeno?
“Eu já disse que o fluido próprio do médium se combina com o fluido universal do Espírito. É necessária a união de ambos, do fluido animalizado e do fluido universal, para dar a vida à mesa. Mas não se deve esquecer que essa vida é apenas momentânea, extinguindo-se com a mesma ação, e muitas vezes antes que a ação termine, quando a quantidade de fluido já não é mais suficiente para animar a mesa”.
Aqui, é bom lembrar que, não são todos os médiuns que possuem esse fluido. Então, o papel do médium aí é doar esse fluido, porque o Espírito não o tem. A falta desse fluido faz a mesa cessar de mover-se, como se o Espírito comunicante se houvesse ausentado. Esse fato pode explicar as interrupções inesperadas na comunicação.
15.  O Espírito pode agir sem o concurso do médium?
“Pode agir à revelia do médium. Isso quer dizer que muitas pessoas ajudam os Espíritos na realização de certos fenômenos, sem o saberem. O Espírito tira dessas pessoas, como de uma fonte, o fluido animal de que necessita. É dessa maneira que o concurso de um médium, como o entendes, nem sempre é necessário, o que acontece, sobretudo nos fenômenos espontâneos”.
Entendemos que, de um modo geral, não há a possibilidade de acontecer um fenômeno sem a presença do chamado médium. Porém, nos fenômenos espontâneos, como, por exemplo, uma casa que é considerada mal assombrada, onde acontecem coisas:: panela batendo, porta retrato se movendo, por que isso? Porque na casa existe uma pessoa que possui esse fluido específico para esse tipo de manifestação.
16.  A mesa animada age com inteligência? Pensa?
“É como o bastão com que fazes um sinal inteligente a alguém. Não pensa, mas a vitalidade de que está animado lhe permite obedecer ao impulso de uma inteligência. É bom saber que a mesa em movimento não se torna Espírito e não tem pensamento nem vontade”.
O bastão, como apêndice da mão, é animado facticiamente por esta. Lançado ao chão, não tem vida, não dá mais qualquer sinal inteligente. No mundo espiritual os objetos são de outra natureza. A mão pode pegar um bastão e movimentá-lo, mas o pensamento não pode fazer assim. Misturando o fluido animal do médium com o fluido universal do Espírito, temos um pouco da natureza humana e um pouco da espiritual, formando um elemento intermediário. Impregnada a mesa com esse elemento, o fluido material se liga madeira e o fluido espiritual fica ligado ao pensamento do Espírito. Essa, ao que parece, a mecânica da levitação e essa a natureza do ectoplasma. É como se mesa fosse uma marionete.

Nota de Kardec: Servimo-nos frequentemente de uma expressão semelhante na linguagem usual: de uma roda que gira com velocidade dizemos que está animada de um movimento rápido.
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Dando continuidade ao estudo do Item 74, vamos continuar apreciando as perguntas que Kardec fez ao Espírito São Luís.
10.  Os Espíritos que ele chama para ajudá-lo são inferiores a ele? Estão sob as suas ordens?
“Quase sempre são seus iguais e acodem espontaneamente”.
11.  Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos?
“Os Espíritos que produzem esses efeitos são sempre inferiores, ainda não suficientemente livres das influencias materiais”.
12.  Compreendemos que os Espíritos superiores não se ocupem dessas coisas, mas perguntamos se, sendo mais desmaterializados., teriam o poder de fazê-lo, se o quisessem?
“Eles possuem a força moral, como os outros possuem a força física. Quando necessitam desta última, servem-se dos que a possuem. Já não dissemos que eles se servem dos Espíritos inferiores como vós dos carregadores?”
Nota de Kardec: – A densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de acordo com a natureza dos mundos, como já foi ensinado. (O Livro dos Espíritos, nº 94 e 187). Parece variar também no mesmo mundo, segundo os indivíduos. Nos Espíritos moralmente adiantados ele é mais sutil e se aproxima do perispírito das entidades elevadas; nos Espíritos inferiores aproxima-se da matéria e é isso que determina a persistência das ilusões da vida terrena nas entidades de baixa categoria, que pensam e agem como se ainda estivessem na vida física, tendo os mesmos desejos e quase poderíamos dizer a mesma sensualidade. Essa densidade maior do perispírito, estabelecendo maior afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos para as manifestações físicas. É por essa razão que um homem refinado, habituado aos trabalhos intelectuais, de corpo frágil e delicado, não pode. erguer pesados fardos como um carregador. A matéria de seu corpo é de alguma maneira menos compacta, os órgãos são menos resistentes, o fluido nervoso menos intenso. O perispírito é para o Espírito o que o corpo é para o homem. Sua densidade esta na razão da inferioridade do espírito. Essa densidade, portanto, substitui nele a força muscular, dando-lhe maior poder sobre os fluidos necessários às manifestações do que o possuem os de natureza mais etérea. Se um Espírito elevado quer produzir esses efeitos, faz o que fazem entre nós os homens refinados: incumbe disso um Espírito carregador.
13.  Se bem compreendemos o que disseste, o princípio vital provém do fluido universal. O Espírito tira desse fluido o envoltório semimaterial do seu perispírito, e é por meio desse fluido que ele age sobre a matéria inerte. É isso?
“Sim, quer dizer que ele anima a matéria de uma vida factícia, artificial: a matéria se impregna de vida animal. A mesa que se move sob as vossas mãos vive como um animal e obedece por si mesma ao ser inteligente. Não é o Espírito que a empurra como se fosse um fardo. Quando ela se eleva, não é o Espírito que a ergue com os braços; é a mesa animada que obedece à impulsão dada pelo Espírito”
Conclusão:
Desse estudo, podemos entender que, é por conta dos Espíritos inferiores, ou seja, daqueles que ainda estão mais para a matéria do que para a espiritualidade, que são realizadas essas tarefas. Quanto mais evoluído o Espírito está, mais longe da materialidade também está e, consequentemente, a ligação com a matéria diminui. Então, quem está mais para a matéria, possui essa força. Quando aqui é dito Espíritos inferiores, não significa Espíritos maus, das trevas. São inferiores moralmente.
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Dando continuidade ao estudo do Item 74, vamos continuar apreciando as perguntas que Kardec fez ao Espírito São Luís.
8. Como um Espírito pode mover um corpo sólido?
“Combinando uma porção de fluido universal com o fluido que desprende do médium apropriado a esses efeitos”.
Ou seja, o Espírito retira um pouco do fluido que se desprende do médium para misturar com o fluido universal. Mas não é todo médium que possui esse tipo de fluido. O médium tem que ser apropriado para fazer esses efeitos. O médium que possui esse fluido animalizado vai dar condição ao Espírito para manipular os dois fluidos para aplicá-lo no objeto, a fim de que ele se movimente.
9. Os Espíritos erguem a mesa com a ajuda dos braços, de alguma maneira solidificada?
“Esta resposta não te dará ainda o que desejas. Quando uma mesa se move é porque o Espírito evocado tirou do fluido universal o que anima essa mesa de uma vida factícia. Assim preparada, o Espírito a atrai e a movimenta, sob a influência do seu próprio fluido, emitido pela sua vontade. Quando a massa que deseja mover é muito pesada para ele, pede a ajuda de outros Espíritos da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito não pode agir sobre a matéria grosseira sem intermediário, ou seja, sem o liame que o liga à matéria. Esse liame, que chamas perispírito, oferece a chave de todos os fenômenos espíritas materiais. Creio me haver explicado com bastante clareza para fazer-me compreender”.
Essa é a curiosidade maior. Como é que os Espíritos conseguiam levantar uma mesa tão pesada, como as da época de Kardec? O Espírito São Luís, muito cauteloso, diz que ainda não pode dar uma resposta tão clara. Por que que ele diz isso? É porque nós ainda não temos condição de entendê-la. Mas, do modo que ele responde, podemos ter alguma noção de como é esse processo. O Espírito evocado tira do fluido que anima essa mesa de uma vida factícia. Ou seja, por alguns instantes vai parecer que a mesa é um ser vivo. Podemos entender que o efeito é produzido pela vontade. Para exemplificar, de modo rudimentar, vamos nos lembrar do filme “Ghost” (Do outro lado da vida), Quando Sam, o personagem assassinado, aprende, pela vontade, a movimentar objetos sólidos, com um Espírito mais inferior, que vagava pelo Metrô. É isso que, mais ou menos, o Espírito São Luís está explicando aqui.
Nota de Kardec: Chamamos a atenção para a primeira frase: “Esta resposta não te dará ainda o que desejas”. O Espírito compreendera perfeitamente que todas as questões anteriores só tinham por fim chegar a essa. E se refere ao nosso pensamento, que esperava, com efeito, outra resposta, que confirmasse a nossa ideia sobre a maneira por que o Espírito movimenta as mesas.
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Voltando ao estudo do Item 74.
Nos Itens anteriores, Kardec nos falou sobre a existência dos Espíritos e a possibilidade que esses Espíritos têm de interagir sobre a matéria. Agora, vamos procurar entender, dentro da nossa capacidade de entendimento, através da orientação da Espiritualidade, como é que essas manifestações acontecem. Então, Kardec faz uma série de perguntas ao Espírito São Luís, que responde:
1. O fluido universal é uma emanação da Divindade?
— Não.
Ou seja, o fluido universal não é um pedaço de Deus.
2. É uma criação da Divindade?
— Tudo foi criado, exceto Deus.
Então, esse fluido universal é uma criação de Deus, mas não é um pedaço de Deus.
3. O fluido universal é o próprio elemento universal?
— Sim, é o princípio elementar de todas as coisas.
Ou seja, o fluido cósmico universal é aquilo que vai dar origem a tudo que temos à nossa volta, em termos de coisas materiais.
4. Tem alguma relação com o fluido elétrico, cujos efeitos conhecemos?
— É o seu elemento.
Isto quer dizer que a eletricidade é também uma originária desse fluido universal.
5. Como o fluido universal se nos apresenta na sua maior simplicidade?
— Para encontrá-lo na simplicidade absoluta seria preciso remontar aos Espíritos puros. No vosso mundo ele esta sempre mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que vos rodeia. Podeis dizer, entretanto, que ele mais se aproxima dessa simplicidade no fluido que chamais fluido magnético animal.
O fluido de maior simplicidade é o fluido na sua maior pureza; é o fluido que dá vida aos seres. Porém, segundo São Luís, nós só vamos conhecer esse fluido quando nos tornarmos Espíritos puros. No nosso mundo, Planeta de Provas e Expiações, para atender as nossas necessidades, esse fluido vem muito materializado, e, aqui, nós não vamos encontrar esse fluido puro.
6. Afirmou-se que o fluido universal é a fonte da vida; seria ao mesmo tempo a fonte da inteligência?
— Não; esse fluido só anima a matéria.
Esse fluido só dá vida à matéria. Só dá vida, nada mais do que isso. A inteligência não faz parte desse fluido universal.
7. Sendo esse fluido que forma o perispírito, parece encontrar-se nele numa espécie de condensação que de certa maneira o aproxima da matéria propriamente dita?
— De certa maneira, dizeis bem, porque ele não possui todas as propriedades da matéria e a sua condensação é maior ou menor segundo a natureza dos mundos.

É por isso que se diz que o perispírito é um elemento semimaterial. Ele fica mais denso num mundo mais inferior. Conforme o mundo vai evoluindo, esse fluido também evolui, ficando mais etéreo.
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CAPÍTULO IV
73. O conhecimento da natureza dos Espíritos, de sua forma humana, das propriedades  do perispírito, da ação mecânica que podem exercer sobre a matéria, e o fato de nas aparições as mãos fluídicas e até mesmo tangíveis pegarem objetos e os carregarem, naturalmente nos faziam crer que o Espírito se servisse das mãos para girar a mesa e que a erguesse pelos braços. Mas, nesse caso, qual a necessidade de médiuns? O Espírito não poderia agir sozinho? Porque o médium que frequentemente pousa as mãos na mesa em sentido contrário ao do movimento, ou mesmo nem chega a pousá-las, não pode evidentemente ajudar o Espírito por ação muscular. Ouçamos primeiro os Espíritos que interrogamos a respeito.
74. As respostas seguintes nos foram dadas pelo Espírito São Luís e depois confirmadas por muitos outros.
1. O fluido universal é uma emanação da Divindade?
— Não.
2. É uma criação da Divindade?
— Tudo foi criado, exceto Deus.
3. O fluido universal é o próprio elemento universal?
— Sim, é o princípio elementar de todas as coisas.
4. Tem alguma relação com o fluido elétrico, cujos efeitos conhecemos?
— É o seu elemento.
5. Como o fluido universal se nos apresenta na sua maior simplicidade?
— Para encontrá-lo na simplicidade absoluta seria preciso remontar aos Espíritos puros. No vosso mundo ele esta sempre mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que vos rodeia. Podeis dizer, entretanto, que ele mais se aproxima dessa simplicidade no fluido que chamais fluido magnético animal(1)
6. Afirmou-se que o fluido universal é a fonte da vida; seria ao mesmo tempo a fonte da inteligência?
— Não; esse fluido só anima a matéria.
7. Sendo esse fluido que forma o perispírito, parece encontrar-se nele numa espécie de condensação que de certa maneira o aproxima da matéria propriamente dita?
— De certa maneira, dizeis bem, porque ele não possui todas as propriedades da matéria e a sua condensação é maior ou menor segundo a natureza dos mundos.
8. Como um Espírito pode mover um corpo sólido?
— Combinando uma porção de fluido universal com o fluido que desprende do médium apropriado a esses efeitos.
9.      Os Espíritos erguem a mesa com a ajuda dos braços, de alguma maneira solidificada?
— Esta resposta não te dará ainda o que desejas. Quando uma mesa se move é porque o Espírito evocado tirou do fluido universal o que anima essa mesa de uma vida factícia. Assim preparada, o Espírito a atrai e a movimenta, sob a influência do seu próprio fluido, emitido pela sua vontade. Quando a massa que deseja mover é muito pesada para ele, pede a ajuda de outros Espíritos da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito não pode agir sobre a matéria grosseira sem intermediário, ou seja, sem o liame que o liga à matéria. Esse liame, que chamas perispírito, oferece a chave de todos os fenômenos espíritas materiais. Creio me haver explicado com bastante clareza para fazer-me compreender.
Nota de Kardec: Chamamos a atenção para a primeira frase: “Esta resposta não te dará ainda o que desejas” . O Espírito compreendera perfeitamente que todas as questões anteriores só tinham por fim chegar a essa. E se refere ao nosso pensamento, que esperava, com efeito, outra resposta, que confirmasse a nossa ideia sobre a maneira por que o Espírito movimenta as mesas.
10.  Os Espíritos que ele chama para ajudá-lo são inferiores a ele? Estão sob as suas ordens?
— Quase sempre são seus iguais e acodem espontaneamente.
11.  Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos?
— Os Espíritos que produzem esses efeitos são sempre inferiores, ainda não suficientemente livres das influencias materiais.
12.  Compreendemos que os Espíritos superiores não se ocupem dessas coisas, mas perguntamos se, sendo mais desmaterializados., teriam o poder de fazê-lo, se o quisessem?
— Eles possuem a força moral, como os outros possuem a força física. Quando necessitam desta última, servem-se dos que a possuem. Já não dissemos que eles se servem dos Espíritos inferiores como vós dos carregadores?
Nota de Kardec: – A densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de acordo com a natureza dos mundos, como já foi ensinado. (O Livro dos Espíritos, nº 94 e 187). Parece variar também no mesmo mundo, segundo os indivíduos. Nos Espíritos moralmente adiantados ele é mais sutil e se aproxima do perispírito das entidades elevadas; nos Espíritos inferiores aproxima-se da matéria e é isso que determina a persistência das ilusões da vida terrena nas entidades de baixa categoria, que pensam e agem como se ainda estivessem na vida física, tendo os mesmos desejos e quase poderíamos dizer a mesma sensualidade. Essa densidade maior do perispírito, estabelecendo maior afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos para as manifestações físicas. È por essa razão que um homem refinado, habituado aos trabalhos intelectuais, de corpo frágil e delicado, não pode. erguer pesados fardos como um carregador. A matéria de seu corpo é de alguma maneira menos compacta, os órgãos são menos resistentes, o fluido nervoso menos intenso. O perispírito é para o Espírito o que o corpo é para o homem. Sua densidade esta na razão da inferioridade do espírito. Essa densidade, portanto, substitui nele a força muscular, dando-lhe maior poder sobre os fluidos necessários às manifestações do que o possuem os de natureza mais etérea. Se um Espírito elevado quer produzir esses efeitos, faz o que fazem entre nós os homens refinados: incumbe disso um Espírito carregador(2).
13.  Se bem compreendemos o que disseste, o princípio vital provém do fluido universal. O Espírito tira desse fluido o envoltório semimaterial do seu perispírito, e é por meio desse fluido que ele age sobre a matéria inerte. É isso?
— Sim, quer dizer que ele anima a matéria de uma vida factícia, artificial: a matéria se impregna de vida animal. A mesa que se move sob as vossas mãos vive como um animal e obedece por si mesma ao ser inteligente. Não é o Espírito que a empurra como se fosse um fardo. Quando ela se eleva, não é o Espírito que a ergue com os braços; é a mesa animada que obedece à impulsão dada pelo Espírito.
14.  Qual o papel do médium nesse fenômeno?
— Eu já disse que o fluido próprio do médium se combina com o fluido universal do Espírito. É necessária a união de ambos, do fluido animalizado e do fluido universal, para dar a vida à mesa. Mas não se deve esquecer que essa vida é apenas momentânea, extinguindo-se com a mesma ação, e muitas vezes antes que a ação termine, quando a quantidade de fluido já não é mais suficiente para animar a mesa(3)
15.  O Espírito pode agir sem o concurso do médium?
— Pode agir à revelia do médium. Isso quer dizer que muitas pessoas ajudam os Espíritos na realização de certos fenômenos, sem o saberem. O Espírito tira dessas pessoas, como de uma fonte, o fluido animal de que necessita. È dessa maneira que o concurso de um médium, como o entendes, nem sempre é necessário, o que acontece sobretudo nos fenômenos espontâneos.
16.  A mesa animada age com inteligência? Pensa?
 — É como o bastão com que fazes um sinal inteligente a alguém. Não pensa, mas a vitalidade de que esta animado lhe permite obedecer ao impulso de uma inteligência. É bom saber que a mesa em movimento não se torna Espírito e não tem pensamento nem vontade(4)
Nota de Kardec: Servimo-nos frequentemente de uma expressão semelhante na linguagem usual: de uma roda que gira com velocidade dizemos que está animada de um movimento rápido.
17.  Qual a causa preponderante na produção deste fenômeno: o Espírito ou o fluido?
— O Espírito é a causa e o fluido é o seu instrumento: ambos são necessários.
18. Qual o papel da vontade do médium?
— Chamar os Espíritos e ajudá-los a impulsionar os fluidos.
18a.  É indispensável à vontade do médium?
— Ela aumenta a potência, mas nem sempre é necessária, desde que pode haver o movimento, malgrado ou contra a vontade do médium, o que é uma prova da existência de uma causa independente.
Observação – Nem sempre é necessário o contato das mãos para mover um objeto. Ele basta, quase sempre, para dar o primeiro impulso. Iniciado o movimento, o objeto pode obedecer à vontade sem contato material. Isto depende da potencia mediúnica ou da natureza dos Espíritos. Aliás, o primeiro contato nem sempre é necessário: temos a prova disso nos movimentos e deslocamentos espontâneos, que ninguém pensou em provocar.
19. Por que motivos não podem todos produzir o mesmo efeito e todos os médiuns não tem a mesma potencia?
— Isso depende do organismo e da maior ou menor facilidade na combinação dos fluidos, e ainda da maior ou menor simpatia do médium com os Espíritos que nele encontram a  potencia fluídica necessária. Esta potencia, como a dos magnetizadores, é maior ou menor. Encontramos, nesse caso, pessoas inteiramente refratárias, outras em que a combinação só se verifica pelo esforço da sua própria vontade, e outras, enfim, em que ela se dá tão natural e facilmente que nem a percebem, servindo de instrumentos sem o saberem, como já dissemos. (ver a seguir, o capítulo sobre as manifestações espontâneas)
Nota de Kardec – O magnetismo é, não há dúvida, o princípio desses fenômenos, mas não como geralmente se pensa. Temos a prova disso na existência de poderosos magnetizadores que não movimentam uma mesinha de centro, e de pessoas que não sabem magnetizar, até mesmo crianças, que bastam pousar os dedos numa mesa pesada para que ela se agite. Logo, se a potencia mediúnica não depende da magnética, é que tem outra causa.(5)
20.As pessoas ditas elétricas podem ser consideradas médiuns?
— Essas pessoas tiram de si mesmas o fluido necessário à produção dos fenômenos e podem agir sem auxilio dos Espíritos. Não são propriamente médiuns, no sentido exato da palavra. Mas pode ser também que um Espírito as assista e aproveite as suas disposições naturais(6)
Nota de Kardec – Essas pessoas seriam como os sonâmbulos, que podem agir com ou sem o auxilio dos Espíritos. (ver no capítulo XIV, Os Médiuns, a parte relativa aos sonâmbulos)
21. Ao mover os corpos sólidos, os Espíritos penetram na substância dos mesmos ou permanecem fora dela?
— Fazem uma coisa e outra. Já dissemos que a matéria não é obstáculo para os Espíritos, que tudo penetram. Uma porção do seu perispírito se identifica, por assim dizer, com o objeto em que penetra?(7)
22. Como o Espírito bate? Com um objeto material?
 — Não, como não usa os braços para erguer a mesa. Sabes que ele não dispõe de martelos. Seu martelo é o fluido combinado que ele põe em ação, pela sua vontade, para mover ou bater. Quando move, a luz vos transmite a visão do movimento; quando bate, o ar vos transmite o som.
23. Concebemos isso quando se trata de um corpo duro. Mas, como pode nos fazer ouvir ruídos ou sons através do ar?
— Desde que age sobre a matéria, pode agir tanto sobre o ar como sobre a mesa. Quanto aos sons articulados, pode imitá-los como a todos os demais ruídos.
24. Dizes que o espírito não usa as mãos para mover a mesa, mas em certas manifestações apareceram mãos a dedilharem teclados, movimentando as teclas e produzindo sons. Não pareceria, nesse caso, que as teclas eram movimentadas pelos dedos? E a pressão dos dedos não é também direta e real, quando a sentimos em nós mesmos, quando essas mãos deixam marcas na pele?
— Não poderias compreender a natureza dos Espíritos e sua maneira de agir por meio dessas comparações, que dão apenas uma ideia incompleta. É um erro querer sempre assemelhar às vossas, as maneiras deles procederem. Os processos dos Espíritos devem estar em relação com a sua organização. Já não dissemos que o fluido do perispírito penetra na matéria e se identifica com ela, dando-lhe uma vida factícia? Pois bem, quando o Espírito movimenta as teclas com os dedos ele o faz realmente. Mas não é pela força muscular que faz a pressão. Ele anima a tecla, como faz com a mesa, e a tecla obedece e vibra a corda. Neste caso também ocorre um fato de difícil compreensão para vós. É que certos Espíritos são ainda tão atrasados e de tal forma materiais, em comparação com os Espíritos elevados, que conservam as ilusões da vida terrena e julgam agir como quando estavam no corpo. Não percebem a verdadeira causa dos efeitos que produzem, como um pobre homem não compreende a teoria dos dons que pronuncia. Se perguntares como tocam o piano, dirão que com os dedos, pois assim creem fazer. Produzem o efeito de maneira instintiva, sem o saberem, e não obstante pela sua vontade. Quando falam e se fazem ouvir, é a mesma coisa.    
Nota de Kardec: Compreende-se, assim, que os Espíritos podem fazer tudo quanto fazemos, mas pelos meios correspondentes ao seu organismo. Algumas forças que lhes são próprias substituem os nossos músculos, da mesma maneira que a mímica substitui, nos mudos, a palavra que lhes falta.
25. Entre os fenômenos citados como provas da ação de uma potência oculta, há os que são evidentemente contrários a todas as leis conhecidas da Natureza. A dúvida, então, não parece justa?
— Acontece que o homem está longe de conhecer todas as leis da Natureza: se as conhecesse, seria Espírito superior. Cada dia, entretanto, oferece um desmentido aos que tudo pensam saber pretendendo impor limites à Natureza, e nem por isso eles se mostram menos orgulhosos. Desvendando incessantemente novos mistérios, Deus adverte ao homem que deve desconfiar das suas próprias luzes, pois chegará um dia em que a ciência do mais sábios será confundida. Não vê todos os dias os exemplos de corpos dotados de movimento capazes de superar a força de gravitação? À bala de um canhão não supera momentaneamente essa força? “Pobres homens que vos considerais tão sábios, cuja tola vaidade é a todo instante confundida, sabei que sois ainda muito pequeninos”!
ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
SEGUNDA PARTE
DA TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES
Movimentos e suspensões. Ruídos. Aumento e diminuição de peso dos corpos.
(Itens de 72 a 81)
CAPÍTULO IV
72. Demonstrada a existência dos Espíritos, pelo raciocínio e pelos fatos, e a possibilidade de agirem sobre a matéria, devemos agora saber como se efetua essa operação e como eles agem para mover as mesas e outros corpos inertes.
O pensamento que naturalmente nos ocorre é aquele que tivemos. Como os Espíritos o contestaram e nos deram uma explicação inteiramente diversa, que não podíamos esperar, é evidente que sua teoria não provinha de nós. Ora, a ideia que tivemos, todos a podiam ter, como nós. Quanto à teoria dos Espíritos, não acreditamos que pudesse jamais ocorrer a alguém. Facilmente se reconhecerá quanto é superior a nossa, embora mais simples, porque oferece a solução de numerosos outros fatos que não tinham uma explicação satisfatória.
Demonstrada a existência dos Espíritos pelo raciocínio e pelos fatos e a possibilidade de agirem sobre a matéria, devemos saber agora como se efetua essa operação e como eles agem para mover as mesas e outros corpos inertes. Explica Allan Kardec que uma ideia se lhe apresentou, porém os Espíritos deram-lhe uma explicação muito diversa da sua, constituindo isto uma prova de que a teoria deles não era efeito de sua opinião. Apesar de ser um método superior à nossa capacidade de realizar, não é nada de extraordinário que ninguém não possa fazer, são coisas simples, é uma lei natural, que, para muitos que não conhecem esse processo, continua sendo algo fantasmagórico. Mas, a partir do momento em que nós entendemos que existem Espíritos e que eles podem interagir conosco para produzir esse fenômeno, a coisa se torna natural.
ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS – DAS MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES
CAPÍTULO III
68. Por meio de pancada, e principalmente dos estalidos no interior da madeira, de que já tratamos, obtêm-se efeitos ainda mais inteligentes, como a imitação do rufar dos tambores, da fuzilaria de descarga por fila ou de pelotão, de canhoneiros, e também a do ruído de uma serra, das batidas de um martelo, dos ritmos de diversas músicas, etc. Todo um vasto campo, portanto, aberto à investigação. Observou-se que, se havia uma inteligência oculta, ela podia responder a perguntas. E realmente ela respondeu, por sim  ou por não, segundo o número de pancadas convencionado.
Sendo essas respostas de pouca significação, lembrou-se de estabelecer um sistema de pancadas correspondentes às letras do alfabeto, para a formação de palavras e de frases.
69. Repetidos à vontade por milhares de pessoas, em todos os países, esses fatos não podiam deixar dúvidas sobre a natureza inteligente das manifestações. Foi então que surgiu um novo sistema de interpretação, atribuindo a inteligência manifestante ao próprio médium, ao interrogante e mesmo aos assistentes. A dificuldade estava em explicar de que maneira essa inteligência podia refletir-se na mesa e traduzir-se por meio de pancadas. Verificando-se que os golpes não eram dados pelo médium, deviam ser dados pelo pensamento. Mas o pensamento dando pancadas seria um fenômeno ainda mais prodigioso do que todos os que se haviam observado.
A experiência não tardou  demonstrar que essa opinião era inadmissível. Com efeito, as respostas se mostravam muito frequentemente em completa oposição ao pensamento dos assistentes fora do alcance intelectual do médium e até mesmo em idiomas ignorados por ele ou relatando fatos desconhecidos de todos. São tão numerosos esses exemplos, que é quase impossível alguém se haver ocupado de comunicações espíritas sem os ter muitas vezes testemunhado. Citaremos apenas um, que nos foi relatado por uma testemunha ocular.
70. Num navio da marinha imperial Francesa, nos mares da China, toda a equipagem, dos marinheiros até o comando, ocupava-se das mesas falantes. Resolveram evocar o Espírito de um tenente do mesmo navio, morto há dois anos. Ele atendeu, e após diversas comunicações que espantaram a todos, disse o seguinte por meio de pancadas: “Peço-vos insistentemente que paguem ao capitão a soma de (indicou a quantia) que lhe devo e que lamento não ter podido pagar antes de morrer”. Ninguém sabia do fato. O próprio capitão se havia esquecido da dívida, que aliás era mínima. Mas, verificando nas suas contas, encontrou o registro da dívida do tenente, na exata importância indicada. Perguntamos: do pensamento de quem essa indicação podia ter sido refletida.
71. Aperfeiçoou-se essa arte de comunicação pelo sistema alfabético de pancadas, mas o meio era sempre muito moroso. Não obstante, obtiveram-se algumas de certa extensão, assim como interessantes revelações sobre o mundo dos Espíritos. Desse meio surgiram outros, e assim se chegou ao de comunicações escritas.
As primeiras comunicações desse gênero foram obtidas por meio de uma pequena e leve mesa a que se adaptava um lápis, colocando-a sobre uma folha de papel. Movimentada sob a influência do médium, essa mesinha começou traçando algumas letras, e depois escreveu palavras e fases. Esse processo foi gradualmente simplificado com a utilização de mesas ainda menores, feitas especialmente, do tamanho da mão, a seguir de cestinhas, de caixas de papelão, e por fim de simples pranchetas.
A escrita era tão fluente, rápida e fácil como a manual, mas reconheceu-se mais tarde que todos esses objetos serviam apenas de apêndices da mão, verdadeiros porta-lápis, que podiam ser dispensados. De fato, a própria mão do médium, impulsionada de maneira involuntária, escrevia sob a influência do espírita, sem o concurso da vontade ou do pensamento daquele. Desde então as comunicações de além-túmulo não têm mais dificuldades do que a correspondência habitual entre os vivos.
Voltaremos a tratar desses diferentes meios, para explicá-los com detalhes. Fizemos um rápido esboço para mostrar a sucessão dos fatos que levaram à constatação da interferência, nesses fenômenos, de inteligências ocultas, ou seja, dos espíritos.
Dando prosseguimento ao relato sobre a aparição da Doutrina Espírita, Kardec nos explica, neste capítulo, como ficou constatada a ação de uma inteligência estranha nos chamados fenômenos das mesas girantes.
Além da movimentação das mesas, a pedido dos assistentes, observou-se a ocorrência de efeitos ainda mais inteligentes, através de pancadas e principalmente de estalidos no interior da madeira, ou ainda o ruído de serras, as batidas do martelo e até mesmo os ritmos de diversas músicas.
Observou-se igualmente que esta inteligência oculta podia responder a perguntas, convencionando-se determinado número de pancadas para as palavras “sim” e “não”. A partir daí, estabeleceu-se então um sistema de pancadas correspondente às letras do alfabeto, para a formação de palavras e frases.
Este método foi aperfeiçoado mas era, não obstante, muito moroso e incompleto. Sem embargo, por este sistema, pôde-se obter interessantes revelações acerca do Mundo dos Espíritos.
Dando prosseguimento às distintas formas de aperfeiçoamento deste método, chegou-se finalmente às comunicações escritas, que a princípio eram feitas por meio de uma pequena e leve mesa à qual se adaptava um lápis, colocando-a sobre uma folha de papel. Movimentada sob a influência de um médium, tais mesinhas traçaram a princípio, algumas letras, chegando a escrever palavras e frases inteiras.
Simplificou-se gradualmente este processo, utilizando-se mesas feitas especialmente do tamanho da mão, passando-se então à utilização de cestinhas, de caixas de papelão e, por fim, de simples pranchetas.
Por este método, foi possível obter-se escrita rápida e fluente, mas logo reconheceu-se que tais acessórios eram dispensáveis, uma vez que a própria mão do médium era impulsionada de maneira involuntária, chegando assim à psicografia direta.
Diz-nos Kardec que “o fenômeno das mesas girantes foi o ponto de partida da Doutrina Espírita”.
A título de informação, transcrevo abaixo trechos do “Histórico do Espiritismo”, do livro “O Espiritismo em Sua Mais Simples Expressão”, - Introdução ao Espiritismo, a saber:
Ficou logo evidente que a causa (do fenômeno das mesas girantes) não era puramente física, e de acordo com o axioma: “Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente”, concluiu-se que a causa desse fenômeno devia ser alguma inteligência. Qual a natureza dessa inteligência? A primeira idéia foi que poderia ser um reflexo da inteligência do médium ou da dos assistentes, mas a experiência logo demonstrou a impossibilidade de tal hipótese, porque se conseguiam coisas completamente estranhas ao pensamento e aos conhecimentos das pessoas presentes, e mesmo em contradição com suas idéias, sua vontade e seu desejo. Ela só poderia, portanto, pertencer a um ser invisível. O meio de se obter a prova era bem mais simples: tratava-se de entrar em conversação com esse ser, o que foi feito usando-se um número convencional de pancadas para significar “sim” ou “não”, ou para indicar as letras do alfabeto. Com isso, obtiveram-se respostas a distintas perguntas. Esse o fenômeno que ficou conhecido como mesas falantes. Todos os seres que se comunicaram desse modo, interrogados a respeito de sua natureza, declararam ser Espíritos e pertencer ao mundo invisível.
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SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS – DAS MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES
CAPÍTULO III
67. Vimos à mesa mover-se, elevar-se, dar pancadas sob a influência de um ou de vários médiuns. O primeiro efeito inteligente que se observou foi precisamente o de obediência às ordens dadas. Sem mudar de lugar, a mesa se erguia sobre os pés que lhes eram indicados. Depois, ao abaixar-se, dava um determinado número de pancadas para responder a uma pergunta. De outras vezes, sem o contato de ninguém, a mesa passeava sozinha pelo aposento, avançando para a direita ou à esquerda, para frente ou para trás e executando diversos movimentos que os assistentes ordenavam. É claro que afastamos qualquer suspeita de fraude, aceitando a perfeita lealdade dos assistentes, atestada por sua honorabilidade e absoluto desinteresse. Tratemos logo mais das fraudes contra as quais é prudente prevenir-se.
Kardec está explicando que as mesas não produziam os efeitos por vontade própria; elas obedeciam a um comando dado por aqueles médiuns que estavam com as mãos sobre elas. Esse foi um ponto de inteligência que chamou a atenção do Codificador, num primeiro momento; as mesas eram obedientes. Outro ponto observado por Kardec foi a ausência de fraude. Infelizmente, hoje, ainda encontramos pessoas que produzem algum tipo desses fenômenos sem a devida responsabilidade. Então, é preciso estar com muita atenção sobre isso.  Kardec nos previne.

