Alguma vez uma pessoa chegou para você te questionando assim: “Você tem certeza que quer continuar sendo espírita? Você sabia que a Bíblia condena o Espiritismo?” — Talvez não tenha sido exatamente essa a pergunta, mas acredito que foi quase isso que a pessoa te disse, estou certo? É normal até pessoas muito afim de conhecerem a doutrina, conhecerem o Espiritismo; mas ficam presas naquela historinha de que Espiritismo é coisa do Diabo.
Mas na Bíblia tem alguma coisa que fala sobre a proibição de contato com espíritos?
Sim, tem! Está numa passagem da Bíblia em Deuteronômio, capítulo 18. Nessa passagem Moisés proíbe o contato com os espíritos e toda forma de manifestação sobrenatural, inclusive magia, feitiçaria e outros. Essa determinação de Moisés se chamaram, na História, de Leis Mosáicas. Nesse capítulo, Moisés condena o contato com os “mortos” e outras manifestações do sobrenatural, dizendo assim:
“Quando tiveres entrado na terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não te porás a imitar as práticas abomináveis da gente daquele terra”
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“Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou a invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações.”
— Haaaa… Eu pensei que tinha sido Jesus que tinha falado isso.
Não! Não foi!
O grande problema é que as pessoas não entendem o processo histórico que se estava vivenciando naquela época. Também não entendem que não foi Deus nem Jesus que estipulou as Leis Mosáicas. As leis de Moisés continham cerca de mais de 600 itens para ser seguidos. Elas valiam naquele tempo, pois as Leis Mosáicas funcionavam como uma espécie de constituição do povo hebreu, que era dirigido por Moisés.
As Leis Mosáicas eram seguidas pelos judeus da época e hoje, algumas delas nem são mais válidas, pois nem mesmo os judeus se sentem na obrigação de seguir. Uma dessas determinações ainda está na passagem em Deuteronômio, capítulo 14, proibindo o seu povo de comer a carne de porco:
“O porco também é impuro; embora tenha casco fendido, não rumina. Vocês não poderão comer a carne desses animais nem tocar em seus cadáveres”.
Ok! Isso valeu para os judeus daquela época, mas a verdade é que nem todo judeu, hoje em dia, segue isso. Hoje comem normalmente a carne do poco.
Para vocês terem uma noção de que Jesus veio para aprimorar essas coisas ditas por Moisés, ele derrubou esse mito da carne de porco, dizendo assim, no livro de Mateus, capítulo 7:
“Será que vocês também não conseguem entender?”, perguntou-lhes Jesus. “Não percebem que nada que entre no homem pode torná-lo impuro? Porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, sendo depois eliminado.”
Ao dizer isso, Jesus declarou puros todos os alimentos
Então, porque Moisés proibiu o contato com o sobrenatural?
As pessoas daquele tempo eram muito ignorantes com o uso desse tipo de energia, e eram muito imprudentes com o uso da mediunidade, inclusive, chegavam a cobrar pelas consultas mediúnicas. E sabemos que isso não é o correto (pelo menos para a mediunidade guiada pelos ensinamentos do Cristo, não se pode cobrar).
Existe uma máxima cristã, dita pelo próprio Jesus, que é: “Dai de graça o que de graça recebestes”. Então, se a pessoa possuiu os dons mediúnicos de graça, ela não pode comercializar os frutos que dela vierem.
Mas antes mesmo de Jesus vir à Terra, Moisés já sabia que esse princípio era verdadeiro. Então Moisés sabendo dessa máxima, tratou logo de barrar de uma vez essas manifestações, já que pouquíssimas pessoas a tratavam com dignidade.
Quer dizer que Moisés não gostava de pessoas com o dom mediúnico?
Não é bem assim! Citamos acima que Moisés barrava essas manifestações porque a maioria não tratavam desse assunto com honra.
Mas certa vez Moisés aplaudiu duas pessoas honrosas, de nomes Eldade e Medade, que sabiam utilizar seus dons para o bem e a verdade. Este trecho está em Números, capítulo 11, versículos de 26 a 30. Nessa passagem, Moisés recebe uma denúncia onde havia duas pessoas profetizando:
“Entretanto, dois homens, chamados Eldade e Medade, tinham ficado no acampamento. Ambos estavam na lista das autoridades, mas não tinham ido para a Tenda. O Espírito também veio sobre eles, e profetizaram no acampamento.”
Então, certo jovem correu e contou a Moisés: “Eldade e Medade estão profetizando no acampamento”.
“Josué, filho de Num, que desde jovem era auxiliar de Moisés, interferiu e disse: “Moisés, meu senhor, proíba-os!”
“Mas Moisés respondeu: “Você está com ciúmes por mim? Quem dera todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor pusesse o seu Espírito sobre eles!”
Mas o que a profecia tem a ver com a mediunidade?
Tem tudo a ver! O profeta nada mais é do que um médium que recebe as mensagens do plano espiritual. Sendo assim, Moisés e Jesus, além de inúmeros outros da Bíblia foram médiuns. Profetas e médiuns são a mesma coisa, só muda de nome.
Moisés foi o único a se preocupar com o contato com os espíritos?
Moisés foi o único que chegou a proibir nas passagens da Bíblia, mas bem depois disso João (capítulo 4), disse para termos cuidado com os médiuns e com os espíritos, que por ventura não venham a espalhar as palavras de Deus e Jesus:
“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.
“Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus”
Nessa mesma linha de pensamento, São Paulo fala também que há espíritos enganadores, que até se vestem de anjos de luz para enganar as pessoas.
Ou seja… João nem Paulo proibiram nada, apenas disseram que é preciso fazer uma análise do que o mundo espiritual nos transmite, para sabermos se é válido ou não segundo os ensinamentos de Jesus.
Dessa forma, antes de dar crédito à toda mensagem recebida pelos profetas da época, seria necessário fazer uma análise. Coisa que deve ser feita até os dias de hoje, em tempos em que existe muito espertalhão e espíritos que querem trazer o mal.