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DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS – DAS MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES
CAPÍTULO III
66. Para que uma manifestação seja inteligente, não precisa ser convincente, espiritual ou sábia. Basta ser um ato livre e voluntário, revelando uma intenção ou correspondendo a um pensamento. Quando vemos um papagaio de papel agitar-se, sabemos que apenas obedece a um impulso do vento; mas se reconhecêssemos nos seus movimentos sinais intencionais, se girasse para a direita ou à esquerda, rápida ou lentamente, obedecendo às nossas ordens, teríamos de admitir, não que o papagaio tenha inteligência, mas que obedece a uma inteligência. Foi o que aconteceu com a mesa.
Aqui, Kardec está dizendo que uma manifestação inteligente não tem nada a ver com espiritual; não precisa ter uma sabedoria fenomenal, nem precisa ser convincente, isto é, não precisa convencer. Mas, precisa ser um ato voluntário, ou seja, que não foi coisa maquinal para que o efeito seja objetivo, ou seja, mostre alguma coisa.
Kardec faz referência ao papagaio de papel. A pipa (português brasileiro) ou papagaio de papel (português europeu), também chamada de papagaio, pandorga ou raia, é um brinquedo que voa baseado na oposição entre a força do vento e a da corda segurada pelo operador. É composta de papel que tem a função de asa, sustentando o brinquedo. Conforme o modelo pode contar com uma rabiola que pode ser de sacola, que é um adereço preso na parte inferior para proporcionar estabilidade, aerodinâmica e equilíbrio. O papagaio só faz movimentos porque quem está no comando, mexendo com a linha que o sustenta no ar, produz tais movimentos; para cima, para os lados, para baixo. Kardec diz que foi isso que aconteceu com as mesas girantes.

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DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS – DAS MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES
CAPÍTULO III
65. Nada certamente nos revela, nesses fatos que acabamos de examinar, a intervenção de uma potência oculta. Esses efeitos poderiam ser perfeitamente explicados pela possível ação de uma corrente elétrica ou magnética ou pela de um fluido qualquer. Foi essa, com efeito, a primeira solução proposta para esses fenômenos, e que realmente podia passar por muito lógica. E ele teria sem dúvida prevalecido, se outros fatos não viessem demonstrar a sua insuficiência. Esses novos fatos consistem na prova de inteligência dada pelos fenômenos. Ora, como todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente, tornou-se evidente que, mesmo admitindo-se a ação da eletricidade ou de qualquer outro fluido, havia a presença de outra causa. Qual seria? Qual era essa inteligência? Foi o que o prosseguimento das observações revelou.
O efeito físico, que já foi estudado, ou seja, a mesa produzindo barulho, até a sua movimentação poderiam ser produzidos por uma corrente elétrica. A mesa fazer ruídos, tudo bem, não havia nada de sobrenatural, a Ciência explica. Porém, esses ruídos não eram aleatórios, desordenados, que vinham de qualquer maneira; eram ruídos que estavam respondendo à perguntas inteligentes. Eram ruídos que estavam trazendo respostas sobre assuntos muito profundos, de maneira correta. E isso foi o que deixou Kardec intrigado. Se uma mesa não tem cérebro, não raciocina, e dá esse tipo de resposta, existia algo mais. Então ele partiu daí, para descobrir a causa desses efeitos inteligentes.

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DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS – DAS MESAS GIRANTES
CAPÍTULO II
64. Outro fenômeno que se produz com muita frequência, conforme a natureza do médium, é o das pancadas no cerne da madeira, no seu interior, sem provocar qualquer movimento da mesa. Esses golpes, que às vezes são bem fracos e outros muito fortes, estendem-se a outros móveis do aposento, às portas, às paredes e ao forro. Voltaremos logo a este caso. Quando se produzem na mesa, provocam uma vibração que se percebe muito bem pelos dedos e que se torna sobretudo muito distinta se aplicarmos o ouvido contra a mesa.
Encerrando o capítulo II, Das manifestações físicas, podemos fazer as seguintes perguntas:
1. Qual a importância do fenômeno das mesas girantes para a explicação dos fenômenos físicos observados?
Esses fenômenos, além de terem dado oficialmente origem à codificação espírita, vieram trazer luz sobre a naturalidade dos fenômenos espirituais, até então considerados "maravilhosos"; foram utilizados pelos Espíritos para chamar a atenção dos homens.
2. Já vimos como se dá a ação dos espíritos sobre a matéria: o espírito age sobre a matéria através de seu perispírito e manipulando o Fluido Cósmico Universal: qual o papel do médium nestas manifestações?
O médium contribui como um mediador, ou seja, através da sua materialidade, seu perispírito, somando seus fluídos também, tornando possível a manifestação física.
3. Que influência tem no fenômeno a "força" do médium?
Quanto melhor o médium, ou seja, quanto mais preparado moralmente ele estiver, mais facilmente se dá a manifestação.
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DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS – DAS MESAS GIRANTES
CAPÍTULO II
63. Acrescentamos que a forma da mesa, o material de que é feita, a presença de metais, da seda nas vestes dos assistentes, os dias, as horas, a obscuridade, a luz, etc., são tão indiferentes como a chuva e o bom tempo. Só o peso da mesa pode ter alguma importância, mas apenas nos casos em que a potência mediúnica não seja suficiente para movê-la. Noutros casos, basta uma pessoa, até mesmo uma criança, para erguer uma mesa de cem quilos, enquanto em condições menos favoráveis doze pessoas não fariam mover-se uma mesinha de centro.
Assim preparada a experiência, quando o efeito começa a produzir-se é muito frequente ouvir-se um pequeno estalo na mesa, sente-se um estremecimento como prelúdio do movimento, a mesa parece lutar para se desamarrar, depois o movimento de rotação se inicia e se acelera a tal ponto que os assistentes se veem em apuros para segui-lo. Desencadeado assim o movimento, pode-se mesmo deixar a mesa livre que ela continua a mover-se sem contato em várias direções.
De outras vezes a mesa se ergue e se firma, ora num pé, ora noutro, e depois retoma suavemente sua posição natural. De outras, ainda, ela se balança para a frente e para trás e de um lado para outro, imitando o balanço de um navio. E de outras, por fim, mas sendo necessária para isso considerável potência mediúnica, ela se levanta inteiramente do soalho e se mantém em equilíbrio no espaço, sem qualquer apoio, chegando mesmo em certas ocasiões até o forro, de maneira que se pode passar por baixo; a seguir desce lentamente, balançando-se no ar como uma folha de papel, ou cai violentamente e se quebra. Isso prova, de maneira evidente, que não houve uma ilusão de ótica.
Aqui, Kardec deixa bem claro que não existem especificações para uma reunião mediúnica. Hoje, muitos inventam, como por exemplo, a toalha da mesa tem que ser branca, como, da mesma cor a roupa dos médiuns. A cor das roupas dos médiuns não interfere em nada no trabalho mediúnico. O que se deve ter é, como já foi dito aqui, recolhimento absoluto dos médiuns, bem como, muita vontade de realizar o trabalho.
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DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS – DAS MESAS GIRANTES
CAPÍTULO II
62. Não há nenhum indício da faculdade mediúnica e somente a experiência pode revelá-la. Quando se quer fazer uma experiência, numa reunião, basta simplesmente sentar-se em torno de uma mesa e colocar as mãos espalmadas sobre ela, sem pressão nem contenção muscular. No princípio, como as causas do fenômeno eram ignoradas, indicavam-se numerosas precauções, depois reconhecidas como inúteis. Por exemplo: a alternância de sexos, o contato dos dedos mínimos das pessoas para formar uma cadeia ininterrupta. Esta última precaução parecia necessária porque se acreditava na ação de uma espécie de corrente elétrica, mas a experiência mostrou a sua inutilidade.
A única prescrição realmente obrigatória é a do recolhimento, do silêncio absoluto, e sobretudo a paciência, quando o efeito demora. Pode acontecer que ele se produza em alguns minutos, como pode tardar meia hora ou uma hora. Isso depende da capacidade mediúnica dos participantes.
Isto quer dizer que, ninguém pode diagnosticar mediunidade em uma pessoa, ou seja, olhou para ela e já determina: é médium, assim e assado. Conforme Kardec diz, só a experiência pode determinar essa condição. Agora, não é simplesmente a pessoa colocar as mãos na mesa que vai determinar a sua mediunidade. Ela tem que se preparar, tem que ter o recolhimento necessário; fazer uso de leituras construtivas, e ter pensamentos edificantes.
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SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS – DAS MESAS GIRANTES
CAPÍTULO II
60. Chamam-se manifestações físicas as que se traduzem por efeitos sensíveis, como os ruídos, o movimento e a deslocação de corpos sólidos. Umas são espontâneas, independentes da vontade humana, e outras podem ser provocadas. Trataremos inicialmente apenas das últimas.
O efeito mais simples, e um dos primeiros a serem observados, foi o do movimento circular numa mesa. Esse efeito se produz igualmente em qualquer outro objeto. Mas sendo a mesa o mais empregado, por ser o mais cômodo, o nome de mesas girantes prevaleceu na designação desta espécie de fenômenos.
Quando dizemos que este efeito foi um dos primeiros a serem observados, referimo-nos aos últimos tempos, pois é certo que todos os gêneros de manifestações são conhecidos desde os tempos mais distantes, e nem podia ser de outra maneira. Desde que são efeitos naturais, teriam de produzir-se em todas as épocas. Tertuliano refere-se de maneira clara às mesas girantes e falantes.
Este fenômeno entreteve durante algum tempo a curiosidade dos salões, que depois se cansaram e passaram a outras distrações, porque servia apenas nesse sentido. Dois foram os motivos do abandono das mesas girantes: para os frívolos, a moda, que raramente lhes permite o mesmo divertimento em dois invernos, e que prodigiosamente lhe dedicaram três ou quatro! Para as pessoas sérias e observadoras foi um motivo sério: abandonaram as mesas girantes para ocupar-se das consequências muito mais importantes que delas resultavam. Deixaram o aprendizado do alfabeto pela Ciência, eis todo o segredo desse aparente abandono, de que fazem tanto barulho os zombadores.
Seja como for, as mesas girantes não deixam de ser o ponto de partida da Doutrina Espírita e por isso devemos tratá-las com maior desenvolvimento. E tanto mais quanto apresentando esses fenômenos na sua simplicidade, o estudo das causas será mais fácil e a teoria, uma vez estabelecida, nos dará a chave dos efeitos mais complicados.
61. Para a produção do fenômeno é necessária a participação de uma ou muitas pessoas dotadas de aptidão especial e designadas pelo nome de médiuns. O número dos participantes é indiferente, a menos que entre eles se encontrem alguns médiuns ainda ignorados. Quanto às pessoas cuja mediunidade é nula, sua presença não dá qualquer resultado, podendo mesmo ser mais prejudicial do que útil, pela disposição de espírito com que frequentemente se apresentam.
Os médiuns gozam de maior ou menor poder na produção dos fenômenos, produzindo efeitos mais ou menos pronunciados. Um médium possante quase sempre produz muito mais do que vinte outros reunidos, bastando pôr as mãos na mesa para que ela no mesmo instante se movimente, se eleve, revire, salte ou gire com violência.
Aqui, Kardec está nos explicando que as manifestações físicas são aquelas que se traduzem por produzirem efeitos físicos sensíveis, como ruídos, batidas, deslocamento de objetos. Depois ele nos diz que, para a produção desse fenômeno é necessário a participação de uma pessoa, que ele chama de médium. Também diz que o número de participantes é indiferente. Outra coisa que ele destaca é que os médiuns gozam de maior ou menos poder de produção, e que um médium com maior potencial vale mais do que vinte de menor poder.
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SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS
CAPÍTULO I
DA AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA
59. Talvez se pergunte como pode o Espírito, com a ajuda de uma matéria tão sutil, agir sobre corpos pesados e compactos, erguer mesas etc. Certamente não será um homem de ciências que fará essa objeção, porque, sem falar das propriedades desconhecidas que esse novo agente pode ter, não vimos com os próprios olhos exemplos semelhantes? Não é nos gases mais rarefeitos, nos fluidos imponderáveis, que a indústria encontra as mais poderosas forças motrizes? Quando vemos o ar derrubar edifícios, o vapor arrastar massas enormes, a pólvora gaseificada elevar rochedos, a eletricidade despedaçar árvores e perfurar muralhas, que há de estranho em admitir que o Espírito, servindo-se do perispírito, possa erguer uma mesa, sobretudo quando se sabe que esse perispírito pode tornar-se visível, tangível e comportar-se como um corpo sólido?
Esta questão levou Kardec a observar e a investigar o fenômeno das mesas girantes. Como poderia o Espírito, com a ajuda de uma matéria bem sutil, suspender uma mesa? Devemos lembrar que as mesas daquela época não eram iguais as mesas de hoje. Elas eram de madeira maciça, e muito pesadas.
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SEGUNDA PARTE
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CAPÍTULO I
DA AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA
58. A natureza íntima do Espírito propriamente dito, ou seja, do ser pensante, é para nós inteiramente desconhecida. Ele se revela a nós pelos seus atos, e esses atos só podem tocar os nossos sentidos por um intermediário material. O Espírito precisa, pois, de matéria, para agir sobre a matéria. Seu instrumento direto é o perispírito, como o do homem é o corpo. O perispírito, como acabamos de ver, constitui-se de matéria. Vem a seguir o fluido universal, agente intermediário, espécie de veículo sobre o qual ele age como nós agimos sobre o ar para obter certos efeitos através da dilatação, da compressão, da propulsão ou das vibrações.
Assim considerada, a ação do Espírito sobre a matéria é fácil de admitir-se. Compreende-se então que os efeitos pertencem à ordem dos fatos naturais e nada têm de maravilhoso. Só pareciam sobrenaturais porque sua causa era desconhecida. Desde que a conhecemos, o maravilhoso desaparece, pois a causa se encontra inteiramente nas propriedades semimateriais do perispírito. Trata-se de uma nova ordem de coisas, que novas leis vêm explicar.
Dentro em pouco ninguém mais se espantará com esses fatos, como ninguém hoje se espanta de poder comunicar-se à distância, em apenas alguns minutos, por meio da eletricidade.
Kardec está explicando aqui que, essa nossa comunicação com a espiritualidade, deve ser encarada como sendo algo natural, não tem nada de sobrenatural, nem maravilhoso. Simplesmente, isso acontece em função de um elemento que envolve o Espírito, que é o perispírito, com as propriedades que possui. Hoje, já sabemos, que a ação dos Espíritos sobre a matéria pertence à ordem dos fatos naturais.
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57. Voltemos a tratar da natureza do perispírito, que é essencial para a explicação que devemos dar. Dissemos que, embora fluídico, ele se constitui de uma espécie de matéria, e isso resulta dos casos de aparições tangíveis, aos quais voltaremos. Sob a influência de certos médiuns, verificou-se a aparição de mãos, com todas as propriedades das mãos vivas, dotadas de calor, podendo ser apalpadas, oferecendo a resistência dos corpos sólidos, e que de repente se esvaneciam como sombras. A ação inteligente dessas mãos, que evidentemente obedecem a uma vontade ao executar certos movimentos, até mesmo ao tocar músicas num instrumento, prova que elas são parte visível de um ser inteligente invisível. Sua tangibilidade, sua temperatura, a impressão sensórial que produzem, chegando mesmo a deixar marcas na pele, a dar pancadas dolorosas, a acariciar delicadamente, provam que são materialmente constituídas. Sua desaparição instantânea prova, entretanto, que essa matéria é extremamente sutil e se comporta como algumas substâncias que podem, alternativamente, passar do estado sólido ao fluídico e vice-versa.
Vê-se, portanto, que a ação dos Espíritos sobre a matéria é possível, dada as propriedades semimateriais do perispírito. O perispírito existe durante a vida e acompanha o Espírito quando de seu desprendimento do corpo. Este mesmo estado de desprendimento do corpo ocorre parcialmente durante o sono, quando o corpo repousa e o Espírito continua ativo, conforme explica Kardec:
A ação de um espírito sobre a matéria ocorre quando o espírito combina elementos de seu perispírito, com elementos do perispírito de um encarnado (médium), combinando ainda com elementos do Fluido Cósmico Universal (FCU), e impulsiona essa combinação com a sua vontade ou pensamento. Através da vontade ou pensamento, o espírito pode provocar mudanças ou alterações na própria essência da matéria sobre a qual vai agir, provocando ações que podem ser meramente físicas (fenômenos de efeito físico – manifestações físicas) ou que demonstrem um resultado inteligente (fenômenos de efeito inteligente – manifestações inteligentes), entre outras. O perispírito é o “corpo” do espírito, é o que lhe dá limites e interação com a natureza. O perispírito é constituído de uma matéria muito sutil, fluídica, energética, que poderíamos denominar mesmo de uma “semimatéria”, que tem a função de permitir ao espírito interagir com os elementos na natureza, agindo sobre essa e recebendo as ações dela. O espírito precisa do perispírito como os encarnados precisam das mãos físicas para executar trabalhos manuais, por exemplo.
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CAPÍTULO I
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56. A forma do perispírito é a forma humana, e quando ele nos aparece é geralmente a mesma sob a qual conhecemos o espírito na vida física. Poderíamos crer, por isso, que o perispírito, desligado de todas as partes do corpo, se modela de alguma maneira sobre ele e lhe conserva a forma. Mas não parece ser assim. A forma humana, com algumas diferenças de detalhes e as modificações orgânicas exigidas pelo meio em que o ser tem de viver, é a mesma em todos os globos. É pelo menos, o que dizem os Espíritos. E é também a forma de todos os Espíritos não encarnados, que só possuem o perispírito. A mesma sob a qual em todos os tempos foram representados os anjos ou Espíritos puros. De onde devemos concluir que a forma humana é a forma típica de todos os seres humanos, em qualquer grau a que pertençam. Mas a matéria sutil do perispírito não tem a persistência e a rigidez da matéria compacta do corpo. Ela é, se assim podemos dizer, flexível e expansível. Por isso, a forma que ela toma, mesmo que decalcada do corpo, não é absoluta. Ela se molda à vontade do espírito, que pode lhe dar a aparência que quiser, enquanto o invólucro material lhe ofereceria uma resistência invencível.
Desembaraçado do corpo que o comprimia, o perispírito se distende ou se contrai, se transforma, em uma palavra: presta-se a todas as modificações, segundo a vontade que o dirige. É graças a essa propriedade do seu invólucro fluídico que o Espírito pode fazer-se reconhecer, quando necessário, tomando exatamente a aparência que tinha na vida física, e até mesmo com os defeitos que possam servir de sinais para o reconhecimento.
Os Espíritos, portanto, são seres semelhantes a nós, formando ao nosso redor toda uma população que é invisível no seu estado normal. E dizemos no estado normal porque, como veremos, essa invisibilidade não é absoluta.
O perispírito é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe, e através do qual o Espírito transmite sua vontade ao exterior, agindo sobre os órgãos do corpo. É o fio elétrico condutor que serve para a recepção e a transmissão do pensamento.
Durante a sua união com o corpo ou após a separação, a alma jamais se separa do seu perispírito.
O perispírito faz parte integrante do Espírito, como o corpo faz parte integrante do homem. Mas o perispírito sozinho não é o Espírito, pois o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem : o agente ou instrumento de sua atividade.
A forma do perispírito é a forma humana. A matéria sutil do perispírito não tem a persistência e a rigidez da matéria compacta do corpo. Ela é flexível e expansível. Por isso, a forma que ela toma, mesmo que decalcada do corpo, não é absoluta. Ela se molda à vontade do Espírito, que pode lhe dar a aparência que quiser, enquanto o invólucro material lhe ofereceria uma resistência invencível.
Desembaraçado do corpo que o comprimia, o perispírito se distende ou se contrai, se transforma, em uma palavra: se presta a todas as modificações segundo a vontade que o dirige.
O perispírito constitui-se de matéria (é semimaterial). Ele age sobre o fluído universal (agente intermediário) como nós agimos sobre o ar para obter certos efeitos através da dilatação, da compressão, da propulsão ou das vibrações.
O perispírito pode tornar-se visível, tangível e comportar-se como um corpo sólido.
Sob a influência de certos médiuns, verificou-se a aparição de mãos, com todas as propriedades das mãos vivas, dotadas de calor, podendo ser apalpadas, oferecendo a resistência dos corpos sólidos, pegando as pessoas, e que, de repente, se esvaneciam como sombras. A ação inteligente dessas mãos, que evidentemente obedecem a uma vontade ao executar certos movimentos, até mesmo ao tocar músicas num instrumento, prova que elas são a parte visível de um ser inteligente invisível. Sua tangibilidade, sua temperatura, a impressão sensorial que produzem, chegando mesmo a deixar marcas na pele, a dar pancadas dolorosas, a acariciar delicadamente, prova que são materialmente constituídas. Sua desaparição instantânea prova, entretanto, que essa matéria é extremamente sutil e se comporta como algumas substâncias que podem, alternativamente, passar do estado sólido ao fluídico, e vice-versa.
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55. Já se disse que o Espírito é uma flama, uma centelha. Isto se aplica ao Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, ao qual não saberíamos dar uma forma determinada. Mas, em qualquer de seus graus, ele está sempre revestido de um invólucro ou perispírito, cuja natureza se eteriza à medida que ele se purifica e se eleva na hierarquia.
Dessa maneira, a ideia de forma é para nós inseparável da ideia de Espírito, a ponto de não concebermos este sem aquela. O perispírito, portanto, faz parte integrante do espírito, como o corpo faz parte integrante do homem. Mas o perispírito sozinho não é o homem, pois o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o Homem: o agente ou instrumento de sua atividade.
Allan Kardec ao analisar a ação dos Espíritos sobre a matéria, concluiu que essa ação só é possível porque o Espírito não é uma abstração, mas um ser definido, limitado e circunscrito. Acrescenta que o Espírito encarnado é a alma do corpo; quando o deixa pela morte, não sai desprovido de qualquer envoltório, e apresenta a forma humana.
A identificação do Espírito como princípio moral e intelectual todo mundo aceita; todo mundo entende. É um padrão estabelecido. Aí, nós vamos nos deparar com uma outra realidade. O Espírito está envolto por uma energia, o perispírito; e esse perispírito é que dá a forma, ou seja, a forma do Espírito é moldada pelo perispírito. E a natureza desse envoltório está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é uma condensação do fluido cósmico em torno da alma; o corpo carnal resulta de uma maior condensação do mesmo elemento, que o transforma em matéria tangível. Embora tenham origem comum, no mesmo elemento primitivo, as transformações moleculares são diferentes nesses dois corpos, dai resultando ser o perispírito imponderável e dotado de qualidades etéreas. Ambos são matéria, mas em estados diversos. À condição moral do Espírito corresponde, por assim dizer, uma determinada densidade do perispírito. Maior elevação, menor densidade fluídica. Maior inferioridade, maior densidade, isto é, perispírito mais grosseiro, com maior condensação fluídica. É claro que mesmo os envoltórios fluídicos mais grosseiros permanecem imponderáveis. Mas, dentro da relatividade das coisas, pode-se admitir um peso específico para o envoltório perispirítico. Os de maior peso específico chumbam os Espíritos às regiões inferiores, impossibilitando-lhes o acesso a planos mais elevados ou a saída para mundos mais elevados. A acentuada densidade do perispírito de grande número de Espíritos leva-os a confundi-lo com o corpo físico. Por isso, consideram-se ainda encarnados e vivem, na Terra, imaginando-se entregues a ocupações que lhes eram habituais.
Na questão 88 de O Livro dos Espíritos, (...) Mas, em qualquer de seus graus, ele está sempre revestido de um invólucro ou períspírito, cuja natureza se eteriza à medida que ele se purifica e se eleva na hierarquia. Dessa maneira, a ideia de forma é para nós inseparável da ideia de Espírito, a ponto de não concebermos esta sem aquela. O perispírito, portanto, faz parte integrante do Espírito como o corpo faz parte integrante do homem. Mas o perispírito sozinho não é o Espírito, como corpo sozinho não é o homem, pois o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem: o agente ou instrumento de sua atividade.
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54. Numerosas observações e fatos irrecusáveis, de que trataremos mais tarde, demonstraram a existência no homem de três componentes:
1°.) a alma ou Espírito, princípio inteligente em que se encontra o senso moral;
2°.) o corpo, invólucro material e grosseiro de que é revestido temporariamente para o cumprimento de alguns desígnios providenciais;
3°.) o perispírito, invólucro fluídico, semi-material, que serve de liame entre a alma e o corpo.
A morte é a destruição, ou melhor, a desagregação do envoltório grosseiro que a alma abandona. O outro envoltório desprende-se e vai com a alma, que dessa maneira tem sempre um instrumento. Este último, embora fluídico, etéreo, vaporoso, invisível, para nós em seu estado normal, é também material, apesar de não termos, até o presente, podido captá-lo e submetê-lo à análise.
Este segundo envoltório da alma ou perispírito existe, portanto, na própria vida corpórea. É o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe, e através do qual o Espírito transmite a sua vontade ao exterior, agindo sobre os órgãos do corpo. Para nos servirmos de uma comparação material, é o fio elétrico condutor que serve para a recepção e a transmissão do pensamento. É, enfim, esse agente misterioso, inapreensível, chamado fluido nervoso, que desempenha tão importante papel na economia orgânica e que ainda não se considera suficientemente nos fenômenos fisiológicos e patológicos. A Medicina, considerando apenas o elemento material ponderável, priva-se do conhecimento de uma causa permanente de ação, na apreciação dos fatos. Mas não é aqui o lugar de examinar essa questão; lembraremos somente que o conhecimento do perispírito é a chave de uma infinidade de problemas até agora inexplicáveis.
O perispírito não é uma dessas hipóteses a que se recorre nas ciências para explicação de um fato. Sua existência não foi somente revelada pelos Espíritos, pois resulta também de observações, como teremos ocasião de demonstrar. Por agora, e para não antecipar questões que teremos de tratar, nos limitaremos a dizer que, seja durante a sua união com o corpo ou após a separação, a alma jamais se separa do seu perispírito.
Com relação ao primeiro componente, a primeira coisa é entender que o ser humano tem alma ou espírito. Qual a diferença?  A alma, Kardec coloca como espírito encarnado, e, espírito propriamente dito, é quando esse espírito está livre do corpo físico. Esse senso moral, é importante que se entenda, que é na consciência que estão escritas as leis divinas; e, por estarem escritas na consciência, é que vão fazer com que o homem cumpra os seus deveres aqui na Terra.
Nós temos também um corpo material, que é um invólucro grosseiro, que vai se desgastando naturalmente, com o tempo.
O perispírito, também conhecido como corpo fluídico do espírito, e que une o corpo ao espírito; é uma espécie de envoltório semi-material.
No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm, pois, origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes. O perispírito não é igual em todas as pessoas, ainda que os elementos constituintes sejam os mesmos. A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-prazer e, por conseguinte, não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. O envoltório fluídico de alguns deles, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, é  ainda pesado demais, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio. Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos [encarnados].
A morte é a destruição do envoltório grosseiro [corpo físico]. O espírito conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode se tornar acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede nos fenômenos das aparições.
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53. A ideia que geralmente se faz dos Espíritos torna a princípio incompreensível o fenômeno das manifestações. Elas não podem ocorrer sem a ação do Espírito sobre a matéria. Por isso, os que consideram o Espírito completamente desprovido de matéria perguntam, com aparente razão, como pode ele agir materialmente. E nisso precisamente está o erro. Porque o Espírito não é uma abstração, mas um ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado é a alma do corpo; quando o deixa pela morte, não sai desprovido de qualquer envoltório. Todos eles nos dizem que conservam a forma humana e, com efeito, quando nos aparecem, é sob essa forma que os reconhecemos.
Observamo-los atentamente no momento em que acabavam de deixar a vida. Acham-se perturbados; tudo para eles é confuso; veem o próprio corpo perfeito ou mutilado, segundo o gênero de morte; por outro lado, veem a si mesmo e se sentem vivos. Alguma coisa lhes diz que aquele corpo lhes pertencia e não compreendem como possam estar separados. Continuam a se ver em sua forma anterior, e essa visão provoca em alguns, durante certo tempo, uma estranha ilusão: julgam-se ainda vivos. Falta-lhes a experiência desse novo estado para se convencerem da realidade. Dissipando-se esse primeiro momento de perturbação, o corpo lhes aparece como velha roupa de que se despiram e que não querem mais. Sentem-se mais leves e como livres de um fardo. Não sofrem mais as dores físicas e são felizes de poderem elevar-se e transpor o espaço, como faziam muitas vezes em vida nos seus sonhos. (1) Ao mesmo tempo, apesar da falta do corpo constatam a inteireza da personalidade: têm uma forma que não os constrange nem os embaraça e têm consciência do eu, da individualidade. Que devemos concluir disso? Que a alma não deixa tudo no túmulo, mas leva com ela alguma coisa.
(1) Quem se reportar ao que dissemos em O Livro dos Espíritos sobre os sonhos e o estado do Espírito durante o sono (nos. 400 a 418), compreenderá que os sonhos que quase todos têm, vendo-se transportados através do espaço e como que voando, são a lembrança da sensação do Espírito durante o seu desprendimento do corpo, levando o corpo fluídico, o mesmo que conservará após a morte. Esses sonhos podem, pois nos dar ideia do estado do Espírito quando se desembaraçar dos entraves que o retêm na Terra. (Nota de Kardec).
Para o leigo, fica difícil entender como o Espírito pode agir materialmente. Ele tem o conceito de que o espírito é uma fumacinha, e uma fumacinha não pode se comunicar. O Espírito é uma luz? É! É uma luz envolvida por um elemento que faz com que ele tenha a aparência de quando era encarnado; tenha a aparência do corpo material que ele utilizou. Para nós, ele aparece da mesma forma, para que se possa identifica-lo. Então, ele não é uma abstração. O que nós precisamos entender é que essa limitação e esse circunscrito vão variar de acordo com o estágio evolutivo em que o Espírito esteja. Aqui, Kardec está falando de uma maneira generalizada. Existem exceções.
Quando o Espírito desencarna, ele tem um período de perturbação e, no primeiro momento, vai achar que ainda está vivo, pois, vê o seu corpo. Com o passar do tempo, ele vai se adaptando a essa nova experiência, e vai percebendo que não é mais aquele corpo, e que já está bastante distante dele, e que não vai sofrer mais as dores físicas. Aí, ele se conscientiza de que é um Espírito.
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52. Excluída a interpretação materialista, ao mesmo tempo rejeitada pela razão e pelos fatos, resta apenas saber se a alma, após a morte, pode manifestar-se aos vivos. Assim reduzida à sua mais simples expressão, torna-se a questão bastante fácil. Poderíamos perguntar, primeiro, por que motivo os seres inteligentes, que de alguma maneira vivem entre nós, embora naturalmente invisíveis, não poderiam demonstrar-nos a sua presença por algum meio? O simples raciocínio mostra que isto nada tem de impossível, o que já é alguma coisa. Essa crença, aliás, tem a seu favor a aceitação de todos os povos, pois a encontramos em toda parte e em todas as épocas. Ora, uma intuição não poderia ser tão generalizada, nem sobreviver através dos tempos, sem ter alguma razão. Ela é ainda sancionada pelo testemunho dos livros sagrados e dos Pais da Igreja, e foi necessário o ceticismo e o materialismo do nosso século para relegá-la ao campo das superstições. Se estamos, pois, em erro, essas autoridades também estão.
Mas estas são apenas considerações lógicas. Uma causa, acima de tudo, contribui para fortalecer a dúvida, numa época tão positiva como a nossa, em que tudo se quer conhecer, onde se quer saber o porquê e o como de todas as coisas: a ignorância da natureza dos Espíritos e dos meios pelos quais podem manifestar-se. Conquistado esse conhecimento, o fato das manifestações nada apresenta de surpreendente e entra na ordem dos fatos naturais.
Já está comprovado que a ideia materialista é totalmente equivocada, porque nós já sabemos que nada termina com a morte. E, aqui, Kardec coloca de modo bem claro para o nosso raciocínio. Ora, se a alma continua viva, por que ela não pode se comunicar com os encarnados, qual é o empecilho? Se nós retrocedermos o nosso pensamento ao tempo do Velho Testamento, vamos encontrar inúmeras comunicações de Espíritos com os vivos. Kardec lembra que temos que conquistar pelo conhecimento o porquê das coisas. Foi assim que ele iniciou a codificação.
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PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO IV
SISTEMAS
50. SISTEMA DA ALMA MATERIAL: consiste apenas numa opinião particular sobre a natureza íntima da alma, segundo a qual a alma e o perispírito não seriam distintos, ou melhor, o perispírito seria a própria alma em depuração gradual por meio das transmigrações, como o álcool se depura nas destilações. Na Doutrina Espírita, entretanto o perispírito é considerado como simples envoltório fluídico da alma ou Espírito. Constituindo-se o perispírito de uma forma de matéria, embora muito eterizada, para o sistema em causa a alma seria também de natureza material, mais ou menos essencial, segundo o grau de sua depuração.
Este princípio não invalida nenhum dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita, pois nada modifica em relação ao destino da alma. As condições de sua felicidade futura são as mesmas, a alma e o perispírito formando um todo sob denominação de Espírito, como o germe e o perisperma formam uma unidade sob o nome de fruto. Toda a questão se reduz em considerar o todo como homogêneo em vez de formado por duas partes distintas.
Como se vê, isto não leva a nenhuma consequência e não falaríamos a respeito se não houvéssemos encontrado pessoas inclinadas a ver uma escola nova no que não é, de fato, mais que uma simples questão de palavras. Esta opinião, aliás muito restrita, mesmo que fosse mais generalizada não representaria uma cisão entre os espíritas, da mesma maneira que as teorias da emissão ou das ondulações da luz não dividem os físicos. Os que desejassem separar-se por uma questão assim pueril, provariam dar mais importância ao acessório do que ao principal e estar impulsionados por Espíritos que não podem ser bons, porque os bons Espíritos não semeiam jamais o azedume e a cizânia. Eis porque concitamos todos os verdadeiros espíritas a se manterem em guarda contra semelhantes sugestões e não ligarem a alguns detalhes maior importância do que merecem, pois o fundo é que é o essencial.
Cremos, não obstante, dever dizer em algumas palavras no que se funda a opinião dos que consideram a alma e o perispírito como distintos. Ela se apoia no ensino dos Espíritos, que jamais variaram a esse respeito. Aludimos aos Espíritos esclarecidos, pois entre os Espíritos em geral há muitos que não sabem mais e até mesmo conhecem menos do que os homens. Aliás, essa teoria contrária é uma concepção humana. Não fomos nós que inventamos nem que supusemos a existência do perispírito para explicar os fenômenos. Sua existência nos foi revelada pelos Espíritos e a observação no-la confirmou (O Livro dos Espíritos, n°. 93). Ela se apoia ainda no estudo das sensações dos Espíritos (O Livro dos Espíritos, n°. 257). E sobretudo no fenômeno das aparições tangíveis que para outros implicariam a solidificação e a desagregação dos elementos constitutivos da alma, e consequentemente a sua desorganização.
Além disso, seria necessário admitir que essa matéria, que pode tornar-se perceptível aos nossos sentidos, fosse o próprio princípio inteligente, que não é mais racional do que confundir o corpo com a alma ou a roupa com o corpo. Quanto à natureza íntima da alma, nada sabemos. Quando se diz que ela é imaterial, devemos entendê-lo em sentido relativo e não absoluto, porque a imaterialidade absoluta seria o nada. Ora, a alma ou Espírito é alguma coisa. O que se quer dizer, portanto, é que a sua essência é de tal maneira superior que não apresenta nenhuma analogia com o que chamamos matéria, e que por isso ela é, para nós, imaterial (O Livro dos Espíritos, n°. 23 e 82)
“Eis porque concitamos todos os verdadeiros espíritas a se manterem em guarda contra semelhantes sugestões e não ligarem a alguns detalhes maior importância do que merecem, pois o fundo é que é o essencial”. Aqui, é como se Kardec estivesse dizendo, não devemos esquentar a nossa cabeça com bobagens. Nós temos que buscar a essência, e somente nos preocuparmos com o que é necessário, com o que é importante para nós, como Espíritos em evolução. Por isso, devemos deixar de lado essas divisões.
51. Eis a resposta de um Espírito a respeito do assunto:
— "O que uns chamam perispírito é o mesmo que outros chamam de envoltório fluídico. Eu diria, para me fazer compreender de maneira mais lógica, que esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e do pensamento. Mas me refiro aos Espíritos elevados. Quanto aos Espíritos inferiores, estão ainda completamente impregnados de fluidos terrenos; portanto, são materiais, como podeis compreender. Por isso sofrem fome, frio, etc., sofrimentos que não podem atingir os Espíritos superiores, visto que os fluidos terrenos já foram depurados no seu pensamento, quer dizer, na sua alma. Para progredir, a alma necessita sempre de um instrumento, sem o qual ela não seria nada para vós, ou melhor, não o poderíeis conceber. O perispírito, para nós, Espíritos errantes, é o instrumento pelo qual nos comunicamos convosco, seja indiretamente, por meio do vosso corpo ou do vosso perispírito, seja diretamente com a vossa alma. Vem daí a infinita variedade de médiuns e de comunicações. Resta agora o problema científico, referente à própria essência do perispírito, que é outro assunto. Compreendei primeiro a sua possibilidade lógica (9). Resta, a seguir, a discussão da natureza dos fluidos, que é por enquanto inexplicável, pois a Ciência não conhece o suficiente a respeito, mas chegará a conhecê-lo se quiser avançar com o Espiritismo. O perispírito pode variar de aparência, modificar-se ao infinito; a alma é a inteligência, não muda sua natureza (10). Neste assunto não podeis avançar, pois é uma questão que não pode ser explicada. Julgais que também não investigo, como vós? Vós pesquisais o perispírito, e nós atualmente pesquisamos a alma. Esperai, pois". - LAMENNAIS.
Assim, os Espíritos que podemos considerar adiantados ainda não puderam sondar a natureza da alma. Como poderíamos fazê-lo? É, pois uma perda de tempo perscrutar o princípio das coisas que, como ensina O Livro dos Espíritos (n°. 17 e 49), pertence aos segredos de Deus. Pretender descobrir, por meio do Espiritismo, o que ainda não é do alcance da Humanidade, seria desviá-lo do seu verdadeiro objetivo, fazer como a criança que quisesse saber tanto quanto o velho. O essencial é que o homem aplique o Espiritismo no seu aperfeiçoamento moral. O mais é apenas curiosidade estéril e quase sempre orgulhosa, cuja satisfação não o faria avançar sequer um passo. O único meio de avançar é tornar-se melhor. Os Espíritos que ditaram o livro que traz o seu nome prosavam a própria sabedoria ao respeitarem, no tocante ao princípio das coisas, os limites que Deus não nos permite passar, deixando aos Espíritos sistemáticos e presunçosos a responsabilidade das teorias prematuras e errôneas, mais fascinantes do que sérias, e que um dia cairão ao embate da razão, como tantas outras oriundas do cérebro humano. Só disseram o justamente necessário para que o homem compreenda o seu futuro e assim encorajá-lo na prática do bem. (Ver a seguir na Segunda Parte, cap. l: Ação dos Espíritos sobre a matéria).
As mesmas dúvidas suscitadas pelo Espiritismo repetiram-se, um século após o seu advento, e portanto em nosso tempo, com o reinicio das pesquisas científicas dos fenômenos paranormais (na verdade fenômenos espíritas) pela Parapsicologia. E o desenvolvimento desta nova ciência renova aos nossos olhos as mesmas disparidades de opinião que caracterizaram o aparecimento do Espiritismo. (N. do T.)
Conta Simone de Beauvoir, em "A Força da Idade", uma experiência de tiptologia com Jean Paul Sartre, em que ela fez a mesa bater à vontade, iludindo a todos, inclusive o próprio filósofo. Como se vê por essa brincadeira entre filósofos ateus e céticos, a posição da inteligência francesa ainda não mudou a respeito do assunto. E pena que em vez de brincar não tenham feito uma experiência séria. (N. do T.)
Médico Jobert, de Lamballe. Para sermos justos devemos dizer que essa descoberta se deve ao sr. Schiff. O sr. Jobert apenas desenvolveu as suas conseqüências perante a Academia de Medicina para dar o golpe decisivo nos Espíritos batedores. Todos os detalhes podem ser encontrados na Revista Espírita de junho de 1859. (Nota de Kardec).
Ernesto Bozzano defenderia mais tarde esta tese em "Animismo e Espiritismo", num sentido mais amplo. Ver esse livro. (N. do T.)
"Comunhão. A luz do fenômeno do Espírito. Mesas falantes, sonâmbulos, médiuns, milagres. Magnetismo espiritual: poder da prática na fé. Por Ema Tirpse, uma alma coletiva escrevendo por intermédio de uma prancheta." Bruxelas, 1858, edição Devroye.
O sistema da excitação das ideias é hoje renovado pela hipótese igualmente falsa do "inconsciente excitado", que pseudo parapsicólogos procuram difundir contra as manifestações espíritas. Como se vê, os meios e as armas de combate ao Espiritismo continuam os mesmos, apenas com algumas adaptações às novas condições culturais. Mas, em compensação, as respostas já estão praticamente dadas nas obras de Kardec. O espírita que as estuda com atenção refutará facilmente essas repetições de velhos sistemas superados. (N. do T.)
Esta questão foi tratada em O Livro dos Espíritos (números 128 e seguintes), mas recomendamos a respeito, como para tudo que se refere à parte religiosa, a brochura intitulada: Carta de um católico sobre o Espiritismo, do Dr.Grand, antigo cônsul da França (edição Ledoyen) e a que publicamos com o título de Os Contraditores do Espiritismo do ponto de vista da Religião, da Ciência e do Materialismo. (N. de Kardec).
O Espírito é definido no nº. 23 de O Livro dos Espíritos como principio inteligente, em comparação com princípio material. O nº. 27 explica que esses dois princípios, tendo Deus como a sua fonte, forma a trindade universal, princípio de todas coisas. Isto nos mostra que a concepção espírita do Universo é monista, num sentido espiritual. As ciências atuais estão chegando a essa concepção, como vemos pelo conceito moderno de matéria como concentração de energia. Alguns estudiosos não compreenderam bem esta posição doutrinária e pensam que matéria e Espírito são a mesma coisa. Kardec e os Espíritos negam a concepção abstraia do Espírito, conforme a teologia e a metafísica antiga, porque essa concepção torna o Espírito inacessível ao pensamento humano. Por isso Kardec afirma que a alma (Espírito encarnado, que anima o corpo) ou o Espírito (o ser desencarnado) é alguma coisa. O mesmo acontece hoje na Parapsicologia, quando Rhine e seus companheiros constatando que o pensamento não se sujeita às leis físicas, afirmam a sua natureza extrafísicas, evitando adotar a expressão espiritual, que levaria muitos a uma interpretação teológica. O estudante de Espiritismo deve atentar bem para este problema. (N. do T.)
Comprenez d'abord moralement, diz o original. A tradução geralmente usada: Compreendei primeiro moralmente é literal, mas não corresponde ao sentido do texto, pois moralmente não têm, na nossa língua, todas as acepções do francês. No original isso quer dizer, segundo o leitor pode verificar num bom dicionário francês: segundo as possibilidades do campo das opiniões ou do sentimento. (Ver, por exemplo, os dicionários Larousse ou Quillet). (N. do T.)
O texto francês disse: Lê perisprít peut varier et changer à l'lnfinit: l´âme est Ia pensée: elle ne change pás de nature. As traduções, em geral, são literais, mas não correspondem ao sentido do texto. La pensée, no caso, quer dizer inteligência, segundo a proposição cartesiana vigente na época: o pensamento é o atributo essencial do Espírito e a extensão é o da matéria. Consulte-se o verbete pensée num bom dicionário francês. Dizer hoje, e particularmente em português, que a alma é o pensamento equivale a deixar o leitor em dúvida quanto ao sentido da frase e quanto ao significado da palavra pensamento no Espiritismo, onde a alma como o Espírito, são o principio inteligente e, portanto a inteligência em sentido lato, origem do pensamento. (N. do T.)

ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO IV
SISTEMAS
49. SISTEMA MULTIESPÍRITA OU POLIESPÍRITA: todos os sistemas que examinamos, sem excetuar os negativos, fundamentam-se em algumas observações, mas incompletas ou mal interpretadas. Se uma casa é vermelha de um lado e branca do outro, quem a vir só de um lado afirmará que é apenas vermelha ou branca e estará ao mesmo tempo errado e certo; mas quem a vir de todos os lados dirá que tem as duas cores e só ele estará realmente com a verdade. Acontece o mesmo com as opiniões sobre o Espiritismo: pode ser verdadeira sobre certos aspectos e falsa se a generalizarem, tomando como regra o que é apenas exceção, interpretando como tal o que é somente uma parte. Por isso dizemos que quem desejar estudar seriamente esta ciência deve aprofundar-se bastante e durante longo tempo, pois só o tempo lhe permitirá perceber os detalhes, notar as nuanças delicadas, observar uma infinidade de fatos característicos que serão como raios luminosos. Mas se permanecer na superfície expõe-se a julgar prematuramente e portanto de maneira errônea.
Vejamos os resultados gerais a que chegamos através de uma observação completa, e que hoje formam a crença, podemos dizer, da universalidade dos Espíritos, porque os sistemas restritivos não passam de opiniões isoladas:
1°. - Os fenômenos espíritas são produzidos por inteligências extra-corpóreas, ou seja, pelos Espíritos.
2°. - Os Espíritos constituem o mundo invisível e estão por toda parte; povoam os espaços até o infinito; há Espíritos incessantemente ao nosso redor e com eles estamos em contato.
3°. - Os Espíritos agem constantemente sobre o mundo físico e sobre o mundo moral, sendo uma das potências da Natureza.
4°. - Os Espíritos não são entidades à parte na Criação: são as almas dos que viveram na Terra ou em outros Mundos, desprovidas do seu envoltório corporal; do que se segue que as almas dos homens são Espíritos encarnados e que ao morrer nos tornamos Espíritos.
5°. - Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e de ignorância.
6°. - Estão submetidos à lei do progresso e todos podem chegar à perfeição, mas como dispõem do livre-arbítrio alcançam-na dentro de um tempo mais ou menos longo, segundo os seus esforços e a sua vontade.
7°. - São felizes ou infelizes, conforme o bem ou mal que fizeram durante a vida e o grau de desenvolvimento a que chegaram; a felicidade perfeita e sem nuvens só é alcançada pelos que chegaram ao supremo grau de perfeição.
8°. - Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias, podem manifestar se aos homens, e o número dos que podem comunicar-se é indefinido.
9°. - Os Espíritos se comunicam por meio dos médiuns, que lhes servem de instrumento e de intérpretes.
10°. - Reconhecem-se a superioridade e inferioridade dos Espíritos pela linguagem: os bons só aconselham o bem e só dizem coisas boas; os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância.
Os diversos graus porque passam os Espíritos constam da Escala Espírita (O Livro dos Espíritos, II parte, cap. VI, n°. 100). O estudo dessa classificação é indispensável para se avaliar a natureza dos Espíritos que se manifestam e suas boas e más qualidades.
Aqui, Kardec faz um apanhado geral desses sistemas estudados, mostrando que eles são opiniões de grupos que não trazem a verdade, por isso o codificador refutou-os, porque não passam de opiniões isoladas. Para entendermos a Doutrina Espírita, nós precisamos estudar muito. No Evangelho Segundo o Espiritismo há uma recomendação muito importante, ditada pelo Espírito de Verdade: “Espíritas; amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”.

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47. SISTEMA OTIMISTA: ao lado dos sistemas que só veem nos fenômenos a ação dos Demônios, há outros que só veem a dos Espíritos bons. Partem do princípio de que, liberta da matéria, a alma está livre de qualquer véu e deve possuir a soberana ciência e a soberana sabedoria. Essa confiança cega na superioridade absoluta dos seres do mundo invisível tem sido, para muitas pessoas, a fonte de numerosas decepções. Elas tiveram de aprender à própria custa a desconfiar de alguns Espíritos, tanto como desconfiavam de alguns homens.
Diferente daqueles que só veem nos fenômenos comunicações diabólicas, há aqueles que só veem a dos Espíritos bons. Partem do princípio que a alma liberta da matéria, está livre de qualquer véu e deve possuir a soberana ciência e a soberana sabedoria. As pessoas tiveram que aprender por si mesmas a desconfiar dos Espíritos, tanto como desconfiavam dos homens. Kardec diz que a confiança cega produz decepções. É um engano nós acharmos que pelo simples fato do Espírito estar livre da matéria vai se tornar um sábio. O Espírito continua com os mesmos conhecimentos. Ele vai continuar sendo o que sempre foi.
48. SISTEMA UNIESPÍRITO OU MONOESPÍRITO: uma variedade do sistema otimista é a crença de que um único Espírito se comunica com os homens e que esse Espírito é o Cristo, protetor da Terra. Quando as comunicações são da mais baixa trivialidade, de uma grosseria revoltante, cheias de malevolência e de maldade, seria impiedade e profanação supor que pudessem provir do espírito do bem por excelência. Ainda se poderia admitir a ilusão, se os que assim creem só tivessem obtido comunicações excelentes. Mas a maioria deles declara ter recebido comunicações muito más, explicando tratar-se de uma prova a que o Espírito bom os submete ao ditar-lhes coisas absurdas. Assim, enquanto uns atribuem todas as comunicações ao Diabo, que pode fazer bons ditados para tentá-los, outros pensam que Jesus é o único a se manifestar e que pode fazer maus ditados para experimentá-los. Entre essas duas opiniões tão diversas, quem decidirá? O bom senso e a experiência. E citamos a experiência, porque é impossível que os que adotam essas idéias tenham verificado tudo suficientemente. Quando lhes advertimos com os casos de identificação, que atestam a presença de parentes, amigos ou conhecidos pelas comunicações escritas, visuais e outras, respondem que é sempre o mesmo Espírito: o Diabo, segundo uns, o Cristo, segundo outros, que tomam aquelas formas. Mas não dizem por que razão os outros Espíritos não podem comunicar-se, com que fim o Espírito da Verdade viria nos enganar sob falsas aparências, abusar de uma pobre mãe ao fingir-se o filho por ela chorado. A razão se recusa a admitir que o Espírito mais santo de todos venha a representar semelhante comédia. Além disso, negar a possibilidade de qualquer outra comunicação não é tirar do Espiritismo o que ele tem de mais agradável: a consolação dos aflitos? Declaramos simplesmente que semelhante sistema é irracional e não pode resistir a um exame sério.
É a crença de que um único Espírito se comunica com os homens e esse Espírito é o Cristo, protetor da terra. Ainda se poderia admitir essa ilusão, se os que assim creem só tivessem obtido comunicações excelentes, porém admite-se também terem recebido comunicações más atribuindo-as ao Diabo. Entre essas duas opiniões tão diversas quem decidirá? Este sistema foi considerado irracional e sem condições de resistir a um sistema sério. Claro, porque explicação para tudo o que acontece todo mundo tem. Agora, explicação com lógica é muito difícil para eles explicarem. No início de O Livro dos Médiuns, Kardec nos faz uma recomendação: estudar para fazer um julgamento baseado numa verdade, ou seja, ter base para analisar as mensagens, as comunicações que nos chegam dentro dos preceitos da Doutrina Espírita.
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46. SISTEMA PESSIMISTA, DIABÓLICO OU DEMONÍACO: entramos aqui em outra ordem de ideias. Constatada a intervenção de uma inteligência estranha, tratava-se de saber de que natureza era essa inteligência. O meio mais fácil era sem dúvida lhe perguntar, mas algumas pessoas não viam nisso uma garantia suficiente e só quiseram ver em todas as manifestações uma obra diabólica. Segundo elas, somente o Diabo ou os Demônios podem comunicar-se. Embora esse sistema tenha hoje pouca aceitação, gozou por certo tempo de algum crédito, em virtude da condição especial daqueles que procuravam fazê-lo prevalecer. Assinalaremos, porém, que os partidários do sistema demoníaco não devem ser considerados entre os adversários do Espiritismo, antes pelo contrário. Os seres que se comunicam, quer sejam demônios ou anjos, são sempre seres incorpóreos. Ora, admitir a manifestação dos demônios é sempre admitir a possibilidade de comunicação com o mundo invisível, ou pelo menos com uma parte desse mundo.
A crença na comunicação exclusiva dos demônios, por mais irracional que seja, não pareceria impossível quando se consideravam os Espíritos como seres criados fora da Humanidade. Mas desde que sabemos que os Espíritos são apenas as almas dos que já viveram, ela perdeu todo o seu prestígio, e podemos dizer toda a verossimilhança. Porque a consequência seria que todas essas almas eram demônios, fossem elas de um pai, de um filho ou de um amigo, e que nós mesmos, ao morrer, nos tornaríamos demônios, doutrina pouco lisonjeira e pouco consoladora para muita gente. Será muito difícil convencer uma mãe de que uma criança querida que ela perdeu, e que após a morte lhe vem dar provas de sua afeição e de sua identidade, seja um suposto satanás. É verdade que entre os Espíritos existem os que são muito maus e não valem mais do que os chamados demônios, e isso por uma razão em simples: é que existem homens muito maus e que a morte não os melhora imediatamente. A questão é saber se só eles podem comunicar-se. Aos que pensam assim, propomos as seguintes questões:
1°.) Há Espíritos bons e maus?
2°.) Deus é mais poderoso do que os maus Espíritos, ou do que os demônios, se quiserdes?
3°.) Afirmar que só os maus se comunicam é dizer que os bons não podem fazê-lo. Se assim é, de duas uma: isso acontece pela vontade ou contra a vontade de Deus. Se é contra a sua vontade, os maus Espíritos são mais poderosos que Ele. Se é pela sua vontade, por que razão, na sua bondade, não permitiria a comunicação dos bons, para contrabalançar a influência dos outros?
4°.) Que provas podeis dar da impossibilidade de se comunicarem os bons Espíritos?
5°.) Quando vos opomos a sabedoria de certas comunicações, respondeis que o Demônio usa todas as máscaras para melhor seduzir. Sabemos, realmente, que há Espíritos hipócritas que dão à sua linguagem um verniz de sabedoria. Mas admitis que a ignorância possa representar o verdadeiro saber e uma natureza má substituir a virtude, sem deixar transparecer a fraude?
6°.) Se é só o Demônio que se comunica, e sendo ele o inimigo de Deus e dos Homens, por que recomenda orar a Deus, submissão à sua vontade, sofrer sem queixas as atribulações da vida, não ambicionar honras nem riquezas, praticar a caridade e todas as máximas do Cristo; em uma palavra, fazer tudo o que é necessário para destruir o seu império? Se é o Demônio quem dá esses conselhos, temos de convir que, por mais ardiloso seja, se mostra bastante inábil ao fornecer armas contra ele mesmo.
7°.) Desde que os Espíritos se comunicam, é que Deus o permite. Vendo as boas e as más comunicações, não é mais lógico pensar que Deus permite umas para nos provar e outras para nos aconselhar o bem?
8°.) Que pensaríeis de um pai que deixasse o filho à mercê dos exemplos e dos conselhos perniciosos, e que afastasse dele, proibindo-o de vê-las, as pessoas que pudessem desviá-lo do mal? O que um bom pai não faria, devemos pensar que Deus, a bondade por excelência, estaria fazendo, menos compreensivo que um homem?
9°.) A Igreja reconhece como autênticas algumas manifestações da Virgem e de outros santos, nas aparições, visões, comunicações orais etc.; essa crença não está em contradição com a doutrina da comunicação exclusiva dos Demônios?
Acreditamos que algumas pessoas aceitaram de boa fé essa teoria. Mas acreditamos também que muitas o fizeram apenas para evitar a preocupação com essas coisas, por causa das más comunicações que todos estão sujeitos a receber. Dizendo que somente o Diabo se manifesta, quiseram assustar, assim como se faz a uma criança: "Não pegue nisso, que queima!" A intenção pode ser louvável, mas não atingiu o objetivo, porque a proibição só serve para excitar a curiosidade e o temor do Diabo abrange poucas pessoas. Em geral querem vê-lo, nem que seja apenas para saber como ele é, e acabam se admirando de não encontrá-lo tão feio como pensavam. Não se poderia ainda encontrar outro motivo para esta teoria das comunicações exclusivas decorrentes do Diabo? Há pessoas que consideram errados todos os que não pensam como elas. Ora, as que pretendem que as comunicações são do Demônio não estariam com medo de encontrar Espíritos que as contrariem, muito mais no tocante aos interesses deste mundo que aos do outro? Não podendo negar o fato, quiseram apresentá-lo de maneira assustadora. Mas esse meio não deu mais resultados que os outros, e onde o medo do ridículo é importante, o melhor é deixar as coisas correrem.
O muçulmano que ouvisse um espírito falar contra algumas leis do Alcorão, pensaria seguramente que era um mau Espírito. O mesmo aconteceria com um judeu, no tocante a algumas práticas da lei de Moisés. Quanto aos católicos, ouvimos um deles afirmar que o Espírito comunicante era o Diabo, porque se atrevia a pensar diferente dele sobre o poder temporal, embora só pregasse a caridade, a tolerância, o amor ao próximo, o desinteresse pelas coisas mundanas, de acordo com as máximas pregadas por Cristo.
Os Espíritos são as almas dos homens, e como os homens não são perfeitos, há também Espíritos imperfeitos, cujo caráter se reflete nas comunicações. É incontestável que há Espíritos maus, astuciosos, profundamente hipócritas, contra os quais devemos nos prevenir. Mas por encontrar os perversos entre os homens devemos fugir da vida social? Deus nos deu a razão e o discernimento para apreciarmos os Espíritos e os Homens. A melhor maneira de evitar os possíveis inconvenientes da prática espírita não é impedi-la, mas esclarecê-la. Um temor imaginário pode impressionar por um instante e não atinge a todos, enquanto a realidade claramente demonstrada é compreensível para todos.
Este sistema, nós entendemos, é o mais absurdo de todos. Mas, infelizmente, ainda hoje ouvimos, por parte de outras crenças, que a Doutrina Espírita é a doutrina do demônio.
Kardec diz que, constatada a intervenção de uma inteligência estranha, teríamos que saber de que natureza era essa inteligência. E o meio mais usado era perguntar, porém, algumas pessoas não viam nisso uma garantia suficiente. A crença na comunicação exclusiva dos demônios, por mais irracional que seja, não parecia impossível, quando se consideravam os Espíritos como seres criados fora da Humanidade. Mas desde que sabemos que os Espíritos são apenas as almas dos que já viveram, ela perdeu todo o prestígio e podemos dizer toda a verossimilhança.
Aí, nós podemos perguntar: Como é que os demônios podem trazer mensagens bonitas, nos aconselhando a sermos bons, nos aconselhando a fazer caridade; que demônio bom é esse?
Kardec faz uma série de questionamentos, nos obrigando a exercitar a nossa inteligência.
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44. SISTEMA DA ALMA COLETIVA: é uma variante do precedente. Segundo este sistema, somente a alma do médium se manifesta, mas identificando-se com a de muitas outras pessoas presentes ou ausentes, para formar um todo coletivo que reuniria as aptidões, a inteligência e os conhecimentos de cada uma delas. Embora a brochura que expõe essa teoria se intitule A Luz pareceu-nos de um estilo bastante obscuro. Confessamos haver compreendido pouco do que vimos e só a citamos para registrá-la. Trata-se, aliás, de uma opinião individual como tantas outras e que fez poucos adeptos. Émah Tirpsé é o nome usado pelo autor para designar o ser coletivo que representa. Ele toma por epígrafe: Não há nada oculto que não venha a ser revelado. Essa proposição é evidentemente falsa, pois há uma infinidade de coisas que o homem não pode e não deve saber. Bem presunçoso seria o que pretendesse penetrar todos os segredos de Deus.
Foi outra ideia que foi vinculada na época, que é uma variante da precedente. Já que o sistema do reflexo não explicou, eles vieram com um sistema parecido, mas com alguma coisa diferente, o sistema da alma coletiva, em que um médium se manifestando se identificaria com a de muitas pessoas presentes ou ausentes, reunindo todo o conhecimento que cada uma possuía, ou seja, seria um pensamento coletivo que o médium captaria. Como o próprio Kardec diz, foi mais um sistema que não vingou.
45. SISTEMA SONAMBÚLICO: este sistema teve mais partidários, mas ainda agora conta com alguns. Como precedente, admite que todas as comunicações inteligentes procedem da alma ou Espírito do médium. Mas, para explicar como o médium pode tratar de assuntos que estão fora do seu conhecimento, em vez de considerá-lo dotado de uma alma coletiva, atribui essa aptidão a uma super-excitação momentânea de suas faculdades mentais, a uma espécie de estado sonambúlico ou extático, que exalta e desenvolve a sua inteligência. Não se pode negar, em certos casos, a influência dessa causa, mas é suficiente haver presenciado como opera a maioria dos médiuns para compreender que ela não pode resolver todos os casos, constituindo pois a exceção e não a regra. Poderia ser assim, se o médium tivesse sempre o ar de inspirado ou extático, aparência que ele poderia, aliás, simular perfeitamente, se quisesse representar uma comédia. Mas como crer na inspiração, quando o médium escreve como uma máquina, sem a menor consciência do que obtém, sem a menor emoção, sem se preocupar com o que faz, inteiramente distraído, rindo e tratando de assuntos diversos? Concebe-se a excitação das ideias, mas não se compreende que ela faça escrever aquele que não sabe escrever, e ainda menos quando as comunicações são transmitidas por pancadas ou com a ajuda de uma prancheta ou de uma cesta. Veremos, no curso desta obra, o que se deve atribuir à influência das ideias do médium. Mas os casos em que a inteligência estranha se revela por sinais incontestáveis são tão numerosos e evidentes, que não podem deixar dúvidas a respeito. O erro da maior parte dos sistemas surgidos na origem do Espiritismo é tirar conclusões gerais de alguns fatos isolados.
Aqui, Kardec diz que esse sistema sonambúlico também não poderia ser uma explicação para todos os fenômenos; talvez, alguma coisa pudesse, mas não tudo, porque o primeiro ponto já citado por ele é a situação do médium, em não conhecer os assuntos que estão sendo transmitidos, além do fato da rapidez com que o médium escreve, ele não para pensar no que vai escrever. Quem já observou uma psicografia, sabe que se trata de algo dinâmico. Por tudo isso, também não dá para aceitar esse sistema.
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42. SISTEMA DAS CAUSAS FÍSICAS: saímos aqui dos sistemas de negação absoluta. Averiguada a realidade dos fenômenos, o primeiro pensamento que naturalmente ocorreu ao espírito dos que o viram foi o de atribuir os movimentos ao magnetismo, à eletricidade ou à ação de um fluido qualquer, em uma palavra, a uma causa exclusivamente física, material. Essa opinião nada tinha de irracional e prevaleceria se o fenômeno se limitasse aos efeitos puramente mecânicos. Uma circunstância parecia mesmo corroborá-la: era, em alguns casos, o aumento da potência na razão do número de pessoas presentes, pois cada uma delas podia ser considerada como elemento de uma pilha elétrica humana. O que caracteriza uma teoria verdadeira, já o dissemos, é a possibilidade de explicar todos os fatos. Se um único fato a contraditar, é porque ela é falsa, incompleta ou demasiado arbitrária. Foi o que não tardou a acontecer no caso. Os movimentos e os golpes revelaram inteligência, pois obedeciam a uma vontade e respondiam ao pensamento. Deviam, pois, ter uma causa inteligente. E desde que o efeito cessava de ser apenas físico, a causa, por isso mesmo, devia ser outra. Assim o sistema de ação exclusiva de um agente material foi abandonado e só se renova entre os que julgam a priori, sem nada terem visto. O ponto capital, portanto, é a constatação da ação inteligente, e é por ele que se pode convencer quem quiser se dar ao trabalho da observação.
É outro conceito que surgiu na época para dar explicação aos fenômenos que aconteciam e, segundo esse conceito, todos os fenômenos seriam produzidos por elementos materiais. Isso seria válido se o fenômeno se limitasse aos efeitos puramente mecânicos, ou seja, a mesa andar para um lado ou para o outro. Mas o fenômeno respondia a questões propostas, ou seja, revelavam inteligência. Como os opositores não conseguiam explicar essa parte, então, esse conceito de causas físicas foi por água abaixo.
43. SISTEMA DO REFLEXO: reconhecida a ação inteligente, restava saber qual seria a fonte dessa inteligência. Pensou-se que poderia ser a do médium ou dos assistentes, que se refletiria como a luz ou as ondas sonoras. Isso era possível e somente a experiência poderia dar a última palavra a respeito. Mas notemos, desde logo, que esse sistema se afasta completamente das ideias puramente materialistas: para a inteligência dos assistentes poder reproduzir-se de maneira indireta, seria necessário admitir a existência no homem de um princípio independente do organismo. Se o pensamento manifestado fosse sempre o dos assistentes, a teoria da reflexão estaria confirmada. Mas o fenômeno, mesmo assim reduzido, não seria do mais alto interesse? O pensamento a repercutir num corpo inerte e a se traduzir por movimento e ruído não seria admirável? Não haveria nisso o que excitar a curiosidade dos sábios? Porque, pois, eles desprezaram esse fato, eles que se esgotam na procura de uma fibra nervosa? Somente a experiência, dissemos, poderia dar a última palavra sobre essa teoria, e a experiência a deu condenando-a, porque ela demonstra a cada instante, e pelos fatos mais positivos, que o pensamento manifestado pode ser, não só estranho aos assistentes, mas quase sempre inteiramente contrário ao deles; que contradiz todas as ideias preconcebidas e desfaz todas as previsões. De fato, quando eu penso branco e me respondem preto, não posso acreditar que a resposta seja minha. Alguns se apoiam em casos de identidade entre o pensamento manifestado e o dos assistentes, mas que é que isso prova, senão que os assistentes podem pensar como a inteligência comunicante? Não se pode exigir que estejam sempre em oposição. Quando, numa conversação, o interlocutor emite um pensamento semelhante ao vosso, direis por isso que ele o tirou de vós? Bastam alguns exemplos contrários e bem constatados para provar que essa teoria não pode ser decisiva. Como, aliás, explicar pelo reflexo do pensamento a escrita feita por pessoas que não sabem escrever? As respostas do mais elevado alcance filosófico obtidas através de pessoas iletradas. E aquelas dadas a perguntas mentais ou formuladas numa língua desconhecida do médium? E mil outros fatos que não podem deixar dúvida quanto à independência da inteligência manifestante? A opinião contrária só pode resultar de uma deficiência de observação. Se a presença de uma inteligência estranha é moralmente provada pela natureza das respostas, materialmente o é pelo fenômeno da escrita direta, ou seja, da escrita feita espontaneamente, sem caneta nem lápis, sem contato e apesar de todas as precauções tomadas para evitar qualquer ardil. O caráter inteligente do fenômeno não poderia ser posto em dúvida; logo, há mais do que uma simples ação fluídica. Além disso, a espontaneidade do pensamento manifestado independente de toda expectativa e de qualquer questão formulada, não permite que se possa torná-lo como um reflexo do que pensam os assistentes. O sistema do reflexo é muito desagradável em certos casos. Quando, por exemplo, numa reunião de pessoas sérias ocorre uma comunicação de revoltante grosseria, atribuí-la a um dos assistentes seria cometer uma grave indelicadeza, e é provável que todos se apressassem em repudiá-la. (Ver O Livro dos Espíritos, parágrafo XVI da Introdução)
É outro conceito tentando esclarecer os fenômenos. Eles reconheceram que havia uma inteligência, mas que seria a do médium ou de algum assistente, mas isso, esse fato, não foi estudado por eles, mas ninguém se propôs a isso. Kardec, então, cuidadosamente, esclarece ponto a ponto esse conceito.
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40. SISTEMA DA ALUCINAÇÁO: outra opinião, menos ofensiva porque tem um leve disfarce científico, consiste em atribuir os fenômenos a uma ilusão dos sentidos. Assim, o observador seria de muito boa fé, mas creria ver o que não vê. Quando vê uma mesa levantar-se e permanecer no ar sem qualquer apoio, a mesa nem se moveu. Ele a vê no espaço por uma ilusão ou por um efeito de refração, como o que nos faz ver um astro ou um objeto na água, deslocado de sua verdadeira posição. A rigor, isso seria possível, mas os que testemunharam esse fenômeno constataram a suspensão passando por baixo da mesa, que seria difícil se ela não houvesse sido elevada. Além disso, ela é elevada tantas vezes que acaba por quebrar-se ao cair. Seria isso também uma ilusão de ótica? Uma causa fisiológica bem conhecida pode fazer, sem dúvida, que se veja rodar uma coisa que nem se mexeu, ou que nos sintamos rodar quando estamos imóveis. Mas quando várias pessoas que estão ao redor de uma mesa são arrastadas por um movimento tão rápido que é difícil segui-la, e algumas são até mesmo derrubadas, teriam acaso sofrido vertigens, como o ébrio que vê a casa passar-lhe pela frente?
Kardec diz que esse sistema é menos ofensivo, porque não agride as pessoas, chamando-as de loucas; apenas lhes atribuindo serem vítimas de uma ilusão. Entendemos que a imaginação até poderia acontecer, mas no fato em si, não. Não poderiam as pessoas passar por baixo de uma mesa se ela não estiver no alto.
41. SISTEMA DO MÚSCULO ESTALANTE: se assim fosse no que toca à visão, não seria diferente para o ouvido. Mas quando os golpes são ouvidos por toda uma assembleia, não se pode razoavelmente atribuí-los à ilusão. Afastamos, bem entendido, qualquer ideia de fraude, considerando uma observação atenta em que se tenha constatado que não havia nenhuma causa fortuita ou material. É verdade que um sábio médico deu ao caso uma explicação decisiva, segundo pensava: "A causa, disse ele, está nas contrações voluntárias ou involuntárias do tendão muscular do pequeno perônio". E entra nas mais completas minúcias anatômicas para demonstrar o mecanismo dessa produção de estalos, que pode imitar o tambor e mesmo executar árias ritmadas. Chega assim à conclusão de que os que ouvem os golpes numa mesa são vítimas de uma mistificação ou de uma ilusão. O fato nada apresenta de novo. Infelizmente para o autor dessa pretensa descoberta, sua teoria não pode explicar todos os casos. Digamos primeiramente que os dotados da estranha faculdade de fazer estalar à vontade o músculo do pequeno perônio, ou outro qualquer, e tocar árias musicais por esse meio, são criaturas excepcionais, enquanto a de fazer estalar as mesas é muito comum, e os que a possuem só muito raramente podem possuir aquela. Em segundo lugar, o sábio doutor esqueceu-se de explicar como podem esses estalos musculares de uma pessoa imóvel e distanciada da mesa produzir nesta vibrações sensíveis ao tato; como esses estalos podem repercutir, à vontade dos assistentes, em lugares diversos da mesa, em outros móveis, nas paredes, no forro, etc., e como, enfim, a ação desse músculo pode estender-se a uma mesa que não se toca e fazê-la mover-se sozinha. Esta explicação, aliás, se realmente explicasse alguma coisa, só poderia infirmar o fenômeno dos golpes, não podendo referir-se aos demais modos de comunicação. Concluímos, pois, que o seu autor julgou sem ter visto, ou sem ter visto tudo de maneira suficiente. É sempre lamentável que os homens de ciência se apressem a dar, sobre o que não conhecem, explicações que os fatos podem desmentir. O seu próprio saber deveria torná-los tanto mais ponderados em seus julgamentos, quanto mais esse saber lhes amplia os limites do desconhecido.
Realmente, uma, duas pessoas, podem, num processo de ilusão, ver a mesma coisa, mas, numa assembleia enorme é impossível, como Kardec está dizendo aqui. Nós podemos até iludir alguns, mas iludir a todos é praticamente impossível.
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SISTEMAS
38. SISTEMA DO CHARLATANISMO: muitos dos antagonistas atribuem esses efeitos à esperteza, pela razão de alguns terem sido imitados. Essa suposição transformaria todos os espíritas em mistificados e todos os médiuns em mistificadores, sem consideração pela posição, ou caráter, o saber e a honorabilidade das pessoas. Se ela merecesse resposta, diríamos que alguns fenômenos da Física são também imitados pelos prestidigitadores, o que nada prova contra a verdadeira ciência. Há pessoas, aliás, cujo caráter afasta toda suspeita de fraude, e seria preciso não se ter educação nem urbanidade para atrever-se a dizer-lhes que são cúmplices de charlatanice. Num salão bastante respeitável, um senhor que se dizia muito educado permitiu-se fazer uma observação dessa e a dona da casa lhe disse: "Senhor, desde que não está satisfeito, o dinheiro lhe será devolvido na porta", e com um gesto lhe indicou o melhor que tinha a fazer. Devemos concluir disso que nunca houve abusos? Seria necessário admitir que os homens são perfeitos. Abusa-se de tudo, mesmo das coisas mais santas. Por que não se abusaria do Espiritismo? Mas o mau emprego que se pode fazer de uma coisa não deve levar-nos a prejulgá-la. Podemos considerar a boa fé dos outros pelos motivos de suas ações. Onde não há especulação não há razão para o charlatanismo.
As pessoas que eram contra, que combatiam o Espiritismo, criaram os chamados sistemas negativos. E Kardec nos esclarece sobre isso. O primeiro sistema abordado é o do charlatanismo. Kardec diz que essas pessoas que combatiam a Doutrina não estavam preocupadas em saber quem estava apresentando o fenômeno, estavam, simplesmente, olhando os efeitos físicos; então, tudo era charlatanismo. Mas, Kardec diz que a primeira coisa que vai fazer com que se acredite, é o caráter da pessoa que está trazendo aquela informação. Nós vamos dar credibilidade de acordo com o caráter daquele médium que está produzindo aquele efeito. Se é uma pessoa idônea, claro que nós vamos acreditar. Deus permite que se descubra o que existe na Natureza, para o nosso benefício, agora, se o homem faz mal uso disso, usando a sua inteligência para o mal, já é uma questão do seu livre-arbítrio. Ninguém reencarna com a faculdade da mediunidade para trabalhar para o mal. Agora, se no meio do caminho o ser se desvirtua, usa a mediunidade em benefício próprio, e nós sabemos que existe muito disso, não devemos condenar a Doutrina. O mal não está na mediunidade.
39. SISTEMA DA LOUCURA: alguns, por condescendência, querem afastar a suspeita de fraude e pretendem que os que não enganam são enganados por si mesmos, o que equivale a chamá-los de imbecis. Quando os incrédulos são menos maneirosos, dizem simplesmente que se trata de loucura, atribuindo-se sem cerimônias o privilégio do bom senso. É esse o grande argumento dos que não têm melhores razões a apresentar. Aliás, essa forma de crítica se tornou ridícula pela própria leviandade e não merece que se perca tempo em refutá-la. Por sinal que os espíritas pouco se importam com ela. Seguem corajosamente o seu caminho, consolando-se ao pensar que têm por companheiros de infortúnio muita gente de mérito incontestável. É necessário convir, com efeito, que essa loucura, se se trata de loucura, revela uma estranha característica: a de atingir de preferência a classe mais esclarecida, na qual o Espiritismo conta até o momento com a maioria absoluta de adeptos. Se nesse número se encontram alguns excêntricos, eles não depõem mais contra a Doutrina do que os fanáticos contra a Religião; do que os melomaníacos contra a Música; ou do que os maníacos calculadores contra a Matemática. Todas as ideias têm os seus fanáticos e seria necessário ser-se muito obtuso para confundir o exagero de uma ideia com a própria ideia. Para mais amplas explicações a respeito, enviamos o leitor à nossa brochura: O Que é o Espiritismo ou a O Livro dos Espíritos, parágrafo XV da Introdução.

Nesse item, Kardec explica que os detratores da Doutrina entendiam que aqueles que não enganavam estavam enganando a si próprios, e eram chamados de loucos. Convém esclarecer que a palavra imbecil, à época de Kardec, era usada para identificar algum tipo de doença mental. Aqui, ela não tem a mesma conotação que utilizamos hoje. Então, as pessoas que realizavam tais fenômenos eram loucas, porque, segundo os adversários da Doutrina, não sabiam o que estavam fazendo. A esse respeito, Kardec orienta para que se leia o livro: “O Que é o Espiritismo” ou “O Livro dos Espíritos, parágrafo XV da Introdução”
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO IV
SISTEMAS
36. Quando os estranhos fenômenos do Espiritismo começaram a se produzir, ou melhor, quando se renovaram nestes últimos tempos, suscitaram antes de mais nada a dúvida sobre a sua realidade e mais ainda sobre a sua causa. Quando foram averiguados por testemunhos irrecusáveis e através de experiências que todos puderam fazer, aconteceu que cada qual os interpretou a seu modo, de acordo com suas ideias pessoais, suas crenças e seus preconceitos. Daí o aparecimento dos numerosos sistemas que uma observação mais atenta deveria reduzir ao seu justo valor.
Os adversários do Espiritismo logo viram, nessas divergências de opinião, um argumento contrário, dizendo que os próprios espíritas não concordavam entre si. Era uma razão bem precária, pois os primeiros passos de todas as ciências em desenvolvimento são necessariamente incertos, até que o tempo permita a reunião e coordenação dos fatos que possam fixar-lhes a orientação. À medida que os fatos se completam e são melhor observados, as ideias prematuras se desfazem e a unidade de opinião se estabelece, quando não sobre os detalhes, pelo menos sobre os pontos fundamentais. Foi o que aconteceu com o Espiritismo, que não podia escapar a essa lei comum, e que devia mesmo, por sua natureza, prestar-se ainda mais à diversidade de opiniões. Podemos dizer, aliás, que nesse sentido o seu avanço foi mais rápido que o de ciências mais antigas, como a Medicina, por exemplo, que ainda continua a dividir os maiores sábios.
Aqui, Kardec começa a revelar para nós os combates que a Doutrina Espírita sofria na época, diante dos fenômenos que iam acontecendo. Nessa época, eles estavam se apresentando com mais força. Num primeiro momento, surgiram ideias diferentes, até porque, o esclarecimento da Doutrina, mesmo sendo científico, ele mexia com os valores morais das pessoas, pelas mensagens que eram trazidas pelos Espíritos.
37. Para seguir a ordem progressiva das ideias, de maneira metódica, convém colocar em primeiro lugar os chamados sistemas negativos dos adversários do Espiritismo. Refutamos essas objeções na introdução e na conclusão de O Livro dos Espíritos, bem como na pequena obra intitulada O Que é o Espiritismo. Seria inútil voltar ao assunto e nos limitaremos a lembrar, em duas palavras, os motivos em que eles se apoiam.
Os fenômenos espíritas são de duas espécies: os de efeitos físicos e os de efeitos inteligentes. Não admitindo a existência dos Espíritos, por não admitirem nada além da matéria, compreende-se que eles neguem os efeitos inteligentes. Quanto aos efeitos físicos, eles os comentam à sua maneira e seus argumentos podem ser resumidos nos quatro sistemas seguintes.

Aqui, Kardec lembra para nós as duas espécies dos fenômenos espíritas. Os de efeitos físicos e os de efeitos inteligentes. Os que acreditam só no que é material só vão aceitar os efeitos físicos, que até a ciência pode explicar sem a necessidade de um estudo mais profundo de espiritualidade. Agora, os de efeitos inteligentes já ficam um pouco mais complicado, porque, lógico, eles são isentos de matéria. Com os efeitos físicos eles até concordam, porém, dão a ideia que eles acham que seja.
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO III
DO MÉTODO
35. Para aqueles que desejarem adquirir esses conhecimentos preliminares através das nossas obras, aconselhamos a seguinte ordem:
1°.) O QUE É O ESPIRITISMO: esta brochura, de apenas uma centena de páginas, apresenta uma exposição sumária dos princípios da Doutrina Espírita, uma visão geral que permite abranger o conjunto num quadro restrito. Em poucas palavras se percebe o seu objetivo e se pode julgar o seu alcance. Além disso, apresenta as principais perguntas ou objeções que as pessoas novatas costumam fazer. Essa primeira leitura, que exige pouco tempo, é uma introdução que facilita o estudo mais profundo.
2°.) O LIVRO DOS ESPÍRITOS: contém a doutrina completa ditada pelos Espíritos, com toda a sua Filosofia e todas as suas consequências morais. É o destino do homem desvelado, a iniciação ao conhecimento da natureza dos Espíritos e os mistérios da vida de além-túmulo. Lendo-o, compreende-se que o Espiritismo tem um objetivo sério e não é um passatempo frívolo.
3°.) O LIVRO DOS MÉDIUNS: destinado a orientar na prática das manifestações, proporcionando o conhecimento dos meios mais apropriados de nos comunicarmos com os Espíritos. É um guia para os médiuns e para os evocadores e o complemento de O Livro dos Espíritos.
4°.) A REVISTA ESPÍRITA: uma variada coletânea de fatos, de explicações teóricas e de trechos destacados que completam a exposição das duas obras precedentes, e que representa de alguma maneira a sua aplicação. Sua leitura pode ser feita ao mesmo tempo que a daquelas obras, mas será mais proveitosa e mais compreensível sobretudo após a de O Livro dos Espíritos.
Isso no que nos concerne. Mas os que desejam conhecer completamente uma ciência devem ler necessariamente tudo o que foi escrito a respeito, ou pelo menos o principal, não se limitando a um único autor. Devem mesmo ler os prós e os centras, as críticas e as apologias, iniciar-se nos diferentes sistemas a fim de poder julgar pela comparação. Neste particular, não indicamos nem criticamos nenhuma obra, pois não queremos influir em nada na opinião que se possa formar. Levando nossa pedra ao edifício, tomamos apenas o nosso lugar. Não nos cabe ser ao mesmo tempo juiz e parte e não temos a pretensão ridícula de ser o único a dispensar a luz. Cabe ao leitor separar o bom do mau, o verdadeiro do falso. Sendo o Espiritismo uma doutrina eminentemente cristã, essa designação de espírita cristão pode parecer redundante. Por outro lado, poderia sugerir a existência de uma forma de Espiritismo não-cristão, que na verdade não existe. Kardec a emprega, porém, como designação do verdadeiro espírita, para distinguir estes daqueles que não seguem, como se vê acima, os princípios do Espiritismo. (N. do T.)
Ao pé da página, Kardec acrescentou esta nota: "Nosso ensino teórico e prático é sempre gratuito". Com isso, evitava interpretações maldosas e dava o exemplo que foi sempre seguido pelos espíritas responsáveis em todo o mundo. O verdadeiro ensino espírita é sempre gratuito. (N. do T.)
Apesar de já estarmos há mais de cem anos do lançamento desse pequeno livro, ele se conserva oportuno e até mesmo de leitura obrigatória para principiantes. E podemos acrescentar que mesmo os adeptos mais experimentados deviam relê-lo de vez em quando. (N. do T.)
A conhecida modéstia de Kardec, bem demonstrada nestas palavras, leva algumas pessoas a não reconhecerem o valor fundamental da sua obra, que aliás não é apenas dele, mas principalmente dos Espíritos Superiores. Essa atitude, entretanto, reforça ainda mais a sua posição de Codificador, pois os verdadeiros missionários não se arrogam superioridade e os verdadeiros mestres querem, antes de mais nada, o desenvolvimento da compreensão própria e da capacidade de discernimento dos discípulos. (N. do T.)
Cabe aqui acrescentar os demais livros da codificação, ou seja, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno (ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo), A Gênese (Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo) e Obras Póstumas.
(N. da E.)
Se a criatura quer conhecer realmente a Doutrina Espírita, o caminho é esse. Seguir essa ordem de conhecimento. Aqui Kardec está apresentando a Doutrina para nós. É muito importante que comecemos o estudo por essas obras. Kardec não colocou nessa relação O Evangelho Segundo o Espiritismo, por quê? Porque O Evangelho é o nosso livro de cabeceira. É para ser lido a qualquer momento, independente de estarmos estudando outro livro da Codificação. É lógico que Kardec não colocou nessa relação o livro A Gênese e o livro O Céu e o inferno porquanto os mesmos ainda não haviam sido publicados. No livro Obras Póstumas, temos a ordem completa em que a Doutrina Espírita deve ser estudada.

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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO III
DO MÉTODO
32. O estudo prévio da teoria tem ainda a vantagem de mostrar imediatamente a grandeza do objetivo e o alcance desta Ciência. Aquele que se inicia vendo uma mesa girar ou bater pode inclinar-se à zombaria, porque dificilmente imaginaria que de uma mesa possa sair uma doutrina regeneradora da Humanidade. Acentuamos sempre que os que creem sem ter visto, porque leram e compreenderam, ao invés de superficiais são os mais ponderados. Ligando-se mais ao fundo que à forma, o aspecto filosófico é para eles o principal, e os fenômenos propriamente ditos são apenas o acessório. Chegam mesmo a dizer que se os fenômenos não existissem, nem por isso esta filosofia deixaria de ser a única que resolve tantos problemas até hoje insolúveis; a única que oferece ao passado e ao futuro humano a teoria mais racional. Preferem, assim, uma doutrina que realmente explica, àquelas que nada explicam ou que explicam mal.
Quem refletir a respeito compreenderá claramente que se pode fazer abstração das manifestações, sem que a doutrina tenha por isso de desaparecer. As manifestações corroboram, a confirmam, mas não constituem um fundamento essencial. O observador sério não as repele, mas espera as circunstâncias favoráveis para observá-las. A prova disso é que antes de ouvirem falar das manifestações muitas pessoas tiveram a intuição dessa doutrina, que veio apenas corporificar num conjunto as suas ideias.
Aqui, Kardec está nos orientando como falar sobre Doutrina Espírita com outras pessoas. Como vamos falar, com quem vamos falar, e o que vamos falar. Nunca devemos impor a doutrina para conquistar adeptos. O que nós podemos fazer é levar a criatura a fazer um estudo prévio, porque, ela raciocinando em cima desse estudo, é que vai ter o conhecimento para entender esse processo e, consequentemente, passa a acreditar. Se nós falarmos para alguém que a Doutrina Espírita nasceu de uma brincadeira com mesas que giravam, e que respondiam corretamente à perguntas, ninguém vai nos dar crédito. Agora, se nós mostrarmos a ela como se deu esse processo, o porquê das mesas girantes, fica mais fácil dela entender. Esses fenômenos tiveram um objetivo em determinada época. Hoje, nós não precisamos mais deles para fazer crer, porque tudo já foi esclarecido. E o estudo filosófico da doutrina nos faz raciocinar e entender isso.
33. Aliás, não seria certo dizer que, aos que começam pela teoria, faltem as observações práticas. Eles as possuem, pelo contrário, e certamente mais valiosas aos seus olhos que as produzidas nas experiências: são os fatos numerosos de manifestações espontâneas, de que trataremos nos Capítulos seguintes. São poucas as pessoas que não as conhecem, ao menos por ouvir dizer, e muitas as que as obtiveram, sem prestar-lhes a devida atenção. A teoria vem lhes dar explicação, e consideramos esses fatos de grande importância, quando se apoiam em testemunhos irrecusáveis, porque não se pode atribuir-lhes qualquer preparação ou conivência. Se os fenômenos provocados não existissem, nem por isso os espontâneos deixariam de existir, e se o Espiritismo só servisse para dar-lhes uma explicação racional, isto já seria bastante. Assim, a maioria dos que leem previamente referem os princípios a esses fatos, que são para eles uma confirmação da teoria.
O fato de a criatura começar pela teoria, não tendo observado nenhum fenômeno, não vai atrapalhar em nada o processo de entendimento quando o fenômeno acontecer. Se os pais tivessem essa teoria, não se espantariam quando determinados fenômenos acontecessem com seus filhos. Exemplo: uma criança na faixa de três, quatro anos de idade, costuma conversar com seus amiguinhos invisíveis. Isso é muito natural, porque, o Espírito ali encarnado, ainda está remanescente da sua vida espiritual. Nós sabemos que o ciclo se fecha totalmente aos sete anos de idade. Daí, a Doutrina nos recomendar que, para educar uma criança, temos que trabalhar nessa faixa etária. Em algumas crianças, é sinal de mediunidade, em outras, não.
34. Seria absurdo supor que aconselhamos a negligenciar os fatos, pois foi pelos fatos que chegamos à teoria. É verdade que isso nos custou um trabalho assíduo de muitos anos e milhares de observações. Mas desde que os fatos nos serviram e servem diariamente, seríamos incoerentes se lhes contestássemos a importância, sobretudo agora que fazemos um livro para ensinar como conhecê-los. Sustentamos apenas que, sem o raciocínio, eles não bastam para levar à convicção. Que uma explicação prévia, afastando as prevenções e mostrando que eles não são absurdos, predispõe a aceitá-los. Isso é tão certo que, de dez pessoas estranhas ao assunto, que assistam a uma sessão de experimentação, das mais satisfatórias para os adeptos, nove sairão sem convencer-se, e algumas delas ainda mais incrédulas do que antes, porque as experiências não corresponderam ao que esperavam. Acontecerá o contrário com as que puderam informar-se dos fatos por um conhecimento teórico antecipado. Para estas, esse conhecimento servirá de controle e nada as surpreenderá, nem mesmo o insucesso, pois saberão em que condições os fatos se produzem e que não se lhes deve pedir o que eles não podem dar. A compreensão prévia dos fatos torna-as capazes de perceber todas as dificuldades, mas também de captar uma infinidade de pormenores, de nuanças quase sempre muito sutis, que serão para elas elementos de convicção que escapam ao observador ignorante. São esses os motivos que nos levam a só admitir em nossas sessões experimentais pessoas suficientemente preparadas para compreender o que se passa, pois sabemos que as outras perderiam o seu tempo ou nos fariam perder o nosso.

O que Kardec está dizendo aqui é que, a partir do momento em que nós entendemos o processo das aparições, ninguém fica mais admirado ou com medo daquele fenômeno ali observado. Para aqueles que já conhecem como os fenômenos acontecem, não existe mais o sobrenatural, não existe mais os ditos fantasmas. Kardec dá um exemplo, citando dez pessoas estranhas ao assunto. Ora, se antes de apresentar os fenômenos a essas dez pessoas citadas, fosse apresentada a teoria, a credibilidade seria maior, porque elas já estariam entendendo o processo. Como elas não tiveram o conhecimento teórico prévio, acreditar naquilo que foi apresentado fica muito difícil. Observando a fala final de Kardec nesse item, entendemos o porquê das casas espíritas que fazem um trabalho sério não permitir nas sessões privativas o comparecimento de pessoas despreparadas.
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO III
DO MÉTODO
29. Os meios de convicção variam extremamente, segundo os indivíduos. O que persuade a uns não impressiona a outros. Se um se convence por meio de certas manifestações materiais, outro por comunicações inteligentes, a maioria é pelo raciocínio. Podemos mesmo dizer que, para a maior parte dos que não estão em condições de apreciá-los pelo raciocínio, os fenômenos materiais são de pouca significação. Quanto mais extraordinários são esses fenômenos, afastando-se bastante das leis conhecidas maior oposição encontram. E isso por um motivo muito simples: é que somos naturalmente levados a duvidar daquilo que não tem uma sanção racional. Cada qual o encara a seu modo e dá sua explicação particular: o materialista descobre uma causa física ou uma trapaça; o ignorante e o supersticioso, uma causa diabólica ou sobrenatural. Entretanto, uma explicação antecipada tem o efeito de destruir as ideias preconcebidas e mostrar, se não a realidade, pelo menos a possibilidade do fato. Compreende-se antes de ver, pois desde que aceitamos a possibilidade, três quartos da convicção foram realizados.
Kardec está dizendo aqui que cada um tem a sua individualidade e a sua fé. E o meio de convicção entre as pessoas varia de indivíduo para indivíduo. Cada um tem uma maneira diferente de pensar e de agir. Quanto mais fantásticos forem esses fenômenos menos credibilidade eles vão ter. Se não há uma explicação plausível para tal fenômeno mais difícil de acreditar. Podemos citar como exemplo as mesas girantes, que foi entendida como brincadeira. Mesa respondendo perguntas, se elevando chão, indo de um lado para o outro. Porém, foram comunicações inteligentes, que um observador mais atento se intriga. Se a mesa não raciocina, como pode fazer isso? Aqui, Kardec está nos alertando que os meios de convicção variam muito de acordo com as pessoas. Por isso, para cada pensamento, para cada criatura, tem-se que usar técnicas diferentes, ou seja, uma maneira diferente para conquistar adeptos, porque o que persuade a uns não impressiona a outros, por isso é preciso ter o bom senso. Convém lembrar que a Doutrina Espírita não tem como bandeira sair conquistando adeptos, ou seja, fazer propaganda para chamar as pessoas para se converterem ao Espiritismo.
30. Será útil procurar convencer um incrédulo obstinado? Já dissemos que isso depende das causas e da natureza da sua incredulidade. Muitas vezes, nossa insistência em persuadi-lo o leva a crer na sua importância pessoal, que é uma razão para mais se obstinar. Aquele que não se convence pelo raciocínio nem pelos fatos, deve ainda sofrer a prova da incredulidade. Devemos deixar à Providência o cuidado de encaminhá-lo a circunstâncias mais favoráveis. Há muita gente que só deseja receber a luz, para estarmos perdendo tempo com os que a repelem. Dirigi-vos, pois, aos homens de boa vontade, cujo número é maior do que se pensa, e o exemplo destes, multiplicando-se, vencerá mais facilmente as resistências do que as palavras. Ao verdadeiro espírita nunca faltará oportunidade de fazer o bem. Há corações aflitos a aliviar, consolações a dispensar, desesperos a acalmar, reformas morais a operar. Essa é a sua missão e nela encontrará a verdadeira satisfação. O Espiritismo impregna a atmosfera: expande-se pela própria força das circunstâncias e porque torna felizes aqueles que o professam. Quando os seus adversários sistemáticos o ouvirem ressoando ao seu redor, entre os seus próprios amigos, compreenderão o isolamento em que se encontram e serão forçados a calar ou a se renderem.
Procurar convencer um incrédulo obstinado é de alguma utilidade? Kardec diz que primeiro precisamos sondar qual é o grau de incredulidade da criatura, para depois saber se vale a pena ou não tentar conversar sobre Espiritismo com ela. Porque, se a criatura não acredita mesmo, e tem a sua convicção firme, ela não aceitar mudar o seu ponto de vista e, se nós ficarmos tentando muito, vamos gastar pra nada e, estaremos valorizando em muito os seus conceitos; seria como jogar pérolas aos porcos. Segundo Kardec, vai chegar um determinado momento em que essa criatura vai ter que testar essa sua credulidade. É dessa maneira que vamos divulgar o Espiritismo.
31. Para se proceder, no ensino do Espiritismo, como se faz nas ciências ordinárias, seria necessário passar em revista toda a série de fenômenos que podem produzir-se, a começar dos mais simples até chegar, sucessivamente, aos mais complicados. Ora, isso é impossível, porque não se pode fazer um curso de Espiritismo experimental como se faz um curso de Física ou de Química. Nas Ciências Naturais opera-se sobre a matéria bruta, que se manipula à vontade e quase sempre se consegue determinar os efeitos. No Espiritismo, tem-se de lidar com inteligências dotadas de liberdade e que provam, a cada instante, não estarem sujeitas aos nossos caprichos. É necessário, pois, observar, esperar os resultados e colhê-los na ocorrência. Por isso declaramos energicamente que: todo aquele que se vangloriar de obtê-los à vontade não passa de ignorante ou impostor. Eis porque o verdadeiro Espiritismo jamais servirá para exibições nem subirá jamais aos palcos. É mesmo ilógico supor que os Espíritos se entreguem a exibições e se submetam à pesquisa como objetos de curiosidade. Os fenômenos, por isso mesmo, podem não ocorrer quando mais os desejamos ou apresentar-se de maneira muito diversa da que pretendíamos. Acrescentemos ainda que, para obtê-los, necessitamos de pessoas dotadas de faculdades especiais, que variam ao infinito, segundo a aptidão de cada indivíduo. Ora, sendo extremamente raro que uma mesma pessoa tenha todas as aptidões, a dificuldade aumenta, pois, seria necessário dispormos sempre de uma verdadeira coleção de médiuns, o que não é possível. É muito simples o meio de evitar estes inconvenientes. Basta começar pela teoria. Nela, todos os fenômenos são passados em revista, são explicados e se pode conhecê-los e compreender a sua possibilidade, as condições em que podem ser produzidos e os obstáculos que podem encontrar. Dessa maneira, qualquer que seja a ordem em que as circunstâncias nos fizerem vê-los, nada terão que possa surpreender-nos. E há ainda outra vantagem: a de evitar muitas decepções ao experimentador. Prevenido quanto às dificuldades, pode manter-se vigilante e poupar-se das experiências à própria custa. Desde que nos ocupamos de Espiritismo foram tantas as pessoas que nos acompanharam, que seria difícil presenciar o seu número. Entre elas, quantas permaneceram indiferentes ou incrédulas diante dos fatos mais evidentes, só se convencendo mais tarde através de uma explicação racional. Quantas outras foram predispostas a aceitar por meio do raciocínio; e quantas, afinal, acreditaram sem nada terem visto, levadas unicamente pela compreensão. Falamos, portanto, por experiência, e por isso afirmamos que o melhor método de ensino espírita é o que se dirige à razão e não aos olhos. É o que seguimos em nossas lições, do que só temos que nos felicitar.

Kardec está abordando o fato de algumas pessoas acharem que a Doutrina Espírita deveria ser ensinada numa faculdade. É impossível, diz ele. Porque, como é que a criatura vai observar, testar, todos os tipos de fenômenos se esses mesmos fenômenos são totalmente diferentes uns dos outros, e a cada dia novos fenômenos surgem, de acordo com a nossa evolução. Por isso, tem como a criatura fazer um curso durante algum tempo e se formar espírita. Nas ciências naturais, a criatura trabalha com a matéria, e a matéria pode ser manipulada da maneira que quisermos. Mas no Espiritismo não estamos lidando com matéria; estamos lidando com seres inteligentes, e que não vão ficar subordinados à nossa vontade.
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO III
DO MÉTODO
25. Não podemos esquecer uma categoria que chamaremos de incrédulos por decepção. Abrange os que passaram de uma confiança exagerada à incredulidade, por terem sofrido desilusões. Assim, desencorajados, abandonaram tudo e tudo rejeitaram. São como aquele que negasse a boa fé por ter sido enganado. São ainda a consequência de um estudo incompleto do Espiritismo e da falta de experiência. Aquele que é mistificado por Espíritos, geralmente é porque lhes fez perguntas indevidas ou que eles não podiam responder, ou porque não estavam bastante esclarecidos para distinguir a verdade da impostura. Muitos, aliás, só veem o Espiritismo como uma nova forma de adivinhação e pensam que os Espíritos existem para ler a buena-dicha. Ora, os Espíritos levianos e brincalhões não perdem a oportunidade de se divertirem à sua custa: é assim que anunciarão casamentos para as moças; honrarias, heranças e tesouros ocultos para os ambiciosos, e assim por diante. Disso resultam, frequentemente, desagradáveis decepções, de que o homem sério e prudente sabe sempre se preservar.
Kardec está se referindo àquelas pessoas de fé fervorosa em suas crenças; acreditando piamente naquilo que lhes é prometido. Essas pessoas se entregam, fazem tudo que lhes é pedido; seguem todos os rituais da religião que estão frequentando, para que sejam atendidas nas suas necessidades. Mas, não consegue o que deseja e, então, entra nesse processo de decepção. Isso acontece muito. Muitos dos foram enganados, iludidos com falsas promessas, se decepcionam e, aí, não acreditam em mais nada. Já náo querem saber mais de religião. A Doutrina Espírita nos ensina que, nem tudo o que queremos é o melhor para nós. Recebemos aquilo que nos é necessário, ou seja, Deus, vamos dizer assim, libera realmente o que nós necessitamos.
26. Uma classe muito numerosa, a mais numerosa de todas, mas que não poderia figurar entre os opositores, é a dos vacilantes. São geralmente espiritualistas por princípio. Na sua maioria têm uma vaga intuição das ideias espíritas e desejam alguma coisa que não podem definir. Falta-lhes apenas coordenar e formular os seus pensamentos. O Espiritismo aparece-lhes como um raio de luz: é a claridade que afugenta as névoas. Por isso o acolhem com sofreguidão, pois ele os liberta das angústias da incerteza.
Quantos que se decepcionaram com as religiões que frequentavam e foram buscar caminhos novos, e se encontraram na Doutrina Espírita, porque ela faz justamente o que Kardec está dizendo nesse item aqui. Então, a pessoa entra para a doutrina, começa a estudar, começa a ser esclarecido, e recebe o consolo que esperava.
27. Se lançarmos agora um olhar sobre as diversas categorias de crentes, encontraremos primeiro os espíritas sem o saber. São uma variedade ou uma subdivisão da classe dos vacilantes. Sem jamais terem ouvido falar da Doutrina Espírita, têm o sentimento inato dos seus grandes princípios e esse sentimento se reflete em algumas passagens de seus escritos ou de seus discursos, de tal maneira que, ouvindo-os, acredita-se que sejam verdadeiros iniciados. Encontram-se numerosos desses exemplos entre os escritores sacros e profanos, entre os poetas, os oradores, os moralistas, os filósofos antigos e modernos.
Poderíamos citar como exemplo, Sócrates. Todos os seus conceitos eram similares aos do Espiritismo. Por isso, toda a filosofia dele, Kardec colocou no início do Evangelho Segundo o Espiritismo. Quantas vezes, no nosso dia a dia, em conversa com uma pessoa qualquer, e, pelo que ela fala, pensamos: essa criatura deve ser espírita; quando perguntamos, ela simplesmente responde não. São os espíritas sem o saber, como Kardec diz aqui.
28. Entre os que se convenceram estudando diretamente o assunto podemos distinguir:
1°.) Os que acreditam pura e simplesmente nas manifestações. Consideram o Espiritismo como uma simples ciência de observação, apresentando uma série de fatos mais ou menos curiosos. Chamamo-los: espíritas experimentadores.
2°.) Os que não se interessam apenas pelos fatos e compreendem o aspecto filosófico do Espiritismo, admitindo a moral que dele decorre, mas sem a praticarem. A influência da Doutrina sobre o seu caráter é insignificante ou nula. Não modificam em nada os seus hábitos e não se privariam de nenhum de seus prazeres. O avarento continua insensível, o orgulhoso cheio de amor-próprio, o invejoso e o ciumento sempre agressivos. Para eles, a caridade cristã não passa de uma bela máxima. São os espíritas imperfeitos.
3°.) Os que não se contentam em admirar apenas a moral espírita, mas a praticam e aceitam todas as suas consequências. Convictos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar na senda do progresso, única que pode elevá-los de posição no Mundo dos Espíritos, esforçando-se para fazer o bem e reprimir as suas más tendências. Sua amizade é sempre segura, porque a sua firmeza de convicção os afasta de todo mau pensamento. A caridade é sempre a sua regra de conduta. São esses os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos.
4°.) Há, por fim, os espíritas exaltados. A espécie humana seria perfeita, se preferisse sempre o lado bom das coisas. O exagero é prejudicial em tudo. No Espiritismo ele produz uma confiança cega e frequentemente pueril nas manifestações do mundo invisível, fazendo aceitar muito facilmente e sem controle aquilo que a reflexão e o exame demonstrariam ser absurdo ou impossível, pois o entusiasmo não esclarece, ofusca. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo. São os menos capazes de convencer, porque se desconfia com razão do seu julgamento. São enganados facilmente por Espíritos mistificadores ou por pessoas que procuram explorar a sua credulidade. Se apenas eles tivessem de sofrer as consequências o mal seria menor, mas o pior é que oferecem, embora sem querer, motivos aos incrédulos que mais procuram zombar do que se convencer e não deixam de imputar a todos o ridículo de alguns. Isso não é justo nem racional, sem dúvida, mas os adversários do Espiritismo, como se sabe, só reconhecem como boa a sua razão e pouco se importam de conhecer a fundo aquilo de que falam.
Aqui, Kardec está dando um recado para os espíritas, de um modo geral.
No primeiro caso, encontramos aqueles que estudam, observam, querendo saber mesmo como é o processo. Não são aqueles que ouvem e aceitam. Vão fazer as suas experimentações.
No segundo caso, são aquelas pessoas que se dizem espíritas; têm o conhecimento espírita, mas ainda estão longe de colocar em prática esses ensinos, vivenciar.
No terceiro caso, Kardec destaca aquelas pessoas que não se contentam em apenas conhecer a moral espírita. Mas a praticam e aceitam todas as suas consequências. Não é que essas pessoas já pratiquem tudo corretamente. Mas estão se empenhando para praticar. É muito importante isso. Então, o que é que o verdadeiro espírita faz? Ele começa a trabalhar, para não ficar apegado à vida material, porque ele já tem consciência de que tudo isso aqui é passageiro. Sabemos que estamos aqui com o objetivo de nos melhorarmos.

No quarto caso, encontramos os exagerados. Aqueles que são fanáticos, que não têm noção, e aceitam tudo. Kardec alerta que todo exagero é prejudicial, até, mesmo, religião.
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO III
MÉTODO
21. A segunda classe de materialistas, muito mais numerosa, compreende os que o são por indiferença, e, podemos dizer, por falta de coisa melhor, já que o materialismo real é um sentimento antinatural. Não o são deliberadamente e o que mais desejam é crer, pois a incerteza os atormenta. Sentem uma vaga aspiração do futuro, mas esse futuro foi-lhes apresentado de maneira que sua razão não pode aceitar, nascendo daí a dúvida, e como consequência da dúvida, a incredulidade. Para eles, pois, a incredulidade não se apoia num sistema. Tão logo lhes apresenteis alguma coisa de racional, eles a aceitarão com ardor. Esses podem nos compreender, porque estão mais próximos de nós do que poderiam supor.
Com os primeiros, não faleis de revelação, nem de anjos ou do Paraíso, pois, não compreenderiam. Mas colocai-vos no seu próprio terreno e provai-lhes, primeiro, que as leis da Filosofia não podem explicar tudo: o resto virá depois. A situação é outra quando não se trata de incredulidade preconcebida, pois nesse caso a crença não foi totalmente anulada e permanece como germe latente, asfixiado pelas ervas daninhas, que uma centelha pode reanimar. É o cego a que se restitui a vista e que se alegra de rever a luz, é o náufrago a que se atira uma tábua de salvação.
Kardec, explicando a segunda classe de materialistas, trata daqueles que se dizem materialistas por várias razões, inclusive com decepções que tiveram nas suas crenças religiosas, por promessas fantasiosas, em suas experiências de vida, mas que queriam acreditar em alguma coisa. Segundo Kardec, estes se acomodaram e não quiseram procurar a verdade, e se tornaram materialistas. Porém, não aqueles materialistas convictos, como os da primeira classe, que acham que a Ciência já desvendou tudo.
22. Ao lado dos materialistas propriamente ditos há uma terceira classe de incrédulos que, embora espiritualistas, pelo menos no nome, não são menos refratários ao Espiritismo: são os incrédulos de má vontade. Esses não querem crer, porque isso lhes perturbaria o gozo dos prazeres materiais. Temem encontrar a condenação de sua ambição, do seu egoísmo e das vaidades humanas com que se deliciam. Fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir. Só podemos lamentá-los.
Aqui, Kardec está especificando uma terceira classe de incrédulos. São pessoas que acreditam em algo mais além da matéria; mas em nada relacionado com o Espiritismo. Disso, elas não querem tomar conhecimento. Usam o conceito do eu não sei e não quero saber. São pessoas que têm fé, acreditam em Deus, mas não querem mudar a vida de prazeres que levam. Está muito bom assim. Quer aproveitar todas as delícias que o mundo material proporciona.
23. Somente para lembrá-la, falaremos de uma quarta categoria a que chamaremos de incrédulos interesseiros ou de má fé. Estes sabem muito bem o que há de certo no Espiritismo, mas o condenam ostensivamente por motivos de interesse pessoal. Nada temos a dizer deles nem a fazer com eles. Se o materialista radical se engana, tem ao menos a desculpa da boa fé; podemos corrigi-lo, provando-lhe o erro. Neste último, há uma determinação contra a qual se esboroam todos os argumentos. O tempo se encarregará de lhe abrir os olhos e lhe mostrar, talvez à sua própria custa, onde estavam os seus verdadeiros interesses. Porque, não podendo impedir a expansão da verdade, eles serão arrastados pela correnteza, juntamente com os interesses que pensavam salvaguardar.
Esta classe abriga criaturas que têm o conhecimento da verdade. Mas, por puro interesse pessoal, não podem admitir isso. Tomo, por exemplo, um pastor evangélico que conheci. Fazia palestras em Casas Espíritas, mas não abandonava a sua igreja, para não perder o status.
24. Além dessas categorias de opositores há uma infinidade de variações, entre as quais se podem contar os incrédulos por covardia, que terão coragem quando verificarem que os outros não foram prejudicados; os incrédulos por escrúpulo religioso, que um ensino esclarecido fará ver que o Espiritismo se apoia nos próprios fundamentos da Religião e respeita todas as crenças, tendo como um de seus efeitos despertar os sentimentos religiosos nos descrentes, fortalecendo-os nos vacilantes; os incrédulos por orgulho, por espírito de contradição, por negligência, por leviandade, etc. etc.
Aqui, não temos muito o que comentar.
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PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO III
MÉTODO
18. O desejo muito natural e louvável dos adeptos, que não se precisaria se estimular mais, é o de fazer prosélitos. Para facilitar-lhes a tarefa é que nos propomos a examinar aqui o meio mais seguro, segundo pensamos, de atingir esse objetivo poupando esforços inúteis.
Dissemos que o Espiritismo é toda uma Ciência, toda uma Filosofia. Quem desejar conhecê-lo seriamente deve, pois, como primeira condição, submeter-se a um estudo sério e persuadir-se de que, mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincando. O Espiritismo, já o dissemos, se relaciona com todos os problemas da Humanidade. Seu campo é imenso e devemos encará-lo sobretudo quanto às suas consequências. A crença nos Espíritos constitui sem dúvida a sua base, mas não basta para fazer um espírita esclarecido, como a crença em Deus não basta para fazer um teólogo. Vejamos, pois, de que maneira convém proceder no seu ensino, para levar-se com mais segurança à convicção.
Que os adeptos não se assustem com a palavra ensino. Não se ensina apenas do alto da cátedra ou da tribuna, mas também na simples conversação. Toda pessoa que procura persuadir outra por meio de explicações ou de experiências, ensina. O que desejamos é que esse esforço dê resultados. Por isso julgamos nosso dever dar alguns conselhos, que poderão ser aproveitados pelos que desejam instruir-se a si mesmos e que terão aqui o meio e chegar mais segura e prontamente ao alvo.
Primeiro, Kardec nos explicou que milagre não existe; e que tudo tem uma razão de ser, tudo tem uma explicação lógica. Agora, ele trás os métodos utilizados no estudo desses fenômenos, ou seja, o que se fez para compreender esses fenômenos tidos como milagres. Ele diz também que o desejo natural dos adeptos era que se fizesse propaganda de tudo o que acontece; e Kardec explica o porquê que a Doutrina não faz propaganda, não impõe a sua vontade. No livro O que é o Espiritismo, ele diz que a propaganda do Espiritismo é feita através do exemplo, justamente o que Jesus fez. Quando o Mestre esteve entre nós não fez propaganda do seu messianato. Ele não disse que ia fazer isso ou aquilo. Foi fazendo. E, conforme ia fazendo. As pessoas se acercavam dele. Então, esse é o método da Doutrina. Isso é muito importante porque a Doutrina Espírita não é uma brincadeira de mistérios. Kardec também diz que quem quer realmente conhecer o processo de como acontecem os fenômenos, tem que ter como primeira condição o estudo.
19. Acredita-se geralmente que para convencer é suficiente apresentar os fatos. Esse parece realmente o procedimento mais lógico, e, no entanto a experiência mostra que nem sempre é o melhor, pois frequentemente encontramos pessoas que os fatos mais evidentes não convencem de maneira alguma. A que se deve isso? É o que tentaremos demonstrar.
No Espiritismo, a questão dos Espíritos está em segundo lugar, não constituindo o seu ponto de partida. E é esse, precisamente, o erro em que se cai e que acarreta o fracasso com certas pessoas. Sendo os Espíritos simplesmente as almas dos homens, o verdadeiro ponto de partida é então a existência da alma. Como pode o materialista admitir a existência de seres que vivem fora do mundo material, quando ele mesmo se considera apenas material? Como pode crer na existência de Espíritos ao seu redor, se não admite seu próprio Espírito? Em vão se amontoarão aos seus olhos as provas mais palpáveis. Ele contestará a todas elas, porque não admite o princípio.
Todo ensino metódico deve participar do conhecido para o desconhecido. Para o materialista, o conhecido é a matéria. Parti, pois, da matéria e tratai de lhe demonstrar, antes de tudo, que há nele próprio alguma coisa que escapa às leis materiais. Numa palavra: antes de torná-lo espírita procurai fazê-lo ESPIRITUALISTA. Mas, para isso, é necessária outra ordem de fatos e se deve proceder, por outros meios, a uma forma especial de ensino. Falar-lhe de Espíritos antes que ele esteja convencido de ter uma alma é começar pelo fim, pois ele não pode admitir a conclusão se não aceita as premissas.
Antes, pois, de tentar convencer um incrédulo, mesmo por meio dos fatos, convém assegurar-se de sua opinião sobre a alma, ou seja, se ele crê na sua existência, na sua sobrevivência ao corpo, na sua individualidade após a morte. Se a resposta for negativa, será tempo perdido falar-lhe dos Espíritos. Eis a regra. Não dizemos que não haja exceção. Mas nesse caso deve existir outra razão que o torne menos refratário.
Kardec começa o item dizendo que a questão dos Espíritos está em segundo lugar, ou seja, não é o item principal, porque, como é que a criatura vai acreditar na existência da alma, se ela acha que é apenas matéria? É muito complicado. Então, não adianta querer convencer essa criatura. Por isso foi que Kardec disse no início desse capítulo. Não estamos preocupados em fazer propaganda da Doutrina, porque a pessoa que está convicta no seu ponto de vista vai rejeitar qualquer situação que lhe pareça contrária. Você pode falar de Espíritos com ela, mas, se ela não acredita que é um Espírito, não vamos obter êxito. Então, não adianta insistir. Temos que tentar fazer com que essa criatura perceba que existe alguma coisa além do corpo material.
20. Devemos distinguir duas classes principais de materialistas: na primeira estão os que o são por sistema. Para eles não há dúvida, mas a negação absoluta, segundo a sua maneira de raciocinar. Aos seus olhos o homem não passa de uma máquina enquanto vivo, mas que se desarranja e depois da morte só deixa o esqueleto. Seu número é felizmente bastante restrito e em parte alguma representa uma escola abertamente declarada. Não precisamos acentuar os deploráveis efeitos que resultariam para a ordem social da vulgarização de semelhante doutrina. Estendemo-nos suficientemente a respeito em O Livro dos Espíritos (n°. 147 e parágrafo III da Conclusão).
Quando dissemos que a dúvida dos incrédulos cessa diante de uma explicação racional, é necessário excetuar os materialistas radicais, que negam toda potência e qualquer princípio inteligente fora da matéria. A maioria se obstina nessa opinião por orgulho e acha que deve mantê-la por amor-próprio. Persistem nela apesar de todas as provas contrárias porque não querem ficar por baixo. Nada se tem a fazer com eles. Nem se deve acreditar na falsa expressão de sinceridade dos que dizem: fazei-me ver e acreditarei. Há os que são mais francos e logo dizem: mesmo se eu visse não acreditaria.
Aqui, Kardec está deixando bem claro que o materialista não tem dúvida nenhuma. Não aceita e pronto. O pensamento do materialista é o orgulho falando mais alto, achando que a ciência  já apresenta tudo, e que não existe mais nada além daquilo que ele possa ver e comprovar materialmente.

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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II
DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL
16. Os fenômenos espíritas, como os fenômenos magnéticos, passaram por prodígios antes de lhes conhecerem a causa. Ora, os céticos, os espíritos fortes, que têm o privilégio exclusivo da razão e do bom senso, não creem naquilo que não podem compreender. Eis porque todos os fatos considerados prodigiosos são objeto de suas zombarias. Como a Religião está cheia de fatos desse gênero, eles não creem na Religião, e disso à incredulidade absoluta vai apenas um passo. O Espiritismo, explicando a maioria desses fatos, justifica a sua existência. Vem, portanto, em auxílio da Religião, ao demonstrar a possibilidade de alguns fatos que, por não serem milagrosos, não são menos extraordinários. E Deus não é maior nem menos poderoso por não haver derrogado as suas leis.
De quantos gracejos não foram objeto as levitações de São Cupertino! Entretanto, a suspensão etérea dos corpos graves é um fato explicado pela lei espírita. Fomos testemunha ocular desse fato, e o sr. Home, além de outras pessoas nossas conhecidas, repetiram muitas vezes o fenômeno produzido por São Cupertino. Esse fenômeno, portanto, enquadra-se na ordem das coisas naturais.
Aqui, Kardec está dizendo que tudo aquilo que era inexplicável era tido como milagre, como, por exemplo, uma mesa girar, uma mesa responder à perguntas, uma mesa subir e descer, tudo isso era tido como milagre, como sobrenatural. Mas, a partir do momento em que foi desvendado o processo do que acontecia ali; que eram elementos espirituais se utilizando de um fluido das pessoas, fazendo com que a mesa se movesse, foi tudo esclarecido, e deixou de ser milagre.

17. No número dos fenômenos desse gênero temos de colocar em primeira linha as aparições, que são os mais frequentes. A da Salette, que dividiu o próprio clero, não tem para nós nada de insólito. Não podemos afirmar com segurança a realidade do fato, porque não temos nenhuma prova material, mas o consideramos possível, em vista dos milhares de fatos semelhantes e recentes que conhecemos. Acreditamos neles, não somente porque verificamos a sua realidade, mas, sobretudo porque sabemos perfeitamente como se produzem. Queiram reportar-se à teoria das aparições, que damos mais adiante, e verão que esse fenômeno se torna tão simples e plausível como uma infinidade de fenômenos físicos que só parecem prodigiosos quando não temos a chave de sua explicação.
Quanto à personagem que se apresentou na Salette, é outra questão. Sua identidade não nos foi absolutamente demonstrada. Aceitamos apenas que uma aparição possa ter ocorrido; o resto não é de nossa competência. Cada qual pode guardar, a esse respeito, as suas convicções. O Espiritismo não tem de se ocupar com isso. Dizemos apenas que os fatos produzidos pelo Espiritismo revelam novas leis e nos dão a chave de uma infinidade de coisas que pareciam sobrenaturais. Se alguns desses fatos considerados miraculosos encontram assim uma explicação lógica, isso é motivo para que não se apressem a negar o que não compreendem.
Os fenômenos espíritas são contestados por algumas pessoas precisamente porque parecem escapar às leis comuns e não podem ser explicados. Dai-lhes uma base racional e a dúvida cessa. A explicação, neste século em que ninguém se satisfaz com palavras, é portanto, um poderoso motivo de convicção. Assim vemos, todos os dias, pessoas que não presenciaram nenhum fato, não viram uma mesa mover-se nem um médium escrever, e que se tornaram tão convictas como nós unicamente porque leram e compreenderam. Se só devêssemos crer no que vemos com os nossos próprios olhos, nossas convicções seriam reduzidas a bem pouca coisa.
Kardec esclarece para nós que não há nenhum mistério, que é uma coisa simples, porque, se existe uma explicação para o acontecido, não há milagre, não existe nada de extraordinário. A Doutrina Espírita veio nos trazer esse esclarecimento. Kardec também fala das aparições, e nós sabemos que essas aparições são fenômenos naturais.. Nós só podemos classificar algo como milagre, se nós buscarmos  a informação, buscarmos como é que aconteceu aquele fenômeno, e não encontrar uma explicação lógica. Mas como o milagre não existe, porque sabemos muito bem se ele existisse seria uma derrogação da lei de Deus, e Deus não iria criar uma lei e Ele mesmo ir contra aquilo que criou. Tudo tem uma explicação; basta que tenhamos condição e capacidade para entendermos o processo.

(1) A Parapsicologia confirma hoje, cientificamente, através de pesquisas de laboratório, a naturalidade desses fenômenos. (N. do T.)
(2) Hoje, os parapsicólogos chegam a essa mesma conclusão: o prof. Rhine afirma que o pensamento é extra-físico e age sobre a matéria; os profs. Carington, Soai, Price e outros admitem a ação de mentes desencarnadas na produção dos fenômenos psikapa (efeitos físicos). (N. do T.)
(3) O prof. Ernesto Bozzano chama a isto "convergência das provas", mostrando a necessidade cientifica de uma hipótese explicar todos os fenômenos da mesma natureza e não apenas alguns deles. (N. do T.)
(4) Realmente, esse crítico, ainda em nossos dias, está por aparecer. Basta uma rápida leitura dos livros e artigos publicados hoje contra o Espiritismo, para nos mostrar que a situação não mudou. Cientistas, filósofos, teólogos, sacerdotes, pastores e intelectuais, inclusive adeptos de instituições espiritualistas procedentes do antigo Ocultismo, continuam a criticar levianamente o Espiritismo, sem se darem ao trabalho preliminar de estudá-lo, a não ser ligeiramente e com segundas intenções. (N. do T.)

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PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II
DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL
15. Referimo-nos há pouco à palavra milagre; uma breve observação sobre o assunto não estará deslocada num Capítulo sobre o maravilhoso.
Na sua acepção primitiva e por sua etimologia a palavra milagre significa coisa extraordinária, coisa admirável de ver. Mas essa palavra, como tantas outras, desviou-se do sentido original e hoje se diz (segundo a Academia): de um ato da potência divina contrário às leis comuns da Natureza. Essa é, com efeito, a sua acepção usual, e só por comparação ou metáfora se aplica às coisas vulgares que nos surpreendem e cuja causa desconhecemos. Não temos absolutamente a intenção de examinar se Deus poderia julgar útil, em certas circunstâncias, derrogar as leis por ele mesmo estabelecidas. Nosso objetivo é somente o de demonstrar que os fenômenos espíritas, por mais extraordinários que sejam, não derrogam de maneira alguma essas leis e não têm nenhum caráter miraculoso, tanto mais que não são maravilhosos ou sobrenaturais. O milagre não tem explicação; os fenômenos espíritas, pelo contrário, são explicados da maneira mais racional. Não são, portanto, milagres, mas, simples efeitos que têm sua razão de ser nas leis gerais. O milagre tem ainda outro caráter: o de ser insólito e isolado. Ora, desde que um fato se reproduz, por assim dizer, à vontade, e por meio de pessoas diversas, não pode ser um milagre.
A Ciência faz milagres todos os dias aos olhos dos ignorantes: eis porque antigamente os que sabiam mais do que o vulgo passavam por feiticeiros, e como se acreditava que toda ciência sobre-humana era diabólica, eles eram queimados. Hoje, que estamos muito mais civilizados, basta enviá-los para os hospícios.
Que um homem realmente morto, como dissemos no início, seja ressuscitado por uma intervenção divina e teremos um verdadeiro milagre, porque isso é contrário às leis da Natureza. Mas se esse homem tem apenas a aparência da morte, conservando ainda um resto de vitalidade latente, e a Ciência ou uma ação magnética consegue reanimá-lo, para as pessoas esclarecidas isso é um fenômeno natural. Entretanto, aos olhos do vulgo ignorante o fato passará por milagroso e o seu autor será rechaçado a pedradas ou será venerado, segundo o caráter dos circunstantes. Que um físico solte um papagaio elétrico num meio rural, fazendo cair um raio sobre uma árvore, e esse novo Prometeu será certamente encarado como detentor de um poder diabólico. Aliás, diga-se de passagem, Prometeu nos parece sobretudo um antecessor de Franklin; mas Josué, fazendo parar o Sol, ou antes a Terra, nos daria o verdadeiro milagre, pois não conhecemos nenhum magnetizador dotado de tanto poder para operar esse prodígio.
De todos os fenômenos espíritas, um dos mais extraordinários é indiscutivelmente o da escrita direta, um dos que demonstram da maneira mais evidente a ação das inteligências ocultas.
Mas por ser produzido pelos seres ocultos, esse fenômeno não é mais miraculoso do que todos os demais, também devidos a agentes invisíveis. Porque esses seres invisíveis, que povoam os espaços, são uma das potências da Natureza, potência que age incessantemente sobre o mundo material, tão bem como sobre o mundo moral.
O Espiritismo, esclarecendo-nos a respeito dessa potência, dá-nos a chave de uma infinidade de coisas inexplicadas e inexplicáveis por qualquer outro meio, e que em tempos distantes puderam passar como prodígios. Ele revela, como aconteceu com o magnetismo, uma lei desconhecida ou pelo menos mal compreendida; ou, dizendo melhor, uma lei cujos efeitos eram conhecidos, porque produzidos em todos os tempos, mas ela mesma sendo ignorada, isso deu origem à superstição. Conhecida essa lei, o maravilhoso desaparece e os fenômenos se reintegram na ordem das coisas naturais. Eis porque os espíritas, fazendo mover uma mesa ou com que os mortos escrevam, não fazem mais milagres do que o médico ao reviver um moribundo ou o físico ao provocar um raio. Aquele que pretendesse, com a ajuda desta Ciência, fazer milagres, seria um ignorante da doutrina ou um trapaceiro.
Aqui, Kardec está nos esclarecendo sobre o termo milagre, que se desviou do sentido original, e hoje se aplica à coisas vulgares, cujas causas desconhecemos. A palavra milagre em si significa algo extraordinário, coisa admirável de se ver, ou seja, não é uma coisa comum de se ver. Por isso, uma coisa dessa natureza, era considerada milagre, como, por exemplo, o nascimento de Jesus; Maria teria gerado um ser sem a necessidade da participação de um homem, José, seu esposo. Isso, se realmente tivesse acontecido seria um milagre; porque seria uma derrogação da Lei Natural de reprodução, porque nós sabemos que, para que haja a reprodução de um ser, é necessário uma célula masculina e uma célula feminina; sem uma delas não há reprodução.
A Doutrina Espírita, através de seus benfeitores espirituais, nos trouxeram informações importantes, clareou a nossa mente, nos mostrando que tudo o que era considerado como extraordinário, nada mais é do que a falta do conhecimento das pessoas. Então, a partir do momento em que se tenha o conhecimento de tal fato, e sabe como se processa a coisa, aquilo deixa de ser miraculoso, espetacular. Ora, Deus não iria promover um ato contra as Suas próprias leis.
Todos os dias, vemos pessoas que não presenciaram nenhum fato, não viram uma mesa mover-se, nem um médium escrever e se tornaram tão convictas unicamente porque leram e compreenderam. Se só devêssemos crer no que vemos com os nossos próprios olhos, nossas convicções seriam reduzidas a bem pouca coisa.

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NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II
DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL
14. Resumimos nossa opinião nas proposições seguintes:
1°). Todos os fenômenos espíritas têm como princípio a existência da alma, sua sobrevivência à morte do corpo e suas manifestações;
2°). Decorrendo de uma lei da Natureza, esses fenômenos nada têm de maravilhoso nem de sobrenatural, no sentido vulgar dessas palavras;
3°). Muitos fatos são considerados sobrenaturais porque a sua causa não é conhecida; ao determinar-lhes a causa, o Espiritismo os devolve ao domínio dos fenômenos naturais;
4°). Entre os fatos qualificados de sobrenaturais, o Espiritismo demonstra a impossibilidade de muitos e os coloca entre as crenças supersticiosas;
5°). Embora o Espiritismo reconheça um fundo de verdade em muitas crenças populares, ele não aceita absolutamente que todas as estórias fantásticas criadas pela imaginação sejam da mesma natureza;
6°). Julgar o Espiritismo pelos fatos que ele não admite é dar prova de ignorância e desvalorizar por completo a própria opinião;
7°). A explicação dos fatos admitidos pelo Espiritismo, de suas causas e suas consequências morais, constituem toda uma Ciência e toda uma Filosofia que exigem estudo sério, perseverante e aprofundado;
8°). O Espiritismo só pode considerar como crítico sério aquele que tudo viu e estudou, em tudo se aprofundando com paciência e a perseverança de um observador consciencioso; que tenha tanto conhecimento do assunto como adepto mais esclarecido; que não haja, portanto, adquirido seus conhecimentos nas ficções literárias da ciência; ao qual não se possa opor nenhum fato por ele desconhecido, nenhum argumento que ele não tenha meditado e que não tenha refutado apenas por meio da negação, mas por outros argumentos mais decisivos; aquele enfim, que pudesse apontar uma causa mais lógica para os fatos averiguados. Esse crítico ainda está para aparecer.  
Nota do tradutor:
Realmente, esse crítico, ainda em nossos dias, está por aparecer. Basta uma rápida leitura dos livros e artigos publicados hoje contra o Espiritismo, para nos mostrar que a situação não mudou. Cientistas, filósofos, teólogos, sacerdotes, pastores e intelectuais, inclusive adeptos de instituições espiritualistas procedentes do antigo Ocultismo, continuam a criticar levianamente o Espiritismo, sem se darem ao trabalho preliminar de estudá-lo, a não ser ligeiramente e com segundas intenções.
Este item 14 é um resumo das proposições que Kardec fez até aqui.
Por todas as considerações já feitas, fica cada vez mais evidente a importância do conhecimento para bem compreender a atuação das leis divinas e naturais no universo. O Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos. Longe disso, demonstra a impossibilidade de muitos deles e o ridículo de algumas crenças que constitui, propriamente falando, a superstição. Os adversários do Espiritismo o acusam de despertar ideias supersticiosas. Mas, o que é que há de comum entre a doutrina que ensina a existência do mundo invisível, comunicando-se com o visível, e fatos da natureza do que relatamos, que são os verdadeiros tipos de superstição? Se os que o atacam a esse respeito tivessem dado ao trabalho de estuda-lo, antes de julga-lo levianamente, saberiam que não só condena as práticas divinatórias, como lhes demonstra a nulidade. O estudo sério do Espiritismo, tende a destruir as crenças realmente supersticiosas. Na maioria das crenças populares há, quase sempre, um fundo de verdade, desnaturado e ampliado. São os acessórios, as falsas aplicações, que a bem dizer, constituem a superstição. Assim é que os contos de fadas e de gênios repousam sobre a existência dos espíritos bons e maus, protetores ou malévolos. Todas as estórias de aparição têm sua fonte no fenômeno muito real das manifestações espíritas visíveis e mesmo tangíveis.
Entendemos que, o que se considera maravilhoso e sobrenatural, está fora das leis naturais, ou seja, é um fato inexplicável. Mas, a partir do momento em que se possa identificar a causa dos fenômenos, percebemos que está tudo dentro das leis naturais. Aquele ponto em que não existe uma explicação lógica é considerado superstição, ou seja, as pessoas acreditam em determinados dogmas, que foram criados pelos homens. A criatura acredita piamente, por exemplo, que uma ferradura ou uma figa de guiné pendurada atrás da porta vai proteger totalmente a sua casa. Vamos raciocinar: ela está acreditando que esses itens materiais está lhe protegendo. Mas, o que na realidade está acontecendo ali, é que a criatura está depositando tanta fé na ferradura ou na figa de guiné, e essa fé vem de dentro do seu pensamento. Portanto, é a sua vibração, é a sua energia que ela coloca no seu amuleto. Ela precisa de um ponto de referência material. Esse é o caso que o Espiritismo aceita, apesar de o fato estar dentro de uma imaginação.
Kardec também diz: para que uma pessoa possa falar de um determinado assunto, tem que estudar o referido assunto, para, depois, exprimir sua opinião. Infelizmente, hoje, encontramos no movimento espírita pessoas que, por não estudarem convenientemente as obras da codificação espírita, acham que ela precisa ser revista. Acham Kardec ultrapassado.

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CAPÍTULO II
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12.  Na lógica mais elementar, para discutir uma coisa é necessário conhecê-la porque a opinião de um crítico só tem valor quando ele fala com conhecimento de causa. Somente assim, a sua opinião, embora errônea, pode ser levada em consideração. Mas que peso ela pode ter, quando emitida sobre matéria que ele desconhece? A verdadeira crítica deve dar provas, não somente de erudição, mas de conhecimento profundo do objeto tratado, de isenção no julgamento e de absoluta imparcialidade. A não ser assim, qualquer violeiro poderia se arrogar o direito de julgar Rossini e qualquer pintor de paredes de censurar Rafael.
Kardec frisa muito isso; “para discutir uma coisa é necessário conhecê-la”, tanto no livro dos médiuns, como no livro dos espíritos e, principalmente, no livro o que é o espiritismo. Para uma pessoa falar sobre qualquer assunto que seja ela tem que ter um mínimo de conhecimento; e para se ter um mínimo de conhecimento sobre determinado assunto, temos que ler, estudar, procurar conhecer, e não sair por aí dizendo que o Espiritismo é coisa do demônio, como acontece com seguidores de algumas religiões. Aí, você pergunta para essas pessoas: você leu as obras da codificação? Você, por acaso, frequentou uma casa espírita? E, elas, com certeza, responderão não. Então, é isso que Kardec está dizendo aqui; pelo simples fato de ouvir dizer, condenam, sem conhecer, a Doutrina Espírita.
13. O Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos. Longe disso, demonstra a impossibilidade de muitos deles e o ridículo de algumas crenças que constituem, propriamente falando, a superstição. É verdade que entre os fatos por ele admitidos há coisas que, para os incrédulos, são inegavelmente do maravilhoso, o que vale dizer da superstição.
Que seja. Mas, pelo menos, que limitem a eles a discussão, pois em relação aos outros nada têm que dizer e pregarão no deserto. Criticando o que o próprio Espiritismo refuta, demonstram ignorar o assunto e argumentam em vão. Mas até onde vai a crença do Espiritismo, perguntarão. Lede e observai, que o sabereis. A aquisição de qualquer ciência exige tempo e estudo. Ora, o Espiritismo, que toca nas mais graves questões da Filosofia, em todos os setores da ordem social, que abrange ao mesmo tempo o homem físico e o homem moral, é em si mesmo toda uma Ciência, toda uma Filosofia, que não podem ser adquiridas em apenas algumas horas. Há tanta puerilidade em ver todo o Espiritismo numa mesa girante, como em ver toda a Física em algumas experiências infantis. Para quem não quiser ficar na superfície, não são horas, mas meses e anos que terá de gastar para sondar todos os seus arcanos. Que se julgue, diante disso, o grau de conhecimento e o valor da opinião dos que se arrogam o direito de julgar porque viram uma ou duas experiências, quase sempre realizadas como distração ou passa-tempo. Eles dirão, sem dúvida que não dispõem do tempo necessário para esse estudo. Que seja, mas nada os obriga a isso. E quando não se tem tempo para aprender uma coisa, não se pode falar dela, e menos ainda julgá-Ia, se não se quiser ser acusado de leviandade. Ora, quanto mais elevada é a posição que se ocupe na Ciência, menos desculpável será tratar-se levianamente um assunto que não se conhece.

Diz Kardec: “Ora, o Espiritismo, que foca nas mais graves questões da Filosofia, em todos os setores da ordem social, que abrange ao mesmo tempo o homem físico e o homem moral, é em si mesmo toda uma Ciência, toda uma Filosofia, que não podem ser adquiridas em apenas algumas horas”. Ou seja, tudo requer estudo. Para os espíritas, uma comunicação psicografada, uma mensagem trazida através de uma psicofonia ou um trabalho de desobsessão, é algo natural, é um processo que faz parte da lei divina. Agora, para quem não conhece a Doutrina Espírita, trata-se de uma coisa do outro mundo. Um médium que tem a capacidade de produzir efeitos físicos, para nós espíritas, está muito bem explicado, mas para quem não tem esse conhecimento, vai achar que é coisa do demônio. Porém, isso é um processo natural dentro do que a ciência espírita nos mostra e prova. Por esse motivo é que Kardec nos diz: estude. Então, para conhecer o Espiritismo, a pessoa tem que estudar, tem que ter o conhecimento da ciência e da filosofia espírita. Até para entender e aproveitar melhor o passe que toma dentro da casa espírita.
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CAPÍTULO II
DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL
10. Aos olhos daqueles que veem na matéria a única potência da Natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis materiais é maravilhoso ou sobrenatural e, para eles, maravilhoso é sinônimo de superstição. Dessa maneira a religião, que se funda na existência de um princípio imaterial, é um tecido de superstições. Eles não ousam dizê-lo em voz alta, mas o dizem baixinho. E pensam salvar as aparências ao conceber que é necessária uma religião para o povo e para tornar as crianças acomodadas. Ora, de duas, uma: ou o princípio religioso é verdadeiro ou é falso. Se for verdadeiro, o é para todos; se é falso não é melhor para os ignorantes do que para os esclarecidos.
Ou seja, tudo aquilo que a ciência material não explica era dado como maravilhoso, milagre, sobrenatural. Atrelado a isso, vieram as superstições. Ora, se a criatura acredita em milagres, no sobrenatural, ela vai acreditar também em superstição; ela vai acreditar que, se colocar um pé de coelho no seu bolso ou na bolsa, todas as portas se abrirão para ela; se ela colocar uma ferradura atrás da porta, nada de mal acontece em sua casa, ela fica livre de todo mal. Mas, em contrapartida, se, em determinado dia, passar  na sua frente um gato preto, pronto, estragou o seu dia; se, por acaso, quebrou-se um espelho dentro de casa, ela vai ter uma temporada de azar; e, por aí, vão as superstições. Tudo isso por conta das crendices, do sobrenatural que, na realidade, não tem nada a ver uma coisa com a outra, porque nós sabemos que, o que comanda a nossa vida são os nossos atos, as nossas ações. A Doutrina Espírita veio trazer um esclarecimento muito importante para todos nós; não existe sorte nem azar, o que existe são as consequências dos nossos próprios atos. Aqui, Kardec está dizendo que, a ideia do sobrenatural foi criada com o objetivo intuir os seus adeptos a fazerem aquilo que a religião determina, tornar as pessoas acomodadas. Foi criado o dogma de que na sexta-feira santa não se podia varrer a casa. Mas, por que isso? Porque dá azar! Mas, por que dá azar? A resposta era: dá azar e pronto; aceira e fica quieto. Então, era assim que as coisas eram colocadas.
11. Os que atacam o Espiritismo em nome do maravilhoso se apoiam, portanto, em geral, no princípio materialista, desde que negando todo efeito de origem extramaterial, negam consequentemente a existência da alma. Sondai o futuro de seu pensamento, perscrutai o sentido de suas palavras e encontrareis quase sempre esse princípio que, se não se mostra categoricamente formulado, transparece sob a capa de uma pretensa filosofia moral com que eles se disfarçam. Rejeitando como maravilhoso tudo quanto decorre da existência da alma, eles são, portanto, consequentes consigo mesmos. Não admitindo a causa, não podem admitir o efeito. Daí o preconceito que os impede de julgar com isenção o Espiritismo, pois partem da negação de tudo o que não seja material. Quanto a nós, pelo fato de admitirmos os efeitos decorrentes da existência da alma, teríamos de aceitar todos os fatos qualificados de maravilhosos, teríamos de ser os campeões dos visionários, os adeptos de todas as utopias, de todos os sistemas excêntricos? Seria necessário conhecer bem pouco do Espiritismo para assim pensar. Mas os nossos adversários não se importam com isso; a necessidade de conhecer aquilo de que falam é o que menos lhes interessa. Segundo eles, o maravilhoso é absurdo; ora, o Espiritismo se apóia em fatos maravilhosos; logo, o Espiritismo é absurdo: isto é para eles um julgamento inapelável. Creem apresentar um argumento sem resposta quando, após eruditas pesquisas sobre os convulsionários de Saint-Médard, os camisards das Cévennes ou as religiosas de Loudun, chegam à descoberta de evidentes trapaças que ninguém contesta. Mas essas histórias são, por acaso, o evangelho do Espiritismo? Seus partidários teriam negado que o charlatanismo explorou alguns fatos em proveito próprio? Que a imaginação os tenha engendrado? Que o fanatismo tenha exagerado a muitos deles? O Espiritismo não é mais responsável pelas extravagâncias que se possam cometer em seu nome, do que a verdadeira Ciência pelos abusos da ignorância ou a verdadeira Religião pelos excessos do fanatismo. Muitos críticos só julgam o Espiritismo pelos contos de fadas e pelas lendas populares que são apenas as formas da sua ficção. O mesmo seria julgar a História pelos romances históricos ou pelas tragédias.

Para o materialista, não existe nada após a morte. Morreu, acabou. Por isso, ele nunca vai aceitar que possa existir alguma coisa relacionada à vida espiritual. Então, quando se conhece a Doutrina Espírita, se conhece os ensinamentos que os Espíritos superiores vieram nos trazer, esclarecendo a nossa mente, não dá para aceitarmos essa ideia do maravilhoso. Aqui, Kardec está dizendo que as pessoas querem combater, criticar, não se interessando em buscar uma informação, em buscar entender, em buscar o esclarecimento lógico para que possam falar e, com isso, se libertarem desses dogmas, desses conceitos, que foram incutidos na mente delas e, que, só servem para atrasá-las. Porque, quando acreditamos em milagres, nós não nos mexemos, não fazemos a nossa parte. Acreditando que subindo uma escadaria de joelhos a pessoa vai receber uma graça, isso não é evoluir. Os fatos aqui citados por Kardec, convulsionários de Saint-Médard, os camisards das Cévennes  e as religiosas de Loudun, foram fenômenos que aconteceram, mas foram coisas fraudadas, o que acontecia muito na época; e, baseados nessas fraudes, muitas pessoas criticavam o Espiritismo.
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II
DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL
9. Se o fato está provado, dirão, nós o aceitamos. E aceitamos até mesmo a causa que lhe atribuis, ou seja, a de um fluido desconhecido. Mas quem prova a intervenção dos Espíritos? É nisso que está o maravilhoso, o sobrenatural.
Aqui, Kardec está fazendo referência ao episódio das mesas girantes. Fato analisado, estudado por ele e por aqueles que o ajudaram nessa tarefa. Então, ficou comprovado que ali, no sobe e desce da mesa, nas respostas que a mesa dava, chegaram à conclusão de que eram espíritos agindo; mas a Ciência não comprovou a existência do espírito agindo na matéria. Para aqueles que veem na matéria a única potência da natureza, tudo que não pode ser explicado pelas leis materiais é maravilhoso e sobrenatural e, para eles, maravilhoso é sinônimo de sobrenatural.
Seria necessário, neste caso, toda uma demonstração que não seria cabível e constituiria, aliás, uma redundância, porque ela ressalta de todo o ensino. Entretanto, para resumi-la em duas palavras, diremos que teoricamente ela se funda neste princípio: todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente.
Baseado nesse princípio foi que Kardec, analisando as mesas girantes, chegou à conclusão de que ali, naquele fenômeno, existia uma causa inteligente, por isso ele foi pesquisar, para saber quem produzia aquilo. Quando as mesas começaram a dar respostas inteligentes, trazendo esclarecimento lógico, para aqueles que estavam ali questionando. Então, Kardec levando em conta de que uma mesa não raciocina, que a mesa não tem cérebro, só podia existir alguma coisa por traz disso tudo que é inteligente e que está produzindo esse efeito inteligente. Aí, então, ele chegou à existência dos Espíritos.
Praticamente: sobre a observação de que os fenômenos ditos espíritas, tendo dado provas de inteligência, não podem ter sua causa na matéria; que essa inteligência, não sendo a dos assistentes, - o que resultou das experiências - devia ser independente deles; e desde que não se via o ser que os produzia, devia tratar-se de um ser invisível, ao qual se deu o nome de Espírito, não é mais do que a alma dos que viveram corporalmente e aos quais a morte despojou de seu grosseiro envoltório visível, deixando-lhes apenas um envoltório etéreo, invisível no seu estado normal. Eis, pois, o maravilhoso e o sobrenatural reduzidos à mais simples expressão. Constatada a existência dos seres invisíveis, sua ação sobre a matéria resulta da natureza do seu envoltório fluídico. Esta ação é inteligente, porque, ao morrer, eles perderam apenas o corpo, conservando a inteligência que constitui a sua existência. Esta a chave de todos esses fenômenos considerados erroneamente sobrenaturais. A existência dos Espíritos não decorre, pois, de um sistema preconcebido, de uma hipótese imaginada para explicar os fatos, mas é o resultado de observações e a consequência natural da existência da alma. Negar essa causa é negar a alma e os seus atributos. Os que pensarem que podem encontrar para esses efeitos inteligentes uma solução mais racional, podendo, sobretudo explicar a razão de todos os fatos, queiram fazê-lo, e então poder-se-á discutir o mérito de ambas.

Nas observações, nas análises feitas por Kardec, a que conclusão ele chegou? Quem eram esses seres invisíveis, que ele denominou de Espíritos? De onde vieram? Eram seres criados à parte? Não! Através de muito estudo e pesquisa, Kardec chegou a uma conclusão verdadeira. Esses Espíritos nada mais eram do que aqueles que vieram ao planeta, antes. Portanto, não tem nada de maravilhoso, não tem nada de sobrenatural.
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II
DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL
8. Não obstante, dirão, admitis que um Espírito possa elevar uma mesa e sustentá-la no espaço sem um ponto de apoio. Isso não é uma derrogação da lei da gravidade? - Sim, da lei conhecida; mas a Natureza já vos disse a última palavra?
Se um homem comprovadamente morto ressuscitasse, isso sim seria maravilhoso, sobrenatural e fantástico. Isso sim seria uma verdadeira derrogação da lei de Deus – um milagre – mas, não há nada semelhante a isto na Doutrina Espírita. Uma outra hipótese, que podemos considerar, seria um Espírito levantar uma mesa e sustentá-la sem um pouco de apoio. Isso também seria uma derrogação da lei da gravidade, pois um nenhum objeto de peso considerado apresentaria condições de flutuar. Como resultado teríamos sua queda imediata. Se aceitarmos que esse fato está provado; quem pode provar que há neste caso a intervenção dos Espíritos? Estaria aí o sobrenatural? Teoricamente, podemos dizer que esse fato se funda no princípio: " todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente ".Praticamente, podemos dizer que esse fato se funda na observação de que os fenômenos espíritas, tendo dado provas de inteligência: não podem ter a sua causa na matéria, e que, se essa inteligência não é a dos assistentes, o que resultou das experiências – desde que não se via o ser que a produzia, devia tratar-se de um ser invisível ao qual se deu o nome de Espírito.
Antes das experiências com a força ascensional de certos gases quem diria que uma pesada máquina, carregando muitos homens, poderia vencer a força de atração? Aos olhos do vulgo, isso não deveria parecer maravilhoso, diabólico? Aquele que se propusesse a transmitir, há um século, uma mensagem a quinhentas léguas de distância e obter a resposta em alguns minutos passaria por louco. Se o fizesse, acreditariam que tinha o Diabo às suas ordens, pois então só o Diabo era capaz de andar tão ligeiro. Por que, pois, um fluido desconhecido não poderia, em dadas circunstâncias, contrabalançarem o efeito da gravidade, como o hidrogênio contrabalança o peso do balão? Isto note de passagem, é apenas uma comparação, feita unicamente para mostrar, por analogia, que o fato não é fisicamente impossível. Não se trata de identificar uma coisa à outra. Ora, foi precisamente quando os sábios, ao observarem estas espécies de fenômenos, quiseram proceder por identificação, que acabaram se enganando a respeito. De resto, o fato existe e todas as negações não poderiam destruí-lo, porque negar não é provar. Para nós, não há nada de sobrenatural e é tudo quanto podemos dizer por agora.

Realmente, dentro daquilo que o leigo conhece, se uma mesa pairar no ar sozinha fica claro que é um milagre. Aqui, Kardec nos leva a raciocinar, para entendermos que o milagre não existe, conforme está escrito em A Gênese, obra da codificação: Para que fosse considerado um milagre precisaria não ter uma explicação. Kardec nos mostra que, tudo que é considerado como milagre, na realidade não é, porque tem uma explicação. A própria ciência explica os milagres. Ainda em A Gênese encontramos: os séculos de ignorância foram fecundos em milagres; porque se considerava miraculoso tudo aquilo cuja causa era desconhecida. À medida que a ciência revelou suas leis, o domínio do maravilhoso se restringiu, mas, como a ciência não havia explorado todo o vasto campo da Natureza, restou ainda uma parte bem grande para o maravilhoso.
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II
DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL
7. Se a crença nos Espíritos e nas suas manifestações fosse uma concepção isolada, o produto de um sistema, poderia com certa razão ser suspeita de ilusória. Mas quem nos diria então porque ela se encontra tão viva entre todos os povos antigos e modernos, nos livros santos de todas as religiões conhecidas? Isso, dizem alguns críticos, é porque o homem, em todos os tempos, teve amor ao maravilhoso. - Mas que é o maravilhoso, segundo vós? - Aquilo que é sobrenatural. - E que entendeis por sobrenatural? - O que é contrário às leis da Natureza. - Então conheceis tão bem essas leis que podeis marcar limites ao poder de Deus? Muito bem! Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da Natureza; que elas não são e não podem ser uma dessas leis. Observai a Doutrina Espírita e vereis se no seu encadeamento elas não apresentam todas as características de uma lei admirável, que resolve tudo o que os princípios filosóficos até agora não puderam resolver. O pensamento é um atributo do Espírito. A possibilidade de agir sobre a matéria, de impressionar os nossos sentidos e, portanto de transmitir-nos o seu pensamento, é uma consequência, podemos dizer, da sua própria constituição fisiológica. Não há, pois, nesse fato, nada de sobrenatural, nada de maravilhoso. Mas que um homem morto e bem morto possa ressuscitar corporalmente, que os seus membros dispersos se reúnam para restabelecer-lhe o corpo, eis o que é maravilhoso, sobrenatural, fantástico. Isso, sim, seria uma verdadeira derrogação, que Deus só poderia fazer através de um milagre. Mas não há nada de semelhante na Doutrina Espírita.
Torna-se oportuno lembrar que a comunicação entre o mundo espiritual e o mundo material não acontece só no meio espírita; ela acontece em todo o mundo, não importa a crença que o individuo professe, que acredite; o fenômeno se tiver que acontecer, vai acontecer ali, mesmo que esse individuo não acredite no fenômeno. Geralmente, as pessoas levam as aparições desses fenômenos para o lado do sobrenatural. Mas, nesse caso, costumamos perguntar: Sobrenatural, como assim? E recebemos como resposta aquela velha frase: mistérios de Deus, que não podemos desvendar. Mas, aí, vem a Doutrina Espírita nos dizer que isso não existe. A falta de conhecimento leva a criatura a acreditar em milagres, no sobrenatural. Estamos estudando este livro justamente para não ficarmos presos à crendices, que só atrapalham a nossa evolução. O Espiritismo, quando estudado e bem compreendido, derruba, portanto o véu do sobrenatural, e é um poderoso alerta quanto às crendices e superstições, que no fundo nada têm de verdadeiro.
Kardec nos explica que as manifestações ou fenômenos espíritas nada tem de maravilhoso ou de sobrenatural, partindo do princípio que consideram-se sobrenaturais os fenômenos que são contrários às leis da Natureza. Nós só poderíamos fazer tal afirmação se conhecêssemos as leis da Natureza na sua plenitude, o que não acontece. Ele também nos fala sobre os milagres, que, no entendimento de muitos, são atos de potência divina, e que são contrários às leis da Natureza.
Os fenômenos espíritas, quaisquer que sejam, tem uma explicação racional, enquanto que os chamados milagres não têm explicação. Kardec salienta ainda que os chamados milagres têm outra característica; a de serem insólitos e isolados. Os fenômenos espíritas, ao contrário, se reproduzem aos montes, por meio de pessoas diversas e em distintos lugares.

Cabe lembrar que todo e qualquer fenômeno espírita não tem base na derrogação das leis naturais. É, ao contrário, comprovadamente consequência natural dessas mesmas Leis.
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
Kardec dividiu este livro em duas partes. Na primeira, ele coloca as Noções Preliminares, que nos esclarece a respeito daquilo que acontece à nossa volta e que era, até então, tido como sobrenatural, fantástico, extraordinário, e que, com o advento da Doutrina Espírita, tornou-se uma coisa natural, que faz parte das Leis Divinas. O que faltava era o conhecimento de como esses fenômenos acontecem. Na segunda parte, Kardec nos esclarece sobre as manifestações.
PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO I
HÁ ESPÍRITOS?
Kardec começa o Capítulo I fazendo uma pergunta. Por quê? Porque é o tipo de pergunta que, até hoje, muitos ainda fazem. E esse capítulo é uma resposta a esse questionamento.
1. A causa principal da dúvida sobre a existência dos Espíritos é a ignorância da sua verdadeira natureza.
Isto é uma grande verdade, porque encontramos aí, para esse fenômeno tão natural, que é a existência dos espíritos, como, almas penadas, fantasmas, assombrações, vários nomes, que vários credos foram colocando e a sociedade como um todo foi assimilando.
Imaginam-se os Espíritos como seres à parte na Criação, sem nenhuma prova da sua necessidade. Muitas pessoas só concedem os Espíritos através das estórias fantasiosas que ouviram em crianças, mais ou menos como as que conhecem História pelos romances.
Ora, se nós perguntarmos o que é o espírito para uma boa maioria das pessoas, elas não saberão explicar corretamente, caem no chavão dos fantasmas.
Não procuram saber se essas estórias, desprovidas do pitoresco, podem revelar um fundo verdadeiro, ao lado do absurdo que as choca. Não se dão ao trabalho de quebrar a casca da noz para descobrir a amêndoa. Assim, rejeitam a estória, como fazem os religiosos que, chocados por alguns abusos, afastam-se da religião.
Ou seja, sem o conhecimento real, a pessoa fica com medo de falar em espírito, que para ela espírito está ligado a coisa do demônio, e se afasta da religião.
Seja qual for à ideia que se faça dos Espíritos, a crença na sua existência decorre necessariamente do fato de haver um princípio inteligente no Universo, além da matéria. Essa crença é incompatível com a negação absoluta do referido princípio. Partimos, pois, da aceitação da existência, sobrevivência e individualidade da alma, de que o Espiritualismo em geral nos oferece a demonstração teórica dogmática, e o Espiritismo a demonstração experimental.
Ou seja, o que Kardec está dizendo aqui é que todas as crenças, todas as filosofias, todo pensamento que acredita em algo além da matéria têm o conhecimento; aceitam o processo de que o espírito existe, mas não têm a extensão do que realmente seja. Cada crença vai criando a sua ideia em relação ao espírito. E Kardec diz que essas ideias espiritualistas vieram em forma de teoria muito dogmática, porque foram conceitos e preconceitos criados pelo homem, sem nenhuma pesquisa profunda, sem um estudo analisado, sem uma observação científica.
Mas façamos, por um instante, abstrações das manifestações propriamente ditas, e raciocinemos por indução. Vejamos a que consequências chegaremos.
2. Admitimos a existência da alma e da sua individualidade após a morte, é necessário admitir também:
1º) Que a sua natureza é diferente da corpórea, pois ao separar-se do corpo ela não conserva as propriedades materiais;
2º) Que ela possuía consciência própria, pois lhe atribuímos a capacidade de ser feliz ou sofredora, e que tem de ser assim, pois do contrário ela seria um ser inerte e de nada nos valeria a sua existência.
Admitindo isso, é claro que a alma terá de ir para algum lugar. Mas para onde vai, e o que é feito dela? Segundo a crença comum, ela vai para o Céu ou para o Inferno. Mas onde estão o Céu e o Inferno? Dizia-se antigamente que o Céu estava no alto e o Inferno embaixo. Mas o que é o alto e o baixo no Universo desde que sabemos que a Terra é redonda; que os astros giram, de maneira que o alto e o baixo se revezam cada doze horas para nós; e conhecemos o infinito do espaço, no qual podemos mergulhar a distâncias incomensuráveis?
É verdade que podemos entender por lugares baixos as profundezas da Terra. Mas o que são hoje essas profundezas, depois das escavações geológicas? O que são, também, essas esferas concêntricas chamadas céu de fogo, céu das estrelas, depois que aprendemos não ser o nosso planeta o centro do Universo, e que o nosso próprio Sol nada mais é do que um entre milhões de sóis que brilham no infinito, sendo cada qual o centro de um turbilhão planetário? Que foi feito da antiga importância da Terra agora perdida nessa imensidade? E por que estranho motivo este imperceptível de areia, que não se distingue pelo seu tamanho, nem pela sua posição, nem qualquer papel particular no cosmo, seria o único povoado de seres racionais? A razão se recusa a admitir essa inutilidade do infinito, e tudo nos diz que esses mundos também são habitados. E se assim é eles também fornecem os seus contingentes para o mundo das almas. Então, voltamos à pergunta: em que se tornam as almas, depois da morte do corpo, e para onde vão? A Astronomia e a Geologia destruíram as suas antigas moradas, e a teoria racional da pluralidade dos mundos habitados multiplicou-as ao infinito. Não havendo concordância entre a doutrina da localização das almas e os dados das ciências, temos de aceitar uma doutrina mais lógica, que não lhes marca este ou aquele lugar circunscrito, mas dá-lhes o espaço infinito: é todo um mundo invisível que nos envolve e no meio do qual vivemos, rodeados por elas.
Há nisso alguma impossibilidade, qualquer coisa que repugne à razão? Nada, absolutamente. Tudo nos diz, pelo contrário, que não pode ser de outra maneira. Mas em que se transformam as penas e recompensas futuras, se as almas não vão para determinado lugar? Vê-se que a ideia dessas penas e recompensas é absurda e que dá motivo à incredulidade. Mas entendemos que as almas, em vez de penarem ou gozarem em determinado lugar, carregam em seu íntimo, a felicidade ou a desgraça, pois a sorte de cada uma depende de sua condição moral, e que a reunião das almas boas e afins é um motivo de felicidade, e tudo se tornará mais claro. Compreendamos que, segundo o seu grau de pureza, elas percebem e tem visões inacessíveis, às mais grosseiras; que somente pelos esforços que fazem para se melhorarem, e depois das provas necessárias, podem atingir os graus mais elevados; que os anjos são as almas humanas que chegaram ao grau supremo e que todos podem chegar até lá, através da boa vontade; que os anjos são os mensageiros de Deus, incumbidos de zelar pela execução de seus desígnios em todo o universo, sendo felizes com essa missão gloriosa; e a felicidade de após morte será uma condição útil e aceitável, mais atraente que a inutilidade perpétua da contemplação eterna. E os demônios? Compreendamos que são almas das criaturas más, ainda não depuradas, mas que podem chegar, como as outras, ao estado de pureza, e a justiça e a bondade de Deus se tornarão racionais, ao contrário do que nos apresenta a doutrina dos seres criados para o mal de maneira irrevogável. Eis, afinal, o que a mais exigente razão, a lógica mais rigorosa, o bom-senso, numa palavra, podem admitir.
Como vemos, as almas que povoam o espaço são precisamente o que chamamos de Espíritos. Assim, os Espíritos são apenas as almas humanas, despojadas do seu invólucro corporal. Se os Espíritos fossem seres à parte na Criação, sua existência seria mais hipotética. Admitindo a existência das almas, temos de admitir a dos Espíritos, que nada mais são do que as almas. E se admitimos que as almas estão por toda parte, é necessário admitir que os Espíritos também estão. Não se pode, pois, negar a existência dos Espíritos sem negar a das almas.
3. Tudo isto não passa de uma teoria mais racional do que a outra. Mas já não é bastante ser uma teoria que a razão e a ciência não contradizem? Além disso, ela é corroborada pelos fatos e tem a sanção da lógica e da experiência. Encontramos os fatos nos fenômenos de manifestações espíritas, que nos dão a prova positiva da existência e da sobrevivência da alma. Há muita gente, porém, que nega a possibilidade dessas comunicações com os Espíritos. São pessoas que acreditam na existência da alma, e consequentemente na dos Espíritos, mas sustentam a teoria de que os seres imateriais não podem agir sobre a matéria. Trata-se de uma dúvida originada pela ignorância da verdadeira natureza dos Espíritos, da qual geralmente se faz uma ideia falsa, considerando-os seres abstratos, vagos e indefinidos, o que não é verdade.
Consideremos o Espírito, antes de mais nada, na sua união com o corpo. O Espírito é o elemento principal dessa união, pois é o ser pensante e que sobrevive à morte. O corpo não é mais que um acessório do Espírito, um invólucro, uma roupagem que ele abandona depois de usar. Além desse envoltório material o Espírito possui outro, semimaterial, que o liga ao primeiro. Na morte, o Espírito abandona o corpo, mas não o segundo envoltório, a que chamamos de perispírito. Este envoltório semimaterial, que tem a mesma forma humana do corpo, é uma espécie de corpo fluídico, vaporoso, invisível para nós no seu estado normal, mas possuindo ainda algumas propriedades da matéria.
Não podemos, pois, considerar o espírito como uma simples abstração, mas como um ser limitado e circunscrito, a que só falta ser visível e palpável para assemelhar-se às criaturas humanas. Por que não poderia ele agir sobre a matéria? Pelo fato de ser fluídico o seu corpo? Mas não é entre os fluidos mais rarefeitos, como a eletricidade, por exemplo, e os que se consideram mais imponderáveis, que encontramos as mais poderosas forças motoras? A luz imponderável não exerce ação química sobre a matéria ponderável? Não conhecemos ainda a natureza íntima do perispírito, mas podemos supô-lo constituindo de substância elétrica, ou de outra espécie de matéria tão sutil como essa. Por que separado não poderia agir da mesma maneira, dirigido pela vontade?
4. A existência de Deus e da alma, consequência uma da outra, constitui a base de todo o edifício do Espiritismo. Antes de aceitarmos qualquer discussão espírita, temos de assegurar-nos se o interlocutor admite essa base. Se ele responder negativamente às perguntas: “Crê em Deus? Crê na existência da alma? Crê na sobrevivência da alma após a morte”? ou se responder simplesmente: Não sei; desejava que fosse assim, mas não estou certo, o que geralmente equivale a uma negação delicada, disfarçada para não chocar bruscamente o que ele considera preconceitos  respeitáveis, seria inútil prosseguir. Seria como querer demonstrar as propriedades da luz a um cego que não admitisse a existência da luz. As manifestações espíritas são os efeitos das propriedades da alma. Assim, com semelhante interlocutor, se não quisermos perder tempo, só nos resta seguir outra ordem de ideias. Admitidos os princípios básicos, não apenas como probabilidade, mas como coisa averiguada, incontestável, a existência dos Espíritos será uma decorrência natural.
5. Resta saber se o Espírito pode comunicar-se com o homem, permutar pensamentos com os encamados. Mas por que não? Que é o homem, senão um Espírito revestido de corpo material? Qual o motivo por que um Espírito livre não poderia comunicar-se com um Espírito cativo, como o homem livre se comunica com o prisioneiro? Admitida a sobrevivência da alma, seria racional negar-se a sobrevivência das suas afeições? Desde que as almas estão por toda parte, não é natural pensar que a de alguém que nos amou durante a vida venha procurar-nos desejando comunicar-se conosco, e se utilize os meios que estão ao seu dispor? Quando viva na Terra, não agia ela sobre a matéria do seu corpo? Não era ela, a alma, que dirigia os movimentos corporais? Por que, pois, não poderia ela, após a morte, servir-se de outro corpo, de acordo com o Espírito nele encarnado, para manifestar o seu pensamento, como um mudo se serve de uma pessoa que fala, para fazer-se compreender?
6. Afastemos por um instante os fatos que consideramos incontestáveis. Admitamos a comunicação como simples hipótese. Solicitamos aos incrédulos que nos provem, através de razões decisivas, que ela é impossível. Não basta a simples negação, pois seu arbítrio pessoal não é lei. Colocamo-nos no seu próprio terreno, aceitando a apreciação dos fatos espíritas através das leis materiais. Que eles assim, possam tirar, do seu arsenal científico, alguma prova matemática, física, química, mecânica, fisiológica, demonstrando por a mais b, sempre a partir do princípio da existência e da sobrevivência da alma, que:
1º) O ser pensante durante a vida terrena não deve mais pensar depois da morte;
2º) Se ele pensa, não deve mais pensar nos que amou;
3º) Se pensa nos que amou, não deve querer comunicar-se com eles;
4º) Se pode estar em toda parte, não pode estar ao nosso lado;
5º) Se está ao nosso lado, não pode comunicar-se conosco;
6º) Por meio do seu corpo fluídico, não pode agir sobre a matéria inerte;
7º) Se pode agir sobre a matéria inerte, não pode agir sobre um ser vivo;
8º) Se pode agir sobre um ser vivo, não pode dirigir-lhe a mão para fazê-lo escrever;
9º) Podendo fazê-lo escrever, não pode responder-lhe as perguntas nem  transmitir-lhe pensamento.
Quando os adversários do Espiritismo nos demonstram que isso tudo não é possível, através de razões tão evidentes como as de Galileu para provar que o Sol não girava em torno da Terra, então poderemos dizer que as suas dúvidas são fundadas. Mas até hoje, infelizmente, toda a sua argumentação se resume nestas palavras: Não creio, porque é impossível. Eles retrucarão, sem dúvida, que cabe a nós provar a realidade das manifestações. Já lhes demos as provas, pelos fatos e pelo raciocínio; se recusam umas e outras, e se negam até mesmo o que veem, cabe a eles provar que os fatos são impossíveis e que o nosso raciocínio é falso.
CONCLUSÃO:
1.  Os Espíritos são as almas dos que viveram na Terra;
2. Na união do Espírito e do corpo, o ser pensante é o Espírito, e o corpo é seu envoltório, sendo este provisório e perecível, enquanto que o Espírito sobrevive à morte do corpo;
3. Uma vez que o Espírito é o ser pensante, ele conserva a sua individualidade mesmo após a separação do corpo;
4. Os Espíritos são ligados ao corpo pelo perispírito, um envoltório semimaterial, ou seja, que conserva algumas propriedades da matéria mas não é tão grosseiro quanto esta; é um corpo fluídico, vaporoso e invisível aos olhos em seu estado normal;
5. Na separação do corpo, o Espírito não abandona o perispírito.
6. Não devemos, pois, imaginar os Espíritos como seres abstratos, pois que o perispírito tem a mesma forma humana do corpo;
7. Os chamados “demônios” nada mais são do que as almas das criaturas más, ainda não depuradas.
8. Os anjos, por sua vez, são igualmente almas humanas que chegaram ao grau supremo através de seu esforço para se melhorarem, e das provas necessárias para se atingir o grau de pureza.
Kardec também nos diz que não há um lugar circunscrito, e sim o espaço infinito. Uma vez que a Ciência provou que o nosso planeta não é o centro do Universo, e que existem milhões de outros planetas no Cosmo, não seria lógico pensar que a Terra, entre tantos outros milhões de planetas, seria o único habitado, pois a razão se recusa admitir essa inutilidade de todo o Infinito à nossa volta. Portanto, admitindo a pluralidade dos mundos habitados, não podemos limitar a morada das almas a um ou outro lugar determinado.

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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
O nosso objetivo com este estudo é introduzir os neófitos da doutrina no tema. Mas, acredito que mesmo os mais experientes possam retirar algo do texto.
Em toda publicação, é importante que nós tomemos conhecimento da introdução, porque é uma peça fundamental para quem vai ler a obra. A respeito, por exemplo, vale ressaltar que a introdução que Allan Kardec fez nesse livro é fundamental; orienta o leitor; estabelece um relacionamento com ele, quebra aquele misticismo que é muito comum nas pessoas, acreditar por acreditar. Enfim, a introdução de qualquer obra é muito importante, principalmente, quando se trata de uma obra séria, como é o caso desse livro, objeto do nosso estudo.
INTRODUÇÃO
Diariamente a experiência confirma a nossa opinião de que as dificuldades e desilusões encontradas na prática espírita decorrem da ignorância dos princípios doutrinários:
Isto é uma grande verdade. Convém destacar, em que ponto Kardec inicia a sua obra; falando de uma das maiores das nossas dificuldades que é, justamente, a falta de conhecimento de todo esse processo que é a inteiração do mundo espiritual com o mundo material.
Se toda a Humanidade tivesse conhecimento desse processo, com certeza, ela estaria bem melhor do que está agora. E é isso que o Codificador fala nesse início.
Sentimo-nos felizes ao verificar que foi eficiente o nosso trabalho para prevenir os adeptos para os perigos do aprendizado, e que muitos puderam evitá-los, com a leitura atenta desta obra.
Quando Kardec fala dos perigos do aprendizado, é sobre um aprendizado sem uma orientação correta. Muitas vezes, e isso ocorre (ou ocorria) em algumas casas espíritas, a pessoa chega, e tendo algum grau de mediunidade, é colocada em trabalho mediúnico, com risco de sofrer resultado desagradável. O certo é que, ao iniciar o aprendizado espírita, o interessado estude O Livro dos Médiuns. Por quê? A cada estudo, nós vamos sempre encontrar coisas novas; passamos a entender melhor determinados fenômenos, para um aprendizado correto.
Muito natural o desejo dos que se dedicam ao Espiritismo, de entrarem pessoalmente em comunicação com os Espíritos. Esta obra destina-se a facilitar-lhes isso, permitindo-lhes aproveitar os frutos de nossos longos e laboriosos estudos.
Pois bem errado andaria quem julgasse que, para tornar-se perito no assunto, bastaria aprender a pôr os dedos numa mesa para fazê-la girar ou pegar um lápis para escrever.
Aqui, Kardec deixa bem claro. Para tudo tem que haver o conhecimento, para que se possa fazer a coisa de modo correto; até, porque, nós sabemos que todos ou quase todos podemos nos comunicar com os espíritos. Porém, nem todos podem se comunicar da mesma forma; existem aqueles médiuns que têm facilidade em ver espíritos; outros, de ouvi-los; existem aqueles que não veem e que não ouvem, mas, que, através do pensamento podem fazer uma comunicação.
Igualmente se enganaria quem pensasse encontrar nesta obra uma receita universal infalível para fazer médiuns.
Aqui, Kardec alerta que, o fato da pessoa estudar O Livro dos Médiuns, não vai se tornar médium. Não é uma escola de formação de médiuns. Nesse livro, a pessoa vai receber esclarecimentos sobre o que é ser médium, vai aprender como utilizar de maneira correta a sua mediunidade.
Embora cada qual já traga em si mesmo os germes das qualidades necessárias, essas qualidades se apresentam em graus diversos, e o seu desenvolvimento depende de causas estranhas à vontade humana.
Comunicar-se com o mundo espiritual todos nós podemos, até mesmo aqueles que não sentem nada, não veem nada, não ouvem nada. Porém, podem se comunicar com o mundo espiritual através do pensamento, através da prece. Mas aqui Kardec está falando para aqueles que já têm uma mediunidade mais ostensiva.
 Não fazemos poetas, nem pintores ou músicos com as regras dessas artes, que servem apenas para orientar os dons de quem possui os respectivos talentos. Sua finalidade é indicar os meios de desenvolvimento da mediunidade em que a possui, segundo as possibilidades de cada um, e sobretudo orientar o seu emprego de maneira proveitosa. Mas não é esse o nosso único objetivo.
Aqui, Kardec está dizendo que não existe escola para a formação de médium, o dom é nato. O que se pode é aprimorar esse dom.
Aumenta todos os dias, ao lado dos médiuns, o número de pessoas que se dedica a manifestações espíritas. Orientá-las nas suas observações, apontar-lhes as dificuldades que certamente encontrarão, ensinar-lhes a maneira de se comunicarem com os Espíritos, obtendo boas comunicações, é o que também devemos fazer para completar o nosso trabalho.
O objetivo primeiro de Kardec é ensinar a maneira correta para que possamos nos comunicar com os espíritos, para que se possa fazer um trabalho sério, e evitar a interferência de Espíritos galhofeiros.
Ninguém estranhe, pois, se encontrar ensinamentos que poderão parecer descabidos. A experiência mostrará que são úteis. O estudo atencioso deste livro facilitará a compreensão dos fatos a observar. A linguagem de certos Espíritos parecerá menos estranha. Como instrução prática ele não se dirige exclusivamente aos médiuns, mas a todos que querem observar os fenômenos espíritas.
Então, para todo aquele que se interessa pelo Espiritismo, pelo mundo espiritual, esse livro está aberto ao estudo, porque vai propiciar em entendimento, em esclarecimento de todo o processo, afastando de vez a fantasia do sobrenatural. Jesus disse: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Quando nós estudamos O Livro dos Médiuns, nos libertamos de muitas coisas que ainda estamos presos, por conta das informações equivocadas que nos foram passadas durante muitos séculos.
Desejariam alguns que publicássemos um manual prático mais sucinto, indicando em poucas palavras como entrar em comunicação com os Espíritos. Entendem que um livrinho assim, mais barato podendo ser difundido com mais profusão, seria poderoso meio de propaganda, multiplicando o número de médiuns. Pensamos que isso seria mais nocivo do que útil, pelo menos no momento. A prática espírita é difícil, apresentando escolhos que somente um estudo sério e completo pode prevenir. Uma exposição sucinta poderia facilitar experiências levianas, que levariam a decepções. São coisas com as quais não se deve brincar, e acreditamos que seria inconveniente pô-las ao alcance de qualquer estouvado que inventasse conversar com os mortos. Dirigimo-nos aos que veem no Espiritismo um objetivo sério, compreendendo toda a sua gravidade e não pretendem brincar com as comunicações do outro mundo.
Aqui, Kardec faz um alerta para aquelas pessoas que, sem qualquer conhecimento, tentam entrar em contato com os Espíritos, levando a coisa como brincadeira. Fazem a brincadeira do copo, do compasso e, que, por isso, criam problemas sérios para si, por conta das informações levianas que são obtidas nessas brincadeiras. E um dos objetivos desse livro é mostrar que não se deve fazer esses tipos de divertimento, ou seja, fazer comunicação leviana com os Espíritos. Essa fase da diversão já passou; foi no tempo da codificação.
Chegamos a publicar uma Instrução Prática para os médiuns que se encontra esgotada. Fizemo-la com objetivo sério e grave mas apesar disso não a reimprimiríamos, pois já não corresponde à necessidade de esclarecimento completo das dificuldades que podem ser encontradas. Preferimos substituí-la por esta, em que reunimos todos os dados de uma longa experiência e de um estudo consciencioso. Ela contribuirá, esperamos, para mostrar o caráter sério do Espiritismo, que é a sua essência, e para afastar a ideia de frivolidade e divertimento.
Acrescentaremos uma importante consideração: a de que as experiências feitas com leviandade, sem conhecimento de causa, provocam péssimas impressões nos principiantes ou pessoas mal preparadas, tendo o inconveniente de dar uma ideia bastante falsa do mundo dos Espíritos, favorecendo a zombaria e dando motivos a críticas quase sempre bem fundadas. É por isso que os incrédulos saem dessas reuniões raramente convencidos e pouco dispostos a reconhecerem o aspecto sério do Espiritismo. A ignorância e a leviandade de certos médiuns têm causado maiores prejuízos do   que se pensa na opinião de muita gente.
Vem progredindo bastante o Espiritismo, desde alguns anos, mas o seu maior progresso se verifica depois que entrou no rumo filosófico, porque despertou a atenção de pessoas esclarecidas. Hoje não é mais uma diversão, mas uma doutrina de que não riem os que zombavam das mesas-girantes. Esforçando-nos por sustentá-lo nesse terreno, estamos certos de conquistar adeptos mais úteis do que através de manifestações levianas. Temos a prova disso todos os dias, pelo número de adeptos resultantes da simples leitura de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
Depois da exposição do aspecto filosófico da ciência espírita em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, damos nesta obra a sua parte prática, para aqueles que desejarem ocupar-se das manifestações, seja pessoalmente, seja pela observação de experiências alheias. Verão aqui os escolhos que poderão encontrar e estarão em condições de evitá-los. Essas duas obras, embora se completem, são até certo ponto independentes uma da outra. Mas a quem quiser tratar seriamente do assunto, recomendamos primeiramente a leitura de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, porque contém os princípios fundamentais, sem o quais talvez seja difícil a compreensão de algumas partes desta obra.
Esta segunda edição foi bem melhorada, apresentando-se mais completa do que a primeira. Foi corrigida com especial cuidado pelos Espíritos, que lhe acrescentaram grande número de observações e instruções do mais alto interesse. Como eles reviram tudo, aprovando ou modificando a vontade, podemos dizer que ela é, em grande parte, obra deles. Mesmo porque não se limitaram a intervir em algumas comunicações assinadas. Só indicamos os nomes, quando isso nos pareceu necessário para caracterizar algumas exposições mais extensas, como feitas textualmente por eles. De outra maneira, teríamos de mencioná-los quase em cada página, particularmente nas respostas dadas às nossas perguntas, o que nos pareceu inútil. Os nomes pouco importam, como se sabe, neste assunto. O essencial é que o trabalho corresponda, no seu conjunto, aos objetivos propostos. Esperamos assim que esta edição, mais perfeita que a primeira, seja tão bem recebida como aquela.
Como acrescentamos muitas coisas, e muitos capítulos inteiros, assim também suprimimos alguns trechos repetidos, como o da ESCALA ESPÍRITA, que já se encontra em O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
Suprimimos ainda do vocabulário o que não se refere propriamente a esta obra, substituindo-o por coisas mais úteis. Esse vocabulário, aliás, não está completo, pretendemos publicá-lo mais tarde, em separado, na forma de um pequeno dicionário da filosofia espírita. Conservamos nesta obra, tão somente, as palavras novas específicas, relativas ao assunto de que nos ocupamos.

A segunda edição, que serviu para esta tradução, constitui o texto definitivo do livro. As características que se notam entre este final do prefácio e o das nossas demais traduções de O LIVRO DOS MÉDIUNS decorrentes de modificações nas edições francesas posteriores à morte de Kardec. É de particular interesse doutrinário a referência do Codificador ao seu desejo de publicar um Pequeno Dicionário da Filosofia Espírita, obra que continua a fazer falta na bibliografia doutrinária. (N. do T.)
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ESTUDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
EXPLICAÇÃO
Este é o segundo volume da Codificação do Espiritismo. Logo após a publicação de O Livro dos Espíritos, obra básica da doutrina, em 1857, Kardec lançou, em 58, um livrinho intitulado Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas. Era um ensaio para elaboração de O Livro dos Médiuns, que só pode aparecer em 1861. Publicado este, Kardec suprimiu aquele. Apesar disso, 65 anos mais tarde, em 1923, Jean Meyer, então diretor da Casa dos Espíritas, resolveu reeditar o Instruções, para circular juntamente com este livro, por considerar aquele livrinho útil à iniciação nas questões mediúnicas. No Brasil, Cairbar Schutel, em sua gráfica de Matão, lançou também o Instruções em nossa língua.
A finalidade deste livro é desenvolver a parte prática da doutrina, em sequência à exposição teórica do livro básico. Por isso Kardec o considerou “continuação de O Livro dos Espíritos”, como se vê no frontispício. Mesmo porque, segundo declara na Introdução, este livro também pertence aos Espíritos. Foram eles que o orientaram na sua elaboração, eles que o reviram e modificaram inteiramente para a segunda edição de 1862, que ficou sendo a definitiva e que serviu para esta tradução.
Apesar de escrito há mais de cem anos. O livro dos Médiuns é atualismo. Nenhuma outra obra, espírita ou não, sobre a fenomenologia mediúnica conseguiu superá-lo. É um tratado que tem por fundamento a pesquisa científica e a experiência, além da contribuição teórica dos Espíritos na explicação de vários problemas ainda inacessíveis à pesquisa científica. Essas explicações só eram aceitas por Kardec na medida da sua racionalidade, de acordo com o método de controle rigoroso que estabeleceu para o seu trabalho. Esse método é explicado neste livro e pode ser examinado em minúcias nos relatórios e registros de sessões publicadas na Revista Espírita.
As teorias explicativas dos fenômenos, formuladas por Kardec com os dados de sua investigação e a contribuição dos Espíritos, permanecem ainda como as mais viáveis. Basta um confronto entre essas teorias e as formuladas pelos parapsicólogos atuais para se verificar a solidez das primeiras, até hoje nunca desmentidas, e a fragilidade das segundas. Um exemplo típico é a teoria das aparições, que na atual Parapsicologia constitui um emaranhado de suposições curiosas e nada mais, enquanto neste livro se apresenta fundada em pesquisas, observações, deduções rigorosas e explicações dada por numerosas entidades espirituais em ocasiões diversas, por meios diversos e com todas as provas de seriedade e coerência exigidas pelo método kardeciano.
Kardec e os Espíritos insistem numa posição ainda pouco compreendida pelos próprios espíritas: a Ciência Espírita teve como vestíbulo as manifestações físicas, mas sua finalidade é moral e suas pesquisas devem desenvolver-se nesse sentido. Provada a sobrevivência espiritual e a comunicabilidade, o Espiritismo deve aprofundar-se na investigação dos processos de comunicação, da situação dos Espíritos após a morte, das leis que regulam as relações permanentes entre os Espíritos e os homens e suas consequências nesta vida, e assim por diante.
O leitor deve encarar este livro, portanto, como um tratado superior de fenomenologia paranormal, em que a fase metapsíquica e parapsicológica de pesquisa material está superada. O Livro dos Médiuns apresenta solução dos problemas em que ainda se enredam as pesquisas atuais e convida os estudiosos a avançarem além. Mas tudo isso com critério e métodos científicos, segundo o próprio Richet o reconheceu ao se referir a Kardec no Tratado de Metapsíquica.
O problema está assim colocado: as pesquisas espíritas não se prendem aos fenômenos em si, ao mundo fenomênico ou material, e por isso mesmo exigem métodos diferentes dos utilizados nas ciências físicas. Kardec compreendeu isso em pleno século XIX e elaborou o método especial que lhe permitiu avançar sobre seu tempo. A prova disso é que toda a pesquisa metapsíquica e parapsicológica nada mais conseguiu, até agora, no tocante aos resultados positivos, do que referendar as teorias deste livro. Para ajudar o leitor e o estudante a verificarem isso, o presente volume apresenta grande quantidade de notas de pé de página com indicações bibliográficas.
José Herculano Pires,

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